Hello, hello!
Capítulo Vinte e Três
Meu Vizinho e o Presente
Eu tinha acabado de deitar na minha cama quando a barulheira começou, a música gospel vindo do apartamento do vizinho Mark. Só que eu estava tão cansada que não tive forças para levantar e reclamar.
Fiquei contemplando o teto do meu quarto por um tempo, até pegar meu celular e ver que tinha recebido uma mensagem de Demetri.
Demetri: Oi, já está em Berkeley?
Bella: Já sim, estou no meu apartamento.
Ele mandou mais alguma mensagem, mas eu não abri. Joguei o celular de volta na cama e fechei os olhos, respirando fundo para não surtar, não apenas com a música, mas com a minha vida como um todo.
— Bella? — Abri os olhos e vi que Jasper tinha entrado no meu quarto, ele dormiria no nosso apartamento aquela noite com Alice. — Você tá bem? Desde o Natal tenho te sentido estranha, parece que tem algo te preocupando. — Meu amigo deitou ao meu lado, me movi e o abracei, sentindo meus olhos cheios de lágrimas. — Ei, me conta o que tá rolando — pediu, retribuindo o abraço.
— Renata não está falando comigo, eu sequer sei o motivo — murmurei, mantendo aquela como a única situação causadora da minha apatia. Não queria compartilhar com ninguém sobre o que eu estava sentindo por Edward, seria algo que levaria para meu túmulo.
Jasper suspirou.
— Sabe que eu…
— Você foi contra eu me reaproximar dela desde o início — completei, sabendo bem o que ele falaria. Meu amigo não tinha apoiado minha procura por Renata no passado, achava que isso poderia me afastar dos meus pais e em algum momento me magoar.
— Seus pais são incríveis, Bella, e Renata te deixou. Ok, foi buscando o melhor para sua vida, mas ainda assim, sei lá, só sempre achei que ficar procurando por ela te magoaria. Mas, não sou o dono da verdade de nada, né? Sequer conheci meu pai e mal me lembro da minha mãe, não estou na sua pele vivendo o que te fez buscar por ela.
Soltei ele e sentei na cama, meu amigo continuou deitado, mas me observava atentamente.
— Sou abandonável, Jazz. Caius, Renata, Mike, todos somem da minha vida.
— Você não acha que tá sendo injusta? — Sentou também. — Olha o tanto de gente que te quer por perto, não pode ficar focando apenas nos que foram.
— É dificil, porque quando fecho meus olhos à noite tudo que consigo pensar é quem será o próximo a sair da minha vida.
— Por que você deixou a terapia? — Afagou meu rosto delicadamente. — Você sabe que precisa voltar.
— Por que eu sou assim? Um poço de complicações, quero dizer. Minha vida não deveria ter se tornado um conto de fadas quando fui adotada? Você está certo, tenho pais maravilhosos, mas nunca parece o suficiente.
— Bella, a vida de ninguém nunca será um conto de fadas. — Ele voltou a me abraçar. — Mas você pode torná-la mais leve, isso significa voltar para a terapia.
— Não quero, vou resolver meus problemas sozinha.
— Bella. — Suspirou.
— Me deixa sozinha? — O afastei. — Preciso descansar, estou exausta da viagem, do voo, de todo aquele frio em New York.
— Sabe que qualquer coisa pode correr até mim, não sabe?
Eu sorri para meu amigo e assenti.
— Obrigada, Jazz.
— Descansa, amanhã é outro dia — falou antes de me deixar.
Voltei a deitar, mas peguei meu celular e coloquei para tocar a música que Edward cantou no bar. Não tínhamos mais ficado tão próximos assim desde aquela noite, nem mesmo fomos à loja do M&M's, ele tinha me deixado sozinha no quarto, algo que vi quando saí do banheiro após a ligação de Demetri.
Na mesa do café da manhã, apenas um bilhete que dizia: vou dar uma volta pela cidade, vejo você e os outros mais tarde.
Eu sequer vi ele, saí com nossos amigos e Edward só voltou na madrugada. Também não dormiu na cama comigo, o ouvi circulando na sala da suíte e na manhã seguinte ele dormia no sofá.
Saí com Rosalie e Alice, não deixei um bilhete. Só nos vimos novamente no final da tarde quando voltei para o hotel, nós dois e o resto do nosso grupo voou de volta para Berkeley, mas ele dormiu o voo inteiro e no nosso prédio foi direto para seu apartamento após falar um rápido boa noite.
E era isso, nosso plano estava de pé, eu ainda usava o anel, mas não achava que voltaríamos a nos beijar para valer, muito menos transar. Provavelmente no dia que ficou até tarde fora em New York conheceu alguém, com certeza uma garota muito melhor do que eu. Ou tanto faz, conheceria alguém em outro lugar, o que importava era que ele não sentia nada por mim e precisava enfiar isso na minha cabeça.
Até o dinheiro de Eleazar cair na conta iríamos apenas continuar a encenar
X
No dia seguinte eu estava sentada no banco do carona do carro de Edward, pronta para mais um dia fingindo ser a noivinha perfeita. Era aniversário do tio dele, sendo assim estávamos indo para o almoço que Esme estava organizando na casa deles em São Francisco, não estaria só a família, mas alguns colegas de trabalho do casal Cullen e seus amigos também.
Para minha felicidade Eleazar não apareceria, ele tinha deixado New York um dia depois da festa na casa do jogador e ido para a Europa, dessa forma eu não precisaria lidar com aquele ser insuportável. Nem Edward, que dirigia com uma concentração extrema, mal tínhamos falado qualquer coisa durante todo o caminho até São Francisco.
— Você vai para o aniversário da Leah amanhã? — perguntei em um tom de voz baixo, enquanto encarava a tela do meu celular, mexendo no Twitter, mas sem realmente prestar atenção em qualquer coisa que via ali.
O aniversário da namorada de Tanya seria no dia seguinte, Leah tinha nos convidado para comemorar com ela em um bar de Berkeley. Porém, eu ainda não tinha certeza se iria, pois seria outro lugar para fingir ser noiva de Edward, já que outros amigos de Leah estariam por lá, o que significava gente da faculdade que acreditava que estávamos noivos de verdade.
— Não, vou ficar em casa — ele respondeu. — E você?
Bom, já que ele não ia eu poderia ir. Seria uma noite sem precisar ter o corpo dele próximo ao meu, sem precisar beijá-lo, sem precisar choramingar depois por nada daquilo ser real.
— Eu vou — continuei murmurando.
— Certo.
— Certo. — Engoli em seco, encarando o painel do seu carro, pensando no dia que tudo aquilo começou meses atras.
Quando Edward estacionou seu carro na longa fila de carros que circulavam a casa dos Cullen eu respirei aliviada, com o lugar cheio poderia distrair minha cabeça, mesmo que fosse para lidar com os amigos endinheirados dos tios deles. Estava quase saindo do carro do Emo quando ele disse:
— Isabella, preciso te perguntar algo.
— O quê? — Eu o olhei, vendo que ele já olhava para mim, mas seus olhos se desviaram dos meus.
— Nós dois… Ainda estamos naquela de sexo casual?
Eu paralisei, claro que ainda queria transar com ele, mas sabia as implicações de continuarmos transando.
— Quero dizer — ele voltou a falar. — Se você não quiser mais, por mim tudo bem. — Deu de ombros.
Continuei paralisada, ele estava mesmo querendo acabar com nosso sexo, não? Porra, estava até dando de ombros, como se nada daquilo importasse. Mas, é claro que para ele não importava, nunca importou.
— Não, eu não quero mais — finalmente encontrei minha voz para rebater. — Quer saber? Já estava ficando bem sem graça! — exclamei e deixei seu carro, batendo a porta com força.
X
Estava me aproveitando do champanhe dos Cullen, preferia cerveja, mas eles não tinham ali, sendo assim eu bebia champanhe e comia as comidinhas minúsculas que eles serviam. E ouvia o papo entediante de seus amigos médicos e advogados, quando o que mais queria era estar no Egito com Demetri.
Isso mesmo, Egito. Com o homem que eu amava e me amava de volta. Sim, Demetri. Com certeza ele e não Edward. Nada de Edward, Edward era um otário!
— Querida. — Esme se aproximou de mim, enquanto eu escutava uma médica contar sobre ter passado o Natal e Ano Novo na Nova Zelândia. Um belo país, talvez eu fosse morar lá com meu amado Demetri. — Podemos subir rapidinho? — a tia de Edward perguntou.
— Uhum, claro — concordei e subi com ela, mesmo que temesse o que sairia daquela excurssão ao segundo andar.
— Vai ser rapidinho, eu juro — Esme disse e entramos no escritório, ela colocou sua taça de champanhe sobre a mesa e começou a mexer nas gavetas do móvel. — Aqui! — exclamou animada, tirando uma caixinha de jóias de uma das gavetas, andou até mim, pegou minha taça de champanhe e no lugar dela colocou a caixa. — Abra, abra, abra — praticamente cantarolou.
Abri a caixinha e vi um broche de cabelo, de pedraria azul — que eu acreditei serem safiras — a peça não era muito grande, mas era linda e formava uma flor.
— É linda, é sua? — perguntei sem entender o porque de Esme estar me mostrando aquilo.
— Não, é sua.
— Minha? — questionei ainda sem entender.
— Isso mesmo. — Esme colocou a minha taça junto a sua em cima da mesa, pegou o broche de dentro da caixinha e prendeu em meus cabelos que estavam penteados em um coque aquele dia. — Ficou lindol, azul combina muito com você, como imaginei. Sua pedra definitivamente é safira.
— Esme, não, eu não posso aceitar isso — neguei, tentei tirar o broche, mas ela não permitiu e afastou minha mão. — É sério, não posso aceitar que gaste dinheiro de safiras comigo.
— O dinheiro não é meu, tecnicamente o presente também não. — Pegou sua taça de volta. — É de Elizabeth.
— Como? — minha voz quase não saiu ao perguntar. — A mãe do Edward?
— Sim, ela usou isso no casamento dela. Bom, Elizabeth me deu o broche depois do divórcio, para eu vender ou qualquer coisa assim, mas eu guardei, para que a futura esposa do meu sobrinho pudesse usar. E essa pessoa é você, querida. Desculpa ter demorado tanto tempo para te entregar, ok? Não estava duvidando dos sentimentos de vocês dois, bem longe disso, mas eu não estava encontrando a caixinha, só encontrei depois do Natal. Mas, o importante é que você tem o broche da sua sogra agora, não é incrível?
— Não — respondi sinceramente, tirando o broche dos meus cabelos, sem Esme conseguir me impedir daquela vez.
— Como? — ela arqueou uma sobrancelha.
— Isso não é um presente da Elizabeth. — Guardei o broche na caixa e estendi para Esme, que não pegou, fazendo assim que eu colocasse sobre a mesa. — Ela quis se livrar disso, e eu posso não ter conhecido minha sogra, mas entendo completamente o motivo para ter feito isso. Olha, Esme, você é muito gentil comigo, sabe? Só que seu irmão foi terrível com Elizabeth e terrível com Edward, então não venha me dar este broche e fazer parecer que o casamento deles dois foi perfeito, porque não foi. — Ela estava visivelmente irritada pela minha fala, porém ficou quieta. — Eu nunca usaria este broche no meu casamento com Edward, não seria uma homenagem à Elizabeth, pelo contrário. Desculpa, se eu fui grossa com tudo que falei agora, tá? Sinto muito mesmo. Vou… — Apontei para a porta. — Vou ali, até daqui a pouco.
Deixei o escritório e fui me refugiar no quarto de Edward, entretanto, para minha surpresa, ele estava lá.
— Ei — sussurrei. Ele, que mexia no celular, olhou para mim e franziu o cenho.
— Por que você tá pálida, tudo bem?
— Por que você tá fugindo da festa? — Tranquei a porta, só para garantir que Esme não iria atrás de mim me xingar por ter sido grossa.
— Porque está uma chatice, obviamente. Sério, você tá pálida, Ratinha. — Levantou da sua cama e andou até mim, colocando suas mãos em meus braços. — O que aconteceu? Alguém te fez algo?
Eu poderia ter inventado um milhão de desculpas, mas decidi ser sincera.
— Sua tia me deu um presente indesejado, o broche que sua mãe usou no casamento com Eleazar, mas que ela tentou se livrar depois do divórcio. — Foi a vez de Edward empalidecer e soltar meus braços. — Ela falou que era um presente de Elizabeth para mim, mas claro que eu não podia aceitar. Por não ser sua noiva de verdade e por achar isso tão escroto — falei bem baixinho, com medo de Esme estar escutando atrás da porta. — Poxa, o casamento deles foi terrível e sua mãe estava tentando se livrar daquela coisa, o broche, mas também do seu pai e aí eu como sua noiva, mesmo que falsa, ficaria por aí andando com aquele negócio no meu cabelo? Seria um desrespeito gigante com você e com Elizabeth, eu falei isso para sua tia e agora tô com medo dela me odiar. Acho que nunca vou deixar esse quarto, não quero que ela brigue comigo, pelo menos a cama é boa.
— Obrigado — foi tudo que Edward disse.
— De nada?
Ele sorriu e me abraçou, um abraço apertado, com seu rosto repousando em meu pescoço. Eu fiquei ali, nos braços dele, esperando por um beijo que nunca foi dado.
X
Fui para o bar com Emmett e Rosalie, Jazz e Alice também tinham sido convidados, mas minha amiga não estava no clima e eles ficariam no apartamento. Quase fiquei com eles, porém Leah ficaria chateada comigo se eu não fosse, sendo assim lá segui para o bar.
Mesmo que ainda estivéssemos nas férias de inverno Leah conseguiu reunir umas quinze pessoas para seu aniversário, grande parte eram suas amigas e de Tanya da equipe de vôlei da universidade. Eu não era a maior fã do esporte, mas estava sendo divertido conversar com as garotas, enquanto uma banda animava não apenas nosso grupo, porém todo o restante dos clientes do bar.
Eu estava rindo de algo que Chelsea Martin disse quando senti alguém me abraçar por trás, e foi impossível não reconhecer aqueles braços. Também foi impossível não sentir meu coração disparar, ainda mais quando ele beijou minha bochecha e depois falou em meu ouvido:
— Oi.
— Edward. — Me movi para o olhar, infelizmente minha mudança de posição fez com que ele me soltasse.
— Olha só quem apareceu! — Tanya, já bem altinha por conta do álcool, gritou.
— Desculpa, eu…
— Não estava se sentindo muito bem — intervi mantendo a desculpa que eu tinha dado antes, para nossas histórias não se contradizerem. — Que bom ver você melhor, senta aqui. — O puxei para a cadeira ao meu lado.
Eu estava no final da mesa, com a cadeira que ele sentou antes vazia. Rosalie estava sentada do meu outro lado, Chelsea na ponta da mesa o que fez Edward ficar entre nós duas e Angela na minha frente.
De onde estava, Edward parabenizou rapidinho Leah, depois disse que iria buscar algo para beber no balcão. Foi quando eu dei um pulo da cadeira e fui com ele até lá, talvez eu também já estivesse bêbada.
— Por que você veio? — perguntei, parte de mim esperando ele dizer que tinha ido porque me amava, porque não aguentava ficar um minuto a mais longe de mim.
Quer dizer, não tínhamos nos beijado, nem qualquer coisa no dia anterior depois de eu contar a história do broche, mas meio que tinhamos nos reaproximado? Nos escondemos no seu quarto na casa dos Cullen até a hora de ser socialmente aceitável para ir embora, para meu alívio Esme não brigou comigo nem tocou mais no assunto, e de volta a Berkeley ficamos no apartamento dele comendo pizza e assistindo Modern Family até eu começar a fechar meus olhos e ir para minha casa dormir.
— Tanya tava mandando mensagem dizendo que ia perturbar minha vida até o fim dos dias se eu não viesse — resmungou e se voltou para o barman, pedindo por sua cerveja.
— Ah.
Ele não tinha ido por mim, claro que não. Ninguém ia atrás de mim… Não, Demetri iria, assim que ele pisasse em solo americano iria procurar por mim, claro que iria.
Deixei Edward no balcão e fui ao banheiro para clarear meus pensamentos, quando voltei para a mesa Rose e Emmett tinham saído, mas meu falso noivo já estava lá. E rindo de algo que Chelsea falava, a fofa Chelsea, de grandes olhos azuis, cabelos ruivos e com longas pernas, Chelsea que também iria se formar em arquitetura e jogava no time de vôlei.
— Qual a conversa? — perguntei querendo saber do que ele estava rindo. Ele já tinha rido tanto assim comigo? Com certeza não, ele me odiava.
— Edward eu estamos falando mal de um professor nosso, o querido professor Geller — Chelsea falou, fazendo Edward rir mais.
Eu não entendi a piadinha interna deles, claro que não.
— Geller?
Chelsea riu de mim, foi de mim, não? E explicou:
— É um professor britânico que temos, mas o sotaque dele é tão engraçado que parece o Ross em Friends quando vai dar aulas e finge ser inglês.
— Hum, isso é engraçado? Parece mais xenofobia — declarei, jogando meu cabelo para trás e bebendo um pouco da minha cerveja.
— Nossa, credo, tudo bem, não rimos mais disso — Chelsea reclamou me lançando um olhar feio.
— Isso não é xeno… — Edward começou a falar, mas eu levantei e deixei a mesa, ele que ficasse lá de conversinha com Chelsea, rindo do pobre professor britânico deles, estava pouco me fodendo.
Caminhei até o balcão novamente, onde minha amiga e o noivo dela estavam.
— Quero tequila — pedi para Rosalie. — Aproveita que você agora vai ser esposa troféu e paga para mim?
Minha amiga riu, Emmett também e ele pediu a tequila para mim.
— Obrigada, amo vocês! — agradeci quando recebi minha tequila, entretanto nem cheguei a tomar um gole, pois um fantasma da pior espécie chamou por mim.
— Bella?
— Não, não! — Rosalie exclamou, enquanto eu me virava e via Mike perto da gente. — Fica longe da minha amiga.
— Bella, eu só quero conversar — ele insistiu ignorando Rosalie, mas se afastou quando Emmett interviu:
— É bom você deixar a Bella em paz agora, ou quem vai quebrar seu nariz dessa vez sou eu, Newton.
Mike caminhou para longe da gente, depois de me lançar um olhar rápido. Meus amigos me conduziram de volta à mesa e a pobre tequila quase foi esquecida, mas a recuperei e bebi quando vi que Edward ainda estava de papinho com Chelsea.
Chutei o pé dele por debaixo da mesa, fazendo com que ele me olhasse irritado, mas nem tive tempo de chutá-lo uma segunda vez, não quando vi a Mike e sua banda subindo ao palco.
— Só pode ser brincadeira — eu disse.
— Você sabia que ele ia tocar aqui? — Edward me perguntou.
— Não pisaria aqui se eu soubesse — respondi incomodada, enquanto ao microfone Mike anunciava que aquela noite estariam substituindo outra banda de última hora.
— Quer ir embora? — Edward continuou perguntando.
— Mas está cedo — Chelsea reclamou. — E você praticamente acabou de chegar, Edward.
Meu Deus, se ela não fosse tão mais alta do que eu iria dar na cara daquela garota… Puta merda, eu estava com tanto ciúmes.
— Vamos, meu bem. — Segurei a mão de Edward e o puxei para longe de Chelsea.
Ele ainda era meu.
X
No dia 7 meus avós convocaram Edward e eu para um jantar na casa deles, o que nos fez dirigir até São Francisco mais uma vez aquela semana, para mais uma social com gente chata. No entanto, para minha surpresa, a casa deles não estava lotada de gente, eram apenas eles e nós dois.
— Como foi em New York? —Geoffrey perguntou depois de servir três taças de vinho, como Edward estava dirigindo não iria beber.
— Foi ótimo, nossos amigos ficaram noivos — Edward contou.
— E eles já decidiram a data do casamento? Ou estão enrolando como vocês dois? — Helen alfinetou.
— Vamos resolver tudo do nosso casamento quando chegar a hora certa, pode ficar tranquila — falei, deixando a bebida de lado, sem vontade de descontar mais uma vez no álcool.
— Ok, mudando de assunto — meu avô falou. — Edward, ficamos sabendo pelo seu pai que você teve um lapso e cogitou largar o futebol americano.
Como Edward estava sentado ao meu lado ouvi sua mandíbula travar ao escutar aquilo.
— E sei que seu pai quer muito você no futebol americano, mas acho que ele entenderia se você quissesse cuidar dos negócios da família da sua noiva. Já te fiz essa proposta antes, vou reforçar agora, fique na faculdade por mais uns anos, pegue matérias de administração e venha trabalhar comigo.
— Edward não vai fazer isso — deixei bem claro.
— Senhor, eu vou continuar no futebol — Edward completou.
Minha avó bufou, se levantou e falou:
— Edward, este vinho não é dos melhores, vem comigo até a adega escolher outro?
— Claro, sim, senhora — ele concordou e a seguiu para fora da sala onde estávamos esperando pelo jantar ser anunciado.
Geoffrey se levantou e foi sentar ao meu lado.
— Você poderia conversar com Edward, fazer ele aceitar o que estou propondo. Ou, deveria cair fora deste noivado enquanto ainda nem há uma data marcada. Quero dizer, ele é um bom garoto, e os negócios que temos com o pai dele são bons para todos nós, mas você poderia ficar com alguém ainda melhor, Bella.
— Eu vou casar com o Edward, vocês gostando disso ou não.
— Você pode não ter o sangue do Charlie, mas é teimosa como ele. — Geoffrey sorriu. — E como seu velho avô aqui, por que você não larga essa ideia de ser professora de uma vez por todas e vem trabalhar comigo, então? Pode ser a garota dos negócios casada com seu jogadorzinho de futebol.
— Sabe? Meu pai é mesmo teimoso, como você e a minha avó, sendo assim, não espere que eu mude meus planos, vovô. — Dei um tapinha em seu ombro, ele resmungou, mas mudou de assunto, dizendo que deveríamos passar uns dias com eles na vinícola.
Quando Edward e minha avó voltaram, ele estava mais tenso do que antes. Entretanto, só consegui falar a sós com o Emo no seu carro na volta para Berkeley.
— Minha avó te falou algo? Com certeza, né? O que foi dessa vez?
— Você lembra da garota que eu beijei naquela boate que fomos depois da Ação de Graças?
— Sim — sussurrei, sentindo mais uma vez o ciúmes tomar conta de mim. — O que tem ela?
— É neta de uma amiga da sua avó.
— Merda…
— Elas se encontraram numa festa de ano novo, sua avó aparentemente exibiu uma foto nossa, contando do noivado e a garota depois chantageou Helen.
— Não…
— É, aconteceu mesmo. — Ele respirou fundo. — Disse que ia contar nas redes sociais que eu tinha te traido se a sua avó não desse uma jóia que estava usando na noite da tal festa que se encontraram. Desculpa, quando fiquei com aquela menina eu não queria criar problemas.
— Tudo bem — murmurei, ainda absorvendo a história. — Espera, minha avó sabe que em teoria você me traiu e mesmo assim não me contou nada? Só deu um cala boca para essa menina aí?
— Sim, sinto muito, Bella, eu realmente não deveria ter ficado com essa tal de Anna.
— Tanto faz, você não me traiu de verdade. Mas a minha avó não sabe que é um noivado de mentira e mesmo assim escondeu isso de mim, o que mais ela te falou?
— Que tudo bem eu ter meus romances por aí, desde que isso não afetasse o casamento, nem os negócios.
— Ai, que nojo. — Tapei meu rosto com as mãos. — Ela deu uma jóia para essa menina, disse que tudo bem você trair e cagou para mim, né? Porra, eles são desprezíveis, meu pai tá certo, não deveríamos conviver com essas pessoas. Assim que o plano acabar vou cortar eles da minha vida de vez, prefiro não ter avós a ter avós assim.
— Você — Edward começou a falar, mas se calou.
— O quê? — Abaixei as mãos e olhei para ele. — Vai, fala!
— Você nunca conheceu os pais da Renata?
— Não, nem os do meu genitor, todos não deram a mínima para mim desde o começo. Vou colocar Lady Gaga para tocar — mudei de assunto rapidamente, pegando meu celular e vendo que eu tinha uma mensagem não lida, de um número que não conhecia.
Número Desconhecido: Oi, Bella. Precisamos conversar!
Era Renata? Ela tinha trocado de número? Ela estava bem?
Beijos!
Lola Royal.
17.01.24
