CAINDO (DE NOVO) NA REAL

SUPERNATURAL ALTERNATIVE UNIVERSE

CAPÍTULO 19

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UNIVERSO THE FRENCH MISTAKE DE SUPERNATURAL


MENTE DE JARED

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- Essa escada é muito mais assustadora do que parecia e ela já parecia bastante assustadora vista de longe. Esse degrau não está preso a nada. Mesmo sabendo que é um sonho ..

- Não acho que isso seja exatamente um sonho. Eu diria que é um estado alterado da consciência quimicamente induzido. Mas, o fato é que estamos na sua mente. Esse cenário foi criado pelo seu inconsciente e, em alguma medida, responde a você. Pode não parecer, mas você está controle. Acredite nisso para ganhar confiança e assumir o controle efetivo.

- É muito louco que alguém criado pela minha imaginação saiba explicar essa loucura melhor do que eu próprio.

- Isso é porque seu subconsciente tem as respostas que você procura e é por você tê-las que eu posso verbalizá-las. Eu sou a representação daquele que sempre acha as respostas e sempre se safa dos perigos. É por isso que você me trouxe com você.

Jared olha para "Sam Winchester" e agradece ao Universo por tê-lo ao seu lado naquela jornada. Saber que "Sam" não era real não mudava a forma como respondia à sua presença. Sentia verdade em suas palavras e sua mera presença lhe transmitia uma segurança que nenhuma outra pessoa conseguiria transmitir.

- Estamos chegando na primeira plataforma, na primeira porta. Vou ser obrigado a ver o que há atrás desta porta?

- Se fosse para ser obrigatório, para descer mais um lance teríamos necessariamente que passar através da porta e isso não acontece. Mas, acho que devemos olhar o que há por trás desta primeira. Acredito que seja um acontecimento recente. Será uma preparação para o que virá depois.

Jared respira fundo, permanece com a mão na maçaneta por alguns segundos ganhando coragem e finalmente abre a porta. Do outro lado, a Mansão Padalecki vista do jardim e, no jardim, ele e Thomas.

A visão faz Jared sorrir. Ele brincando com Thomas no jardim de casa. Os dois soltando gostosas risadas. Ele lançava o garoto para cima, depois trazia o corpo do filho de encontro ao seu e o abraçava apertado. Rodava e repetia a brincadeira. Um momento de verdadeira felicidade. Um momento de perfeita comunhão entre pai e filho.

Genevieve aparece na porta chamando Jared, que segue na direção dela, com Thomas nos braços, e a beija. O beijo saiu desajeitado, então Jared se abaixa, põe o filho no chão, e volta a beijar Genevieve.

Jared vivera aquilo, mas agora via a cena da perspectiva de um expectador externo. Via a si próprio como se estivesse vendo outra pessoa. Vendo a partir de um campo de visão totalmente distinto. Não estava preso às ações de seu eu do passado. Tinha liberdade para seguir outros caminhos e ver o que não vira quando estava vivendo aquela situação.

O casal entra na casa de mãos dadas e o garoto permanece brincando no jardim. Jared faz menção de acompanhar o casal, mas é impedido por Sam que aponta para Thomas.

- Estamos aqui pelo garoto.

Jared faz uma expressão de espanto, mas aceita de bom grado a sugestão. O jardim ostentava 3 belos espécimes da árvore símbolo do Canadá: o bordo. A visão do filho correndo feliz entre as árvores, tocando uma e correndo para tocar a seguinte e depois a outra e a outra, enche seu coração de felicidade.

Thomas segue brincando até ter a sua atenção atraída pelo homem que, depois de pular o muro, sentara-se no gramado numa postura zen e se mantinha imóvel naquela posição.

- Jensen? É claro! Esse foi o dia em que o Jensen invadiu minha casa e colocou suas mãos imundas no meu filho. Não vou deixar que aconteça desta vez.

- Jared! Estamos dentro de uma memória. Podemos circular pelo ambiente, podemos ver o que aconteceu de outros ângulos, mas não podemos alterar o que estamos vendo. Já aconteceu. É passado. Você sabe como acabou.

- Não vou aguentar ver esse pervertido tocando indevidamente no corpo do meu filho. Uma criança inocente.

- Estamos aqui para ver o que realmente aconteceu. Se o Jensen realmente tocou de forma indevida o garoto.

Jared tenta segurar Thomas pelo braço, mas sua mão o atravessa. Tenta chamar sua atenção, mas é inútil. Não podia ser visto nem ouvido. Era como Sam dissera. Não tinha como interferir. Podia apenas observar.

Jared e Sam observam atentamente Jensen que permanece absolutamente imóvel, postura flor de lótus, olhos fechados e expressão serena. Para Jared, indignado e impotente, pareceu uma eternidade, mas foram, se muito, apenas 3 minutos. Veem Thomas, curioso, se aproximando pouco a pouco do homem imóvel. Veem quando o menino, já bem próximo do homem, toma a iniciativa de fazer contato.

- Oi! Quem é você?

- Eu? O meu nome é Dean.

- Dean?

- É Dean. Já ouviu falar de mim?

- Não.

- Você é o Thomas?

- So.

- Quer sentar aqui ao meu lado na grama?

- Não.

- Você não está com medo de mim, está?

- Não.

- Então, está certo. Quando cansar de ficar em pé, você senta. Está bom assim?

- Tá.

- Eu não tenho comigo nenhum doce para dar para você. Desculpa o tio? Eu prometo que, da próxima vez, eu trago um montão.

- Você é meu tio?

- Se eu sou seu tio? .. .. Não, mas você pode me chamar de tio, se quiser. Tio Dean, o que você acha?

- Tá bom.

- Sabia que eu tenho um irmão igualzinho ao seu pai? Igualzinho mesmo.

- Qual o nome dele?

- É Samuel. Eu chamo ele de Sammy. Quando ele era pequeno, era eu quem cuidava dele. Você lembra muito esse meu irmão quando ele tinha o seu tamanho.

- É mesmo?

- É.

- Você brincava com ele?

- Brincava.

- Meu pai brinca comigo. Eu gosto muito muito de brincá com meu pai. Muito muito.

- Eu vi seu pai brincando e abraçando você. Seu pai ama muito você. Você é um garoto de muita sorte por ter um pai como ele.

- Eu gosto que meu pai me abraça. Eu gosto de abraçá meu pai. Muito muito muito.

- Eu também gosto de abraçar e de ser abraçado. É uma forma de dizer que gostamos da pessoa.

- Você é legal. Eu gosto de você!

- Gosta?

- Gosto. Posso abraçá você?

- É claro que pode. É isso que você quer? Eu ia gostar muito de um abraço seu.

- É?

- Vem! Não precisa ter medo. Dá um abraço apertado no tio.

Jared estava tendo a oportunidade de ver de perto o que, da primeira vez, vira de muito longe. De escutar o que foi dito. Vira aquela cena acontecer de uma das janelas da casa. Vira a cena e correra para salvar o filho. Olhando na direção da Mansão, Jared vê seu eu do passado correndo na direção de Thomas. E, atrás dele, Genevieve.

- Isso! .. Que abraço mais gostoso!

- TIRE AS SUAS MÃOS SUJAS DO MEU FILHO, SEU PERVERTIDO!

- Sam? .. digo .. Jared! Não se preocupe .. Jared. Sou apenas eu ... o Jensen. O Thomas está seguro comigo.

- Vem cá, filhão! Papai está aqui e não vai deixar ninguém fazer nenhum mal a você. Desculpa o pai ter gritado? Eu não quis assustar você. Não, o papai não está zangado com você, filhão. Dá um beijo? .. Isso. Vai com a mamãe.

- Jensen, você está cansado de saber que não é bem-vindo. Como foi que você entrou aqui?

- Gen! Deixe que EU me entenda com o Jensen. Leve, por favor, o Thomas para dentro de casa e tranque bem a porta. Mantenha o Thomas longe das janelas. Tem muita coisa que esse .. senhor .. está precisando escutar.

Jared vê a si mesmo, expressão e punhos fechados, somente esperando Gen e Thomas estarem seguros dentro da Mansão para interpelar Jensen. Lembrava de como se sentira naquele momento. Da fúria homicida que o dominara. De quão perto estivera de perder o controle.

- Jared, imagino que esteja chateado por ter sido ...

Jared se vê explodindo e partindo para cima de Jensen. Pegando-o de surpresa e derrubando-o no chão. No instante seguinte, estava em cima de Jensen, sobre o tórax dele, usando seu peso para mantê-lo imobilizado no chão. Esmurrando o rosto de Jensen da forma como aprendera para interpretar Sam. Só que sem conter o braço.

Sentiu-se revivendo aquele momento. A raiva que o dominava era tão grande que seus atos não eram mais controlados pela sua vontade. Lembrou de ter sentido a sua consciência apartada do corpo, como se estivesse vendo aquela cena à distância, incapaz de interferir no seu curso. Como se o homem que batia não fosse ele e aquilo não lhe dissesse respeito. Como se esmurrar um ser humano até à morte fosse um ato justo e necessário.

Espera! Seu eu passado sentira de alguma forma sua presença? Era de seu eu atual, sua versão do presente, a consciência que reconhecera como sua porém apartada de seu corpo físico, vendo a cena à distância, incapaz de interferir no seu curso? Fúria. Ódio. Agora era seu eu presente sendo invadido pelos sentimentos de antes. Suas versões presente e passada estavam se mesclando. Sentia até mesmo a dor física em seus punhos a cada murro que seu eu passado desferia.

O mesmo pensamento em dois momentos distintos do tempo e em diferentes estágios de consciência passa pela sua mente: 'Deus, o que eu estou fazendo?'

Um segundo de hesitação. O Jared do passado detém seu punho erguido. E, então, um golpe certeiro de Jensen o acerta no queixo. Jared se vê desabando desacordado sobre o corpo de Jensen. Seu eu passado estava inconsciente. Caído e a mercê de Jensen.

- Jared? Ah! Droga! Não era para nada disso ter acontecido.

Jared se dá conta da bizarrice daquele momento. Podia observar as ações de Jensen mesmo estando inconsciente. Podia ver do ângulo que escolhesse o que acontecera nos minutos em que Jensen acreditava que não estava sendo observado por ninguém. Podia ver, agora sem a raiva que o cegara, o estrago que fizera no rosto do seu desafeto. Jensen estava com o supercílio aberto, o olho esquerdo inchado e sangrava na boca. Sua expressão, no entanto, não era de ódio ou de raiva. Era de .. tristeza? .. de amor?

Jared vê com indignação Jensen tocar com delicadeza em seu rosto, sua barba por fazer, seu cabelo.

- Maldito abusador! Eu devia saber que ele não perderia essa chance.

Jensen observava com atenção cada detalhe do seu rosto com um esboço de sorriso no rosto desfigurado.

- AAAAi! O quê ..? Jensen? Eu ..

- Já não era sem tempo, bela adormecida. Você tem queixo de vidro, sabia? Está mais calmo agora? Podemos conversar? Foi você que partiu para cima de mim. Eu apenas me defendi. Não vim aqui para brigar. E então? Já está melhor? Podemos conversar?

- Não, eu NÃO ESTOU melhor. Não com você aqui, na minha casa. SOLTA! Tira as suas mãos sujas de mim. Eu posso muito bem me levantar sozinho.

- Vá em frente, então. Mas, fique avisado: se partir novamente para a ignorância, vai ganhar outro murro.

- Eu não quero você perto do meu filho. Escutou? Se eu souber que você voltou a TOCAR no meu filho, Jensen, eu MATO você. Juro que MATO.

- Jared, você devia saber que eu jamais faria mal a uma criança. Seu filho nunca correu qualquer risco comigo.

- Jensen, eu CONHEÇO você. Eu SEI do que você é capaz. Você devia estar PRESO. Eu devia ter denunciado você à polícia. Eu fui covarde. Eu me calei por vergonha. Mas, eu não vou deixar você fazer com nenhum outro garoto o que você fez comigo. Tenha a certeza que não. Lugar de ESTUPRADOR é na cadeia.

- Estuprador? Não, Jared. Eu nunca .. Eu não devia ter vindo. Eu só piorei tudo. Pode deixar, estou saindo da sua propriedade.

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- Acho que já vimos tudo o que tínhamos para ver aqui. Podemos seguir para a próxima porta.

- Maldito Jensen!

- Foco nos fatos, Jared. Apenas nos fatos. Deixe a raiva de lado. O que descobriu vendo a cena completa?

- Eu vi o Jensen sendo o Jensen de sempre. Um abusador. Um pedófilo em potencial.

- Eu sei que é difícil, Jared, mas tente ser imparcial. Esqueça suas opiniões formadas sobre o Jensen. Atenha-se ao que acabamos de ver. Eu diria que o Jensen não chegou a avançar o sinal com o Thomas. Mas, também é fato que não sabemos como tudo evoluiria se você não tivesse chegado naquele momento e afastado o Thomas. E que não temos como saber o que se passava na cabeça do Jensen enquanto ele abraçava o menino. Não temos do que acusá-lo.

- Só porque não lhe demos chance. Você viu ele me tocando enquanto eu estava inconsciente? Viu a expressão no rosto dele enquanto me tocava? Eu vi e não gostei nem um pouco daquilo que vi.

- Dá para afirmar sem sombra de dúvida que ele o deseja. Mas, existe mais que simples desejo. A expressão dele mostrava um sentimento mais profundo. Amor, eu diria. Ele realmente ama você.

- Eu não chamaria essa obsessão do Jensen por mim de amor. E seja que nome tenha, esse sentimento destruiu minha vida e ameaça minha família.

- Arrependido de ter aberto a porta dessa memória.

- Nem um pouco. Foi bastante esclarecedora.

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MENTE DO DEAN

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- É assim que acaba? Tudo o mais desaparece e eu continuo existindo .. no meio de um grande NADA.

Até onde a vista alcançava, não avistava nada. Não parecia haver nem mesmo um chão para sustentá-lo. Forçou-se a não pensar nisso e aceitar que algo continuaria impedindo que desabasse no vazio.

Então, uma voz que ao mesmo tempo parecia vir de alguém ao seu lado e de muito longe.

- Eu estava morrendo. Para sobreviver Eu precisei reabsorver os Universos que criei.

- Chuck? É você?

- Não em carne e osso, mas sou Eu.

- Você é realmente Deus?

- Eu criei o seu e milhares de outros Universos, mas não esse em que estamos neste momento. Se isso me torna Deus, sim. Eu sou o Deus do seu Universo e de milhares de outros.

- Esse Universo em que eu sou um personagem de seriado televisivo .. Nós ainda estamos nele? Eu acabei de vê-lo desaparecer. O Sam fez a travessia e aí ele e tudo o mais começou a se desfazer.

- Não aconteceu assim. O Sam não fez a travessia. Não ainda. O mundo do Jensen e do Jared para onde você veio continua existindo. O que você vivenciou foi um sonho induzido pela Raiz Africana dos Sonhos. Eu aproveitei que você está num estado alterado de consciência para falar com você.

- A Raiz tem propriedades mágicas?

- Não. A raiz tem componentes psicotrópicos, mas não é mágica. Nada neste Universo tem propriedades mágicas. Não existe magia neste Universo. Não até você e o Sam terem vindo para cá há muito tempo atrás. Não até o anjo Virgil vir atrás de vocês. Não até você voltar para cá dias atrás.

- Faz 5 anos da minha primeira vez que estive aqui.

- Só 5 anos? Pareceu uma eternidade indefeso numa cama de hospital sentindo meu corpo morrer célula a célula.

- Você falou em reabsorver "Universos". No plural. Quantos Universos você consumiu?

- Não contei. Primeiro eu absorvi toda a magia presente no anjo Virgil e em sua arma. Foi o que garantiu a minha sobrevida até a ciência humana fazer sua parte. Depois, eu diria que consumi 1 universo a cada mês que continuei vivo. Mas, não foi o suficiente.

- É isso que está acontecendo com meu Universo? É você que o está consumindo?

- Não sei ao certo de que Universo você veio. Existem Deans em uma infinidade deles. Não, infinidade seria exagero. Mas, são muitos Deans. Muitos Jensens. Muitas histórias a serem contadas.

- Eu vim aqui para salvar meu mundo. E se a salvação do meu mundo depende de salvar você. Eu vou salvá-lo. Acredite em mim. Eu vou salvá-lo.

- Você vai me salvar. Tenho certeza que vai. Não precisa fazer nada. O Virgil, mesmo sendo um anjo, foi criado para ser um personagem coadjuvante. Já você é meu protagonista. Um de milhares, mas ainda assim um protagonista. Seu Universo foi criado pensando na história que planejei para você. Existe muita magia em você. E estamos os dois no mesmo Universo. Isso faz toda a diferença. Basta que eu absorva toda a magia que existe em você, toda a sua essência e ficarei curado. Obrigado por tudo, Dean. Adeus. Não posso garantir, mas é provável que seu sacrifício salve o que restou de seu Universo.

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25.12.2023

A cena original acontece no CAPÍTULO 10.