Olá pessoal, Calborghete aqui, ficaram com saudades?
Hoje começa mais uma história, espero poder conseguir agradar a todos e fazer com que possamos passar mais um tempo juntos nesta nova jornada que iniciaremos hoje.
Não esqueçam de curtir a página no Facebook, o link direto pode ser encontrado na página do meu perfil na Fanfiction, ou se vocês preferirem pesquise "Calborghete" e localizar uma imagem de Shinji e Asuka. Nesta página eu vou postar atualizações e também será mais fácil de entrarem em contato comigo.
Uma coisa deve estar na cabeça de vocês agora, novamente depois do 3.33? Novamente ... Novamente! ... NOVAMENTE! (Teclados sendo socados, páginas sendo descurtidas, nomes sendo xingados).
Eu sei que pode parecer repetitivo, mas não se preocupem com isso, vai durar pouco, como todos já podem ter percebido, essa será uma história de LOOP, então o cenário do 3.33 vai durar muito pouco.
Como ambas se passam pós Rebuild 3.33, pode haver confusão em desvincular com a minha história anterior (Errors and Successes e Plano E), mas quero que saibam que NÃO tem conexão NENHUMA entre ambas, está é uma história completamente nova.
Então agora sem mais enrolação, boa leitura.
"Diálogos"
- Pensamentos -
"Conversa via Rádio"
"Auto conversa."
Nota de Responsabilidade:
Evangelion, seus personagens e cenário são propriedade de Hideaki Anno. Qualquer marca, filmes e séries mencionado nesta Fanfic é propriedade de seus criadores.
(*)
Capítulo 01.
Shinji se viu novamente sozinho, ele estava na sua cela dentro da Wunder, tendo sido isolado de tudo e de todos, ele perdeu a conta de quantas vezes ele desejou a morte, desejou que isso era somente um pesadelo, um dos piores pesadelos da sua vida, mas sempre que ele fechava os olhos, torcendo para acordar ao som do despertador ou de Asuka exigindo seu café da manhã, mas a realidade era outra, ele sempre via a mesma coisa, as quatro paredes de sua cela.
Ela era como um quarto normal, tinha suas paredes pintadas de branco e um teto improvisado, Misato tinha ordenado sua construção somente para isso, ele tinha uma cama ao estilo militar, um pequeno compartimento que servia de banheiro, a sua volta ele somente via nada, pois sua cela estava completamente isolado de tudo.
Nem a luz era do quarto, no teto tinha um espelho que coletava a luz externa e a refletia para dentro de sua cela, sentindo o frio da solidão e desespero, Shinji queria gritar, mas sua voz não deixava, ele queria chorar, mas as lagrimas não saiam mais.
Para muito isso seria claustrofóbico, desumano, errado, mas para Shinji, isso não era nada que mais merecido para alguém com ele, todos os dias ele era castigado com seus atos, todas as vezes em que ele fechava os olhos somente escutava o som da gargantilha DSS explodindo e matando a única pessoa que o tratou bem neste mundo perdido.
Todas as vezes que ele fechava os olhos, ele escutava a voz de Misato falando com vergonha e raiva, ele sabia que ela não era culpada por nada de seus atos, mas suas palavras doíam, doíam mais que qualquer ferimento, saber que tinha decepcionado a pessoa que mais importava para ele neste mundo atual.
Soltando um suspiro abatido, Shinji estava deitado em sua cama, ele não queria fazer mais nada, só queria morrer, Sakura passava na sua cela para averiguar sua saúde, ela tentava conversar com ele, mas suas palavras morriam quando a resposta não era dada, tudo que ela recebia era o silencio.
"Me desculpa." Shinji falou ao chorar, mas ele não tinha mais lágrimas para soltar, cobrindo os olhos ao sentir o peso da culpa.
Se sentindo a pior pessoa do mundo, Shinji não queria comer, ele não queria mais viver, cada dia a mais que ele vivia, era mais um dia de tortura para sua mente, ficar completamente isolado, odiado por todos.
Abrindo os olhos inchados, Shinji olhou francamente para os lados, buscando qualquer informação que pudesse ajudar nesta hora, mas como sempre, era as mesmas paredes que o rodeavam.
Levantou o olhar para a parede de vidro na frente de sua cela, essa era a única forma de contato com o mundo exterior, do lado de fora somente se podia ver um corredor de metal e ao fundo uma porta de metal, tudo da mesma cor, tudo sem vida.
Voltando o olhar para o teto de sua cela, Shinji podia ver o padrão da construção, o compartimento onde era entrada a luz, sem se importar com os olhos, Shinji podia sentir o corpo cansado, dormir era um pesadelo para ele.
"Assassino." Shinji sussurrou para si mesmo, sentindo que essa era a melhor descrição para si mesmo no momento, ele havia destruído o mundo, não tinha como mudar isso. "Eu sou um monstro."
Sentindo um forte abatimento percorrer seu corpo, novamente fechando os olhos na esperança de nunca mais ter que olhar novamente, ele só queira morrer, mas a morte não iria conceder seu desejo.
Finalmente depois de algumas horas, Shinji escutou alguma coisa, reabrindo os olhos e olhando para o único lugar onde seria possível ter algum sinal de vida, o som de passos ecoando pela ponte de metal, novamente soltando um suspiro abatido, Shinji sabia que quem fosse essa pessoa, somente era mais uma que teve sua vida arruinada por ele.
"Ikari-San?" Uma voz feminina e suave ecoou pela sua cela.
Sentindo que deveria responder, Shinji reabriu os olhos ao ver de quem seria sua visita, olhando para frente com olhos cansados e abatidos. Vendo como essa era uma garota com um olhar simpático, olhos castanhos, ela tinha uma pasta médica em baixo de seus braços e carregava uma pequena caixa nas mãos, em seu pescoço tinha um lenço azul amarrado.
Sabia como ele deveria responder mas seu corpo não queria agir, sua depressão estava no seu pior neste momento, mas ele tinha que falar alguma coisa, fazendo um grande esforço para se levantar.
Shinji se sentou, ele mantinha a cabeça abaixada para não ter que olhar os olhos dessa pessoa, a vergonha era muita. "Dra. Suzuhara." Shinji cumprimentou acima de um sussurro, isso foi tudo que ele conseguiu falar.
Digitando uma senha na porta de vidro, Sakura olhou para Shinji com pena, ela podia ver como ele estava sofrendo, buscando em sua mente médica tudo que ela poderia fazer para conseguir ajudar, mas seu conhecimento não era sobre a saúde mental das pessoas, mas sim sobre a física.
Entrando lentamente no quarto, Sakura estava cautelosa, não por medo de Shinji, mas sim por não saber como poderia ajudar. "Você pode me chamar de Sakura." Sakura abaixou o olhar ao ver que Shinji nem se mexeu com seu movimento.
Um silencio reinou na cela, Sakura estava buscando em sua mente algo para quebrar o gelo que se instalou no lugar, dando uma rápida olhada em Shinji, ela podia ver que ele estava bem mais magro do que no dia em que foi resgatado da terra vermelha, em sua pequena mesa suas coisas ainda estavam intocadas, o tocador SDAT ainda estava na mesma posição que antes, exatamente na forma que tinha sido colocado ali.
"Você escutou alguma coisa?" Sakura perguntou com sua voz alegre e feliz na esperança de fazer com que Shinji se abrisse um pouco, mas logo seu humor evaporou com sua resposta. "A capitã Shikinami falou que você estava sempre com ele."
"Não." Shinji respondeu altamente deprimido, ainda encarando o chão a sua frente, mas ao escutar o nome de Asuka fez com que seu rosto viesse em sua mente, relembrando todos os momentos que passou com a ruiva.
Sakura abaixou o olhar ao ver que Shinji estava piorando, nada que ela falasse ou fizesse estava ajudando sentindo o abatimento tomando conta dela, Shinji era seu herói, ele foi a pessoa que tinha salvado sua vida no dia em que ele pilotou a unidade 01 pela primeira vez.
Ver Shinji neste estado somente fez com ela ficasse pior, sabendo que praticamente todas as pessoas dentro da Wunder o queria morto, se podia contar nos dedos as pessoas que se importavam com ele.
"A Capitã Makinami mandou um abraço." Sakura falou ao se lembrar de Mari, como ela estava tentando encontrar uma forma de falar com Shinji discretamente, mas a segurança em sua volta estava pesada.
"Quem?" Shinji perguntou ainda abatido, seus olhos nunca saindo do chão.
"Mari." Sakura falou ao sorrir levemente, pelo menos ele respondeu. "Ela está querendo falar com você."
"OK." Shinji respondeu ainda olhando para baixo, somente sua respiração mostrava algum movimento, sua mente querendo saber por qual motivo ela queria olhar para uma pessoa como ele.
Sakura vendo que o assunto morreu novamente, resolveu falar o motivo de sua visita, pegando a pasta em seus braços, ela rapidamente começou a ver seus exames. "Ikari-san, o que está acontecendo?" Sakura perguntou preocupada ao ver os exames de sangue de Shinji, tudo estava alterado, tudo estava ficando em níveis perigosos.
Shinji escutou a pergunta, ele podia sentir que seu corpo estava morrendo, ele sabia o motivo disso, ele sabia que o corpo humano necessitava de alimentação para sobreviver, mas seu corpo se recusava a comer, ele não queria que os recursos fossem gastos com ele.
"Nada doutora." Shinji respondeu timidamente, seus olhos ainda vidrados no chão.
"Shinji." Sakura usou seu nome pela primeira vez, vendo como ele estava terrivelmente magro e debilitado, ela estava com seus exames em mãos, ela podia ver a verdade, vendo que seu paciente não tinha dado a atenção no seu primeiro chamado, Sakura resolveu falar novamente. "Shinji!"
"O que doutora?" Shinji perguntou novamente, sua mente ainda estava nublada.
"Me responda por favor." Sakura falou com a voz extremamente preocupada, ela não estava gostando do que estava vendo, no ritmo que estava ocorrendo a deterioração do corpo de Shinji, não demoraria muito para que seu organismo cedesse e finalmente parasse de funcionar.
Sakura ainda se lembrava de ter falado para Misato sobre a condição médica de Shinji, vendo como a comandante da Wunder se mostrava indiferente com a coisa toda, mas Sakura somente estava cumprindo ordens, a jovem ainda se lembrava de ter visto Misato olhando para a imagem da câmera de segurança de Shinji.
Estremecendo ao lembrar da ideia de sua comandante sobre a colocação de uma sonda gástrica, forçando a alimentação para o corpo de Shinji, Sakura não queria que isso acontecesse.
Vendo todo o sofrimento de Shinji na sua frente, Sakura resolveu esperar pela resposta.
Shinji somente falou, sua voz ainda carregava amargura e tristeza. "Eu estou bem doutora."
"Você não está." Sakura falou ao abaixar o olhar para suas pernas, ela podia sentir seus olhos ardendo com a emoção de ver seu herói assim. "Eu posso ver que não está Shinji, porque você está fazendo isso com você?."
Shinji não respondeu a princípio, mas no fundo ele queria poder se abrir. "É o melhor."
"O que?" Sakura falou ao escutar Shinji falando novamente, olhando para sua forma abatida e deprimida na cama.
"Eu falei que assim é melhor." Shinji respondeu ainda sem levantar a cabeça para cima, ele ainda tinha muita vergonha de olhar para as outras pessoas.
"Como assim melhor?" Sakura perguntou preocupada.
"Já ... Já fez algo que não tinha solução?" Shinji perguntou com a voz calma e controlada. "Que sua única existência nesta vida foi causar o mal para as pessoas mais importantes na sua vida?"
Sakura estava sem palavras, ela queria que Shinji se abrisse um pouco, mas quando ele finalmente o fez, ela não tinha palavras para ajudar.
Shinji ainda estava olhando para baixo, sua mente revivendo os piores momentos da sua vida. "Sabe como é? Você sabe como é saber que você destruiu a vida das pessoas? Sabe como é perder tudo?"
Sakura ainda estava olhando para Shinji, seus olhos chocados com a emoção que Shinji carregava com suas palavras. "Você não perdeu tudo." Sakura falou ao relembrar de suas conversas com Mari a respeito de Shinji, como Mari falava que Misato e Asuka estavam se fazendo de indiferente na frente dos outros, mas que estavam preocupadas com a vida de Shinji.
"Eu perdi sim." Shinji rebateu, sua voz sempre carregando a sua depressão. "Saber que eu decepcionei Misato, saber que ela não quer mais saber de mim, que só minha presença a deixa desconfortável."
"Saber que elas estariam melhor sem mim por perto." Shinji falou ao sentir a voz quebrar, mas ele não tinha mais lagrimas para soltar.
"Aposto que elas se importam com você." Sakura falou ao lembrar das palavras de Mari a respeito disso.
"Não se importam mais." Shinji falou ao levantar o rosto levemente, mas ainda sem encarar Sakura. "Não posso fugir disso, então é o melhor para todos."
"Porque?" Sakura perguntou chocada.
"Não posso viver neste mundo doutora." Shinji falou ao olhar para baixo. "Que vida eu vou ter? Odiado por todos, trancado para sempre numa cela, um motivo de vergonha para todos e para o mundo, a morte é libertadora, as pessoas iriam ficar felizes, finalmente estaria longe da vida delas para sempre."
"Não diga isso!" Sakura falou com raiva, sentindo os olhos ardendo com o que tinha escutado Shinji falar. "Não diga isso."
"Só trago desgraça para os outros." Shinji falou ao levantar a mão e tocar a nova gargantilha que estava em volta de seu pescoço. "Minha vida não faz sentido, não mereço estar vivo."
"Shinji." Sakura falou com os olhos chocados, ela finalmente pode ver um pouco da alma de Shinji, vendo como ele estava com a cabeça abaixada. "Olha para mim."
Shinji não demonstrou reação, ele somente estava parado encarando o chão de sua cela.
"Olha para mim Shinji, por favor." Sakura perguntou suplicando, ela estava cogitando a ideia de levantar sua cabeça e forçar ele a falar com ela.
Escutando a ordem recebida pela sua médica, Shinji lentamente foi virando a cabeça, sua visão foi tomada pelos pés de Sakura, subindo lentamente ao ver suas mãos e seu peito, finalmente seus olhos se encontraram, Shinji podia ver seu olhar preocupado.
Sakura se sentiu chocada com a visão, ela podia ver que ele não estava dormindo e seu rosto estava chupado para dentro mostrando o sinal de sua desnutrição, ela queria chorar com a visão na sua frente, mas a jovem médica conseguiu segurar a emoção muito bem.
Olhando Shinji nos olhos, Sakura falou com determinação. "Nunca diga isso."
Shinji estava olhando para os olhos de Sakura com sua visão deprimida, sua mente logo se lembrando da camisa que pertencia à Toji foi entregue na NERV, ele somente podia escutar neste momento.
"Nunca diga que é melhor estar morto!" Sakura falou ao apertar suas mãos, ela não podia acreditar nas palavras de Shinji, seu herói de infância estava desistindo da vida, no fundo Sakura ainda tinha esperança de um futuro feliz para Shinji.
"É o melhor." Shinji falou ao olhar diretamente para Sakura, ele novamente queria chorar, mas não tinha mais lagrimas para soltar. "Não tenho mais nada, eu só quero morrer."
Sakura balançou a cabeça com força ao escutar isso, ainda falando fortemente. "Vamos resolver isso quando tudo essa confusão acabar, agora vamos recuperar você..."
"Não tem o que recuperar." Shinji cortou Sakura, sua voz aumentou ligeiramente, ele começou a falar com raiva, mas esse sentimento não era direcionado a Sakura. Mas sim para si mesmo. "Eu não mereço isso!"
"E porque não?" Sakura rebateu indignada. "O que aconteceu com você foi um acidente Shinji, não tinha como prever!"
"Não importa!" Shinji gritou pela primeira vez, ele pode ver como Sakura deu um pulo instintivo para trás ao escutar seu desabafo, finalmente sentindo as lágrimas rasgando seu rosto, finalmente sentindo a represa se lascando. "Não importa!"
Sakura somente viu em choque quando Shinji gritou, sentindo o medo percorrer seu corpo pela primeira vez neste momento, ela sabia que Shinji nunca a machucaria, ela estava mais temendo pela vida dele do que com a dela.
Levando a mão para o rosto, Shinji estava chorando abertamente. "Não importa."
Sakura queria se levantar e abraçar Shinji, dar algum conforto neste momento, mas seu corpo não sabia como reagir.
"Eu matei o mundo Sakura!" Shinji falou chorando, sua voz quebrando forte em emoção. "Eu quase matei o que sobrou ... Eu decepcionei Misato, decepcionei Asuka ... decepcionei você."
Sakura levantou uma sobrancelha ao escutar sobre ela, sabendo em qual momento Shinji devia estar se referindo, esse momento era quando o modelo Ayanami o resgatou da Wunder abaixando o olhar.
"Eu só causo desgraça para todos." Shinji falou ao limpar o rosto. "Eu não mereço viver Sakura, não posso viver com essa culpa, não posso viver sabendo que eu destruí a vida de todos."
"Shinji por favor." Sakura falou ao escutar o forte desabafo de Shinji. "Por favor, não pense assim, ainda tem gente que se importa com você."
"Quem? Me diga." Shinji falou desafiando Sakura.
"A coronel Katsuragi, a capitã Shikinami, eu mesma." Sakura falou tudo que vinha em sua mente, principalmente as palavras de Mari.
"Misato não ... Ela não tem mais, não posso culpar ela, eu não mereço seu perdão ou nada, não tenho esse direito." Shinji falou ao abaixar a cabeça, a imagem mental de Misato entrou forte, logo sendo substituída pela imagem de Asuka. "Com relação a Asuka, ela ... Ela..." Parando ao não conseguir mencionar sobre sua colega ruiva, Shinji resolveu continuar. "E mesmo assim, eu não tenho o direito de exigir nada delas, o melhor que eu posso fazer pelo mundo é isso, morrer."
Sakura somente observou Shinji tentar falar alguma coisa, mas sua voz foi sumindo com o tempo, vendo como ainda era complicado mencionar Asuka. "Shinji, vamos resolver isso depois."
"Elas já viveram sem mim por quatorze anos." Shinji falou ao ficar com a voz abatida. "Elas estavam melhor sem mim."
Sakura somente abaixou o olhar para a mão, ela se sentiu extremamente abatida com as palavras de Shinji, não sabendo como poderia ajuda-lo, tudo que ela podia fazer era rezar pela sua recuperação, que ele pudesse sair dessa situação e ver o quanto ele é querido por algumas pessoas.
"Shinji me promete uma coisa?" Sakura falou ao se levantar, preparando os materiais médicos necessários para fazer o que ela foi ordenada a fazer, vendo como Shinji tinha se acalmado momentaneamente.
"Me promete que vai começar a comer?" Sakura falou suplicante ao se levantar com algumas ampolas de sangue a serem retiradas.
Shinji estava olhando novamente para o chão, ele pode sentir quando Sakura manipulou seu braço, uma pequena picada ele sentiu. "Eu não estou com fome."
"Mas..." Sakura falou ao guardar as amostras.
"Mas eu vou pensar." Shinji falou com a voz abatida e mentirosa, Sakura percebeu isso, mas sua mente logo concluiu que seria inútil tentar neste momento.
Guardando seus materiais, Sakura falou ao se levantar, ela olhou para Shinji com pena e tristeza. "Por favor Shinji, tem pessoas que se importam com você, sua morte não ajudaria em nada."
Shinji somente escutou quando ela saiu, seus passos lentamente foram sumindo com a distância que ela percorria, o som de uma segunda porta se fechando foi escutado por Shinji, mas em sua mente estava as palavras de Sakura.
"Ajudaria as pessoas a terem paz." Shinji respondeu ao olhar para frente, logo seus olhos travaram no seu tocador SDAT, sentindo uma forte lembrança de Rei segurando eles vindo em sua cabeça.
Misato estava na ponte, já havia se passado mais ou menos duas semanas dentre os eventos do quase quarto impacto, ela estava com os braços cruzados sobre o peito e mantinha sua carranca fria e controlada, para as pessoas que nunca tinham conhecido a Misato Katsuragi antes do terceiro impacto, nunca teriam acreditado em uma total mudança de postura da antiga Major da NERV, somente os mais velhos conheceram a antiga Misato.
Com seus olhos cobertos pelos seus óculos escuros, Misato observava tudo, vendo como todos estavam trabalhando de forma impecável como sempre, sua tripulação sempre fazendo o máximo que podia em uma situação.
Parada como uma estátua de mármore com somente o movimento de sua respiração, seus ouvidos registravam o som dos teclados, Ritsuko estava ao seu lado analisando os valores que a Wunder registrava, para todos, ela estava pensando numa estratégia para acabar com o maior inimigo, a NERV.
Mas não era essa realidade, sua mente estava inundada por imagens de Shinji, Misato estava fazendo um grande esforço para se manter neutra, dando um suspiro cansado, a mulher de cabelos roxos estava tentando tirar a imagem de Shinji.
Misato sabia que não poderia fazer nada por Shinji, que o melhor era se afastar, ela não podia demonstrar empatia, para todos os outros, Shinji era o mais vilão, parte do problema estava sendo resolvido, um dos vilões tinha sido pego mas para Misato, ela ainda o via como um garoto tímido que somente estava no lugar errado.
Apertando a mão, Misato podia sentir o peso do detonador da gargantilha em seu bolso, sabendo que deveria usar se Shinji entrasse em um EVA novamente, Misato ainda se perguntava o motivo dele ter ajudado seu pai quando ele foi removido da Wunder.
Sabendo que a pouca confiança que as pessoas tinham em Shinji tinha sido destruída com o evento do quase quarto impacto, muitas pessoas ainda a paravam e perguntavam o motivo dele ainda estar vivo, Misato não sabia se conseguiria ter forças para acabar com a vida de Shinji.
Soltando um suspiro ao levantar a mão e coçar a cabeça, sua mente ainda se perguntando o que ela deveria fazer, Shinji tinha que responder pelos seus atos, mas qual seria a punição? Ela sabia que o terceiro impacto foi um acidente, ninguém poderia ter previsto que os EVAS poderiam causar uma situação como aquela.
Sabendo que as pessoas queriam um culpado, e infelizmente Shinji foi a pessoa onde toda a culpa foi depositada, ela sabia que agora Shinji não tinha mais uma vida, uma grande dúvida prevaleceu na sua mente, qual seria o futuro de seu antigo protegido?
"Misato." A voz de Ritsuko removeu a comandante da Wunder de seu devaneio mental.
"O que?" Misato respondeu secamente, ela ainda não tinha se virado.
"Temos que interrogar Shinji sobre seu tempo na NERV." Ritsuko falou com sua voz de desdém, ela estava no seu lugar, ela podia ver como a volta de Shinji tinha atingido sua antiga colega de faculdade.
"A tenente Suzuhara ainda acha que é muito cedo." Misato respondeu ainda de costas, ela estava olhando para o visor externo da Wunder, vendo a linha do horizonte perfeitamente alinhada.
"Eu sei, eu vejo seus relatórios." Ritsuko falou ao se virar e encarar as costas de Misato. "Mas sua situação está piorando rapidamente."
O que você sugere então?" Misato rebateu ao soltar os braços, mas ainda mantinha o olhar na tela a sua frente, o cheiro de LCL gasoso estava deixando ela enojada, mas essa era uma realidade que todos na ponte tinham que conviver.
"Não temos tempo." Ritsuko falou ao se aproximar de Misato. "Temos que saber tudo que Shinji sabe antes..." A falsa loira parou sua fala ao saber que o caminho que Shinji estava seguindo.
"Antes de quê?" Misato falou com a voz firme e controlada, finalmente se virando e encarando a loira falsa na sua frente, ela já estava ciente da condição médica de Shinji, ela mesma estava tremendamente preocupada com isso.
"Antes de seu corpo finalmente ceder." Ritsuko falou com a voz a voz controlada. "Mas pelo seu estado mental, temos que ter alguma vantagem nesta guerra."
Misato sabia que sua subordinada estava correta, ela não poderia defender Shinji por mais tempo, ela teria que descobrir o que ele sabia, essa guerra tinha que tomar algum rumo mais adiante e seus sentimentos por Shinji não poderiam prevalecer.
Soltando um suspiro, Misato não queria reencontrar com Shinji, muita coisa tinha acontecido entre eles, ela tinha que pensar em sua tripulação, a Wunder precisava de sua comandante e infelizmente Shinji teria que cooperar de alguma forma. "Certo."
Ritsuko somente assentiu, ela sabia que tudo isso deveria ser difícil para Misato, a volta de Shinji a fez reviver velhos sentimentos que a muito tempo estavam trancados em seu peito, ela pode ver isso no dia de sua fuga, quando ela não teve forças para terminar com sua vida, colocando o mundo novamente em risco.
"Eu faço o interrogatório." Ritsuko falou ao acender um cigarro, ela pode ver como Misato tinha ficado tensa com a possibilidade de reencontrar Shinji novamente, diferente de Misato, Ritsuko não teria problemas em matar Shinji ou vê-lo novamente.
Escutando sua subordinada, Misato falou ao olhar ela nos olhos, ela mesma não queria ter que reencontrar Shinji, mas ela não poderia deixar velhos sentimentos tomarem conta, ela tinha que enfrentar essa situação. "Não."
"O que?" Ritsuko falou com olhos levemente chocados.
"Eu falei que eu vou fazer." Misato falou firmemente ao pegar seu radio pessoal.
"Ponte para detenção." Misato falou inabalavelmente.
"Detenção." Uma voz falou do outro lado.
"Leve o prisioneiro Ikari, Shinji para a sala de interrogatório." Misato falou com a voz levemente abalada, estar novamente cara a cara com Shinji estava cobrando seu preço.
"Sim senhora." Respondeu o homem com a voz profissional.
Soltando um suspiro Misato se virou e começou a sair da ponte, Ritsuko somente encarou suas costas, mas logo ela começou a segui-la, ela não deixaria sua antiga amiga de faculdade passar por isso sozinha.
Mari e Asuka estavam andando pela Wunder, os passos das duas ecoavam pelos corredores de metal, ambas estavam em seus próprios mundos, Mari buscava uma alternativa para poder se aproximar de Shinji.
Já a ruiva estava mal-humorada sua mente ainda tinha a imagem de um certo garoto, como ela achava sua vida patética e sem vida, pelo menos era isso que a ruiva estava enfiando na cabeça, mas a realidade era outra, constantemente ela escutava Sakura falando sobre sua condição de como ele ficava pior a cada dia, tanto fisicamente quanto mentalmente.
Temendo ao imaginar Shinji morrendo, Asuka balançou a cabeça para limpar a imagem metal de Shinji morto, mas as palavras de Sakura ainda reinavam na sua cabeça, como ela descreveu seu olhar desbotado e sem vida, isso deixa a ruiva aborrecida.
Balançando a cabeça ao imaginar a cena, Asuka estava evitando Shinji a qualquer custo, ela escutava as provocações constantes de Mari a respeito dele.
Mari estava pensativa, o ultimo diagnóstico de Sakura fez com que ela ficasse seriamente preocupada, Shinji estava piorando, mas ela podia ver como Asuka estava nestes dias, como Shinji tinha entrado novamente na vida dela e de todos.
"O que foi?" Mari perguntou com a voz neutra e controlada, ela pode ver como Asuka ficou tensa com a pergunta.
"Nada." Asuka respondeu secamente ao colocar as mãos dentro da blusa.
"Vamos princesa." Mari falou ao dar uma leve cotovelada em Asuka. "Posso ver que não, preocupada com o filhote?"
Asuka fez uma cara de nojo fingida, Mari estava certa, ela estava preocupada com Shinji, mas ela não poderia demonstrar empatia. "Não, ele só está colhendo o que plantou."
Mari franziu o cenho ao escutar isso, ela podia ver que a verdadeira Asuka não pensava assim, mas escutar ainda machucava. "Aposto que você não pensa assim."
"E posso saber o motivo?" Asuka perguntou com a voz controlada, mas no fundo ela estava querendo saber.
"Sempre que o nome dele é falado você fica tensa." Mari falou com um sorriso fingido. "Sempre que algum tripulante fala de Shinji e de como eles o querem morto você fica irritada."
Asuka estava prestes a responder, mas Mari falou ao levantar a mão.
"Nem adianta princesa, seu tapa-olho te entrega." Mari falou ao apontar para o rosto de Asuka. "Ele somente brilha assim quando você está irritada."
Asuka estava querendo rebater, mas a lógica de Mari estava certa não tinha como rebater ou se defender, tudo que a ruiva pode fazer foi virar a cabeça e bufar.
"Eu também estou preocupada." Mari falou ao perder o sorriso e olhar para frente. "Ele está se matando e ninguém liga."
Asuka virou a cabeça e encarou a amiga de muitos anos, escutar essas palavras machucou seu coração, a ruiva ainda não sabia o motivo disso, mas a possibilidade de Shinji morrendo por mais uma besteira dele mesmo a irritou.
"Ele só sabe fazer besteira."
Mari virou a cabeça e encarou a amiga, sorrindo por dentro ao ver que suas palavras tiveram o efeito que desejou, ela continuou com o seu teatro deprimido. "Besteira porque?"
Asuka finalmente encarou Mari com um olhar aborrecido, ela sabia que Mari tentava fazer com que Shinji tivesse seu caso mais aliviado, ela não esperava essa resposta.
Mari pode ver o olhar de Asuka nela, vendo como sua pergunta a pegou de jeito. "Ele está sozinho, deprimido e destruído, pelo menos a morte iria acabar com seu sofrimento."
Asuka somente soltou um bufo ao balançar a cabeça. "Suicídio é para os covardes." Mas seu corpo estremeceu ao imaginar a cena, vários cenários vieram na sua cabeça, imagens de Shinji pendurado no teto, outras vezes ele estava deitado morto por desnutrição, uma imagem pior que a outra.
Sacudindo a cabeça com força para limpar a imagem, ela podia sentir os olhos de Mari nela. "Ele não faria uma estupidez dessas."
"Eu não quero que ele morra." Mari falou com a voz triste. "O filhote está levando toda a culpa sozinho."
"Você fala como se ele não fosse culpado." Asuka falou ao formular uma resposta padrão Asuka, mas no fundo ela sabia que Shinji nunca faria algo assim por vontade própria.
Mari falou ao olhar Asuka nos olhos e falar com a voz calma. "Você está seguindo a boiada."
"Não estou!" Asuka rebateu aborrecida, ela se julgava mais superior do que as outras.
"Sim está." Mari falou com convicção ao rebater, ela não tinha medo de Asuka e de ninguém. "Eu estava lá naquele dia, eu vi com meus próprios olhos o terceiro impacto."
Asuka novamente bufou em aborrecimento, ela constantemente escutava Mari contando essa história, Asuka não tinha vivido o terceiro impacto como Mari tinha vivido, ela estava em coma devido aos seus ferimentos depois que a ativação falha da Unidade 03.
"Mas ele causou isso." Asuka falou ao voltar ao seu normal, sua mente estava em sérias dúvidas com relação a isso, se o mundo estivesse em ordem eles poderiam pensar de forma diferente, mas agora o mundo estava um caos, Shinji tinha colocado eles em um inferno perpetuo mesmo sendo de forma acidental.
"Princesa." Mari falou seriamente ao parar o caminho de Asuka, olhando para os seus olhos com uma seriedade rara no rosto. "Eu quero que você me escute, e me escute bem."
Asuka se assustou com a seriedade de Mari, ela nunca tinha visto sua amiga assim antes, mas ela conseguiu manter a forma externa muito bem.
Mari vendo que tinha a atenção que queria, resolveu começar a falar. "Eu sei que você se importa muito com ele, não adianta negar." Mari falou ao ver que Asuka já estava começando a formular uma desculpa para fugir do assunto. "Você fica com essa pose de durona, mas eu posso ver por trás de tudo isso, Shinji está abandonado, e se você ficar controlando sua vida através de seu orgulho um dia poderá ser tarde demais e não adianta nada ficar chorando."
Asuka estava olhando para o rosto sério de Mari, ela sentiu o peso dessas palavras, realmente a ruiva sabia que seu orgulho um dia iria deixar ela em sérios apuros, mas o que Shinji tinha a ver com isso? Asuka não tinha entendido ainda seus sentimentos com relação a ele.
Abaixando o olhar para o chão, Asuka pensou nas palavras de Mari, Shinji estava em sérios apuros, a WILLE queria o sangue dele, Shinji não via sua vida como algo a ser batalhado e respeitado, seu estado mental de acordo com Sakura estava ficando cada vez pior.
Sentindo um calafrio ao ter novamente a imagem mental de Shinji morto em sua cela, Asuka rapidamente sacudiu a cabeça para limpar esse pensamento, ela podia ver que Mari ainda esperava por uma resposta, pensando com cuidado.
"Eu ... Eu não sei o que você vê naquele pirralho." Asuka rosnou ao tentar se afastar de Mari. "Ele fez merda e merece ser punido por isso."
Mari balançou a cabeça decepcionada com o pensamento de sua amiga de guerra, sabendo que Asuka realmente não pensava assim, seus pesadelos provavam isso, as noites antes da sua recuperação no espaço mostravam isso. "Eu não acredito nisso, eu esperava mais de você Asuka."
Asuka parou ao se virar, sentido o veneno nas palavras da sua amiga. "Como é que é quatro olhos?"
Mari não se sentiu intimidada, olhando Asuka com olhos intensos. "Eu falei que esperava mais de você." Vendo como Asuka se sentiu chocada com sua declaração. "Mas tudo bem, um dia Shinji via morrer e você vai poder ir comemorar junto com o resto da tripulação, mas não se preocupe, de acordo com Sakura, você não vai ter que esperar muito."
"E quando esse dia chegar." Mari continuou falando, sua postura estava aborrecida e fria. "Eu não vou estar ao seu lado para te ajudar, vai lidar com isso sozinha."
Asuka arregalou os olhos para Mari, ela podia sentir que ela estava falando seriamente, nunca na sua vida ela iria comemorar a morte de Shinji, ela sabia que a tripulação estava contando os dias para o fim da vida dele, de acordo com algumas pessoas, uma grande festa estava marcada para quando esse dia chegasse.
Mari começou a andar e passou por Asuka, ela podia sentir seus olhos em suas costas, mas ela não ligava para isso, ela só estava se sentindo decepcionada.
Asuka percebeu que Mari estava falando sério, vendo pela sua postura, logo uma torrente de adrenalina tomou conta de seu corpo.
"Mari." Asuka chamou pela sua amiga, vendo como Mari a ignorou por completo, resolveu falar com mais força. "Mari!"
"O que foi?" Mari falou ao se virar, seus olhos mostravam seu desconforto.
Asuka a encarou por uma eternidade, vendo como ela estava pronta para qualquer resposta. "Porque você está fazendo isso?"
"Simples." Mari falou ao se virar completamente, cruzando os braços sobre o peito. "Não acho justo o que está acontecendo com ele, como eu falei antes, eu vi com meus próprios olhos o que aconteceu naquele dia como Ritsuko, Misato, Maya, Makoto e Shigeru."
Asuka já tinha escutado tudo isso antes, mas ela realmente não tinha acreditado, mas a julgar pela reação de Mari, ela não estava mentindo.
Mari vendo que tudo estava dentro do que ela esperava, resolveu voltar a falar. "Tudo está sendo jogado nas costas dele, o filhote não vai durar muito tempo."
"Você fala como se fossemos mata-lo!" Asuka rosnou para Mari, indo de encontro de Mari na esperança de mudar sua visão dela. "Ele provavelmente vai receber alguma função idiota aqui dentro!"
Mari balançou a cabeça, ela sabia como o mundo funcionava. "Você é burra ou só se faz de burra?" Asuka arregalou os olhos suavemente, Mari resolveu continuar. "Você acha que ele vai ter algum julgamento justo? Acha que ele vai se juntar a nós? Acha que ele vai conseguir viver assim? Qualquer um o quer morto."
Mari vendo o olhar chocado de Asuka, continuou ao começar a se aproximar. "Ele está destruído, e todos aqui parecem que não entendem isso, coronel Katsuragi que era a sua guardiã acha que ele merece se foder, até você acha isso."
"Realmente Kaji tinha razão." Mari falou com pesar ao lembrar de seu velho amigo, sentindo a saudade bater forte. "Ele foi morto quando buscava a verdade para ajudar Shinji, realmente você e Misato não são diferente de Gendo, a WILLE não é diferente da NERV."
Asuka abaixou o olhar ao lembrar de Misato recebendo a notícia, ela queria retrucar tudo que Mari estava falando, mas as palavras não saiam.
"Ele está sofrendo as mais dura das torturas psicológicas que alguém pode receber." Mari falou com nojo ao pensar em como estão tratando Shinji.
"O que você espera que eu faça?" Asuka perguntou intensamente ao abrir os braços, as palavras de Mari haviam machucado.
"O que vocês podem fazer?" Mari respondeu retoricamente. "Não seguir a boiada, vocês que viveram com ele estão com medo de falar."
"Eu não estou com medo!" Asuka falou o sentir o orgulho ferido.
"Está sim." Mari falou desafiando. "Eu posso ver, para você e Katsuragi, é mais importante a reputação de vocês do que fazer o certo, e como eu falei, um dia vai ser tarde, e eu vou adorar estar lá para dizer 'eu avisei'".
Asuka somente olhou chocada quando Mari simplesmente se virou e começou a caminhar, a ruiva somente observou quando Mari virou uma esquina e desapareceu, novamente sozinha nos corredores, Asuka pensou em tudo que escutou, sentindo o golpe forte na consciência, olhando para as mãos em culpa.
"Merda." Asuka falou ao levantar as mãos para cima, ela sabia que Mari estava certa, mas até que ponto? Shinji realmente valia tudo isso para ela e Misato? E se ele for realmente inocente?
Rosnando ao voltar a andar, Asuka teria muito com o que pensar, mas ela sabia que uma coisa era certa, Shinji estava na vida dela e ele tinha chegado para ficar, mas ela sentiu o peso da preocupação com o futuro de Shinji.
Shinji estava sentado em uma cadeira de metal, novamente ele estava olhando para uma parede de vidro que o separava de seus acusadores, ele queria poder olhar para cima e olhar sua antiga guardiã nos olhos, implorar por seu perdão, mas a coragem para encarar ela novamente não vinha.
Sakura estava a poucos metros atrás, ela estava lá para dar algum suporte moral para Shinji, ela podia ver como Misato estava desconfortável em estar na frente de Shinji novamente, com seus olhos voltando novamente para ele e como ela o via com pena e compaixão.
Misato estava com seus olhos cobertos pelos seus óculos escuros, com seus olhos travados em Shinji, a comandante da Wunder estava analisando sua postura, ela não estava fazendo isso por raiva ou ver Shinji como um inimigo, mas sim vendo como as palavras de Sakura eram verdadeiras, Shinji não estava nada bem.
"Ikari Shinji." Misato falou com a voz controlada e fria, o mesmo tom que ela usou quando Shinji despertou.
Sentindo os ombros ficando rígidos com a frieza na voz de Misato, Shinji estava lutando contra a suas emoções, ele queria poder dizer que não sabia de nada, que isso tudo tinha sido um grande acidente.
Misato novamente umedeceu os lábios, ela podia ver o estado frágil de Shinji, mas ela não podia demonstrar compaixão. "Dependendo do que você falar, isso pode te ajudar de alguma forma." Vendo como Shinji se mantinha parado, Misato sabia que isso deveria estar sendo difícil para ele. "O que você sabe?"
Shinji sabia que isso seria inútil, ele falaria se soubesse de alguma coisa, mas seu tempo na NERV foi no completo escuro, ele tinha visto seu pai somente uma vez. "Eu ... Eu não sei."
Misato apertou as mãos em sinal de ansiedade, ela podia ver que Shinji não tinha mentido, não precisava ser um especialista para ver que ele não sabia de nada, mas infelizmente o interrogatório deveria ser feito, com seus olhos novamente caindo na gargantilha em volta de seu pescoço.
"Como você removeu a primeira gargantilha?" Misato perguntou com a voz profissional.
Shinji fechou os olhos ao sentir os olhos ardendo, lágrimas solitárias escorreram pelo seu rosto magro, lembranças da morte de Kaworu passaram pela sua cabeça e como ele tinha causado a morte de seu amigo próximo. "Ka ... Kaworu removeu."
Sakura apertou a prancheta que segurava, ela queria poder remover Shinji dali o mais rápido possível, ela podia ver que ele estava em seu limite, o como ele estava próximo do colapso e qualquer coisa parecida, o resultado seria fatal.
"Como?" Ritsuko perguntou de seu lugar, ela estava interessada em saber para que modificações fossem feitas, Misato estava a todo o momento encarando a forma encolhida de Shinji, ela queria poder fazer alguma coisa, mas infelizmente as circunstâncias não permitiam.
Shinji levantou a mão e limpou delicadamente as lagrimas que escorreram de seu rosto, falando com a voz acima de um sussurro. "Eu não sei."
Soltando um suspiro aborrecido Misato sabia que isso não estava levando a lugar nenhum, mas logo ela escutou Shinji falando novamente.
"Ka ... Ka ... Kaworu simplesmente a tirou." Shinji falou ao abaixar mais ainda a cabeça, eu deveria ter lutado mais para impedir que ele a colocasse nele mesmo, mas como sempre, ele não fez nada, mais uma morte para minhas costas.
Ritsuko tomou nota disso em seu caderno, ela queria poder contestar, mas a julgar pelo estado de Shinji, isso não levaria a nada.
"Porque?" Misato perguntou, ela queria saber uma coisa, uma coisa que estava na sua mente deste a chegada de Shinji. "Porque você ajudou seu pai?"
Shinji estremeceu ao escutar sua voz, ele pensou com cuidado nas palavras. "Eu ... Eu não ajudei ele."
Misato levantou uma sobrancelha ao escutar essas palavras, sua curiosidade aumentou, ela não falou nada, somente esperou.
"Kaworu falou que o terceiro impacto ... que o terceiro impacto poderia ser revertido." Shinji falou com os olhos mortos, seu rosto se contorceu numa careta ao lembrar do momento. "Me desculpa."
Misato sentiu o coração quebrando com a cena, ela queria poder ira até lá e conforta-lo, ser uma guardiã novamente, mas eles estavam numa guerra, ela tinha que manter sua autoridade, ainda mantendo a postura de comandante. "Não pensou nem um momento que ele estava te enganando?"
"Não." Shinji falou ao sentir sua voz quebrando, sentindo mais lagrimas escorrendo pelo rosto. "Me desculpa ... Me desculpa por favor."
Sakura estava a ponto de interferir, mas Misato falou novamente.
Sabendo que poderia perder o controle se visse mais, Misato simplesmente se levantou e falou com a voz controlada e fria. "Isso não vai levar a nada."
Shinji escutou o som dos seus passos, finalmente levantou a cabeça e viu como Misato estava de costas para ele indo para uma das saídas, colocando as mãos na parede de vidro e falando com a voz a beira do desespero. "Misato-San!"
Vendo como ela estava cada vez mais próximo da saída, Shinji bateu com os punhos ao sentir mais lagrimas escorrendo pelo rosto. "Por favor me desculpa!"
Sakura se aproximou de Shinji ele chorava abertamente e pesadamente ao começar a desabar no chão, vendo como Misato simplesmente saiu com Ritsuko a suas costas, a jovem médica lançou um olhar aborrecido ao tentar consolar Shinji de alguma forma.
"Vamos Ikari-San." Sakura falou docilmente ao tentar levantar Shinji, ela iria leva-lo de volta para sua cela, vendo como os guardas já entraram com fortes carrancas no rosto, a jovem médica simplesmente os lançou um olhar de aviso, isso foi suficiente para afasta-los. "Está tudo bem Ikari-San."
"Por favor." Shinji implorava no chão ao chorar. "Me desculpa por favor, eu não sabia."
Passando as mãos pelas suas costas, Sakura pensava desesperadamente em qualquer solução, mas nada vinha em mente, ela só poderia passar palavras de conforto. "Calma, vocês vão poder conversar mais tarde."
"Sakura..." Shinji falou entre fungadas, seu rosto manchado por fortes lagrimas, em sua mente só tinha um único pensamento. "Sakura por favor!"
Sakura olhou para o rosto desesperado de Shinji com pena, ver seu desespero estava machucando ela.
Shinji vendo que Sakura estava olhando para ele, resolveu falar enquanto arfava pesadamente. "Por favor Sakura ... Me mate!"
Sakura arregalou os olhos ao escutar o pedido de Shinji, ela não conseguiria fazer isso, a única coisa que ela pode fazer nesta hora era levantar Shinji, seus olhos mostravam seu choque.
Shinji podia sentir os braços em volta de seu corpo, mas sua mente estava em outro lugar, ele só queria morrer. "Por favor ... Me mate."
Depois de uma curta caminhada de volta para sua cela, Sakura gentilmente aplicou uma medicação em Shinji para acalmar seu corpo, vendo como ele estava deitado olhando para teto sussurrando um pedido de desculpas, mas sua mente só tinha uma coisa, seu pedido pela morte, isso machucou mais do que qualquer coisa.
Sentada em uma mesa, Sakura estava olhando para sua comida, os olhos de Shinji nunca saiam de sua mente, o seu olhar de desespero junto com seu pedido estava se repetindo em sua mente como um disco arranhado.
"Por favor ... Me mate!"
"Por favor ... Me mate!"
"Por favor ... Me mate!"
"Por favor ... Me mate!"
Sakura balançou a cabeça ao escutar o pedido de Shinji, estando a ponto de explodir, uma outra bandeja de comida caiu na sua frente, olhando para o seu dono com olhos cansados.
"Oi doc." Mari falou com um falso sorriso ao se sentar na frente, ao seu lado Asuka se sentou com um olhar sombrio no rosto.
Sakura olhou para o rosto das duas e sentiu uma pontada de raiva crescendo, ela ainda não podia acreditar como essas pessoas que conviveram com ele o estavam abandonando da forma mais cruel.
Vendo o olhar de Sakura, Mari rapidamente julgou que ela estava aborrecida. "É ... Como você está?"
"Bem." Foi a resposta seca de Sakura, ela não queria falar com elas agora.
"Nossa." Mari falou o comer um pouco, Asuka estava olhando para Sakura com um olhar indiferente, mas ela podia ver que tinha algo incomodando a médica, mas resolveu não falar nada e ficar na dela.
Sakura deu um longo suspiro ao olhar sua comida, ela estava com a imagem mental de Shinji magro e debilitado em sua cela, a comida parecia ter perdido o gosto quando uma pessoa estava se matando de fome e parecia que ninguém estava ligando.
Mari olhou para a amiga e falou com um sorriso simpático no rosto, ela sabia que Sakura estava cuidando de Shinji, mas ainda não sabia sobre seu real estado. "Ei Doc, como está o nosso filhote?"
Sakura abaixou o talher e encarou Mari com um olhar feroz fazendo a mesma se arrepender de ter perguntado, se acalmando o suficiente, Sakura falou com tristeza. "Mal, ele perdeu mais peso hoje, seus exames mostram que seu corpo está piorando."
Mari abaixou a comida e seu rosto tinha um olhar de pesar, Asuka ficou desconfortável, ela não sabia que o estado de Shinji estava tão grave, mas seu coração não estava pronto para escutar sua próxima palavra.
Falando com aborrecimento, Sakura soltou seus talheres e falou com a voz forte, mas controlada. "Ele me pediu para mata-lo."
Mari arregalou os olhos ao escutar isso, ela não acreditava que Shinji estava tão debilitado a ponto de pedir isso, mesmo já cogitando a ideia.
"Idiota." Asuka rosnou ao olhar para baixo, ela não viu o olhar perigoso que Sakura a lançou.
"Idiota?" Sakura estava sentindo o corpo sendo tomado pela raiva, perdendo a calma com mais facilidade, vendo como Asuka novamente a encarou.
Mari estava vendo que o clima estava esquentando rapidamente, ela buscava uma solução o mais rápido possível para impedir uma briga entre a doutora e Asuka.
"É idiota ele querer acabar com seu sofrimento?" Sakura falou aborrecida, ela podia ver o olhar de Asuka ficando aborrecido, mas seu corpo estava tomado por adrenalina. "Vocês são tão sádicos assim que querem que ele sofra o máximo possível!?"
"Escuta aqui pirralha!" Asuka falou ao apontar o garfo para Sakura, ela não estava gostando do tom de Sakura.
"Gente." Mari falou ao tentar diminuir a temperatura da mesa, levantando os braços para apaziguar. "Gente calma."
"Escutar o que hein!?" Sakura rebateu ao encarar Asuka com força. "Desde quando você se importa com alguma coisa!?"
Asuka arregalou os olhos rapidamente ao ver o desafio de Sakura, sua mente ainda com imagens de Shinji sofrendo. "Você acha que é isso que eu quero para ele!? Acha que eu quero que ele sofra!? Isso é culpa dele! Quem mandou ele dar uma de herói! ... Tenente!"
Sakura rebateu com a voz subindo um pouco o tom. "Eu estou cagando com o que você acha capitã! Eu não ligo para sua opinião capitã! Eu só ligo para o que estão fazendo com ele agora capitã!" Sakura respondia fortemente ao enfatizar a patente de Asuka, neste momento ela não estava ligando para insubordinação.
Mari estava sentada escutando tudo com sua mente abatida por ver que a luta seria iminente, Asuka se sentiu chocada com a explosão de Sakura.
"Quer saber de uma coisa, eu deveria acabar com seu sofrimento sim." Sakura falou ao se acalmar e ficar abatida, sentindo os olhos ardendo com o que tinha acabado de falar, ela podia sentir os olhos de Mari e Asuka nela.
Mari estava chocada com a revelação de Sakura, ela não sabia se iria até o fim, já buscando alguma alternativa para que a coisa com relação a Shinji não chegasse a um ponto tão extremo.
Asuka ficou calada, sentindo as palavras de Sakura a atingindo com força, ela estava pronta para intervir.
"Eu deveria." Sakura falou ao se sentar, sua mente novamente trouxe imagens de Shinji em seu desespero, vendo como ele estava abatido e destruído a realidade era que Sakura nunca conseguiria matar Shinji, mas uma outra ideia veio em sua mente. "Não vai demorar muito."
"Como ... Como assim?" Mari perguntou preocupada, Asuka estava na mesma ao seu lado.
"Na condição atual, eu dou mais ou menos um mês até ele..." Sakura falou com a voz quebrando, tendo uma lagrima solitária escorrendo pelo seu rosto a limpando rapidamente, ela podia ver o olhar de Asuka e Mari nela, ambas tinham um olhar de, medo?
"E quando seu corpo falhar." Sakura falou ao ficar determinada. "Eu não vou trazer de volta." Sakura pode ver Mari e Asuka arregalando os olhos, isso só deu mais força para sua ideia. "Ele já sofreu demais nas mãos de vocês, ele não vai ser o alivio de estresse dessa tripulação de merda."
Mari estava pronta para intervir, mas Sakura se levantou abruptamente e começou a sair, ela logo voltou seus solhos para Asuka, vendo como suas mãos tremiam em ansiedade com o que tinha sido falado.
"Quem ela pensa que é?" Asuka rosnou de seu lugar, as palavras de Sakura a machucaram, mas saber que ela estava pensando em cooperar para Shinji se matar estava fazendo um grande estrago em sua mente. "Quem ele pensa que é? Ele não pode desistir assim!"
Mari estava ao lado de Asuka, seu corpo sentindo os efeitos do que ela falou, mas escutar isso de Sakura foi intenso.
Shinji estava na sua cela novamente ele não comeu, a porção de comida estava no mesmo lugar onde Sakura havia depositado antes, nem um centímetro tocado.
Seus olhos estavam focados no teto de sua cela, ele não sentia mais fome, ele só sentia tristeza, o olhar frio de Misato ao estar novamente cara a cara com ele tinha matado qualquer fio de esperança em seu corpo.
O som da sua porta se abrindo ecoou pela sua cela, ele queria virar os olhos, mas não tinha mais forças para isso, passos delicados passam pela sua parede de vidro.
Asuka estava parada a poucos metros da entrada do quarto de Shinji, ela podia ver ele deitado olhando para teto com um olhar morto, as palavras de Sakura ecoava sem parar na sua cabeça, Asuka ainda não sabia o motivo de estar lá, seu corpo somente estava no automático.
Segurando o braço em sinal de ansiedade, a ruiva começou a caminhar lentamente até a cela vendo como o local estava intocável, mas a cada passo que ela dava, mais do corpo de Shinji ela podia ver.
Arregalando os olhos ao ver seu estado, como ele estava magro e desnutrido, sentiu as mãos tremendo com a visão, ela queria poder abrir a porta e fazer alguma coisa, mas somente duas pessoas tinham o código, Sakura e Misato.
Colocando a mão sobre o vidro, Asuka olhou para o rosto de Shinji, como ele estava diferente e como ele tinha mudado em pouco período de tempo. "Ei."
Sem ver a reação de Shinji, Asuka falou mais forte. "Ei pirralho." Franzindo o cenho ao ver que somente o único movimento de Shinji era sua respiração.
Shinji tinha escutado a voz de Asuka, saber que era ela do outro lado do vidro só estava causando dor em seu corpo, ela era uma das pessoas mais queridas para ele e saber que agora era odiado estava machucando muito.
Asuka vendo que Shinji somente encarava o teto com um olhar morto, sentiu seu corpo estremecendo. "Baka Shinji? Por favor olha para mim."
Shinji reconheceu o apelido, sabendo que Asuka não iria desistir, ele somente virou a cabeça lentamente para a porta, travando seus olhos no único olho visível de Asuka, sua visão estava desfocada, mas ele podia ver que era ela.
Asuka sentiu um calafrio percorrer seu corpo, a imagem de Shinji estava perturbadora, logo seus olhos caíram na comida intocada. "Porque não come? Dá para ver que você precisa."
"Não estou com fome." Shinji sussurrou para Asuka, buscando todas as suas forças para se sentar na cama militar, ela não era confortável, mas ele não ligava.
"Você é idiota ou o que?" Asuka falou aborrecida ao ver a forma derrotada de Shinji. "Quer tanto morrer assim?"
"É o melhor." Shinji falou com calma e pesar, ele desviou o olhar o chão.
"Melhor?" Asuka rosnou ao fechar os punhos, ver Shinji assim estava machucando, no fundo ela tinha a fantasia de Shinji ser condenado a servir na Wunder com eles, ao lado dela. "O que isso é melhor? Me explique?"
"As pessoas não tem mais que lidar comigo." Shinji sussurrou abatido ao sair da cama e se sentar no chão. "Eu só causo o mal Asuka, quem iria ligar? As pessoas poderiam seguir com suas vidas, você, Misato e todos."
Asuka fechou os punhos com força ao escutar isso, sentindo o sangue fervendo com o que estava escutando somado ao fato de Sakura já falando que não iria trazer Shinji de volta quando seu corpo falhasse.
"Como você acha que iria ficar Misato?" Asuka apelou para o velho sentimento de Shinji por sua antiga guardiã. "Como você acha que iria ficar todas as pessoas que se importam com você?"
"Ela não se importa mais." Shinji falou abatido ao abraçar os joelhos, sentindo o peso da culpa inundando seu corpo, o olhar de decepção de Misato ao reencontrá-lo, a raiva de Asuka, o olhar de todos.
"Idiota!" Asuka gritou ao sentir que estava perdendo a batalha, socando o vidro com o punho, ela viu que Shinji não tinha se movido. "Você não entende! Nesse mundo não podemos mostrar empatia! Misato tem que ser assim para manter o controle!"
"Mais um motivo." Shinji falou ao levantar a cabeça, Asuka finalmente pode ver toda a sua tristeza pelos seus olhos e como eles estavam inchados e escuros. "Ela não vai ter que lidar comigo, pode voltar ao trabalho sem se preocupar com um peso como eu ... Ninguém ligaria."
"Você não sabe como foi passar esses quatorze anos!" Asuka gritou novamente, ela se lembrou de todas as vezes que ela gritava por Shinji, Mari estava ao seu lado sempre, mas não era o suficiente. "Você acha que é o único que sofre!?"
"Não ... Eu não acho." Shinji falou novamente ao encarar Asuka. "Você não sabe como é Asuka. Não sabe como é saber que você é um monstro, que é um assassino, não existe mais mundo para mim."
"Você não sabe disso!" Asuka suplicou ao ver o olhar derrotado de Shinji, ela queria fazer ele entender que quando ele morresse destruiria qualquer humanidade que restava em Misato, isso destruiria qualquer possibilidade de felicidade de Asuka.
"O que me resta então?" Shinji falou ao levantar a voz um pouco. "Eu estou morto já, como seria minha vida? Trancado? Ameaçado a qualquer passo errado? Olhar a vergonha nos olhos de Misato, esse é meu destino de algum forma, o meu final será a morte de qualquer jeito."
"Seu idiota." Asuka falou ao abaixar a cabeça, sua franja cobrindo os olhos vermelhos querendo chorar. "Você acha que assumir a responsabilidade é se taxar de monstro e morrer?"
"E Não é?" Shinji rebateu. "Eu estou assumindo, está vendo eu lançar a culpa em outra pessoa? Está vendo eu implorando? Eu só quero a mesma coisa que todos querem."
"Egoísta!" Asuka gritou ao sentir um lagrima escorrendo pelo rosto, socando o vidro mais uma vez. "Seu egoísta! Você só pensa em você mesmo! O que sua morte causaria em Misato? O que sua morte causaria comigo? Parou para pensar nisso?!"
Shinji levantou a cabeça ao ver a explosão de Asuka, sua mente escutou tudo, mas sua depressão estava superando qualquer outra razão.
Asuka se acalmou um pouco, mas não o suficiente para diminuir sua ira, olhando para Shinji nos olhos. "Você não tem permissão para morrer! Trate de comer ou eu juro terceiro que eu vou entrar e enfiar sua comida goela abaixo na sua garganta! Entendeu!?" Asuka falou com olhos aborrecidos, ela podia ver os olhos de Shinji viajando da bandeja de comida e seus olhos.
"E quando você for julgado, vamos dar a você alguma utilidade idiota aqui dentro, e quando sua maldita cabeça estiver em ordem novamente vamos ter uma conversa de adultos!" Asuka falou fortemente ao socar o vidro novamente, mas não antes de falar ao se virar, seus passos estavam aborrecidos e pesados, ela falou enquanto andava. "E Deus te ajude se não tiver comido quando eu voltar!"
Shinji somente viu quando Asuka fechou a pesada porta de metal, novamente sozinho na sua cela, ele pensou no assunto com cuidado, mas sua cabeça só falava o como ele atrapalhava e era inútil, reunindo a força que restava em seu corpo, Shinji voltou para a cama, deitando e tentando dormir, mas novamente ele era atacado pelos seus sonhos.
Notas do autor: Então pessoal, olha eu de novo, sentiram saudades? Então, esse foi o primeiro capitulo de Antes do Amanhã, espero que tenham gostado. Me deixem saber nos comentários, eu adoro lê-los (Criticas boas ou ruins) e essas revisões são muito importantes para mim.
Muitos devem estar se perguntando, cadê o LOOP? Calma, ele vai chegar no próximo capitulo, eu falei que o período pós 3.33 era curto, eu só não queria que fosse como as outras, Shinji está em algum lugar sozinho, Ayanami aparece e "plim" acontece, queria mostrar algo um pouco diferente.
Mas agora serio, realmente espero que tenham gostado, e respondendo as perguntas, porque novamente no universo do Rebuild? Simples, eu sempre vejo muitas histórias de LOOP que acontecem depois do NGE, é poucas que exploram o universo do Rebuild, então eu quis fazer algo mais diferente.
Como sempre não deixem de segui-la e salva-la em seus favoritos para não perderem mais nenhuma atualização futura e rele-la mais para frente quando a saudade bater.
Por favor revisem, suas críticas (Boas ou ruins) são muito importantes para mim, vocês sabem que eu levo muito em consideração o que é dito e também me dá forças para continuar.
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