Saint Seiya não me pertence :) Muitos personagens e conceitos eu utilizei, com consentimento, da autora Chiisana Hana, tá? Ela é incrível, então vão lá ler as historias dela também! Está história é uma continuação direta de Desabrochar e recomendo fortemente que lembram Absinto, já que tudo se passa no mesmo 'universo'.
Afrodite se virou lentamente e sentiu uma onda ruim lhe atravessar, todo o seu corpo entrou em modo de defesa automaticamente e ele sabia que alguma coisa iria acontecer ali.
Brian e Haru avistaram primeiro o que estava prestes a acontecer.
-Então sua bichinha, eu queria saber se sobrou algum bolo pra gente.
Era Otto que havia entrado novamente no estabelecimento com a sua gangue, rindo e debochando ao caminharem pelo lugar.
Haru correu para frente do balcão e se colocou na frente de Brian, a criança estava paralisada de medo e no mesmo instante pulou da cadeira para o chão, agarrando-se a perna do confeiteiro.
-Não tem nada pra vocês aqui! Saiam agora! - Haru gritou com toda a força de seus pulmões enquanto escondia a criança atrás dele.
-Poxa, justo hoje que nós queríamos um bolo, não é mesmo rapazes? - Quanto mais Otto via o desespero da criança e do confeiteiro, mais ele e sua gangue riam.
Afrodite estava paralisado, algo ali não estava certo, eles estavam confiantes demais.
-Hoje meu problema não é com você viadinho. - Em uma mudança repentina de expressão, de uma risada debochada para pura raiva, Otto continuou mais lentamente. - Eu vim me resolver com este rato atrás de você.
Aquela voz e a intimação atingiram Brian como um raio, suas mãozinhas tremiam mesmo enquanto agarradas a calça do confeiteiro.
-Você acha que eu me esqueci, não é? De quando você me acertou com aquela maldita pedra? - Otto agora apontava para uma cicatriz que havia em sua cabeça raspada. - Sabe, quando não te achei mais nas ruas eu realmente pensei que tinha morrido, e eu fiquei bem triste, porque eu queria muito matar você pessoalmente.
Toda a gangue ovacionava seu lider, com falas baixas como "É! Isso mesmo" "vamos pegar ele", mas logo Otto os calou levantando uma das mãos.
-Quando eu te encontrei aqui nesta merda, eu fiquei muito feliz! Porque agora, vou poder acabar com as duas coisas que eu mais odeio em Rodorio. Você e este lugar!
-Basta! - Afrodite tinha chegado no seu limite, sua voz forte e alta ressoou pelo lugar calando todos ali. - Eu falei pra não voltar mais! Você tem apenas mais uma chance de sair ou vai morrer aqui. A decisão é sua.
Afrodite estava decidido a cumprir a ameaça, mais do que isto, ele estava torcendo para que o arruaceiro desce mais um passo à frente.
Otto não respondeu, colocou a mão no bolso da jaqueta velha e calmamente tirou uma pistola calibre vinte e dois do bolso e a apontou para o peito de Afrodite com uma confiança quase sobre-humana.
Afrodite abriu um sorriso cínico e vitorioso, frente ao homem armado.
O cavaleiro se divertiu mais ainda quando constatou que, além de um ser humano desprezível, Otto também era burro. Uma arma de fogo não era nada para um cavaleiro de ouro e qualquer pessoa com mais de dois neurônios sabia disto.
Este equívoco custaria muito caro para peixes, muito caro.
Otto viu o sorriso do inimigo e com isto notou que havia atingido seu objetivo, rapidamente trocou sua mira de Afrodite para Brian e disparou a arma. O barulho seco e alto encheu o ambiente, os cabelos de Afrodite se agitaram levemente enquanto a munição atravessou o ar a sua direita e logo foi possível ouvir o barulho do vidro do balcão estourando.
O líder da gangue havia executado seu plano de maneira rápida e precisa. Otto conhecendo que Afrodite era um cavaleiro orgulhoso, planejou tudo para usar este aspecto da personalidade dele a seu favor. Sabia que seria subestimado pelo cavaleiro ao apontar a arma de fogo para seu peito e era exatamente o que ele queria. Só mudou sua mira e efetuou o disparo em seu verdadeiro alvo quando teve certeza que a guarda de peixes estava baixa.
Naquele momento, um homem comum venceu facilmente um cavaleiro de ouro, e o cavaleiro reconheceu amargamente sua derrota quando entendeu todo aquele esquema.
A situação atingiu seu corpo como uma onda gigantesca e agora estava sem ação, mas tudo aquilo durou apenas alguns segundos. Não se importava mais se Otto havia fugido, sua preocupação agora era seu filho, Afrodite se virou rapidamente para socorrer a criança mas teve uma surpresa desagradável.
Havia sangue, muito sangue.
Haru havia protegido a criança com seu próprio corpo e agora o chão estava encharcado com seu sangue. Afrodite ainda estava com os ouvidos zumbindo pelo barulho do disparo mas assim que seus olhos encontraram os da criança ele pode ouvi-lá falando, longe.
-Pai...meu braço.
Afrodite estava paralisado, tanto pelo medo quanto pela vergonha, mas assim que viu o corpo de Haru desfalecendo-se no chão precisou se mover. Correu ao encontro do filho e do amigo para tentar prestar algum socorro.
-Brian! Brian querido! Haru! - Afrodite estava em choque, seu filho estava coberto em sangue e seu amigo desfalecido no chão.
-Pai, o Haru! ele não acorda! Precisa ajudar o Haru - Brian tinha consciência de que tinha um corte profundo no braço, mas sabia também que não era grave como o ferimento de Haru.
-Brian, preciso que pressione o seu braço, pegue o seu gorro e pressione o mais forte que puder! - Afrodite ditou com urgência as ordens para o filho, que atendeu prontamente.
Afrodite já estava com o amigo nos braços agora, ainda estava vivo e respirava com dificuldade mas havia batido a cabeça na queda. Verificou que o tiro havia atingido o lado esquerdo das suas costas próximo ao ombro e atravessado, assim acertando Brian. Pegou o próprio avental do homem para pressionar a ferida enquanto o socorro não chegava até eles.
Afrodite não se perdoaria jamais caso alguma coisa acontecesse ao seu filho e seu querido amigo.
Haru tinha bons vizinhos e que frequentavam seu café, assim que notaram o burburinho dentro do estabelecimento e o barulho rapidamente chamaram a polícia e ambulância. O socorro foi rápido e agora Afrodite estava sozinho no corredor frio do hospital, aguardando notícias do seu filho e do amigo.
Estava sujo de sangue, seu querido batom estava completamente borrado, seus cabelos longos estavam arruinados e parecia apenas a sombra do cavaleiro que foi um dia. Nem percebeu um homem agitado e escandaloso que vinha pelos corredores e, parando pra pensar, ele conhecia bem aquela voz.
-Afrodite! Afrodite! - Máscara da morte, assim que soube do ocorrido, foi imediatamente socorrer o pobre amigo no hospital.
Assim que viu o amigo correndo em sua direção, Afrodite se levantou e não aguentou mais. O cavaleiro sentiu os olhos marejaram, as palavras falharem e as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.
-Máscara...eu sou um pai horrível.
Não havia muito o que Mascara da morte pudesse fazer pelo amigo naquele momento, apenas o abraçou e deixou que chorasse o quanto quisesse.
Agora sim! Todo mundo ansioso? Todo mundo apreensivo?
Próximo capitulo na próxima semana e, enquanto isto, mandem seus comentários...eu gosto de conversar com vocês :)
