Saint Seiya não me pertence :) Muitos personagens e conceitos eu utilizei, com consentimento, da autora Chiisana Hana, tá? Ela é incrível, então vão lá ler as historias dela também! Está história é uma continuação direta de Desabrochar e recomendo fortemente que lembram Absinto, já que tudo se passa no mesmo 'universo'.

Afrodite chorou, chorou como se quisesse que todos aqueles sentimentos ruins saíssem através das suas lágrimas, mas não era exatamente o que estava acontecendo. O cavaleiro não conseguia se perdoar pelo acontecido, por sua culpa agora seu filho estava ferido e seu amigo entre a vida e a morte.

Máscara da morte não fazia ideia de como aplacar o sofrimento do amigo, nem sabia se era possível naquela situação. Já haviam lutado tantas batalhas, foram literalmente ao inferno e voltaram juntos, o Cavaleiro de Câncer precisava fazer alguma coisa.

Soltou o amigo de seus braços cuidadosamente e com as duas mãos segurou o rosto de Afrodite para que o olhasse nos olhos, enquanto enxugava as lágrimas do rosto de peixes.

-Afrodite, pais também erram e tá tudo bem. - Máscara da morte tentou falar da maneira mais mansa que conseguia, para tranquilizar o irmão de arma. - Eu erro, o Shura apesar de parecer o pai perfeito também erra, o Kanon acaba errando um pouquinho mais mas ninguém está contando, né? - Máscara da morte riu da própria piada, mas continuou. - Até o Shiryu! Mesmo com o safado Dohko falando o tempo todo como a família dele é perfeita e como ama a neta, eu garanto que até ele já trocou uma fralda errada.

Afrodite ouviu atentamente o amigo, mas isto não significa que havia parado de soluçar entre suas lágrimas. Só após algum tempo é que ele juntou forças para falar.

-É assustador, sabe? Ter um filho. - O cavaleiro de peixes soluçou mais um pouco, antes de conseguir continuar a falar. - É como se um órgão vital seu criasse vida, saísse de você e começasse a andar por aí. Você fica com medo o tempo inteiro, preocupado se algo pode acontecer e se acontece...

Máscara da morte se assustou, achou que estava indo bem fazendo o amigo parar de chorar mas agora ele parecia pior do que antes.

-Eu devia ter desconfiado que ele não estava apontando a arma para mim...se eu tivesse parado aqueles homens antes, eu poderia ter feito, mas não fiz. Agora meu filho está lá com a Fatma, recebendo sabe-se lá quantos pontos e Haru…- Afrodite nem conseguiu terminar a frase de tanto que chorava. Quando lembrava que tudo ali era culpa sua, sentia como se uma pedra imensa fosse colocada sobre suas costas.

-Pai! Pai!

Afrodite reconheceu imediatamente a voz que o chamava, se virou rápido e caiu de joelhos para abraçar o filho que corria em sua direção.

-Brian! Há Brian!...como você está? - Parecia que Afrodite não via o filho a anos, mas na verdade foram apenas algumas horas. Ele passava a mão pelo rosto da criança e pelos cabelos, verificando cada pedacinho dela.

-Eu...eu estou bem. Senhora Fatma e o senhor Shun cuidaram do meu machucado, foram quatro pontos. - Brian, apesar da voz oscilante, também estava aliviado em ver o pai mas ainda não entendia o porquê das lágrimas.

-Pai, senhor Shun falou que eu fui muito corajoso e me deu um pirulito, você pode ficar com ele mas não pode chorar. Cavaleiros não choram. - Brian, com suas mãozinhas trêmulas, ofereceu o doce para o pai na tentativa de animá-lo.

Afrodite chorou mais um pouco com aquele gesto mas limpou rapidamente as próprias lágrimas. Ele não sabia o que tinha feito de tão especial na vida para os Deuses terem colocado aquela criança incrível no seu caminho.

-Brian, eu estava errado, tá? Nós choramos, também sentimos medo, sendo cavaleiros ou não. Você ficou com medo hoje, não é? Está tudo bem.- Afrodite abraçou forte aquela criança, gostaria protegê-la de tudo mas sabia que seria impossível.

Por um instante Brian ficou em silêncio assimilando as palavras do pai, mas logo aqueles olhinhos cinzas começaram a transbordar em lágrimas.

-Eu...eu...eu achei que eles iriam me pegar de novo, eu fiquei com tanto medo. - Agora era Brian que chorava baixo no ombro do pai, dentro de toda a loucura do dia aquele abraço era tudo o que ele mais queria.

Afrodite acalentou o filho por algum tempo e logo os dois estavam mais calmos, mas ele ainda tinha outros problemas para resolver e Shun o lembrou disso, quando o chamou para uma conversa em particular na sua sala.

-Como ele está? - Afrodite estava ansioso, mas ao mesmo tempo tão exausto que nem conseguia demonstrar.

-É complicado Afrodite. - Shun tirou um pouco os óculos de leitura e passou a mão pelos cabelos antes de continuar. - O tiro atravessou a lateral esquerda mas foi superficial, se fosse um centímetro para o lado teria destruído o ombro dele e por sorte não houve nenhuma lesão no pulmão. A omoplata teve um trincado leve e o dano foi mais muscular mas não é isto que me preocupa. Haru é hemofílico e eu não sei a extensão do dano da pancada que ele teve na cabeça quando caiu.

Quanto mais Shun falava, mais Afrodite parecia cair em um poço sem fundo de nervosismo e ele não conseguia enxergar nenhuma boa saída dali.

-As articulações dele ainda estão sangrando muito, nós estamos repondo com as bolsas de sangue mas não sei por quanto tempo isto vai ser efetivo. Ele está medicado e sedado agora, precisamos esperar. - Shun terminou de falar e logo colocou seus óculos novamente, amava a profissão que escolhera mas dar aquele tipo de notícia era a pior parte.

-Pode me ligar se acontecer alguma coisa, por favor? - Afrodite nem conseguia olhar nos olhos do médico, estava arrasado com o que acabou de ouvir.

-Claro Afrodite, agora vai pra casa e descansa, certo? Vamos fazer o nosso melhor aqui.

Rapidamente os dois cavaleiros se despediram e Afrodite agora estava saindo da sala, logo na porta deu de cara com aqueles pequenos olhos acinzentados e cheios de esperança.

-Pai! Pai! Haru vai sair daqui com a gente, não é? Vamos juntos para casa, comer frikadeller. - Brian correu até o pai assim que o viu, estava exausto daquele dia e ansioso para irem embora.

Afrodite mais uma vez sentiu vontade de chorar, como iria falar para aquela criança que o amigo deles não iria embora hoje e talvez nunca mais saísse dali? Segurou as lágrimas o melhor que pode e pensou rápido em uma resposta.

-Querido, Haru não vai com a gente. Os machucados dele precisam de um pouco mais de tempo para se recuperar. - Afrodite viu toda a esperança sair dos olhinhos cinzas do filho, aquilo lhe doía na alma.

-Mas ele vai ficar sozinho, a gente precisa ir buscar ele pai!

-Vamos visitar ele todos os dias, certo? Shun vai estar com ele o tempo todo, ele não vai estar sozinho, eu prometo pra você.

Brian soltou todo o ar dos pulmões em um suspiro mas se deu por vencido. Agora pai e filho estavam indo embora de mãos dadas para a casa, ter seu merecido e justo descanso.

Chegaram rápido ao lar e logo Afrodite preparou algo para que pudesse comer e irem se limparem, ajudou brian com seu curativo e ele mesmo cuidou de alguns arranhões que haviam em seu corpo, devido aos estilhaços do vidro.

Afrodite gostaria ter seu merecido descanso mas lá estava ele, com os olhos bem abertos e deitado em sua cama. Queria dormir um pouco, esquecer o dia que havia passado ou talvez descobrir que na verdade tudo era só um pesadelo horrível, mas não era bem assim.

Quando achou que passaria a noite em claro, ouviu alguns pequenos passos pelo corredor e logo notou um par de olhos cinzas cintilantes na sua porta.

-Não consegue dormir? - Afrodite perguntou calmo para a pequena figura em sua porta.

Brian, silencioso como uma raposa e com os olhos baixos, balançou a cabeça em negação.

-Quer ficar aqui esta noite?

A criança concordou silenciosamente e correu para baixo das cobertas junto do pai.

Brian se sentindo mais calmo e seguro ao lado do mestre, o que o fez adormecer logo, mas Afrodite continuou perfeitamente acordado. Olhava o filho com calma e o acariciava os cabelos enquanto dormia pacificamente, pensou em tudo o que havia acontecido naquele dia, em seu amigo internado lutando pela vida e em como poderia ser Brian naquela cama de hospital.

Tentou velar o sono da criança, mas acabou por dormir um sono pesado e sem sonhos.

Agoooora começou o drama minha gente! Vamos todos sobreviver, será? Próximos capítulos logo logo para responder esta e mais outras perguntas haha