Olá, caros leitores, tudo bem? Eu gostaria de avisar, antes que vocês iniciem a leitura desta minha humilde fanfic avisar-lhes que apesar dela surgir com uma premissa simples ela tende a se extender por muitos pormenores aqui e ali, bem como explorar bastante as regiões nebulosas que Kishimoto escolheu por bem ou mal ignorar. Ela tende à ser bem fantasiosa também, em algumas partes, e um tanto exagerada, mas creio que, na medida do possível, os caminhos por onde ela passará estão bem sólidos e explicados no decorrer de seu enredo, mas eu nem sempre sou coerente e por vezes me vejo sendo demasiado prolixo, então, paciência! Gostaria de avisar-lhes também que está fanfic terá atualizações dinâmicas, começando com um capítulo por mês(todo dia 8), e conforme o planejamento, roteirização, escrita e edição forem progredindo, ela se tornará quinzenal( dias 8 e 22), e por fim, semanal(1,8,15 e 22). Peço também paciência, pois entre um capítulo e outro eu estarei traduzindo a fic para posta-la também em inglês, isso pode acabar atrasando um pouco meu processo de escrita! E por fim, mas não menos importante, sempre que possível estarei disponível para trocar uma ideia sobre a fic, sobre Naruto ou sobre a vida nos comentários! Mas aviso logo que sou faixa preta no esporte "falar mal de Naruto", então esperem opiniões fortes! Ademais, aproveitem a leitura!


A escuridão pairava soberana sobre o coração duma caverna escondida no sopé de um morro, por trás de um denso bosque no país do Arroz.

O ar ali era úmido o bastante para que se pudesse quase toca-lo, fazendo fios de cabelo agarrarem-se à testa, trazendo em sua essência o arroma de mofo, musgo e coisas há muito mortas.

O único som que se fazia presente eram as gotas que de quando em quando abandonavam as suas estalactites para juntaram-se às estalagmites aqui e ali, numa sinfonia errática dum compasso dolorosamente lento.

Nesse ambiente inóspito, onde o olhar treinado teria dificuldades para enxergar para além dum palmo, Orochimaru via tudo com clareza, focando-se numa pequena serpente albina salpicada de padrões vermelhos tão claros que confundiam-se com rosa.

Dita serpente se afastava a um ritmo constante, apesar de um tanto lento, serpenteando com graciosa labuta por entre as irregulares rochas do terreno.

O som do escárnio, na forma de uma risada, morreu na garganta do homem, sem sequer alcançar seus lábios.

Poderia mata-la com um simples movimento de sua mão e ninguém protestaria, afinal, seria uma punição adequada pela audácia de retirar-se da presença de seu mestre sem ser dispensada, mas não o fez.

Limitou-se a ver o corpo frio do réptil debater-se para longe pelo chão ainda mais frio, sumindo de seu campo de visão, até que o som dela retornando ao seu lar ecoasse pelo sistema de cavernas.

Um sorriso de aprovação surgiu no rosto de Orochimaru.

Por mais insignificante que a criatura fosse, sabia que não havia nele paciência para aturar incômodos como ela por mais tempo do que necessário.

Novamente a sós no seu esconderijo predileto, seu olhar voltou-se para o pequeno pergaminho que a cobra insolente havia interrompido sua paz para entregar.

O pequeno sorriso esvaiu-se de imediato.

Era o relatório de um de seus muitos olhos e ouvidos, precisou de um segundo inteiro para recordar, através da singela assinatura de chakra no selo, que estes em questão viam e ouviam o que era feito e dito nas profundezas obscuras da Aldeia da Folha.

Independente do que estava sendo relatado, não havia razão para adiantar em três meses o seu relato.

As sórdidas ideias de como punir seu espião entreterem sua mente pelos breves instantes que Orochimaru levou para desfazer o selo e desfraldar o papel com qualquer que fosse a informação que Shimura Danzo estava compartilhando involuntariamente.

Olhos ágeis varreram as letras em menos de cinco segundos enquanto a mente, ainda mais ágil, tentava assimilar seu conteúdo.

Travou no instante que compreendeu.

Releu o conteúdo para confirmar. E então releu de novo.

E de novo.

E de novo.

E de novo.

Era como se ler as mesmas palavras outra vez ajudasse sua mente à processar o peso do que ele estava relendo. E cada vez que ele passava os olhos por sobre a escrita apressada de seu informante, um sorriso maníaco se alargava por seu rosto.

Entre a décima e a décima primeira releitura ele começou a rir. Entre a décima sexta e a décima sétima o riso tornou-se uma gargalhada com deixes de insanidade. Entre a vigésima nona e a trigésima ele teve que se dobrar para frente, abraçando seu abdômen e fechando um de seus olhos de tanto rir -sem parar de ler com o outro -, os restantes deixes de sanidade apagando-se por inteiro.

Na quadragésima quarta ele enfim cessou a leitura e o gargalhar, concentrando suas forcas em recuperar o fôlego enquanto sua mente seguia euforicamente chafurdando no prazer que ele sentia por simplesmente estar vivo para viver esse momento.

O pergaminho ebuliu em chamas amarelas vivas no exato momento que ele se recuperou, iluminando momentaneamente a caverna.

Ergueu-se de seu assento, o ressequido e decomposto cadáver de seja lá o que fosse que havia morrido ali - ou as sobras que a natureza não havia clamado -, e pôs-se à andar.

Percebeu então que seu espião havia escapado do destino de se tornar mais um assento nessa caverna.

Murmurou uma melodia antiga enquanto caminhava pelo longo caminho até a saída. Sem pensar, pegou seu equipamento e sua roupa de onde havia deixado, a caverna lentamente voltando a performar seu papel.

O breu quase perfeito e o silêncio quase absoluto isolando-o do mundo externo, esvaziando sua cabeça de frivolidades desnecessárias, criando o quadro em branco perfeito para maquinar seus planos.

E ele tinha muito o que planejar.

Entre um riso e um assovio sua mente repassava as informações, posicionava as peças e começava a move-las, cenário após cenário.

Tudo era tão perfeito que por um instante temeu estar caindo em uma armadilha.

Não, ele não tinha tempo para duvidar agora. Os prazos eram curtos demais, as distâncias eram longas demais, a janela de tempo entre um passo e outro estreita demais.

Agora era a hora de arriscar tudo.

Ele precisava ser rápido e silencioso, avançar por entre as brechas, deslizar por sobre as adversidades, abrir caminho até seu alvo e atacar no ponto fraco.

Afinal, ele era uma cobra e essa era a hora de dar o bote.

Parte de sua mente repassava o pergaminho pela enésima vez, as palavras chave queimando em sua cabeça.

Uchiha. Revolta. Golpe. Raiz . Contra medidas. Danzo.

Outra parte estava à ponto de se perder no oceano de possibilidades.

Sharingan. Byakugan. Som. Nuvem. Arroz. Nove caudas.

Uma terceira desenhava seus planos entre as duas primeiras, arquitetando suas ações, antevendo as reações, abrindo suas entradas, disfarçando suas saídas, avaliando ganhos e perdas, medindo cada risco e sacrifício.

Qual seria seu ponto de extração? Em quanto tempo ele conseguiria infiltrar alguém numa comitiva estrangeira? Como ele o levaria pro lugar certo, na hora certa? O quanto ele conseguiria se aproximar sem ser detectado? Como ele enquadraria seu bode expiatório? Kabuto seria capaz de por o plano em prática a tempo? Como ele justificaria essa operação?

E por baixo de toda a lógica, seu coração palpitava de antecipação à como tudo isso anteciparia seus planos em anos, como isso não só o fortaleceria como enfraqueceria muitos os seus inimigos de uma só vez.

E principalmente, como ele conseguiria finalmente se vingar! Sua boca salivava com o mero pensamento.

Tão ensimesmado estava, não percebeu a presença ao seu lado até que ela se pronunciasse.

—Feliz já tão cedo, o que aconteceu, algum menininho se perdeu no caminho da creche?

Fitou com desprezo a figura corcunda e sem expressão de Sasori, escondendo bem a face de madeira por debaixo de seu chapéu de palha e por cima do seu manto negro com nuvens vermelhas.

—Hmpf!- foi a única resposta de Orochimaru à acusação esdrúxula, escondendo seu rosto por debaixo de seu próprio chapéu de palha e manto negro, tendo a decência de se envergonhar por ter sido flagrado com tamanho sorriso. —O que faz você por aqui?

Fez questão de acentuar o amargor em sua voz. O fato de que Sasori sabia o caminho para seu esconderijo era uma ferida que não cicatrizava e doía em dias chuvosos.

—O Grande Líder tem uma missão para nós. Devemos encontrar e eliminar um contato perdido que sabe demais nos arredores de Shukuba.

—Oh, dois de nós pra aparar uma ponta solta?- questionou com um sorriso malicioso.

—Ele sabe que estamos indo atrás dele, devemos esperar resistência. Além disso, o Líder não quer arriscar muito depois do que Kakuzu fez no último verão.

Acenou em concordância, recordando-se do espanto que tivera quando, não satisfeito em matar seu terceiro companheiro de missão seguido, Kakuzu matou dois de uma vez.

—Bom, essa missão veio em boa hora.- comentou casualmente, brincando com o anel em seu dedo como uma criança ansiosa esperando a mãe autorizar que ela saia para brincar.

A cabeça de Sasori virou-se mecanicamente para ele, enquanto o corpo seguia se arrastando para frente.

—Tenho assuntos a tratar em Konoha.- respondeu com simpleza a pergunta não dita.

—Assuntos a trata, hein?- repetiu com desconfiança e Orochimaru pôde sentir os olhos do fantoche se estreitando sob sua figura. —Você não respondeu minha primeira pergunta.- apontou o corcunda.

Ao que Orochimaru respondeu inicialmente dando de ombros, antes de exibir um sorriso maníaco que ia de orelha à orelha.

—Digamos apenas que ventos fortes estão sobrando e o moinho está prestes à girar violentamente!


Hm... O que será que o Orochimaru descobriu na cartinha dele? Melhor que isso, o que será que ele planeja fazer com essa informação?! Oh! Dúvida cruel! Brincadeiras a parte, tanto quanto eu desgosto o que o Orochimaru se tornou no Shippuuden, eu ADORO a construção dele como um vilão no clássico! Eu quis e gostaria de manter a imagem dele como uma excelente obra prima para pesadelos intacta durante a fic, então, sintam-se à vontade pra puxar minha orelha se sentirem que a caracterização dele tá ficando estranha... estranha até mesmo para os padrões Orochimaru, eu digo! Agora, falando sobre o capítulo, como um bom prólogo deve fazer, todas as peças que vão movimentar o começo de nossa trama já foram posicionadas, será que você consegue adivinhar qual será a jogada inicial? Ou melhor, quais serão elas?