Desafio 100 temas: Tema 58 – Sobre comida ou doces
Beta: Slplima querida amiga, não sei como agradecer todo o carinho, paciência em me ajudar. Obrigado, obrigado de coração! Minha amizade e lealdade forever and ever!
Notas da Beta: Querida amiga!
O amor frutifica, enfim.
E que lindo vislumbrar essa mudança na vida de nossos queridos aos seus olhos apaixonados, Telma! Sua escrita bonita e gentil torna os contornos de Yuuri e Viktor brilhantes linhas perfeitas. Como rastros de luz em um céu maravilhosamente escuro e silencioso.
É gostoso de ler. É gostoso de reler. É um tesouro que os leitores, certamente, guardam em seus corações.
Parabéns!
E obrigada, sempre, pela confiança.
Bjocas no coração, amada Coelha.
E... feliz aniversário Vitya. S2
Notas da Coelha: Confesso que após ter terminado a fic para Yuuri e a colocado no ar, eu fiquei dando tratos a bola, imaginando o que eu poderia escrever para o aniversário de Viktor, e eu sei que não era bem sobre esse tema que gostaria de falar, mas devo dizer que foi mais forte que eu, e pensei: Why not? Rsrsrs Assim saiu Bittersweet.
Essa fic também faz parte do universo criado na fic Estarei ao seu lado. Não há necessidade de ler as anteriores para entender essa, mas se assim desejarem, ficarei muito feliz em saber o que achou delas.
Inspiração: as músicas Bittersweet do Apocalyptica e Bitter sweet symphony do The Verve
Dedicado à: Viktor Nikiforov!
Mais um 25 de dezembro que chega, e o aniversário desse platinado que com seu jeito avoado, esquecido e carismático, encantou não somente a Yuuri, mas sim muitas outras pessoas como eu! Assim...
Feliz Aniversário, Vitya!
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A gota d'água havia sido a toalha esquecida sobre a cama.
Sim, uma coisa tão simples e corriqueira como aquela, em outros tempos, não haveria feito o humor do nipônico se alterar, mas tudo parecia o irritar de uns tempos para cá.
O ômega se sentia em um carrinho de montanha-russa, com seus altos e baixos, e tudo havia começado com a escolha de um doce na noite anterior em vez de um prato de Pelmeni.
Yuuri sabia que não poderia abusar de bolos, de doces de todos os tipos, ainda mais estando tão próximos do Mundial, mas o que ele poderia fazer se queria um pedaço de bolo de nozes?
Assim sendo, comera forçado umas duas ou três garfadas do delicioso, mas que para ele havia sido insosso, Pelmeni, para mais tarde, ir atacar a geladeira sem o alfa saber e se esbaldar com duas grandes e deliciosas fatias de bolo.
E agora esta ali, acordara obrigado, pois não queria deixar a cama quentinha e gostosa quando o marido o chamara Havia se arrependido por ter atacado o bolo, e do arrependimento para a raiva em ver a toalha sobre a cama foram apenas míseros segundos.
Massageando as têmporas, Yuuri bufou exasperado. Ainda estava se questionando muito pelo fato de ter se irritado tanto com o marido a ponto de deixá-lo ir para o rinque sozinho, apenas por pura birra!
Não podia continuar agindo daquela forma, já estava com vinte e três anos quase.
Ao fechar os olhos, parecia que podia ver com precisão as íris muito azuis do alfa o mirando com surpresa, quiçá, até mesmo com uma mescla de arrependimento. E negar que aquilo mexia e muito com o moreno, era impossível.
Vergonha.
Raiva.
Arrependimento.
Tudo parecia se misturar e emborcar Yuuri em uma sensação estranha, uma tontura fora de hora, que nunca havia sentido antes.
Piscando com dificuldade o ômega pescou a toalha causadora da discórdia para levá-la ao cesto de roupas sujas. Ao se abaixar para recolher umas poucas peças, as quais gostaria de colocar na máquina, Yuuri se agarrou ao tampo de mármore da bancada para não cair.
Nova tontura!
Será que estava com algum problema de saúde?
Respirando fundo deixou o banheiro e os pensamentos insanos, seguindo para a lavanderia. Já que se indispusera com Viktor, iria para o treino bem mais tarde.
Não era o fim do mundo, não é mesmo?
Revirando os olhos, voltara sua atenção para os afazeres, que eram poucos, e em um piscar de olhos tudo estava resolvido. Até mesmo as roupas penduradas no pequeno varal de teto. Yuuri não gostava que certos itens fossem para a secadora.
Dando-se por satisfeito tomou uma ducha rápida, surpreendendo-se com a área de seu peitoral levemente mais sensível que o costume, mas não levou muito isso a sério, pois precisava se apressar. Havia prometido fazer o treino de balé com Yurio, e o jovem grosseiro, apesar dos pesares, não merecia ser deixado de lado apenas porque Yuuri não estava bem. Por estar temperamental! Ah! Não mesmo!
Assim, após checar algumas coisas, jogou a mochila nas costas e saiu a pé do prédio onde estavam residindo desde o casamento, seguindo para o ginásio. Yuuri havia achado besteira Viktor comprar outro imóvel apenas por conta de terem se casado.
Era prático!
Próximo ao ginásio, e grande, e confortável!
Besteira se mudarem!
Ao lembrar desse pormenor, Yuuri revirou os olhos, apertando um pouco os passos para conseguir chegar o mais rápido possível, e evitar com isso o humor terrível do loiro mais novo.
Ao virar uma esquina, o campo de visão do ômega foi preenchido pelo bonito e grandioso ginásio. Com um leve sorriso, apertou a corrida e em um piscar de olhos já estava a frente da grande construção. Se desse sorte, talvez, Yurio ainda estaria no gelo sob a supervisão de Yakov e de Viktor. Um tanto pensativo, diminuiu a velocidade ao alcançar a recepção, e a passos moderados se dirigiu para o vestiário, que aquela hora ele tinha certeza, estaria vazio.
O silêncio o recebeu no lugar fresco e arejado. Parando a frente de seu armário, usou a combinação numérica para abrir o cadeado. Automaticamente começou a ajeitar o que tinha ali guardado para poder colocar o que havia trazido em sua mochila. Deixando o corpo cair pesadamente sobre o banco de madeira, Yuuri estranhou sentir-se um tanto cansado.
Nunca fora assim!
Ele sempre conseguia correr por distâncias até maiores e não sentir a fadiga que agora o acometia. Todavia, não poderia se fazer de esquecido, ele já havia se dado conta que estava querendo dormir mais, que a sonolência por vezes quase o derrubava em horários que deveria ser mais ativo, no entanto, como sempre, achava ser normal, pois vinha se cobrando muito após a passagem de seu heat.
Balançando a cabeça, tentou forçar seus pensamentos em outras coisas, afinal, tinha de se manter bem para as próximas etapas dos grandes prêmios. O Campeonato Mundial teria sua sede em Moscou, e era questão de poucos dias para estarem deixando São Petersburgo. Yuuri tinha de dar o seu melhor. Ele queria continuar sua ascensão e levar mais um ouro, como já havia conseguido nos nacionais japoneses.
O que melhor ele sabia fazer era se cobrar, e não seria diferente agora!
Resignado, trocou o moletom que estava usando por uma meia calça de balé preta, vestindo por cima um short de mesma cor, e por último uma camiseta mais larga, que havia pego de Viktor, para ficar um pouco mais larga em seu tórax.
Sem muito alarde, seguiu em sentido contrário das pistas, se aproximando do estúdio utilizado por madame Baranovskaya, que aquele momento estava totalmente vazio. Suspirando aliviado, deixou a toalha e a garrafa de água em um banco no canto opostos aos espelhos.
Ao tomar posição para iniciar o alongamento, notou que não estava mais sozinho. O furacão loiro se fez presente, trocando um rápido olhar com o mais velho pelo espelho de corpo inteiro, acabou por franzir as sobrancelhas.
- O que aconteceu que você não veio para o treino no gelo hoje mais cedo? – Yurio indagou antes mesmo de cumprimentar ao japonês. – Não me diga que você e o velhote discutiram mais uma vez? – mirou-o exasperado.
Yuuri o mirou com calma, sustentando as íris esmeraldas que pareciam chispas de labaredas de uma Kuda Kitsune.
- Bom dia para você também! – o ômega mais velho preferiu o saudar, para assim não precisar responder-lhe logo de cara. E antes que o malcriado o retrucasse, prosseguiu. – Não, não aconteceu nada, apenas me dei ao luxo de ficar em casa pra colocar algumas coisas em ordem. – e ao perceber que o loiro o mirava estupefato, deu de ombros.
- Acho bom você não fazer corpo mole, ou vou chutar sua bunda gorda daqui uns dias, e não vou me arrepender nem um pouco! – Yurio bradou com convicção, arqueando ainda mais as sobrancelhas. – Agora, chega de papo, vamos dançar!
Lilia Baranovskaya entrara na sala naquele momento, já começando a corrigir a postura do loiro, e a observar melhor ao ômega mais velho. Ele tinha um brilho diferente nos olhos, sua pele parecia mais brilhante, dando a impressão de aveludada. Deixando esses pensamentos para lá, começou ao treino rígido que sabia... os dois aguentariam.
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- Katsudon, você parece um pouco cansado! – Yurio ponderou ao ver o moreno sentar no chão recostado a parede. Sua aparência nem lembrava a de outros treinos. - Está sentindo alguma coisa?
- Não é nada, Yurio! – o japonês respondeu rapidamente. Aquele não era o momento para se ter uma queda de rendimento, e muito menos para tentar localizar o que poderia acontecer. Ele não poderia se dar ao luxo de adoecer. – Vou aproveitar que talvez a pista esteja vazia e patinar um pouco. – tentou com isso desconversar e, ao se esforçar para levantar, teve de se aquietar um pouco.
Tontura mais uma vez!
- Yuuri, o que foi? – Plisetsky perguntou ao se assustar. - Você não está legal! – insistiu mais uma vez.
- Levantei rápido demais... – começou fazendo uma pausa para bocejar – uma tontura!
- E agora sono! – constatou o ômega loiro. – Você tem dormido direito? – e antes de obter respostas, emendou sem paciência. – Por favor, não me conte nada nojento que você e o velhote podem estar fazendo em vez de dormirem. – e sustentando-lhe o olhar, fez uma careta como quem estava a ponto de vomitar.
Sorrindo para o mais jovem, Yuuri dera de ombros, levantando um pouco mais devagar, e sem se voltar para o loiro ordenou.
- Vá lanchar, Yura! – e ao passar pela porta, ouviu o russo rosnar em protesto. Rindo divertido, Yuuri seguiu para o vestiário para trocar mais uma vez sua roupa, e para também poder pegar seus patins.
E não demorou muito para fazer tudo isso.
Ao se aproximar da barreira, sentou-se para poder calçar os patins, prendendo-os muito bem, e com um suspiro de alívio conectou seu celular no sistema integrado de som, ganhando finalmente o gelo.
A música calma saindo dos alto-falantes da pista era sua única companhia. Desde muito novo, aprendera que poderia se acalmar ao executar quase a exaustão figura e exercícios básicos, os quais fazia naquele exato momento quase sem perceber.
Era automático!
Sua mente já livre da tenção vivenciada mais cedo, parecia um livro em branco.
Puxando o ar com força para os pulmões, parou ao centro do rinque tomando sua pose inicial para seu programa curto. Seus olhos, por uma fração de segundos avistaram o marido o observando pela janela do escritório de Yakov que ficava no andar acima, bem ao centro do rinque. E antes que esse lhe acenasse, Yuuri desviou o olhar iniciando a linda coreografia feita pelo alfa.
Katsuki-Nikiforov não queria conversar com o platinado, não agora, e até mesmo por isso, estava se dedicando tanto a execução de todos os movimentos com a máxima atenção.
Tudo estava indo muito bem, só faltava a última combinação de saltos e giros. O ômega se sentia satisfeito até ali, e com confiança abriu o primeiro salto. Sua explosão de velocidade e altura estavam perfeitos, no entanto a aterrissagem não havia sido das melhores. A mão no gelo o desequilibrando mais em vez de ajudar a se manter.
Irritado, parou a coreografia, voltando a música não apenas uma, mas duas, três, quatro vezes mais.
Antes que pudesse iniciar novamente, a voz do alfa platinado foi ouvida anunciando sua chegada.
- Yuuri, pare! – pediu mais uma vez ao parar a frente da saída do gelo. – Descanse um pouco! – pediu ao mirá-lo com seriedade. – Venha almoçar comigo. – convidou, e ao notar que o nipônico franzia o nariz, tentou uma abordagem diferente. – Venha um pouco, não seria legal se machucar faltando tão pouco para o Mundial. – comentou ao acaso, e notando logo a seguir que o marido se dava por vencido, deixando o gelo lentamente.
- Voltarei a tarde para continuar o treino. – informou ao pegar as guardas das lâminas que o platinado lhe oferecia.
- Sim, tudo bem! – concordou. – Vamos voltar e trabalhar juntos, tenho uns pontos que gostaria de repassar contigo. – Viktor estendeu-lhe a mão, e assim que esta foi aceita, o puxou para junto de si em um abraço apertado.
- V-Vitya! – Yuuri guinchou ao ser surpreendido.
- Desculpe por hoje! – começou falando baixinho bem próximo ao pescoço do mais baixo. – Desculpe por ser tão despistado, por não perceber certas coisas. – continuou ao mesmo tempo em que deslizava lentamente a mão sobre as costas de seu marido.
- Tudo bem, Vitya! – Yuuri ciciou sentindo os olhos úmidos. Não haveria necessidade para o choro, mas ele fora pego desprevenido, e acabara por se emocionar com aquele pedido tão autentico, tão único de seu alfa. – Não gosto de quando ficamos brigados. – confessou. – Desculpe também por surtar contigo por uma coisa tão banal. – o rosto afogueado, as lágrimas deslizando lentamente.
Ao afastar um pouco e encarar o moreno, Nikiforov sorriu pequeno
- Não chore, moya snezhinka! (meu floco de neve!) – pediu ao beijar cada lágrima que deslizava pelo rosto bonito. – Eu te amo! – ronronou ao sapecar um beijo nos lábios carnudos e macios. – Agora, vamos, vamos comer katsudon! Eu sei que não se compara com o seu e o de sua mãe, mas pedi para ser entregue aqui.
- Sério? – Yuuri perguntou com um sorriso feliz.
- Da! (sim) – Viktor respondeu, para logo em seguida o puxar para as escadas que levavam para a sala que o alfa usava como escritório, duas portas antes do escritório de Yakov.
Acomodaram-se um ao lado do outro usando a mesa do platinado e, assim que as porções foram destampadas, o alfa que sorria feliz, deixou a felicidade deslizar por entre os dedos ao reparar que seu homem parecia desconfortável ao mirar o katsudon.
- O que foi, meu amor? – perguntou preocupado. – Como eu disse, não é o seu ou de sua mãe...
- Não posso comer isso! – Yuuri balbuciou ao sentir um nó se formando em seu estômago. Como ele explicaria que só de sentir o cheiro de seu prato preferido, sentira seu estômago se revirar?
- Claro que pode! – o alfa se exaltou. – Você descansa um pouco mais antes de voltar para a pista! – explicou ao pensar que o moreno estivesse preocupado com as calorias que o prato iria lhe fornecer. – Não pode ficar sem comer, Yuuri!
- Eu sei, Vitya, mas acho que por ter tomado café mais tarde, ainda estou me sentindo satisfeito. Comi blinis com mel! – com isso, quis justificar o injustificável.
- Mas você precisa de carboidratos, e fazer suas refeições corretamente... – começou, mas ao notar que seu homem o mirava cabisbaixo, suspirou. – Tudo bem, mas você tem de comer algo salgado, com substância para aguentar o treino todo! – Viktor rebateu. – Sei que você gosta de coisas doces a salgadas, mas tem de ter uma dieta rigorosa, balanceada. – agindo assim, o alfa parecia até mesmo Yakov com seus sermões sobre tudo e todos.
- E comer katsudon é balanceado, Vitya? – Yuuri o cortou, vendo o alfa ficar com bochechas rosadas.
- Ponto para você, lyubov'! (amor) – sorriu Viktor. – Eu apenas queria lhe agradar. – confessou sem um pingo de vergonha.
- Eu sei Vitya que você queria me agradar, e agradeço seu esforço, mas acho que vou ficar com algo mais leve. – respondeu pensativo. – Trouxe um pouco de borscht, que você fez ontem, vou buscar em meu armário. Está em minha garrafa térmica. – e sem esperar resposta, o ômega saiu apressado, controlando a vontade de vomitar, pois realmente estava se sentindo enjoado com o cheiro de katsudon. E se esquecendo que o marido sabia que ele também não apreciava muito a sopa de beterraba.
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Sentado a frente de seu armário, o nipônico abriu a porta de metal, pegando a pequena garrafa térmica. Precisava voltar logo, ou Viktor viria atrás dele, e não era bem isso que ele gostaria que acontecesse.
Quando se sentiu um pouco melhor, Yuuri, resignado, fez o caminho de volta. Teria de se justificar, quem sabe, ainda mais por preferir uma sopa que não lhe agradava muito, ao seu prato favorito, todavia, não foi necessário, pois ao que tudo indicava, Yakov havia passado pelo escritório do platinado, e ficado com um dos pratos, além é claro de o lembrar que os patinadores deveriam seguir uma dieta restrita.
Yuuri havia sido salvo pela sapiência do velho alfa. Se não fosse tão estranho, ele seria capaz de lhe dar vários beijos naquelas bochechas enrugadas.
- Yuuri, desculpe, você tinha razão! Yakov levou o outro katsudon com ele, dizendo ser um prato muito calórico e pesado para um patinador de elite comer. – Viktor estava envergonhado. Em sua ânsia de agradar ao marido, havia até pensando em fazer-lhe certas vontades.
- Tudo bem, Vitenka! – tentou tranquilizá-lo com sua voz doce e um pouco de seus feromônios calmantes. – Sempre podemos comer em outras ocasiões, para comemorar como meus pais faziam. Eu fico feliz que você quis me agradar. – e sem mais nada dizer se aproximou do marido, sapecando-lhe um selinho rápido, apenas um roçar de lábios, para logo em seguida sentar ao lado dele, e se servir de um pouco da sopa no próprio copo adjunto.
Viktor o observou pelo canto dos olhos, achando aquela atitude um tanto estranha. Ninguém mudava de uma hora para outra seus hábitos e gostos, mas talvez o marido finalmente estivesse apreciando um pouco mais as beterrabas. Dando de ombros, o alfa preferiu não comentar mais nada, afinal o melhor seria evitar possíveis novas chateações.
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Os dias foram passando, e cada vez mais ficava em evidência as mudanças no humor do ômega japonês.
Yurio já havia questionado o platinado, mas o despistado não havia ligado, ou dado importância, nem mesmo quando Mila comentara que o moreno parecia ter ficado enjoado ao sentir o novo perfume que havia ganhado de Sarah.
Estranhando aquilo, finalmente, Viktor começou a prestar mais atenção em seu homem e tentar que este fosse fazer um check-up médico, sem sucesso.
Preocupado, procurou o velho papa da patinação, seu eterno mentor para conversar.
- Onde ele está agora, Vitya? – Yakov perguntou ao se aproximar do homem que tinha como filho, e voltando sua atenção para onde este apontava, sorriu ao ver a perfeita transição de um voleio para passos marcados. A leveza nos movimentos! Realmente, ele fazia música ao patinar.
- Perfeito, não? – perguntou o alfa platinado ao perceber que o velho mirava seu marido com atenção.
- Sim, mas ele não pode deixar de ir ao médico, Vitya! Quer que eu chame nosso médico da equipe? – ofereceu sem parar de acompanhar a movimentação de Yuuri na pista.
- Se for o caso, falarei contigo, mas por hora, quero evitar um novo confronte com ele. – o alfa murmurou. Seu marido era parecido a ele, e não iria para o médico, a não ser que fosse caso de vida ou morte.
Um teimoso!
Cabeça dura!
- Vitya, tudo o que você está relatando pode ser por dois motivos... – começou Yakov pensativo. – Eu acho que seria de bom tom levar Yuu... YUURI... VIKTOR! – gritou o velho careca assim que o moreno perdeu o equilíbrio e foi ao chão. Ao se voltar para buscar pelo platinado, este já havia saído correndo em auxílio do marido.
Yuuri havia caído, e parecia ser preocupante, pois até aquele momento o ômega não havia levantado.
Yurio e Otabek, que estavam na pista também, já se encontravam ao lado do nipônico.
Sem muito pensar, Yakov pescou seu telefone celular, chamando uma ambulância. Ele não conseguia se lembrar de ver Viktor tão desesperado. O alfa já estava com o marido, e quando os paramédicos chegaram, ele não queria deixar que ninguém se aproximasse. Ele tinha de proteger seu maior bem, e com esse pensamento, não queria deixar que Yuuri fosse tirado de seus braços.
O platinado estava transtornado, e fora preciso que Yakov e Lilia chegassem para que o mesmo deixasse que Yuuri fosse levado. Mesmo assim, o alfa lúpus seguiu ao lado da maca, segurando a mão do marido, acariciando-a pedia que ele abrisse os olhos.
- Yuuri, acorda meu tudo! – pediu antes de sair do lado da maca, para que a mesma fosse colocada na ambulância.
- Senhor, o senhor não pode...
- Ele é o marido!
- Eu sou o marido!
Yurio e Viktor rosnaram para o paramédico que tentara impedir o alfa de subir junto na ambulância.
- Tudo bem, pode entrar então! – proferiu o mesmo homem, que começava a checar o colar serviçal colocado no ômega, bem como os sinais vitais do mesmo.
O platinado parecia não ouvir nada, só tentava entender os termos técnicos utilizados pelos socorristas, e não tirava os olhos de Yuuri.
A viagem, se perguntado depois para o alfa, este diria que fora um borrão, e mesmo que tenha sido rápida, para Viktor parecera uma eternidade.
Na própria ambulância, algumas perguntas foram feitas, e mesmo em estado de choque, o alfa se forçou a responder, pois todo e qualquer pormenor, poderia ajudá-los.
No hospital, levaram Yuuri para a emergência, onde o alfa não podia entrar.
Andando de um lado para o outro, como um lobo enjaulado, ele não conseguia se acalmar. Com muito custo, o platinado seguiu uma assistente social para, por fim, preencher as papeladas da internação de seu Yuuri.
Quando Yakov e Lilia chegaram, ninguém ainda havia o procurado para dizer como o nipônico estava.
- Como ele está? – Lilia perguntou ao abraçar fortemente o platinado.
- Ninguém veio me dizer nada, Lilia, e eu estou preocupado. – confessou o alfa. – Se algo acontecer com ele, eu não sei o que farei. – choramingou desesperado.
- Viktor, nada acontecerá com Yuuri! – Lilia tentou acalmá-lo.
- Vitya, ouça o que Lilia lhe diz. – pediu Yakov. – Você já passou por algo parecido, e foi teimoso ao extremo, um cabeçudo que não foi afetado, e tenho certeza que Yuuri também sairá ileso disso tudo. Ele é teimoso igual a você, e não desistirá de lutar. – o alfa rosnou. Ele sabia ser sutil ou mesmo delicado.
- Venha, vamos sentar? – convidou Lilia ao levá-lo até umas cadeiras. – Você já avisou seus pais e seus sogros? – perguntou delicadamente.
- Não, ainda não. – respondeu no automático. – Eu não quero preocupá-los quando ainda, não sei qual é a gravidade da situação.
Grossas lágrimas deslizavam pelo rosto do platinado, seus olhos focados nas portas de vai e vem localizadas aos fundos daquela sala. A cada enfermeiro ou médico que passava, ele ficava na expectativa por notícias.
Tudo parecia estar em câmera lenta.
As horas não passavam, e a angustia só fazia as coisas piorarem. Até que, por fim, algo aconteceu.
- Acompanhantes de Yuuri Nikiforov? – uma voz forte chamou.
De um salto, Viktor se apresentou a passos decididos e ligeiros, parando bem a frente do médico.
- Sou o marido, como está meu esposo? – perguntou sem rodeios.
- Ele passou por uma tomografia, a priori não encontramos nenhum problema. O senhor Nikiforov já está sendo levado para um quarto, mas queremos que ele fique de observação. Ele não corre nenhum risco, mas é necessário que o senhor converse com o doutor Gerard. – o beta explicou, deixando que o outro médico se aproximasse e convidasse o alfa para sua sala.
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O silêncio era sepulcral, quiçá, estarrecedor!
Ele tinha lembranças de luzes fortes, de um barulho alto e ininterrupto, mas que não o incomodava, seguido por vozes que lhe falavam gentilmente, mas as quais não reconhecia.
Abrindo os olhos algumas vezes, protestou quando foi cutucado, espetado, e novamente o clarão o cegou, e ele não soube dizer quando apagara novamente.
Agora, mais uma vez, o silêncio que o rodeava parecia ameaçador. Abrindo um pouco os olhos, a luz fraca o recebeu revelando uma cena inusitada. Seu alfa dormia com a cabeça recostada no colchão, segurando sua mão. Yakov e Lilia dormiam em um sofá no canto esquerdo próximo a uma janela, enquanto Yurio e Otabek haviam adormecido com o loiro no colo do alfa, dividindo uma pequena poltrona.
Piscando os olhos algumas vezes, Yuuri soltou a mão lentamente para em seguida acarinhar os fios platinados que caiam sobre a testa de seu alfa.
- Vitya... – ciciou ao tocar o rosto amado delicadamente. Observando enquanto este abria os olhos lentamente, focando aquelas íris chocolates raiadas de dourado e vermelho, ao sustentar as cerúleas.
- Yuu-ri, snezhinka! (floco de neve) – Viktor endireitou o corpo e se inclinando um pouco, capturou os lábios de seu homem em um beijo aliviado e apaixonado.
- Onde estou? – perguntou um tanto assustado, mas mantendo o volume de voz baixo. Não queria acordar os demais, pelo visto, havia dado um pouco de trabalho.
- Você está em um hospital! – respondeu para logo continuar. – Yuuri você não se lembra de nada? – Viktor questionou, e ao ver a expressão confusa no semblante bonito, falou. – Você caiu enquanto patinava e bateu a cabeça muito forte. – explicou com calma.
- Eu me lembro de abrir o salto, e tudo ficou borrado, desfocado... a pancada... – Yuuri choramingou. – Vitya, eu não vou poder mais patinar? – perguntou ao começar a entrar em pânico.
- Sim, você poderá, malysh (bebê), mas creio que terá de se afastar pelo resto da temporada. – comentou Viktor se controlando para contar tudo o que havia escutado do doutor Gerard.
- Como? Viktor, seja mais preciso, você está me assustando! – choramingou Yuuri ao se sentir acuado.
- Shii... calma, dorogoy! (querido) Tenha calma! - Pediu, ao deixar um sorriso iluminar seu rosto. – Você se lembra de nossa conversa de algumas noites atrás, sobre você estar preferindo doces a comida? – perguntou, e ao vê-lo concordar com um maneio de cabeça, continuou. – Você não tem se sentido estranho ultimamente? Não tem nada que queira compartilhar comigo? – perguntou um tanto enigmático.
- Não, Viktor. O que poderia estar acontecendo? – Yuuri questionou, sem dar atenção para o casal mais velho que havia despertado e ficado em silêncio ouvindo a conversa dos dois.
- Tudo bem, malysh, não precisa ficar assim, tente se acalmar, ainda mais agora. – e ao dizer isso, tocou gentilmente o ventre ainda chapado de seu ômega. – Você terá de se afastar das competições, pois não será seguro para você e nosso filhote! – antes que o moreno dissesse algo, o platinado o abraçou amorosamente. – Nós vamos ser papais, snezhinka! – por fim disse com todas as letras.
- Ah! Céus! - Yurio ralhou entre um bocejo e outro. – Eles vão se multiplicar!
- Yura! – Otabek atalhou com seriedade.
- Filhote? – Yuuri acariciou o ventre junto ao alfa. – Ele está bem? A queda...
- Sim, está, mas querem que você fique para monitorar esse começo de gravidez, e para terem certeza que não há nada com você. Não se preocupe, vocês estão bem! – garantiu o lúpus.
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Horas mais tarde, o jovem casal já se encontrava sozinho. O quarto do hospital em silêncio. O alfa acarinhando a barriga de marido.
- Vitya, quantas semanas? – perguntou Yuuri curioso.
- Oito semanas! Nossa rotina juntos, seu heat e o meu hut... o doutor Gerard me explicou que isso poderia acontecer mesmo usando o controle de natalidade. Nosso alto grau de compatibilidade facilita para uma possível gravidez.
- Trocando em miúdos, por sermos almas gêmeas, certo? – perguntou já sabendo a resposta.
- Sim! – riu divertido ao escutar a barriga do marido roncar alto. – Ah! Veja só, já está faminto, assim, vou ver se consigo que seu jantar seja servido, e sem doces, você precisa se alimentar direito agora. – Viktor o mirou com seriedade.
- Tudo bem, mas se eu tiver desejos, você terá de me deixar comer, pois não quero que nosso filhote nasça com algo parecido com o que eu queria comer. – riu divertido sendo acompanhado pelo alfa. - Vitya, me desculpe pelo campeonato. – começou, mas como havia iniciado, parara de falar, pois o platinado o mirava com intensidade.
- Yuuri, não faça mais isso! – exigiu. – Você está carregando o melhor presente, meu maior tesouro! – ronronou.
- Nosso! – corrigiu o ômega.
- Certo, malysh! Agora sua janta. – cantarolou o alfa ao tocar a campainha, e aguardar uma das enfermeiras aparecer.
Se algum dia alguém lhe dissesse que discutiria sobre comida e doces com seu ômega grávido, talvez não acreditasse, mas ali estavam eles, com uma bela surpresa!
Mas não importava...
Estavam felizes, e plenos de amor e gratidão, a espera de um lindo milagre.
"Ah... tão, tão agridoce é o sabor do amor..." - ainda pensou Viktor, perdido em seus pensamentos, enquanto pegava da mão da gentil enfermeira o prato nem tão apetitoso assim de sopa.
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Lembretes e Explicações:
Pelmeni é um prato da culinária russa que pode ser encontrado em diversos países do leste europeu. Consiste num recheio de carne picada, envolvido por uma massa fina, feita de farinha e ovos, com leite ou água, resultando em pequenos pastéis com cerca de 2-3 cm de diâmetro e forma mais ou menos esférica. By Wikipédia
Kuda Kitsune ou Kudagitsune é um tipo de Tsukimono, espírito que pode possuir e manipular humanos. São raposas magicais, do tamanho de um rato, geralmente encontrados em serviço de feiticeiros e astrólogos. Eles podem ser facilmente ocultos, guardados em um bolso ou um cachimbo de bambu (daí o nome). Na natureza, eles se comportam como outros pequenos mamíferos, como raposas, tatus-canastras e doninhas.
Raramente um Kudagitsune é domado e trazido para um lar humano, onde serve como familiar mágico. Eles são usados por feiticeiros em rituais de adivinhação e para lançar maldições sobre pessoas. Famílias com Kudagitsune possuem a capacidade de prever o futuro e enviar o espírito para assombrar inimigos. Com isso, essas famílias geralmente são desconfiadas ou evitadas pelos vizinhos.
Originam-se das tradições xamânicas de Nagano Prefeitura, mas se espalharam pelas regiões montanhosas do centro e leste do Japão. Devido à sua grande variedade, eles são conhecidos por vários outros nomes de acordo com a região. O mais famoso é Izuna, de Monte Iizuna, uma montanha em Nagano com laços antigos com o Shugendō e a magia popular. - by Divindades
Blini é um tipo de panqueca tradicional da Rússia, feita com massa fermentada de farinha de trigo branco ou trigo mourisco, aveia, cevada ou centeio, com leite, ovos e nata. By Wikipédia
Borsch, Borscht, ou Borche, também grafado como borshtch, é uma sopa original da Ucrânia que é tradicional em diversos países do Leste Europeu como a Ucrânia, Polônia, Rússia, Romênia, entre outros. A sopa é normalmente preparada com beterraba que lhe dá um forte coloração vermelha. By Wikipédia
Sobre gravidez: Tenham paciência com essa Coelha, pois eu nunca fiquei grávida, assim pesquisei em muitos sites, e conversei um pouco com amigas que já foram mães para ter um parâmetro de como criar tudo que vocês leram nessa fic! Todavia, para muitas coisas eu usei um pouco de bom senso e também de minha liberdade de ficwriter. Espero que vocês viagem nessas linhas como eu fiz ao escrever.
Momento Coelha Aquariana no Divã:
*ouvindo Bittersweet do Apocalyptica enquanto arruma a fanfic para poder colocar no ar perto da meia-noite *
Kardia: Gelo, *falando baixinho com o aquariano* ouvi dizer que ela está novamente tendo momentos de falta de inspiração. E que quando as tem de volta, é sempre com fics pros frescos de gelo!
Dégel: *revirando os olhos* Tome cuidado com esse seu ciúmes! Estamos as vésperas do Natal, e você sabe que nessa data ela fica um pouco mais sensível e aniversário do russo platinado.
Kardia: Eu… com ciúmes? Nem nos sonhos mais loucos! *fazendo bico maior que de chaleira*
Dégel: *segurando o riso* Ah! Sim, você não está! Eu estou com ciúmes!
Kardia: *entrando na do companheiro* Você também, gelo! Quero dizer…
Ah! Pode parar você aí! Seu ciumento de marca maior! Hoje não é dia para isso! Me respeita e respeita as pessoas amigas que aqui chegaram… *mirando o escorpiano nos olhos sem desviar das íris brilhantes* Isso… assim mesmo, afinal o kit fic continua sendo meu!
Obrigado a você que chegou até aqui, seu carinho em deixar comentários (se assim o desejar e eu espero que sim ) muito me agrada!
Desejo a todos um Feliz Natal!
Até meu próximo surto.
Bjs Theka Tsukishiro
