Saint Seiya não me pertence :)
Muitos personagens e conceitos eu utilizei, com consentimento, da autora Chiisana Hana, tá? Ela é incrível, então vão lá ler as historias dela também!
Está história é uma continuação direta de Desabrochar e recomendo fortemente que lembram Absinto, já que tudo se passa no mesmo 'universo'.
Afrodite acordou e era como se um caminhão tivesse passado por cima de si, mas ao olhar para o lado e ver que o filho ainda dormia, decidiu que os dois mereciam um pouco mais de descanso naquela manhã fria.
Ele dormiu mais um pouco mas Brian não colaborou com seu plano, pouco tempo depois a criança já estava acordada e não havia mais a possibilidade dele ficar em sua cama quente e confortável.
O Cavaleiro preparou o café para si e para seu pupilo, um café muito forte para ele e leite quente para a criança, logo estavam sentados a mesa e em silêncio. A manhã poderia se seguir assim para a alegria de Afrodite, mas o que ele mais temia acabou por acontecer.
—Pai...nós vamos visitar o Haru hoje? - Brian falava com a esperança que só uma criança teria, e isso partia o coração de Afrodite.
O cavaleiro passou a mão pelo rosto e suspirou antes de responder, precisava pensar muito bem nas palavras que iria usar.
—Brian, Haru precisa descansar, é melhor ficarmos aqui. - Afrodite estava tentando persuadir o menino mas não tinha certeza se conseguiria.
—Mas pai, ele vai gostar de ver a gente! Podemos colher algumas flores para deixarmos no quarto, ele vai ficar feliz, eu sei que vai.
Afrodite pensou mais um pouco, sabia que Brian seria insistente e que não sairia daquela mesa sem uma resposta positiva.
—Tudo bem, vamos visitá-lo mas você precisa tomar seu café, e tomar seus remédios. Não quer que seus pontos infeccionem, certo?
Brian concordou com a cabeça e com um leve sorriso, nada mais do que isto. A criança não era ingênua, não teria como ser já que sobreviveu sozinha nas ruas de Rodorio por muito tempo. Entendia que Haru havia sido alvejado e que aquilo era uma ferida grave mas ainda queria acreditar que o confeiteiro estaria recuperando quando encontrassem.
O resto da manhã se passou tranquila dentro da grande casa, pai e filho decidiram colher algumas flores para levar ao hospital e logo já estavam a caminho de lá. Ao chegarem não tiveram tempo pra nada, Lara estava no corredor do hospital e assim que os avistou começou a correr na direção deles.
—Brian! Afrodite! Pelos Deuses, eu achei que tivesse acontecido o pior. - Lara abraçou a criança e Afrodite rapidamente, limpando algumas poucas lágrimas emocionadas com as costas das mãos. Ver seus dois clientes vivos e bem já acalmou boa parte do seu nervosismo.
— Eu estou bem! Senhora Fatma falou que talvez eu fique com uma cicatriz bem legal, igual às que meu pai tem. - Brian mostrou orgulhoso o grande curativo em seu braço direito.
Lara riu e bagunçou um pouco os cabelos da criança mas logo sua atenção estava voltada para o cavaleiro.
—Vocês vieram visitar ele, não é? - Lara além de mais calma, falava sério e baixo tentando evitar que a criança ouvisse.
—Sim, como ele está? - Afrodite agora estava sério, estar ali o fazia lembrar de todos os detalhes do dia anterior.
—Não tive coragem de ir até o quarto, as enfermeiras falaram que ele ainda não acordou.
—Eu imaginei. -Afrodite pensou um pouco antes de falar, mas ele precisava colocar aquilo pra fora. - Lara, eu queria me desculpar. Se eu não tivesse…
—Afrodite, meu melhor amigo está em uma cama de hospital e eu nem sei se ele vai sair vivo dali. Não foi culpa sua, mas eu não quero falar sobre isto agora. - Lara nem sequer conseguia olhar aquele homem nos olhos agora, lembrar do amigo a machucava profundamente.
Afrodite ficou petrificado com a resposta, não sabia o que responder e ele sentia o mesmo que ela, lembrar do amigo também lhe doía.
—Pai, Vamos! Vamos! - Brian tirou o pai daquele ciclo de culpa o puxando pela mão, ele queria ver Haru o mais rápido possível.
— Brian, esper..-Tarde de mais, Afrodite já estava sendo puxado pelo corredor do hospital.
Caminharam mais um pouco e com a autorização das enfermeiras eles conseguiram chegar até o quarto. Afrodite estava com medo, sabia que o amigo não havia acordado e tinha medo da reação de Brian.
O cavaleiro bateu levemente na porta mas obviamente não teve resposta, virou a maçaneta lentamente para entrar e encontrar o que já imaginava: Haru cheio de curativos e com uma tipóia reforçada, dormindo pacificamente enquanto conectado a vários aparelhos, soros e bolsas de sangue.
Na visão de Afrodite ele parecia um anjo, com aqueles cabelos claríssimos que quase se mesclavam ao tecido branco das cobertas e travesseiros, com aquele semblante calmo e o respirar suave. Não fosse pelos aparatos médicos, dificilmente alguém falaria que ele estava naquele momento entre a vida e a morte.
Brian estava firme em seu propósito, mesmo com os olhos marejados vendo o pobre amigo naquela situação, ele adentrou ao quarto para entregar as flores que haviam colhido. Ficou parado na beira da cama por um instante observando aquele homem enfermo, era como se estivesse mentalizando com todas as forças para que ele acordasse.
—Querido, vamos colocar um pouco de água nas flores, assim elas vão continuar bonitas quando ele acordar. - Afrodite tocou o ombro da criança para lhe chamar a atenção e animá-la um pouco.
Brian assentiu com a cabeça e logo deixou o vaso de flores em cima da pequena mesa, para buscar um pouco de água, deixando Afrodite sozinho com o amigo. O cavaleiro mais uma vez sentia o peso de suas ações sobre os ombros, lentamente ele passou a mão por aqueles cabelos claros e tirou alguns fios rebeldes que pousavam sobre aquele rosto pálido.
Afrodite também mentalizou com todas as suas forças para que ele acordasse, trocaria de lugar com ele a qualquer momento se pudesse.
Se retiraram rápido do quarto, mas não significa que o calvário de Afrodite havia acabado, Lara estava esperando os dois no grande corredor e o cavaleiro entendeu o recado. A mulher conversou um pouco com Brian e o deu algumas moedas, para que pudesse comprar alguma guloseima na vending machine do outro lado do corredor.
Estavam sozinhos agora e Afrodite aceitou pacificamente sua punição, ouviria tudo o que ela tinha para falar e sem reclamar.
—Não é o que você está pensando. - Lara percebeu a surpresa de Afrodite mas continuou. - Eu não te culpo pelo que aconteceu no café, de maneira nenhuma, o que eu quero falar com você é outra coisa.
Afrodite até tentou responder, mas Lara não deixou.
—Haru é meu melhor amigo, é minha família. - Lara olhou rapidamente para a porta do quarto em que Haru estava, antes de continuar.- Eu não sei que tipo de relação vocês tem mas eu quero te pedir pra não magoar ele. Haru já tem o coração remendado demais, não merece este tipo de coisa.
Lara agora endureceu o olhar, e direcionando tudo para aqueles olhos azuis de Afrodite.
—Se ele vier chorando pra mim por causa de você, eu te mato, nem que eu tenha que subir as doze casas pra isso, entendeu?
Com um sorriso vitorioso, Lara saiu da frente do cavaleiro dando um pequeno soco no ombro de peixes. Encontrou com Brian no corredor, voltando com um suco e alguns salgadinhos, e se despediu da criança também.
Afrodite ficou imóvel e perplexo com o que ouviu, tanto pela audácia daquela mulher em enfrentá-lo daquela maneira quanto pela suposição louca que ela havia criado em sua cabeça sobre ele e seu amigo.
Lara era uma mulher com os sentidos aguçados, com toda a certeza.
Pai e filho voltaram para casa e antes que pudessem perceber a noite havia chegado, mais uma vez a rotina caseira de Afrodite se repetia: fazer a janta, trocar os curativos do filho e o colocar para dormir.
Novamente estava sozinho dentro daquela casa imensa, percebeu que odiava isto.
Não queria beber seus vinhos caros e muito menos estava com sono, decidiu que cuidaria um pouco do jardim aquela noite. A lua cheia e a brisa fria davam um ar mágico para aquele lugar, haviam flores maravilhosas e coloridas mas Afrodite decidiu que começaria pelas rosas brancas.
Aquelas rosas brancas o lembravam daqueles cabelos, igualmente pálidos, do confeiteiro.
Longe dali havia alguém que estava com frio, muito frio, mais do que isto estava odiando a dor lancinante que sentia, aquela dor insuportável parecia nascer em seu ombro e se espalhava por todo o seu corpo fraco. Seus olhos não conseguiam focar em nada, estava ofegante e com sede agora, a dor era tanta que começava a sentir as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
Chegou a conclusão que havia morrido, e aquilo era o próprio inferno.
Tentou se mover mas foi parado por uma mão quente e carinhosa, acompanhado de uma voz estranha.
—Haru, está tudo bem, você precisa se acalmar. Meu nome é Shun, sou seu médico, como se sente? - Por sorte, Shun sempre checava seus pacientes mais de uma vez antes de encerrar seu plantão.
—Doi, doi muito. - Haru falou ofegante e entre lágrimas para o médico, mas logo se agitou novamente quando lembrou do acontecido. - Brian! Afrodite! Onde eles estão? O que aconteceu?!
Mais uma vez o médico segurou o teimoso paciente na cama, não precisou se esforçar muito já que a dor o fez voltar rapidamente.
—Estão todos bem, Brian precisou apenas de alguns pontos. Você com certeza tem bons amigos. - Shun terminou sua frase olhando para o belo vaso de rosas que haviam deixado ao lado da cama.
Haru riu, riu e recostou novamente suas costas na cama enquanto olhava para as flores, tudo estava bem agora.
Ou quase.
Eu sei, era pra postar no último final de semana mas meu computador quebrou! :(
Mas eu sigo firme, querida pessoa que acompanha! Como prometi, chegarei até o final rs
Até o próximo capitulo !
