ATO UM.
Dolppergänger.
𝕬 LUA EM SUA FASE CRESCENTE ESTAVA SUSPENSA NO CÉU NOTURNO transluzindo sua luz natural através das vidraças, banhando metade do piso amadeirado coberto pelo tapete persa até a mesa de carvalho, formando seu quadrado iluminativo. Naquela noite de veraneio, as ondas dançam em um ritmo tranquilo, beijando suavemente a costa de Marselha. O mar estende-se diante da varanda do loft, exibindo uma paisagem serena. O loiro observava por de trás da porta de vidro da varanda — adornado por cortinas de tecidos sutilmente requintadas — com uma a mão esquerda guardada no bolso de sua calça jeans preta e outra segurando um pequeno e gordo copo, servido com bourbon.
O aroma do licor de tonalidade âmbar profunda, adentra pelas narinas dele ao erguer o copo no ar e aproximar dos beiços com vagareza, capturando uma fragrância de notas de carvalho envelhecido. Ele entorna um gole e lambe seus bordos avermelhados, posteriormente apertando seus dentes no lábio inferior ao sentir uma explosão de sabores intensos que acariciou seu paladar. O calor ardente, como o abraço de um fogo controlado, envolveu sua língua, com um toque de baunilha e o calor sutil do álcool. Ele apreciava sua bebida, apreciava a paisagem pacificamente. Estava no aguardo do retorno de seu lacaio com informações cruciais que mudariam o percurso de sua trajetória naquela cidade.
As circunstância mudaram drasticamente. O ponto principal de sua hospedagem em Marselha, era encontra uma das bruxas mais poderosas do clã da França para encontrar, modos; maneiras, ou qualquer brecha que pudesse para ajudá-lo a criar seu exército. O encontro não fora totalmente agradável, afinal, uma das servas da natureza, apesar de temer a criatura mais impiedosa e milenar, não gostava nenhum um pouco de vampiros. Uma solicitação acabou transformando em um massacre de cadáveres para conseguir o que ansiava. E no entanto, não obteve sucesso com a exigência depois de banhar suas mãos em sangue.
Só a via somente uma maneira de conseguir seu exército.
Sangue de duplicata.
Através de uma intrincada comunicação com uma mulher, uma vampira chamada Isobel que buscava uma negociação, o Híbrido foi recentemente informado de que havia mais uma duplicata. Fora uma informação tão valioso que o deixou incrédulo, depois de tantos séculos. Comumente ponderar com ceticismo, já que era uma negociação pela liberdade de Katerina Petrova. Há poucos instantes sua descrença transformou-se em uma suposta e leviana crença. Era uma chama ascendida em um temporal. Enfim, poderia ser, e poderia executar seus planos, ele pensou.
O Original recebeu a informação de que as terras onde cresceu eram precisamente a localização da duplicata Petrova.
Anos malditos se passaram até o Híbrido perceber que a morte do seu primeiro amor não fora apenas para fornecer os feitiços do vampirismo, mas também para selar e manter seu verdadeiro lado sobrenatural oculto. Contudo, o destino deu a ele uma duplicata, tornando-o a criatura mais poderosa — um Híbrido. Uma criatura que as servas da natureza não desejavam permitir, mas ocorreu conforme seu planejamento persistente. Ninguém o impediria de conseguir o que desejava. E então, ela estragou a segunda etapa do seu plano; Katerina bebeu o sangue de vampiro e fugiu, impedindo-o de usar seu sangue quando ela teria tomado uma poção que a traria de volta como humana.
Como humana, ela seria nada além de uma bolsa ambulante de sangue, mas agora, transformou-se apenas em uma sanguessuga fugitiva, sob o olhar implacável de sua tortura que persistiu por séculos. Contudo, uma revelação surpreendente abalou as certezas dele. Uma duplicata humana, imaculada em sua condição, habitava os recantos da cidade mística.
A porta do escritório fora aberta, revelando Maddox, o fiel bruxo seguidor, adentrando com uma pasta cinzenta na mão. O homem de cabelos negros ascendeu a luz, iluminando o cômodo com as luzes do lustre cristalino pendurado acima da mesa. O som das botas dele reverberavam no ambiente ao se dirigir ao Original.
— Trago informações, mestre Klaus.
Klaus engoliu de uma só vez sua bebida e virou-se para seu bruxo.
— Diga. Não faça rodeios. — ele sentou na cadeira de couro negra, logo em seguida, depositou seu copo na mesa e se jogou seu corpo para trás. — Você a encontrou? — abriu momentaneamente as mãos, gesticulando ao indagar.
— Ela existe mesmo. — Maddox joga a pasta na mesa em direção a Klaus. — Isobel me mostrou a duplicata. — apontou em sinalização para abri-la.
Klaus apanhou a pasta e abriu, deparando-se com fotografias da duplicata. Suas esferas esverdeadas esquadrilharam minuciosamente as fotos ao pega-las. A fotografia exibia um porta-retrato — em cima da cômoda — onde a duplicata estava vestindo uma roupa de animadora de torcida e segurando pompons coloridos enquanto sorria. Logo atrás, havia outro porta-retrato onde a jovem estava no meio, abraçada com um homem e uma mulher com sorrisos genuinamente felizes. *Não era invenção, não era de modo algum Katerina Petrova, ele ponderou.
As dúvidas foram dissipadas assim que Klaus passa para a próxima foto. A garota estava em um bar, com a mão apoiada na mesa de sinuca, exibindo um sorriso alegre enquanto sua mão estava pendurada na cintura. Seus olhos explicitavam um brilho vibrante e ternamente amável. Apesar da semelhança descomunal, notoriamente era perceptível diferenciar entre as duplicatas.
Katerina possuía uma aura doce no final de 1400, mas a outra jovem possuía um brilho distinto. Quase atrativo. Ele distinguiu.
— Ela se chama Elena Gilbert. — Maddox pronunciou.
Klaus ergueu seus olhos, mirando sua atenção no bruxo que estava sentado na poltrona que se encontrava na lateral esquerda da mesa.
— E onde ela está?
— Em Mystic Falls. Ela sabe sobre você, e que quer ir atrás dela. Isobel me disse que Johnathan Gilbert estava pensando manda-la para outra cidade, mas ele sabe o que fez a família de Katerina Petrova. — o canto do lábio do Híbrido é repuxado, formando um pequeno e sombrio sorriso ao recordar-se da atrocidade que cometeu. — Isobel cuidou para que mantivesse a duplicata a salvo e a sua espera.
— Ótimo! — lançou a pasta na mesa e se levantou. — Pelo visto, essa Isobel não é tão inútil assim.
— Só tem um porém. — a notificação dele atraiu os orbes verde-azulado do loiro, fixando sua atenção. — Isobel disse que Elena está sendo protegida pelos irmãos Salvatore, Damon e Stefan. — Klaus trocou o peso da perna, inclinando a cabeça, interessado ao escutar o nome familiar que não ouvira há séculos. Desde os anos 20. — Estão cuidando para que nada aconteça a duplicata.
Klaus percorreu o escritório com passos calculados, as engrenagens de seu pensamento girando como um intricado relógio. A menção do nome Stefan Salvatore trouxe à tona memórias enterradas em sua longa existência. Uma história que remontava aos anos 20, quando o Salvatore em sua versão sombria e, bem estripadora, era seu camarada e Mikael, o caçador impiedoso, estava em sua busca incessante.
— Algum dos dois tem ligação íntima com Elena? — ele iniciou sua locomoção ponderada.
— Isobel disse que Stefan é namorado de Elena, é, era… não sabe ao certo. — balbuciou, confuso.
Fizera aproximadamente noventa anos que o Híbrido não o viu mais, entretanto, o curto encontro no qual tiveram ao se conheceram, foi o bastante para a personalidade e atitudes do vampiro estripador o conquistar. O que inicialmente poderia se tornar uma luta quando o jovem o impediu de levar sua irmã embora, se contornou para uma circunstância fugaz de conhecimento de ambos lados, seguidamente para uma confraternização no bar enquanto bebiam e escutavam o som de jazz circulando o local.
Recordações de um bar esfumaçado, de encontros clandestinos, e do momento em que Klaus teve que apagar as memórias de Stefan para proteger sua própria existência. As palavras de Maddox ecoavam no recôndito de sua mente, e Klaus sentiu o gosto amargo da ironia. O destino, como um habilidoso mestre de marionetes, voltava a entrelaçar seus fios.
— Stefan Salvatore. — Klaus murmurou o nome com um tom carregado de nostalgia. — Parece que o passado tem uma maneira curiosa de ressurgir.
Um sorriso sutil dançava nos lábios dele, uma expressão que denotava astúcia e uma pontada de paranoia. As engrenagens continuavam a girar, formando planos mirabolantes na mente do híbrido milenar. Seus olhos cintilavam com uma determinação inabalável.
— Protegida pelos irmãos Salvatore, você diz? — levantou as sobrancelhas, lançando um olhar aguçado em direção a Maddox. — Parece que a história se desdobra de maneiras fascinantes. Mas, como sempre, a situação está longe de ser insuperável.
Seu sorriso ampliou-se, revelando um traço de confiança engenhosamente calculada.
— Eles podem tentar proteger Elena Gilbert, mas, no final — ele abriu os braços, gesticulando com explícita presunção e determinação cintilando em seus globos —, todos os caminhos levam a mim. E quando eu quero algo, não há força neste mundo que possa impedir. — Niklaus jogou-se para trás na cadeira e depositou os pés sobre a mesa, transcendendo uma postura pretensiosamente soberba. — A caçada apenas começou, meu caro.
Ele estava à beira de obter a presença da duplicata, Elena Gilbert, uma peça fundamental que o mesmo vislumbrava como a fonte ambulante de sangue, essencial para elaborar seus exércitos híbridos. Em sua mente astuta, nada poderia interferir nesse intricado plano meticulosamente elaborado. A excitação nos olhos do híbrido, evidenciava a certeza de que, dessa vez, não cometeria os mesmos erros cometidos com Katerina Petrova.
No entanto, o destino urdida algo inesperado, sutilmente delineava-se, pronto para abalar as fundações de suas vidas entrelaçadas. O Original não antevira que o curso cuidadosamente planejado de suas ações poderia ser impactado por uma variável imprevista, uma peça que se movia no tabuleiro do destino, desafiando suas expectativas. O jogo estava prestes a mudar, e a duplicata se tornava não apenas uma fonte de sangue, mas uma figura capaz de moldar seu destino nesse complexo emaranhado.
Notas da autora
Comente o que achou, suas opiniões são importantes. Obrigada por lerem até aqui. Espero que estejam gostando.
publicado dia 14/01/2024.
