Mesmo à distância, Leonard McCoy fez questão de acompanhar a segunda gravidez de Spock, tendo ainda como comparação os dados de Amanda, que crescia cada vez mais esperta e saudável. Era motivo suficiente para crer que correria tudo bem outra vez.

Saber que teria um irmão deixou a pequena um tanto chocada, era como se a mente brilhante, mas ainda muito jovem dela, tentasse compreender como aquilo era possível.

-Então, daqui a um tempo, você vai ter um irmão ou uma irmã, ainda não sabemos - James anunciou a ela, enquanto Spock a segurava no colo.

-Uma outra criança vai ser enviada até a nossa casa? Ela vai vir de outro planeta? - questionou a menina, encarando a mãe com as sobrancelhas franzidas.

-Ah certamente que não - Spock respondeu prontamente - algumas espécies podem receber seus rebentos dessa forma, mas não será nosso caso, antes de você nascer, eu a gerei por um tempo, a mesma coisa vai acontecer com seu irmão, na verdade, eu já estou o gerando.

-Isso explica porque Tio Leo tem ligado muito mais vezes, ele está cuidando de você - Amanda compreendeu, ao menos um pouco sobre o assunto.

-Ele fez o mesmo por você, antes de você nascer - o pai dela reiterou - então, o que acha de ter um irmão?

-Eu não sei, o que você acha, papai? Sei que o tio Sam é seu irmão e por isso ele é meu tio, mas o Tio Leo é seu irmão também? - Mandy devolveu com mais questionamentos.

-Bom, de certa forma, eu considero Magro um irmão, mas tio Sam é filho do meu pai e da minha mãe também - Jim explicou - mas respondendo a sua pergunta, princesinha, eu gosto muito de ter um irmão, nós éramos companheiros inseparáveis na infância.

-E adversários amigáveis na juventude - acrescentou Spock, Jim reagiu de forma um tanto exageradamente indignada.

-Eu ainda sou jovem! - o jeito orgulhoso dele fez questão de dizer - e sim, é verdade, há uma coisa que todo mundo que tem irmão pode concordar é que eles brigam e discordam.

-Mas você ainda gosta do tio Sam, mesmo brigando com ele? - Amanda ficou intrigada com o detalhe.

-Claro que sim, há certa graça em se provocar um irmão - o pai dela deu de ombros chegando a rir.

-Ou é uma escolha muito estúpida dentro de uma disputa de egos para tentar chamar a atenção dos pais - sua mãe comentou.

-Por que chamar a atenção dos pais? Vocês me dão atenção - Amanda não compreendeu.

-Tendo dois filhos, nossa atenção terá que ser dividida entre vocês dois - disse Spock - e você compreende, Amanda, que um bebê pode requerer mais cuidado.

-Entendo, mas ainda assim, eu vou ter atenção - ela respondeu, confiando nos pais.

-Claro que sim! - Jim afirmou, com toda convicção que podia passar a ela.

-Certamente, ambos tem a mesma importância para nós, não se preocupe quanto a isso - Spock a certificou.

Sendo assim, Amanda deu lugar à curiosidade, do que à preocupação, enquanto acompanhava a progressão do crescimento do seu irmão.

Spock percebeu as claras diferenças de se ter uma gravidez em casa, apenas num planeta, do que numa nave estelar. Jim tinha sido presente na gravidez de Amanda, mas agora, ela conseguia sentir sua disponibilidade mais frequentemente. Seu trabalho como almirante tinha se reduzido no momento a apenas trabalho de escritório, opiniões e aconselhamentos que podiam ser feitos em casa.

Assim, a rotina mais calma sem as preocupações de seus cargos na Enterprise e estarem o tempo todo juntos, foram de essencial importância quando o momento mais derradeiro da gestação chegou.

Segundo McCoy, ainda à distância, faltavam ainda dois meses para que Georgina nascesse, quando ele e Spock previram complicações no parto. Em comparação às duas crianças, o gene vulcano ia se diluindo cada vez mais, ficando cada vez menos expressivo, embora a mãe que as tivesse gerado tivesse a biologia muito mais vulcana do que humana, o que causava um certo conflito biológico. Portanto, Spock teve que se adaptar à essas complicações com alguns remédios que, em seu objetivo final, serviriam para equilibrar os dois lados.

O que se tornou um certo desafio a Jim e Amanda foram os pequenos rompantes emocionais de Spock, como claro efeito colateral dos remédios. Perder o controle de sua lógica a deixava frustrada, chateada consigo mesma, mas ao mesmo tempo, tentava ponderar que, aquela tinha sido a única e lógica opção para assegurar a vida de seu filho.

-Isso é... mais do que eu possa suportar... - ela murmurou uma vez, sentada em um canto, no meio da noite, tentando se esconder da própria família.

Jim a encontrou nesse estado e seu coração se apertou imediatamente.

-Ah meu amor, está tudo bem, eu garanto - ele se ajoelhou sem reservas e a envolveu em seus braços - eu sei que tem sido complicado, mas nós já passamos por coisas bem piores, e não há problema em chorar e colocar tudo isso pra fora, eu estou aqui, eu não vou te julgar.

Ela apenas assentiu, deitou a cabeça em seu ombro e se permitiu chorar, ele apenas afagou seus cabelos a consolando, garantindo que ficaria tudo bem.

-Obrigada... por ficar... Jim - ela agradeceu, murmurando, se recompondo do torreão de lágrimas.

-Eu escolhi estar aqui, não teria outro lugar em que eu estaria, se não fosse com você - ele reiterou mais uma vez seu amor por ela - você é uma mãe vulcana muito corajosa por passar por tudo isso.

-Obrigada - ela disse mais uma vez.

Na noite do nascimento de Georgina, tudo que Jim fez foi providenciar quem ficasse com Amanda e entregar ao hospital todo o arquivo médico de Spock. Parte do trabalho de parto foi feito com ela acordada, até que, monitorando as complicações que McCoy tinha previsto, não houve muita alternativa a não ser sedá-la.

Acompanhando todo o processo, Jim se encontrou com os olhos cheios de lágrimas, sentindo o coração apertado outra vez. Queria que as coisas dessem certo, queria as duas vivas e bem. Não havia como escolher, amava sua esposa e filha e as duas faziam parte de sua família.

Quando todo o procedimento acabou e ele segurou Georgina pela primeira vez, acariciando seus cabelos castanho claro, mas os olhos escuros como os da mãe dela o encarando, sentiu-se culpado de ter sido o primeiro a segurá-la, mesmo sendo seu pai.

Um tempo depois, Spock se juntou a eles. Por mais que estivesse recuperando os sentidos, ele notou no olhar dela o alívio de ver que Georgina estava bem.

-Como você está? - Jim perguntou antes de qualquer coisa.

-Me sinto levemente desorientada, mas bem, e a Georgina? - Spock olhou para a filha.

-Está aqui, e está bem - ele então a entregou à sua mãe.

Quando Spock a segurou, suspirou claramente. Jim a abraçou e beijou sua cabeça, assegurando que estava tudo realmente bem.