Ai gente, me desculpa! As festas de final de ano estão uma loucura e eu fiquei sem computador rs Mas cá estamos nós! Bora!
Afrodite estava ansioso, andava com Brian pelos corredores do hospital com mais algumas flores para o amigo. Shun o avisou que Haru havia acordado e nas primeiras horas do dia seguinte então decidiram fazer uma visita. O Cavaleiro não sabia o que esperar, talvez Haru o odiasse agora, provavelmente nem quisesse o ver mais e pensar nisso deixava-o ainda mais nervoso.
Brian naquele momento era o oposto do cavaleiro, estava alegre e feliz com a possibilidade de ver o homem de cabelos claros novamente e acordado, puxava o pai pela mão para chegarem o mais rápido possível ao quarto.
A criança entrou até sem bater no quarto, achou que ficaria feliz e iria para os braços do confeiteiro, mas não foi bem isso que aconteceu. Brian entrou feliz pela porta do quarto mas logo seus olhinhos se encheram d'água ao ver o homem vivo, mesmo que com aquela tipóia e ainda conectado a tantos soros e bolsas de sangue.
-Haru! Haru! Achei que nunca mais ia te ver! - Brian correu aos prantos até a cama, para encontrar o homem que salvou sua vida.
-Brian! Pelos Deuses…- Haru não imaginou aquela reação vinda dele mas agora também estava emocionado ao ver a criança bem.
Haru queria poder abraçar o seu cliente favorito, mas a dor que sentia não lhe permitia nenhum movimento.
Afrodite estava ouvindo a movimentação ainda do lado de fora, estava com vergonha, não sabia como encarar aquele homem bondoso que salvou a vida do seu filho, por causa de um erro dele. Ouvia as risadas do filho junto do amigo e aquilo o impedia de entrar, não queria atrapalhar ou quebrar aquele clima gostoso, mas precisava entrar.
Juntou toda a coragem que tinha em seu corpo robusto, amarrou os cabelos em um rabo de cavalo baixo, arrumou as flores que havia trazido e segurando todo o ar em seus pulmões empurrou a porta levemente.
-Afrodite! Ah, como é bom te ver. - Haru não conteve a alegria ao ver o amigo também bem, abriu um sorriso largo e caloroso para o cavaleiro.
Afrodite ficou sem reação, achou que seria escorraçado, que Haru o odiaria por não tê-lo protegido, por ter deixado Brian se machucar mas talvez este fosse mais o sentimento dele consigo mesmo, porque Haru não parecia pensar assim pela expressão de felicidade.
-Eu...bem...você está se sentindo melhor? Estas flores, eu e Brian trouxemos pra você. - Afrodite não conseguia o olhar nos olhos, estava envergonhado demais para isto, mas ainda ofereceu o singelo presente ao paciente sentando-se na cadeira que havia ao lado da cama.
-São lindas Afrodite, obrigada! - Haru recebeu as flores com alegria, olhar para elas era como sentir todo o carinho daqueles dois.
-Haru, temos que colocar elas no vaso, para ficarem bem bonitas. - Brian chamou a atenção do confeiteiro para o vaso ao lado da cama. - Eu vou buscar mais água, é rápido.
Haru concordou e logo a criança estava correndo para fora do quarto, em busca da água para as belas plantas. O confeiteiro e o cavaleiro estavam sozinhos dentro daquele quarto, e Afrodite sentia como se aquele quarto ficasse menor a cada minuto, como se seus sentimentos estivessem ocupando todo o espaço.
-Haru, eu queria pedir desculpas. Por um erro meu você está ai nessa cama e Brian poderia ter se machucado muito mais, eu não sei nem o que dizer. - Afrodite era sincero, não sabia nem por onde começar aquela conversa.
O pobre cavaleiro tinha o olhar baixo, fixo nas próprias mãos, aquele silêncio e a expectativa estavam o matando, tanto que até pensou em se levantar e ir embora mas foi impedido por uma mão gentil que lhe alcançou o rosto, era Haru.
O confeiteiro com um pouco de esforço conseguiu alcançar a face do cavaleiro, fazendo com que o olhasse nos olhos, aqueles brilhantes olhos dourados.
-Afrodite, não foi culpa sua. Eu salvaria a vida daquele pequeno quantas vezes fosse necessário. - Haru também era sincero no que dizia, trocaria a sua vida pela daquela criança a qualquer momento.
Afrodite sentiu todo o seu corpo vibrar com aqueles olhos dourados sobre si, era como se seu coração quisesse sair pela boca e isto o deixou sem ação. Saber que Haru não o odiava já havia tirado um peso enorme de seus ombros e poder vislumbrar aquele rosto doce e gentil mais uma vez era um prazer, que Afrodite não tinha certeza se era merecedor.
O cavaleiro pousou sua mão sobre a do confeiteiro e fechou os olhos, para que pudesse se concentrar e aproveitar apenas aquele toque quente, recostou ainda mais seu rosto sobre aqueles dedos gentis quando Haru começou a acariciar-lhe a bochecha com o polegar.
Saber que nem Haru e nem Brian o odiavam, ou o culpavam, realmente havia tornado a vida de Afrodite mais leve. Acabou por ser tirado daquele transe quando Brian adentrou ao quarto, correndo e feliz com o belo vaso de flores em suas mãos.
-Haru! As enfermeiras me ajudaram a colocar água no vaso e a arrumar as flores, olha! - A criança correu até a cama para encontrar seu pai e o confeiteiro, mostrando o trabalho bem feito. - Eu e meu pai escolhemos as flores pra você, são as mais bonitas do nosso jardim.
- Oh pequeno, não precisavam se preocupar tanto comigo. Estas flores são tão lindas…
Haru não tinha palavras para expressar o quão feliz estava, apenas admirou as flores e tocou-lhe as pétalas suavemente. Associou inconscientemente o cheiro e a maciez das flores a pele alva de Afrodite, o que fez com que suas bochechas fossem tomadas por um leve tom de rosa.
Sem nenhum aviso, a porta se abriu mais uma vez em um estrondo e era Lara quem entrava, logo a mulher também correu em prantos para vez o amigo acamado.
-Haru! Ha, Haru! Só os Deuses sabem como estou feliz por você ter acordado, eu achei que nunca mais iria te ver!
-Não precisa de tudo isto Lara, eu estou bem! Não foi nada. - Haru até tentou acalmar a amiga que estava do outro lado da cama, mas não teve sucesso.
-Nada?! Não foi nada?! Haru, você foi alvejado! Sangrou muito e qualquer sangramento é muito perigoso pra você, sabe disso! - A pobre Lara ainda estava preocupada, muito preocupada, com o amigo.
-Eu estou bem, não é? Só preciso descansar mais um pouco e logo saio desta cama. - Haru pegou a mão da amiga nas suas, para mostrar que estava tudo bem.
- Sei disto querido, você vai sair desta.
- Claro que vou! Mal vejo a hora de estar cozinhando meus bolos!
-Sim, eu quero muito comer seus bolos de novo Haru! -Brian concordou alegremente com o cozinheiro.
-Eu também concordo. - Afrodite também se pronunciou a favor dos bolos de Haru.
Todos riram um pouco e a conversa fluiu suavemente, sem temas estressantes ou recordações do ocorrido, mas era preciso deixar Haru descansar. Os três visitantes iriam sair em silêncio porém Lara não deixou, decidiu tirar um peso ruim de seu peito e que fazia um tempo que estava lá.
-Haru, eu prometo pra você, a próxima vez que ver o Otto eu vou matá-lo. - Lara estava muito séria, e convicta da sua promessa.
-Lara, não pense assim, por favor? Não vai ser melhor do que ele se fizer isto. - Haru tinha aqueles olhos doces e gentis direcionados para a amiga, realmente não guardava nenhum sentimento ruim do ocorrido.
Afrodite olhou aquela cena sentindo um amargo crescendo em seu peito, como Haru poderia estar bem com tudo aquilo? Quase perdeu a vida e por pouco que, graças ao confeiteiro, Brian estava vivo e bem agora.
Preferiu deixar aquele sentimento de lado, mas não pode negar que concordava com Lara, se encontrasse aquele homem com certeza iria matá-lo.
Os próximos dias se passaram rápidos, com Afrodite adaptando a rotina dele e do filho as visitas constantes ao hospital, na tentativa de alegrar as tardes de Haru.
O confeiteiro entendia que precisava ficar naquela cama por mais um tempo, mas era entediante e aquela tipóia não o ajudava em nada, pensar que ficaria com aquilo por pelo menos vinte dias o desanimava. Queria sair dali o mais rápido possível, voltar para a sua cozinha, sentir o cheiro dos bolos e cumprimentar seus clientes mas sabia que não seria possível tão cedo.
Afrodite sentia o sofrimento do amigo, e fazia de tudo para amenizar ao menos um pouco aquele sentimento. Todos os dias ia visitá-lo, às vezes até deixava o Brian em suas aulas extras e passava a tarde no hospital com Haru, trazia sempre doces, flores ou livros para alegrar minimamente o amigo hospitalizado.
Foram horas de conversas e risadas entre os dois, Afrodite falando de suas flores ou sobre as peripécias do filho enquanto Haru falava de seus bolos e as vezes de alguma história engraçada da faculdade, e isto só serviu para aproximá-los cada vez mais.
Após duas longas semanas, finalmente Haru estava livre daquele hospital. O doutor Shun havia sido um anjo em sua vida, graças a ele conseguiu se recuperar rápido e agora poderia voltar a sua tão querida cozinha.
Ou quase isto.
Lara insistiu para que Haru ficasse mais tempo de repouso, mas o cozinheiro não podia ficar mais nenhum minuto longe da sua cozinha. Haru ainda tinha algumas sequelas do acidente e a tipoia também não ajudava, mas ele se esforçava muito e o que ele não conseguia fazer, como bater as massas ou lavar a louça era Lara quem se encarregava.
A mulher não fazia com muita boa vontade, mas fazia.
Brian e Afrodite continuaram a frequentar o café, sempre que podiam estavam sentados no naquele mesmo balcão degustando alguma bebida quente ou biscoitos, já que não haviam mais bolos naquela vitrine a algum tempo.
- Estes biscoitos de canela muito bons, Haru! O que acha, Brian? - Afrodite falou calmamente, enquanto degustava seu típico mocca e alguns biscoitos.
-São uma delícia , pai, mas não vejo a hora de poder provar o bolo de rosas de novo! - Brian respondeu alegremente e com toda a sinceridade, que só uma criança teria.
-Vai ser logo, pequeno. - Haru respondeu a criança alegremente e veio ao encontro da família, assim que os ouviu chegar. - Doutor Shun falou que preciso ficar só mais duas semanas com a tipóia, logo vou estar batendo os bolos e confeitando como antes.
Brian abriu um sorriso largo em resposta, com alguns farelos de biscoito espalhados pelo rosto.
-Haru, não deve se esforçar, tome o tempo que for para se recuperar - Afrodite terminou de degustar seu café e respondeu o amigo com seriedade e preocupação.
-Não se preocupe Afrodite, eu vou ficar bem. É só eu bater as massas devagar e Lara vai me ajudar.
- Não, eu não vou! Mal consigo fazer estes biscoitos! - Lara gritou enfurecida da cozinha, enquanto ouvia os amigos conversando.
A pequena família e o confeiteiro riram daquela raiva toda, mas isto fez Afrodite pensar. Sabia que o confeiteiro não sairia daquela cozinha nem se perdesse os dois braços, então o cavaleiro precisava pensar em alguma coisa que o ajudasse na volta ao ofício.
Pensou rápido e chegou em uma solução mais rápida ainda, logo a pequena família já estava indo embora do café. Haru estranhou quando não viu os seus clientes favoritos nos dias que se seguiram, achou que poderia ter sido algo que falou ou talvez as bolachas, mas isto mudou quando viu Afrodite e Brian entrando pela porta, antes mesmo do café abrir.
Afrodite carregava uma caixa relativamente grande e Brian um pequeno vaso, com tulipas amarelas plantadas nele.
- Oh, bom dia! Oh, aí estão vocês. Achei que havia acontecido algo, não apareceram nos últimos dias - Haru cumprimentou seus clientes favoritos do balcão alegremente assim que os viu.
-Bom dia Haru! - Afrodite também cuprimentou o confeiteiro - Estes dias foram corridos.
-Nós estávamos preparando uma surpresa pra você! - Brian, mais uma vez, com a sinceridade de uma criança decidiu entrar naquela conversa.
Neste momento Afrodite sentiu suas bochechas queimarem, decidiu ignorar aquele sentimento e continuar ao lado do filho. Juntou suas forças para vencer a timidez repentina, para levar a caixa até Haru.
-Bem...Eu sei o quanto você gosta da sua cozinha, e sente falta dela, então eu quis ajudar de alguma forma. Espero que goste. - Afrodite se recompôs rapidamente e colocou o embrulho em cima do balcão
-Vocês não precisavam se preocupar comigo, devem ter tido tanto trabalho. - Haru tentou também disfarçar a vergonha que lhe tomava, em vão.
Afrodite colocou a caixa em cima do balcão e Haru a abriu com seu braço direito sem muita dificuldades, quando olhou dentro da caixa ficou sem palavras. Ocultado pelo embrulho havia uma batedeira orbital profissional, absolutamente impecável com sua pintura vermelha e suas pás reluzentes.
Haru sentiu vontade de chorar, sua batedeira tinha se quebrado a muito tempo atrás e não decidiu por comprar outra, já que não se importava em bater os bolos com as próprias mãos. Com o acidente, ele não conseguia mais bater os bolos e, como não tinham a mesma força além de não ser uma boa cozinheira, Lara também não conseguia.
Aquele presente mudava tudo, poderia voltar a fazer seus bolos agora, mas ele poderia aceitar? O confeiteiro só conseguiu pensar na fortuna que aquela pequena máquina deveria custar, não se sentia no direito de receber aquilo.
-Afrodite...eu...não tenho nem palavras. Eu amei o presente, fico lisonjeado mas não posso aceitar isto, deve ter custado muito dinheiro. - Haru respondeu com dificuldade, sentia-se sem ar e nervoso, não estava acostumado a aquele tipo de mimo, definitivamente.
-Haru, por favor, aceite. - Afrodite insistiu - Você salvou a vida do meu filho e é meu amigo, isto é o mínimo que eu poderia fazer por você, acredite em mim.
Afrodite tomou a mão do confeiteiro nas suas e olhou profundamente aqueles olhos dourados, sorriu como se quisesse transmitir toda a alegria que sentia, por estar ajudando seu querido amigo.
Haru ficou ainda mais nervoso com aquele toque, unido ao sorriso brilhante que o cavaleiro tinha. Não conseguia o olhar nos olhos, então focando em suas mãos percebeu como eram diferentes.
Sua mão era finas e pálidas com seus dedos longos. O cavaleiro tinha mãos fortes, com algumas cicatrizes e calos, o que não parecia combinar com a beleza ímpar que possuía, mas não que isso diminuísse seu brilho.
Pensar nisso doia em Haru, doia muito. Sentia aquilo porque a constatação o lembrava de como eram diferentes, de como seus mundos eram distantes e como ele não se encaixava naquela realidade.
Ao menos era o que ele pensava.
-Certo, eu vou aceitar o presente. - Haru soltou todo o ar de seus pulmões em um suspiro, antes de continuar. - Obrigada Afrodite, e Brian. Graças a vocês vou poder voltar a fazer meus queridos bolos e encher este lugar com aquele cheiro maravilhoso mais uma vez!.
Haru agora respondeu ao sorriso de Afrodite, o que deixou o cavaleiro ainda mais radiante, e agora era possível ouvir um grito de alegria vindo de Brian junto de um suspiro de alívio, este alívio todo veio de Lara que estava batendo mais algumas massas de bolacha na cozinha.
-Haru! Haru! Esta flor é pra você também, eu mesmo plantei! - Brian agora já estava sentado no balcão, empurrando o pequeno vaso de tulipas amarelas para o confeiteiro.
-Oh pequeno, não precisava, são linda! - Haru recebeu as flores com alegria e continuou - Vou deixar elas no balcão, para que todos possam ver.
Brian sorriu largamente antes de continuar.
-Sabe, antes eu ia escolher algumas rosas, mas meu pai falou que as tulipas estavam com as pétalas tão bonitas que pareciam douradas. - A criança mordeu alguns biscoitos antes de prosseguir com seu pequeno discurso. - Ele falou que lembram seus olhos, e eu também acho! Não são tulipas bonitas?
Um silêncio desconfortável tomou conta do lugar.
Afrodite não podia acreditar no que o filho havia acabado de falar e Haru parecia querer se esconder atrás das flores que ganhará. As únicas pessoas realmente tranquilas ali eram Brian, que continuou a comer seus biscoitos tranquilamente, e Lara que estava ocupada na cozinha.
O cavaleiro era um bom pai, muito atencioso, mas ele ainda não havia aprendido como o cérebro das crianças são como esponjas e como elas repetem tudo o que vêem e escutam.
Acabou por aprender da pior maneira.
-Haru! Tem mais uma coisa. - Brian limpou os farelos da boca, antes de continuar. - É meu aniversário final de semana, eu posso encomendar um bolo, por favor? Você e Lara também estão convidados.
Assim que Brian terminou de falar, esticou suas mãozinhas para entregar dois envelopes decorados com pequenas raposas coloridas. Era o convite da sua primeira festa de aniversário.
Haru estava petrificado, não conseguia nem responder a criança de tão nervoso que estava. Não pensava em seus olhos como bonitos mas pensar que o cavaleiro assimilar aquelas flores impecáveis a ele era bom demais para que acreditasse, aquilo deveria ter sido um devaneio da criança, com certeza.
-E nós iremos, com toda a certeza! - Lara saiu da cozinha agitada, e suja para ajudar o amigo que estava sem reação. - É só falar o bolo que você quer, rapazinho.
-O bolo de rosas! - Brian falou alto e feliz a sua escolha.
-Está decidido então! Nos vemos final de semana, raposinha!
Afrodite ainda estava desconcertado com a fala do filho, não conseguia nem encarar Haru nos olhos, apenas pagou o que consumiram, agradeceu rapidamente e saiu, deixando o confeiteiro e a garçonete para trás.
A semana se passou tranquila, e o presente que Haru havia ganhado trouxe a vida de volta para aquele café. As pessoas gostavam das bolachas sem sombra de dúvidas, mas o estabelecimento era famoso realmente por seus bolos e cafés, ter tudo de volta ao menu como era antes foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Já era domingo agora, Haru e Lara caminhavam alegremente para o pequeno aniversário, não que Afrodite não tivesse se oferecido para buscá-los mas o confeiteiro insistiu em ir sozinho.
Mais uma vez o confeiteiro sentiu a realidade o atingir com todas as forças, definitivamente não pertencia a nada ali. Ver aquelas casas enormes e carros luxuosos só o fazia ficar ainda mais acuado e notar ainda mais como não se encaixava no ambiente e estar com aquela tipoia ainda não melhorava em nada a situação. Lara viu logo a aura negativa que começava a cercar o amigo, colocou uma das mãos nas costas dele para acalmá-lo enquanto segurava o bolo com a outra.
-Haru, Lara! Que bom ver vocês vieram - Assim que viu os amigos, Afrodite foi o mais rápido que pode recebê-los.
-Sim, o bolo red velvet chegou aqui sem problemas, como prometido. - Haru falou orgulhoso de seu feito, ver o cavaleiro dissipou um pouco daquele mal estar com toda a certeza.
Após conversarem um pouco, Haru notou que apesar de tudo era uma pequena e simples festa de infantil. A decoração tinha apenas algumas flores coloridas e não devia ter mais do que nove crianças, brincando com uma bola de futebol gasta, e alguns casais conversando alegremente dentro da casa. O confeiteiro se sentiu aliviado quando percebeu que não era a festa luxuosa e extravagante que imaginou ser a semana inteira.
Afrodite sugeriu que entrassem, para guardarem o bolo e participassem da pequena celebração mas Lara por algum motivo estava imóvel, como uma bela e pálida estátua.
-Aquele homem, quem é? - Lara apontou seus dedos finos com suas unhas bem pintadas para um homem que estava encostado na parede da casa, bebendo de um cantil e com uma expressão vazia.
-Lara, não, por favor! - Haru conhecia a amiga muito bem, sabia o que viria a seguir.
A feição da mulher foi tomada por um brilho de alegria, e com certa euforia ela arrumou os cabelos curtos e desamassou a saia com as mãos.
Afrodite conhecia bem as mulheres e sabia que ela havia se interessado por aquele homem, mas também sabia que dentre todos que estavam ali ele com certeza era a pior das opções e a mais gelada também.
- Lara, eu sei que ele parece legal, mas porque não tenta conversar com aquele ali? - Afrodite tentou convencer a amiga, apontando para outro homem que ria alto entre os convidados dentro da casa - Aquele ali! Olha, ele tem um senso de humor...peculiar...mas com certeza é melhor que o outro!
Aquele homem, apontado por afrodite, era Dohko.
Haru queria morrer, talvez cavar um buraco e não sair de lá nunca mais de tanta vergonha que sentia da amiga agora. Lara era uma garçonete excelente, uma contadora de mão cheia e uma amiga melhor ainda, porém tinha esses pequenos lapsos com paixões avassaladoras a primeira vista.
-Nem pensar! Afrodite, eu preciso do nome daquele homem, agora! - Lara continuava agitada, havia posto em sua cabeça que aquele homem era o amor da vida dela, pelo menos pelas próximas horas.
O Cavaleiro de Peixes passou a mão pelos cabelos na tentativa de se acalmar e dinuir o semblante de insatisfação, já que não queria ver a querida amiga sofrer junto daquela pedra de gelo em forma de homem. Lembrou-se que havia falado o mesmo para Tétis quando decidiu se casar com Kanon, e como também não obteve sucesso naquela ocasião.
Em um piscar de olhos Afrodite mudou seu humor e abriu seu melhor sorriso para a mulher, ficou bem próximo a ela para que falasse em seu ouvido, quase como um segredo.
-O nome dele é Camus e eu tenho certeza que aquilo no cantil é Vodka. Porque você não vai lá e pede um pouco pra ele?
-Com certeza eu vou, obrigada Afrodite! - Lara se desvencilhou do cavaleiro de peixes e seguiu seu caminho alegremente em direção a Camus.
Haru estava muito envergonhado pela atitude da amiga, não sabia nem por onde começar a pedir desculpas mas precisava começar de algum ponto.
-Afrodite, me desculpa! Eu não sabia que ela iria agir assim justo hoje. Eu gostaria, inclusive, de pedir desculpas para seu amigo também, por favor. - O confeiteiro estava quase implorando agora, realmente estava muito envergonhado.
-Desculpas? O que ela fez? Lara está me fazendo um favor, querido Haru. - O cavaleiro colocou a mão gentilmente sobre o ombro do amigo, para guiá-lo até a festa propriamente dita.
-...um favor? - Agora Haru estava mais confuso do que envergonhado, com toda a certeza.
-Vingança, meu querido amigo, vingança. - Afrodite finalizou a frase com um sorriso sínico nos lábios, enquanto olhava para Lara e Camus.
Afrodite iria provar para o Cavaleiro de Aquário que ele não poderia ser aquela estátua impecável e gélida o tempo todo, e usaria Lara para isto. Algo lhe dizia que aquela mulher daria muito trabalho a ele.
E era exatamente o que o Cavaleiro de Peixes queria.
Pronto, agora tudo esta ficando melhor, não é? Será? Por quanto tempo? haha Continuem acompanhando para saber!
