Prólogo - Depois do Jogo
Logan precisava apagar qualquer vestígio seu. Impressões digitais, fios de cabelo ou qualquer amostra de DNA poderiam comprometer os fatos. Todos iriam acreditar em sua história, não haviam falhas em seu plano. Cada passo dado foi calculado com muita antecedência, com anos de estudos e roteiros do que poderia ou não acontecer. Graças a sua assistente, sua história seria confirmada e, com testemunhas, ele sairia como vítima quando na realidade era o imitador. Mas como sempre fazia, pensava em uma escapatória caso tudo desse errado.
Não demorou muito para que se escutassem viaturas a metros de distância. Quando invadiram o local, vasculharam cada perímetro dali, arrancando algumas reações de espanto ao se depararem com as armadilhas. Logan se arrastava para a porta, demonstrando estar em choque com o que havia acontecido e foi escoltado por dois policiais até a viatura. Outros dois adentraram por uma porta metálica e enferrujada e pediram uma ambulância pois havia um corpo não identificado no local. A perícia também foi chamada para coleta de DNA mas já haviam constatado que o corpo era do Detetive.
Da viatura, ele observava o trabalho que estavam fazendo, retirando o corpo em um saco mortuário que diversas vezes traziam consigo as vítimas daqueles que foram soltos graças a corrupção dentro da polícia. Tinha certeza de que fez justiça, assim como seu mentor fazia.
Eleanor estava na delegacia, dando seu depoimento na sala de interrogatório. Estava com medo e perguntava constantemente se Logan havia escapado de Halloren. Seu nervosismo era evidente e foi bastante pressionada, pois diziam que toda e qualquer informação que ela pudesse passar seria de grande ajuda. Claro que eles sabiam o paradeiro dele e tudo estava bem, mas precisavam do depoimento dela para não haver contradições futuramente.
- Já disse tudo o que tinha para dizer. Nós dois descobrimos onde os jogos estavam acontecendo e decidimos ir até o local. Mas era uma armadilha do Detetive Halloren que o sequestrou e, graças a uma luta entre os dois, conseguir fugir e buscar ajuda!! - dizia ela com um tom de cansaço.
- Saiba que qualquer informação é importante para nós e de grande ajuda para seu chefe e amigo. Vocês são amigos, não é mesmo? - dizia um dos Detetives.
- Nós temos uma relação amigável, digamos assim!!! - falou ela se acomodando na cadeira e dando um sorriso. Os dois homens na sala se entreolharam e um deles se prontificou a sair da sala, quando uma luz vermelha se acendeu, indicando que informações novas estavam do outro lado do vidro.
- Então senhorita Bonneville, você conhecia Halloren?
- Não tínhamos contato a não ser pelo caso do cabeça de lata, e nada mais que isso.
- Entendo. Ele demonstrava ser outra pessoa com você e seus colegas?
- O que está insinuando, que ele dava em cima de mim?
- Não exatamente. Ele parecia ser agressivo ou ter alguma rivalidade com alguém?
Ela sabia sobre a raiva que Logan sentia dele, mas não podia o acusar de nada, ele foi uma vítima naquilo tudo e salvou a vida dela.
- Não que eu tenha percebido. Apenas fazia meu trabalho e nada mais.
- Com licença Sr, temos informações que vai gostar de saber! - falou um dos policiais ao entrar na sala de interrogatórios.
O Detetive Hunt estava por trás da futura prisão de Halloren, porem foi colocado sob custódia até que a investigação terminasse. Em seu lugar foi colocado o recém chegado Detetive da divisão de homicídios, Steven Winston, que estava familiarizado com os casos de armadilhas do Jigsaw, à anos atrás.
- O que tem para mim? - perguntou ele.
- O Dr. Logan Nelson estava portando um gravador que parece ter uma confissão explícita do suspeito! - disse o policial novato.
- Mantenha a garota em custódia até que eu verifique o conteúdo do gravador!!!
Steven se dirigiu até a sala mais próxima, e inseriu o cabo em um notebook. Haviam diversos arquivos, mas viu a data mais recente e reproduziu:
- "...Pessoas morreram por minha causa. Inocentes morreram por minha culpa, eu confesso."
Isto foi mais que o suficiente para que os superiores de Steven declarassem que John Kramer estava realmente morto e um imitador era o culpado dos crimes, criminalizando totalmente Halloren por ser corrupto e querer fazer justiça com as próprias mãos. A imprensa acabou por amenizar as acusações de incompetência em descobrir a identidade do assassino, e apenas acusavam o detetive morto pelos jogos.
O chefe da polícia, Delegado Harrison, fez uma declaração para toda a imprensa:
- Todos os esforços foram usados para identificar e prender o assassino que dizia ser John Kramer, o assassino Jigsaw. Infelizmente, após um jogo arriscado que envolvia alguns de nós, o detetive da polícia Halloren foi morto em sua própria armadilha. O Dr. Logan Nelson escapou do jogo doentio e passa bem, então não há mais motivos para preocupações. Obrigado pela atenção!!!!
Os repórteres tentaram muito mas não conseguiram arrancar nada dele, que logo entrou no departamento. Após tudo ter sido registrado, todos os depoimentos colhidos e também
arquivados, todos foram liberados para suas casas e recomendados a não dar nenhum depoimento formal para a imprensa.
Quando Logan passou pela porta, os repórteres estavam esperando por lá, mas ele conseguiu driblar com maestria e entrar no primeiro táxi que passou, seguindo sem rumo para qualquer lugar longe dali. Seu paradeiro mais próximo acabou sendo um bar, onde pediu uma boa dose de Whisky. A mulher que se sentou ao seu lado pediu a mesma coisa e quando ele a viu, logo reconheceu.
- Passando o tempo por aqui! - diz ele ao tomar a bebida.
- Precisava relaxar depois de tudo o que aconteceu. E antes que diga, eu te segui sim! - falou a garota ao receber seu drinque.
- Acho que só preciso processar tudo o que aconteceu hoje, não é todo dia que alguém morre bem na sua frente, principalmente alguém que tentou te matar!
- Quer companhia por hoje? Podemos comer algo ou apenas dormir para esquecer tudo!
- Obrigado, mas preciso ficar sozinho. Minha filha não estará em casa então me sentirei a vontade para dormir sem me preocupar!
- Bem, de qualquer forma, vou te levar até sua casa!
A volta para casa foi silenciosa, que se rompeu quando ela estacionou em frente à residência dele.
- Certeza que não quer companhia?
- Tenho sim. Só preciso dormir um pouco para recomeçar o dia amanhã. E você fique dentro da sua casa, não ouse sair de lá até estar bem psicologicamente.
- Agindo como um verdadeiro pai, hahaha.
- Não diga isto!!! - falou ele rindo um pouco.
- Até logo Eleanor.
- Até, Logan.
Após se certificar que ela tinha realmente ido embora, respirou fundo e subiu a pequena escadaria que dava a porta da frente. Virou as chaves, abriu-a e entrou, trancando logo depois. Deu dois passos e qual foi seu espanto quando alguém colocou um pacote pela entrada de cartas, que caiu no chão fazendo um pequeno barulho. Correu em direção a porta e a abriu, olhando para o lado de fora e descendo as escadas, tentando localizar o entregador, porém sem resultados. Viu o vizinho passeando com o cachorro, uma garota chegando de sua corrida e entrando em casa e um gato correndo para o outro lado. Voltou com o coração acelerado e pegou o pacote. Sentou em seu escritório e abriu, espalhando o
conteúdo em uma escrivaninha. O pacote possuía um 0 feito a caneta e seu conteúdo era ainda mais estranho: um gravador. Seu coração acelerava cada vez mais a medida que procurava um cabo para acessar o conteúdo de qualquer que fosse a gravação. Conectou o cabo em seu notebook, se acomodou na cadeira e abriu a pasta, que continha apenas um arquivo de áudio. Colocou os braços de modo que ficasse com sua cabeça escorada e escutou a gravação:
" Olá Dr. Nelson. Talvez esta voz soe familiar, pois é a voz de quem o salvou de sua antiga vida. Você agiu em meu nome e iniciou jogos que se basearam em vingança, manchando o meu legado. As pessoas acreditam que um imitador recomeçou meu trabalho, outras que eu estou vivo. Então farei jus a isto. A partir de agora, os jogos mortais retornarão, e até que descubram a verdade, muitas pessoas vão morrer. A pergunta é: será que a verdade realmente foi contada como deveria?. Viver ou morrer, Logan. Que os jogos recomecem!"
