Notas da autora
Xiao Lanhua surpreende Chang Heng quando...
Dois jovens cervos demônios tentam...
Na Montanha demoníaca...
Capítulo 30 - A curiosidade de Xiao Lanhua
- Claro! Eu abomino a escravidão de qualquer ser! Ainda mais de inocentes. Você não fez nada de errado e foi caçado brutalmente apenas porque queriam escraviza-lo. Falam que os demônios são ruins e que merecem isso. Mas, assim como tem humanos bons, há humanos ruins e humanos que não são bons e nem ruins sendo indiferentes a este mundo. É o mesmo com os demônios. Condenar uma raça inteira por causa de alguns indivíduos é injusto assim como cruel. Além disso, também chamo de hipocrisia. Afinal, há pessoas que nem podem ser chamados de humanos por causa das atrocidades que cometem ao mesmo tempo em que ocorre inúmeros crimes entre os humanos. Eu acho que é pior porque os humanos praticam o mal contra membros da sua própria raça. Vocês, demônios, são uma raça diferente e comparado ao crime de um demônio para um humano, eu acho que o crime entre humanos é muito pior. Eu não vejo esses mestres de demônios fazendo algo por humanos em dificuldade quando é um humano que faz mal a outro humano. Só agem de for um demônio e, não obstante, mesmo que o demônio esteja em seu local, longe e sem fazer qualquer mal, ainda é caçado da mesma forma como você foi. É simplesmente injusto até porque demônios costumam viver longe de humanos e é apenas uma pequena parte que se aproxima enquanto que os humanos vivem aglomerados. Eu também acho a captura sem qualquer julgamento e distinção uma atitude de pessoas hipócritas.
Ele fica surpreso ao ouvi-lo e sorri imensamente, para depois, perguntar:
- Como você conseguiu esse colar?
- O meu avô me deu o colar. Ele disse que ganhou de uma mãe corsa demônio e seu filhote após o meu avô trata-los há décadas, atrás.
Chang Heng sorri ainda mais ao mesmo tempo em que ficava imensamente feliz porque a sua suposição estava correta. Ela era tão única quanto o seu avô.
De fato, ele estava certo em confiar o seu destino à aquela humana porque não se enganou quando a olhou pela primeira vez. A áurea da jovem, se havia algo assim, demonstrava o seu coração amável e gentil, assim como era com o avô dela.
A humana salvou a sua vida enquanto que o avô dela salvou a sua vida e a da sua mãe porque eles não teriam conseguido sobreviver a emboscada que sofreram sem a ajuda providencial dele, com o cervo sentindo que devia pagar essa dívida, agora dobrada em nome da sua honra. Somente o colar não era um pagamento suficiente. Protegê-la podia ser considerado uma forma de pagamento.
Além disso, ele a achava linda e havia se apaixonado à primeira vista.
Portanto, ficar com a jovem não seria nenhum castigo e esperava que com o tempo houvesse correspondência dos seus sentimentos, com ambos ficando juntos mesmo que demorasse anos.
Para os demônios, o tempo era irrelevante em decorrência da sua longuíssima longevidade e que variava de espécie para espécie assim como se linhagem.
- Eu não vejo esse colar desde que foi criado para pagar a bondade de um humano para conosco.
Ela exibe uma agradável surpresa em seu semblante enquanto pergunta em tom de confirmação:
- O filhote era você, certo?
- Sim. Você lembra o seu avô em muitos aspectos. Além disso, também associei a ele por causa desse medalhão.
A médica pega instintivamente o objeto na mão e ao olhar para o medalhão, se lembra das palavras do seu avô.
- O que eu e a minha mãe esquecemos de contar é que o medalhão aceitaria descendentes dele mesmo que não fossem parentes de sangue. Bastava considerar profundamente aquela pessoa como membro da sua família. Eu supus pelo tempo que vi esse humano que você seria neta dele.
- O meu avô insistiu em me dar o medalhão quando eu saí de casa para a jornada de medicamentos e de ervas, além de aperfeiçoamento e prática de cura.
- Ele fez bem de dar para você. Quanto a essa jornada...
- Nós pertencemos a uma longa linhagem de médicos imperiais. Porém, se ficarmos apenas no palácio como muitos ficam ou frequentar apenas a Academia médica imperial, o conhecimento fica limitado. Viajar pelas vilas, conhecendo várias doenças estranhas e buscando formas de tratamento enriquece o conhecimento. Há muitas doenças por aí. Algum membro da família real desde imperador, príncipes, princesas, esposa ou concubinas, assim como outros nobres podem contrair uma doença diferente daquelas presenciadas usualmente na corte. Se você não tiver um conhecimento amplo não poderá salvar vidas. O meu ato de viajar também vai salvar muitas vidas no futuro. Como eu tenho pulso oculto, ele permitiu a minha jornada sem auxílio. Normalmente, quando envolve viagens de mulheres na minha família, elas nunca viajam desacompanhadas. Mesmo com o meu pulso oculto, ele insistiu que eu possuísse o medalhão falando que ele iria me proteger de qualquer perigo.
- Ele fez bem em dar a você. Além disso, vocês têm um coração muito nobre. São bem distintos. Não é qualquer humano que iria se prontificar a salvar outra vida, principalmente um demônio.
- Como aquele bastardo lhe encontrou? Eu não ouço muito sobre aparição de algumas espécies de demônios. Raramente são avistados cervos demoníacos.
- Se eu contar um segredo, você pode guardar consigo mesmo?
- Sim.
- Muitos não sabem, mas, nós temos habilidades curativas – ela fica surpresa e ele continua falando – Eu costumo me aproximar de vilas que estão em dificuldade e curo a distância. O problema é que eu acabo me expondo e foi o que aconteceu, infelizmente. Pelo menos, eu consegui tratar toda a vila antes que eu fosse caçado. Portanto, quanto a me libertar, o meu tamanho e cor chamam muito a atenção. Mesmo se eu me isolasse em locais que humanos não conseguem acessar, eu seria caçado da mesma forma porque os mestres de demônios têm poder e técnicas que permitem lidar com climas que os humanos comuns não conseguem lidar. Ficar com você garantirá que eu não serei caçado.
O que ele ocultou dela é que as habilidades da sua linhagem permitiam curar maldições e o contrato mestre-escravo é essencialmente uma maldição. Com algum esforço, ele poderia se libertar se desejasse e este era um conhecimento guardado a sete chaves pelo seu clã e que ele jurou nunca contar a um humano ou um demônio escravo.
Em relação as habilidades curativas, não era considerado um segredo tão grande.
Xiao Lanhua torce os punhos e sente uma grande raiva tomá-la. Ele cura e trata humanos. Mesmo assim, estava sendo caçado por um mestre de demônio bastardo e conforme pensava nisso, descobriu que não sentia qualquer pena da maldição frozen que eles carregavam. A seu ver, eles mereciam a escravidão uma vez que faziam questão de escravizar os demônios. Era uma justiça poética se visse por esse ângulo.
Conforme mais presenciava a atitude dos mestres de demônios, mais indiferente se sentia em relação a situação deles.
Ele fica preocupado e pergunta:
- O que aconteceu. Eu vejo que está com raiva. Foi algo que eu disse?
- Eu estou com raiva dos mestres de demônios bastardos. Eu canso de ouvir relatos de escravidão praticada por eles. O que lhe atacou tinha quatro escravos. Você estava fazendo um bem aos humanos, tratando os aldeões que não tem dinheiro por causa dos impostos absurdos. Eles dependem muitas vezes da piedade ocasional de outras pessoas e dos conhecimentos antigos que possuem. Mesmo assim, há doenças que requerem mais tratamento e você, com os seus poderes, consegue curá-los e a sua espécie somente não curam mais humanos por causa dos mestres de demônios, certo?
- Sim. Outros até desejam porque possuímos poderes de cura. Infelizmente, o medo de ser capturado faz muitos se afastarem.
- Eles são uns bastardos.
- Mas, não é errado condenar uma raça inteira por causa de alguns indivíduos?
- Bem, não estou condenando a raça humana e sim, apenas alguns indivíduos. Nesse caso, condeno somente os mestres de demônios.
- Verdade. É apenas um grupo.
- Sim. O pulso oculto é raro. Ao contrário dos demônios onde todos vocês nascem com poderes, entre os humanos apenas um pequeno grupo nasce com poder. Não é um poder usual da nossa raça. Portanto, eles se enquadram apenas como um grupo com habilidades assim como poderes especiais que os destacam dos demais humanos e cujos poderes poderiam ser usados para salvar vidas das mãos de criminosos, por exemplo. Recentemente, ouvi relato de uma vila sendo atacada por saqueadores e mesmo com um mestre de demônio próximo do local, ele os ignorou porque estava caçando demônios e pelo fato da vila não poder pagar por esse serviço. Afinal, precisavam guardar todo o dinheiro que conseguiam para poderem pagar os impostos abusivos. Com os poderes dele, ele poderia salvá-los facilmente. Mas, deixou as pessoas sofrerem. Não há somente esse relato, há vários outros conforme eu andei entre as vilas. De fato, eles só ajudam os aldeões se forem pagos. Eles falam que atacam demônios para salvar os humanos, mas, isso é mentira. Eles atacam e capturam em muitos casos porque querem poder e escravos, além de conseguir ascender socialmente dentre os seus semelhantes ao falarem das suas proezas, tratando os demônios escravizados como troféus. Se fosse para proteger os humanos poderiam ajudar os que estão em perigo como no caso de saqueadores que atacam vilas, por exemplo. Eles falam que é para salvar humanos apenas para sinalizar uma falsa virtude. Mesmo eu não sendo boa em selos e técnicas espirituais fiz o possível para salvar uma vila de saqueadores. Alguém como eu, cujo ponto forte é a medicina e não a luta, conseguiu lidar com esses bandidos. Um mestre de demônio que treina para isso lidaria com as duas mãos atrás das costas. Não custaria mais do que alguns minutos. Mesmo assim, não fazem.
Ele confessava que estava surpreso pelas opiniões dela ao mesmo tempo em que sentia uma imensa preocupação ao imaginar ela lutando contra criminosos.
- Você é mesmo única. O seu avô compartilha dessa mesma opinião?
- Sim.
- Eu quero ficar com você. Você precisa de proteção e enquanto estiver sobre esse contrato mestre-escravo, eu estou salvo de ser caçado por mestres de demônios.
- Mas...
- É o meu desejo. Além disso, a vida de vocês é efêmera. Você viverá mais e irá conservar por mais tempo a juventude graças ao seu pulso oculto. Mas, é um fato incontestável que posso viver muito além da sua vida. Ademais, nós, demônios, temos uma compreensão de tempo diferente de vocês, humanos. Como temos uma vida muito longeva nossa visão de anos é muito distinta.
- Quantos anos os demônios podem viver?
- Depende de vários fatores sendo que os que mais influenciam são o cultivo de poder, linhagem e espécie. Tem espécies que possuem por natureza uma longínqua longevidade. Normalmente, demônios regulares podem viver até mil anos. Mas, tem aqueles que podem chegar a dez mil anos e até mais. A minha espécie, normalmente, chega próxima dos oito mil anos por ter habilidades de cura. Por causa da minha linhagem eu posso chegar até os vinte mil anos ou até mais se eu for diligente em meu cultivo ao cultivar bastante.
A jovem se encontrava estupefata enquanto o olhava em um misto de admiração e de espanto. Pelo pouco que leu em pergaminhos não havia o consenso de uma ideia geral de quanto tempo um demônio podia viver e agora, ela compreendia porque nunca houve um consenso. O tempo variava muito entre eles. Não era possível ter uma base de tempo genérica como é com os humanos.
Conforme refletia sobre isso, questionava porque tais informações não estavam nos livros, embora os livros e pergaminhos sobre demônios se focavam apenas em aparência e poderes, assim como fraquezas. Idade não era o foco.
Ele nota o semblante pensativo dela e pergunta:
- O que houve?
- Nos livros e pergaminhos sobre demônios nunca há um consenso de tempo de vida e após a sua explicação, eu entendo o motivo. Também não compreendia antes porque com tantos demônios como escravos não havia essa e outras informações. Somente há o conhecimento útil para caça, subjugação e captura. Eu acredito que eles nunca se importaram de aprender sobre vocês porque apenas se importam com a aparência, poderes e fraquezas para poder caçá-los a fim de subjuga-los, para depois, matá-los ou para escraviza-los.
- Bem, tem lógica esse pensamento.
Eles conversam um pouco mais enquanto ele admirava o sorriso dela que era lindo assim como os seus traços delicados.
Em seguida, a jovem se prepara para dormir, com o cervo falando que ficaria de guarda apesar dela insistir dele descansar, com ele explicando que demônios não precisavam de tanto sono quanto os humanos.
Após ela entrar na sua barraca e adormecer, dois cervos com galhadas menores do que as dele se aproximam timidamente, fazendo-o virar suas orelhas para eles. Esses mesmos cervos se curvam respeitosamente e um deles pergunta:
- Tiazi (príncipe herdeiro), você vai mesmo continuar com essa humana?
- Você até acabou escravizado em um contrato mestre-escravo. Por quê?
- Foi a minha escolha e naquele momento, não havia outra forma de resolver o problema. Além disso, eu tenho uma dívida com o avô dela. Nós sempre devemos honrar a nossa dívida. Lembrem-se que os humanos têm uma vida efêmera e mesmo que o pulso oculto prolongue a vida dela, nunca vai se equipar ao nosso tempo de vida. – Ele fala o final tristemente ao se lembrar da diferença de tempo de vida entre eles.
- Mas, e o reino?
- Minha mãe pode governar em meu lugar. Ela já faz isso há séculos desde a morte do meu pai.
- Mas, o contrato, quer dizer, a maldição...
- Xiao Lanhua vai romper quando chegar o momento. Além disso, ela disse que fez um selo adicional. Quando ela morrer, o contrato seria encerrado. Afinal, ela retirou a parte de passar para um descendente ou ascendente. Vocês também não deveriam ter esquecido o fato de que a minha linhagem permite a quebra de maldições e esse contrato é em essência uma maldição. Portanto, não há motivos para vocês ficarem preocupados. Eu posso romper quando eu desejar.
Então, com as suas palavras ditas com convicção, eles se acalmam.
Mesmo assim, eles tentam convencê-lo novamente a abandoná-la e após ele negar, de novo, a dupla suspira resignada e se afastam depois de se curvarem respeitosamente, murmurando algo sobre a dor de cabeça que eles teriam com os anciões e anciãs, assim como a mãe dele, fazendo Chang Heng revirar os olhos, para depois, voltar a zelar a humana que dormia profundamente.
Há centenas de quilômetros dali, mais precisamente na Montanha demoníaca que ficava na região oeste do reino de Dacheng, o líder falava enquanto apontava um local no mapa projetado magicamente no ar:
- Aqui se encontra a tribo demoníaca dos ursos e vizinho a ela é o Vale dos dragões onde fica o dragão milenar Tian Yao que protege o vale. Podemos atacar ambos. Procurem capturar demônios de poderes consideráveis. Nós conseguimos produzir bastante caixas de transporte. Os nossos prêmios mais cobiçados são a captura do dragão milenar Tian Yao e o líder dos ursos demoníacos. Dizem que esse dragão está próximo de poder com o dragão Safira das lendárias quatro bestas.
