Disclaymer: Essa fic se passa no cenário de Critical Role. Todos seus personagens e locais citados são de propriedade da Wizards of the Coast e seus criadores. Escrita sem fins lucrativos.

Cenário: Critical Role

Série: O Chamado das Profundezas

Personagens: Morrigan Maerahel

Sinópse: A história de origem da minha Drow clériga/patrulheira para a aventura Call of the Netherdeep do cenário de Critical Role.

P.S.: Esse personagem eu criei para uma aventura breve que vamos jogar quando nossa campanha em Hyrule entrar em hiato. O texto inicial é narrado pelo nosso DM.

O CHAMADO DE RUIDUS

"As estrelas no céu noturno são sinais para você dormir. Catha está minguante no céu, e sua irmã, Ruidus, está quase aparente, embora distante de onde Catha se encontra. Você deita, aguardando a Tecelã da Lua te levar ao mundo dos sonhos, mas o que te encontra, são apenas pesadelos.

Rápidas imagens de cristais vermelhos-rubro que crescem em formações esquisitas, sua aparência é cristalizada mesmo que as formas sejam orgânicas e alienígenas. Como uma infecção, essa substância cresce pelos pés de uma gigantesca estátua de um guerreiro sem cabeça.

A cena do seu sonho muda, de repente. Uma tempestade terrível. Carmesim pinta o céu onde, em seu centro, está Ruidus, cheia e brilhante. Raios vermelhos partem o céu e iluminam você, em meio ao vazio. Agora que você tem tempo para olhar em volta, você está sozinha, debaixo d'água, onde o topo é o céu. Abaixo de você, as terras Xhorhassianas cobertas de sangue, desolação e pilhas de corpos de inocentes e demônios flutuam na água colorida de vermelho carmesim.

Os trovões ecoam, silenciados pela densidade da água. Você nada e nada, tentando ir em direção à sua casa, mas tudo que resta são apenas destroços. Você olha para os céus, em desespero, buscando a iluminação das estrelas que te acalmam, mas tudo que encontra é um profundo desespero e um sentimento se instala em seu peito. O sentimento venenoso de que não importa seus feitos em vida, o mundo se esquece rápido dos abençoados, dos escolhidos e dos heróis. O mundo apenas se lembra da destruição e do caos.

Você acorda, no meio da noite, assustada. Leva sua mão ao peito e, aquele sentimento que você sentiu em seu pesadelo, se esvai aos poucos. Seus olhos voltam-se para o céu, buscando novamente a paz das estrelas, mas você se encontra apenas olhando para o ponto vermelho-profundo no céu que começa a ser coberto por nuvens de uma intensa tempestade."

Morrigan olhou pela janela e o cheiro de chuva começava a invadir seu quarto. Ela ergueu o lençol e cobriu seu corpo preocupada. Seu coração estava pesado pelas imagens do sonho, gravadas em sua mente. Seu corpo estava coberto de suor frio e a cama estava encharcada. Fenris parou ao lado da cama e repousou a cabeça em seu colo, concedendo um momento de conforto, pensou Morrigan, mas o choro baixo do lobo branco indicou que ele queria um afago. E sua mestra não o decepcionou.

Ela olhou sobre a mesa a flauta que seu irmão confeccionou de presente e no canto do quarto o arco com o qual ele a ensinou a atirar e seu coração sentiu um novo peso, agora o da saudade. Como tinha saudade de Elidyr. Seu irmão desapareceu quando Morrigan ainda era pouco mais que uma criança e nunca mais ouviu falar dele. Nem uma carta.

Seu coração se recusava a acreditar no pior e a fazia ansiar por partir atrás dele. Mas ela possuía obrigações com o clero que a impediam de partir. E sua família? Como reagiriam a mais um filho se arriscando pelo mundo? Especialmente uma que não estava acostumada a se aventurar, que tudo que conheceu no mundo foi a vida enclausurada da Ordem?

Morrigan se levantou, se lavou, vestiu seu robe e se preparou para o desjejum. Ela logo teria de se apresentar às aulas na Ordem. E falaria com o sacerdote sobre seu sonho.

Após as aulas, dirigiu-se para a sala do sacerdote Therass Knull para contar o sonho que teve. Nada afastava dela que seu sonho teria sido uma premonição.

É um sonho interessante, de fato, minha jovem Morrigan.

Alguma ideia do que pode significar, mestre Therass?

Não exatamente, minha jovem. Mas você não deve se preocupar com isso. Sonhos nem sempre dizem qualquer coisa. Foque nos seus estudos. É o melhor a se fazer no momento.

Morrigan não se sentiu satisfeita com aquela resposta. Algo em seu interior dizia que aquele sonho era mais do que parecia.

Caminhando para casa, perdida em pensamentos, uma voz grave chamou sua atenção. Ela teve sua atenção voltada para um homem, drow como ela, sentado em uma cadeira com uma mesa à sua frente. Um deck de cartas empilhado à sua direita e vendas sobre os olhos.

Boa tarde, menina. Você parece o tipo de pessoa que está passando por um dilema. Alguma coisa afligindo sua alma. Deseja uma leitura? Talvez possa ajudar a esclarecer algumas coisas em seu caminho.

As cartas podem me dizer o que fazer?

As cartas sabem tudo. Basta perguntar com o coração.

O homem estende a mão para Morrigan.

E pelo preço certo, é claro.

Qual o preço? - Morrigan pergunta. Não tinha nada a perder e a resposta do sacerdote não apaziguou seu coração.

1 moeda de prata, minha jovem.

Morrigan leva a mão ao bolso e entrega a moeda.

Perfeito. - O homem sorri, morde a moeda e a coloca em seu bolso. Em seguida, ele entrega o deck para Morrigan.- Embaralhe o deck. Depois, parta em 3 pilhas, retire uma carta de cada uma. Repouse as cartas viradas para baixo, sem olhar.

Morrigan fez conforme instruído. À medida em que posicionava as 3 cartas sobre a mesa, o homem parecia mais e mais preocupado. Em seguida, ela empilhou o baralho todo e entregou de volta ao homem.

O homem aponta para as cartas, uma a uma, da sua direita para a esquerda.

Esta carta representa seu passado. Esta, o presente. E por fim, o futuro.

O homem vira a carta mais a direita, a que representa o passado, ilustrava uma carroça de Circo em uma estrada, com uma cabana à distância.

"O lar e o viajante".

Espere… Como você sabe qual carta…?

Hehehe… existem muitas formas de se ver, minha jovem. A sua carta do passado representa uma viagem. Mas mais do que isso. Representa o distanciamento do lar, daqueles que amamos. Representa um desejo insaciado de partir numa jornada. Buscar o autoconhecimento. Ou algo… inalcançável.

O coração de Morrigan pulou uma batida.

Por favor, continue.- Disse a elfa.

"A História e o Sonho". - Ele disse em tom preocupado. Ela notou uma hesitação em sua voz e olhou para o desenho da carta. Uma criatura colossal destruindo uma cidade durante a calamidade. - Esta carta representa a história do mundo antes do mundo, e um sonho conectado ao passado… E o sonhar do mundo que virá".

A respiração de Morrigan ficou mais acelerada. Seu coração batia mais forte de angústia. O homem vira a última carta.

"A Lua e o Espelho".

A carta ilustrava Catha no céu noturno, sobre um lago que reflete a lua e sua irmã Ruidus.

Esta carta representa seu destino… uma carta… perigosa. - sussurrou o elfo.- A presença de Ruidus pode indicar mau agouro. Dizem que aqueles que nascem sob a luz de Ruidus estão fadados a destinos tristes e de terrível sofrimento. Não é uma boa carta para representar seu futuro, minha jovem. Me perdoe… as cartas nem sempre trazem boas notícias.

O que tudo isso significa? - Indagou Morrigan.

Que no passado, houve uma separação em sua família. Você se separou de sua família?

Não, mas houve uma pessoa. Meu irmão. Partiu numa jornada e nunca mais retornou.

Ah, entendo. Isso explica a angústia em seu coração. O anseio de se reunir a ele, talvez?

Sim…

A segunda carta diz que sua história está em formação. Eventos recentes ou de um futuro próximo definirão sua vida para sempre. A história molda o mundo ao nosso redor e a história é feita por indivíduos. Cada homem ou mulher é protagonista de sua própria história.

E meu futuro então será um futuro de sofrimento? É isso que quer dizer?

Sim.

E como posso evitar este futuro?

Minha jovem, desafiar o destino é perigoso… Mas não impossível. Talvez, saciar os anseios de seu coração seja a resposta.

Morrigan estava atônita.

Sinto muito. As cartas às vezes podem trazer verdades cruéis.

Não se preocupe. Me ajudou bastante. Obrigada.

Morrigan voltou para casa. Passaram-se dias, ela ruminou seus pensamentos, conversou com a família. A parte mais difícil foi convencê-los no fim do que ela precisava fazer. Superprotetores como eram seus pais, eles entraram em desespero quando ouviram a filha dizer que pretendia viajar. Temiam uma nova tragédia como a que houve com o irmão. Mas no fim, não havia outra coisa em sua mente que fizesse mais sentido, que fosse mais correta, do que procurar uma resposta, fosse ela qual fosse, a respeito de seu irmão.

Mas ela estava apavorada pela ideia de partir. Nunca viajou além da capital e sempre viveu uma vida protegida dentro do seio da família. Se ela ia partir e procurar por um significado em seu destino, seu sonho e nas cartas ela precisaria de ajuda.

No dia em que decidiu partir de sua viagem, despediu-se da família com pesar no coração, caminhou até a casa de Asato, sua melhor amiga, e bateu à porta. Assim que ele abriu, sua amiga, vendo-a em roupas de viagem, com o arco e as flechas nas costas e Fenris a seu lado, Morrigan suplicou.

Preciso da sua ajuda.

Continua…