Essa fanfic é um presente para uma amiga muito especial: a Ana (ACullenPerdida)

Ana, espero que goste dessa história e ame esses dois assim como eu. Desculpe por não postar a história completa hoje, mas você vai ver como ela será melhor lida dividida em capítulos! Espero que goste e aproveite a leitura.

Queria agradecer a minha beta Silvia, que mesmo sem nunca ter feito isso antes, topou me ajudar nessa.


Edward

Sexta, 07 de outubro de 2022.

Edward

Cheguei.

Alice?

Alice

CALMAAAAAA

ME DÁ SÓ MAIS CINCO MINUTINHOS!

Edward

Ok!

Alice, você disse cinco minutos…

Já se passaram VINTE!

Se você não vier para o carro agora,

eu juro que vou sem você.

Alice

Já estou descendo!

Deixa de ser um velho ranzinza.

Você não faria isso com a sua irmãzinha.

Não faria, mas deveria. Quem sabe assim ela aprende a ser mais pontual! Faz mais de vinte minutos que espero minha irmã mais nova ficar pronta, para irmos juntos a um baile, que, para início de conversa, eu nem quero ir.

Você não quer ir porque não quer vê-la nos braços de outro.

Balanço a cabeça tirando a voz irritante do meu melhor amigo da minha cabeça. Emmett é um pé no saco quando quer.

— Pronto, seu chato, já estou aqui. — Alice diz, entrando no carro como um furacão, colocando o cinto.

— Até que fim. — Resmungo dando partida.

— Você não pode me culpar! Estou nervosa. Troquei de roupa umas quinze vezes e nem sei se fiz a escolha certa.

— Você está linda, como sempre. — Elogio e ela revira os olhos.

— Esta é a primeira vez que organizo um evento tão importante e grandioso como esse. Estou uma pilha de nervos.

Alice trabalha como Promoter há quase cinco anos e finalmente conseguiu realizar o sonho que tem desde que tinha 7 anos: promover o melhor e mais impactante baile de outono de Astraluna. Tudo bem que o baile ainda nem começou, mas eu não tenho dúvida alguma de que hoje vai ser o dia mais feliz da minha irmãzinha. Ela é muito boa no que faz.

— Ninguém sabe fazer uma festa como você. Relaxe, vai ser um sucesso. — Tento passar confiança em meu tom de voz.

— Mas não é qualquer festa, Edward. É a porra do baile mais esperado de Astraluna! O povo todo espera por ele, o mundo inteiro espera por ele, eu espero muito por ele! — Bufou. — Sem contar que o Rei vai estar lá, você sabe que ele me dá um pouco de medo.

— Charlie? — Gargalho diante do absurdo que ela diz e levo um tapa no ombro por isso. — Aí! Sua mão é pesada, garota.

— Você mereceu! — Rebate com a cara fechada e me dá a língua, como se ela ainda tivesse cinco anos e eu estivesse a impedindo de fazer qualquer brincadeira perigosa.

Dou de ombros e como o adulto que sou, mostro a língua para ela também acompanhada de uma carreta. Dois segundos depois nós rimos da nossa idiotice.

— Não entendo porque você tem medo dele, o homem te adora, Ali.

— Eu sei, eu também gosto dele, mas… sei lá. Às vezes ele me assusta. — Deu de ombros.

Pelos próximos quinze minutos, escuto Alice falar sobre cada detalhe, cada dor de cabeça e cada noite mal dormida que esse baile lhe causou.

— Chegamos! — Alice pula no banco assim que passamos dos portões. — Finalmente, estava para tomar o volante. Você nunca dirigiu tão devagar.

— Se você não tivesse atrasado, nós já teríamos chegado há tempos.

Implico e ela revira os olhos, Alice desce do carro praticamente correndo para dentro do Palácio.

— Boa noite, Sr. Cullen. — Alec, um dos manobristas, me cumprimenta.

— Boa noite Alec, e eu já disse que o Sr. Cullen é meu pai, me chame de Edward.

— Tudo bem, Edward.

Sorrio para o garoto saindo da entrada dos carros e seguindo rumo a trilha de tijolos que corta o enorme jardim do Palácio. Caminho devagar, apreciando o breve silêncio e as poucas pessoas que caminham, assim como eu, apreciando a beleza das flores silvestres e lavandas que se espalham por todo o jardim. É impossível não sorrir olhando essas flores, a própria Princesa cuida desse pedaço verde com as próprias mãos.

Me aproximo da entrada e é impressionante o quanto esse lugar é majestoso. Sua construção provinciana de cor marfim, adornada por várias janelas, as portas são abóbadas, o que lhe garante um ar de que estava ali a muito tempo. O telhado em tom de azul marinho se projeta para cima, em forma de triângulos nas extremidades da mansão, o que nos faz lembrar um castelo, fazendo jus a quem mora ali.

— Boa noite, Edward. — Marcus, o chefe de segurança, me cumprimenta da entrada da casa.

— Boa noite. — Respondo e abro os braços para ser revistado. Ele ri.

— Sempre respeitando os protocolos. — Elogia. E nem precisa me dizer que Alice fez uma cena por conta disso. Está estampado no seu rosto. — Aproveite o Baile.

Agradeço a ele e entro, indo direto para o salão Elisabeth, nomeado assim em homenagem a Rainha que deu início a este baile. O Baile anual de Astraluna, é realizado desde o reinado do Rei Albert, tataravô do pai do atual Rei Charlie, a Rainha Elizabeth junto ao Rei sonhavam com uma monarquia mais próxima de seu povo.

O Baile tem duração de dois dias, sendo o primeiro mais intimista, apenas com a realeza, parentes e amigos próximos, e o segundo dia é, essencialmente, para o povo. Os portões são abertos e o povo vem todos os anos celebrar a independência do nosso país, com muita música, dança e alegria.

Nosso pequeno país europeu, fica situado entre a França e a Espanha, que, antes de se tornar independente era uma província da França, e se chamava Forks. A mudança de nome se deu porque Albert era apaixonado pelas estrelas — dizem por aí que a Rainha o chamava de Astro, por conta disso — e pela mitologia. Luna, era a deusa da lua, também associada à fertilidade e proteção, tudo que o novo país precisava. Daí surgiu a junção dos nomes, astro e luna. Astraluna.

Atualmente, a política do nosso país possui uma monarquia parlamentarista, com Charlie como nosso Rei e chefe de Estado, e, meu pai, Carlisle Cullen, como Primeiro-Ministro. Desde que eu me lembre, meu pai sempre fez parte da política do nosso país, conquistando um cargo tão importante há pouco tempo. Meu pai sempre foi meu maior exemplo de homem e pessoa, não foi difícil, para mim, seguir seus passos na política.

Cursei Ciências Econômicas, com especialização em economia ambiental, passei a compor o gabinete de economia logo que me formei. Como filho de político, não fui levado a sério no início, muitos achavam que eu estava ali por causa da influência do meu sobrenome. Mas não me importei com isso, sempre gostei de responder as piadinhas fazendo o meu trabalho da melhor forma possível. Tanto que hoje sou secretário do Ministro de Economia e sou respeitado pelo meu trabalho e não apenas por ser um Cullen.

Faculdade.

Foram os anos mais intensos, estressantes e libertadores que tive antes de voltar para casa e construir minha vida fora da casa dos meus pais. Também foram anos caóticos, visto que tive que conviver quatro anos com o bagunceiro e mulherengo, Emmett Swan, como meu colega de apartamento.

Emmett e Isabella Swan são os herdeiros reais, o Príncipe e a Princesa de Astraluna, quando meu pai se tornou amigo pessoal do Rei, eu e minha irmã passamos a conviver quase que diariamente com eles. Os conheci quando tinha 17 anos, mesma idade de Emm na época, Bella era apenas um anos mais nova, enquanto Alice era a caçula de nós, com 15 anos apenas. Desde então nos tornamos muito amigos, o que nos possibilitou ir para a mesma Universidade, na França, perto — e longe — o suficiente de casa. Queríamos viver esse momento longe das asas de nossos pais e dos holofotes.

Finalmente chego no salão Elisabeth, onde as festividades já estão a todo vapor, pego uma taça de champanhe e como alguns canapés de frango deliciosos. As primeiras pessoas que encontro são meus pais, conversando com o Rei, vou ao encontro deles.

— Filho, — minha mãe me abraça calorosamente — que saudade de você.

— Nem parece que você e sua irmã foram almoçar lá em casa ontem. — Meu pai implica.

— É tempo suficiente para sentir saudades dos nossos filhos. — Esme retruca fazendo meu pai e o Rei rirem.

— Oi mãe, pai, Charlie. — Cumprimento todos em sequência.

Conversamos um pouco antes de eu, meu pai e o Rei termos que nos reunir com o pessoal do Parlamento. Falo com Aro, o ministro da Economia e meu chefe sobre alguns problemas que tivemos na semana e, recebo um elogio pelo meu trabalho. Depois das conversas sociais, despeço-me deles procurando por um local onde eu possa ter mais privacidade. Afinal hoje é um dia de festa, não de se reunir para falar de trabalho com as pessoas que eu vejo todo santo dia.

Procuro em meio aos rostos aquele que faz meu coração disparar e me reduz a um adolescente bobo e apaixonado.

— Ed, — Emmett surge ao meu lado, me assustando — procurando por alguém? — Reviro os olhos, ele sabe muito bem que sim. — Sua irmã subiu para o quarto da Isa como um furacão.

— Boa noite para você também, Emmett.

— De mau humor?! A festa nem começou direito e você com essa cara de bunda.

Dou o dedo médio a ele, que ri. E meio que acabo rindo também, nós somos bem idiotas juntos. Volto meus olhos novamente para a multidão.

— Sua irmãzinha está com a minha, — me explica novamente — Ela desce já, deixa de ser tão ansioso.

— Não estou ansioso. — Passo os olhos no salão novamente, dessa vez sem o interesse de antes.

— Está sim! — Ele toma um gole de sua bebida. — Nem parece o mesmo cara que está a ignorando por dias.

— Talvez devêssemos salvá-la de Alice, ela está impossível hoje. — Propus, ignorando o puxão de orelha implícito em seu tom de voz.

— Não será necessário, olha elas ali. — Emm gesticula com a cabeça na direção da entrada leste do salão.

Um segundo é o tempo que levo para acha-lá.

Linda, como sempre.

Seus cabelos loiros estão presos num tipo de coque frouxo, mas extremamente elegante. Sua franja está solta, assim como alguns fios dourados. Ela está usando um vestido longo de mangas longas preto e justo, realçando cada curva do seu corpo, mas o que me fez beber o champanhe em um gole só, foi o decote em V, bastante cavado para os parâmetros reais, que me permite ter um vislumbre do vale entre seus seios pequenos e extremamente convidativos.

Eu realmente não deveria ficar encarando-a assim em público.

— Ei, você está sujo. — Emmett comenta ao meu lado.

— O que? — Pergunto, desviando meus olhos de Bella e voltando minha atenção a ele.

— Aqui oh, — ele toca a ponta do indicador no canto de sua boca, me encarando com um riso mal contido. — Tá cheio de baba. — terminou com uma gargalhada descarada.

— Vai à merda, Emmett. — O sorriso dele se tornou mais largo, mais feroz, quando seus olhos brilharam antes daquela maldita pergunta que ele sempre fazia.

— Quando é que você vai contar para ela?

— Contar o que? Não tem nada para contar.. - eu sou uma piada falando isso pra ele enquanto meus olhos dançavam em direção a ela.

— Não? Que tal a parte em que você é "perdidamente apaixonado" por ela? — Faz aspas com as mãos juntamente com uma imitação horrível da minha voz — Tipo assim, desde quando era um adolescente punheteiro?

— Às vezes eu me pergunto o porque caralhos eu ainda sou seu amigo.

— Isso, fuja da pergunta. — Solto o ar pelo nariz, num suspiro mais alto do que é educado para o ambiente. — E você não conseguiria viver neste mundo sem a minha amizade.

— Não estou fugindo, você sabe disso, nós já tivemos essa conversa antes. – Lembro a ele. — É melhor deixar as coisas como sempre foram: nós somos amigos e apenas isso! Já me conformei com este fato há anos.

Vejo pela visão periférica que ele não concorda comigo e já conheço o discurso que está se acumulando no peito dele quando o mesmo puxa o ar para começar, porém sou mais rápido que ele.

— Não vou lutar por algo que eu não tenho a mínima chance, Emmett. Ela não me vê desse jeito, como um homem e eu não quero perder a amizade dela. Eu não aguentaria passar por isso de novo…

— Ei, a Bella não é a Tanya! — Seu tom de voz é um bom indicativo de que ele está perdendo a paciência. — Ela jamais o magoaria como aquela mocreia. Sabe o que eu acho? Que você é um bundão medroso! Você nem lutou por ela, como pode ter tanta certeza que ela não iria retribuir seus sentimentos? Nem que seja só uma fagulha?

Porque eu sabia. Simples assim.

Não preciso elaborar uma resposta, pois logo estava sozinho novamente. Fui salvo por Rosalie, a noiva de Emm, que acaba de passar pela porta e só em vê-la meu amigo fica iluminado, sua irritação passa instantaneamente. Os observo por um instante e fico feliz que ele tenha encontrado sua pessoa.

Desvio meu olhar dos pombinhos e volto a me concentrar em Bella cumprimentando os convidados com todo o carinho e educação da Princesa que ela é.

Quando a conheci, o encanto e a admiração foram imediatos, mas me sentir perdidamente apaixonado por ela levou pouco mais de dois meses de convivência. Eu nem ao menos queria isso, já tinha passado o inferno por ter me apaixonado pela minha — agora ex — melhor amiga. Tanya foi meu primeiro amor e também a minha maior decepção, ela quebrou meu coração e eu jurei que jamais, em hipótese alguma, me apaixonaria por uma amiga de novo. Na verdade, eu nem queria mais amizade com mulheres depois dela.

Mas foi só a princesa passar mais de algumas horas comigo com aqueles seus grandes olhos castanhos em mim que meu estômago se revirou. Eu não tive qualquer chance de lutar contra os meus sentimentos. Todas as nossas confidências, nossas brincadeiras, nossas risadas, nosso companheirismo não me prepararam para sentir algo desse tipo… intenso e mais forte do que jamais foi antes.

Lutei contra esse sentimento e o guardei a sete chaves porque não queria passar por tudo de novo, não queria perdê-la, até o dia em que eu me permiti ter esperança. Eu estava no meu último ano de faculdade e ela no penúltimo, era meados de agosto e nós tínhamos ido para uma festa de fraternidade e dançamos a noite inteira, juntos, mais colados do que jamais estivemos.

Houve um certo ponto da noite em que a música se tornou lenta e romântica e Bella passou os braços ao redor do meu pescoço como se eu fosse desaparecer caso ela não me segurasse com força. Minhas mãos envolveram sua cintura e ela me olhou de um jeito diferente naquela noite. Não desgrudamos nossos olhares um do outro durante toda a música, nossas testas suadas, em algum ponto da nossa dança se colou uma na outra. Sua respiração fazia cócegas na minha bochecha e eu lembro, com nitidez, apesar de ter bebido bastante aquela noite, de como seu olhar se prendeu na minha boca. Era como se seu corpo me implorasse por uma atitude… por um beijo.

Foi a primeira e única vez que tive esperança.

Não nos beijamos. Isso nunca aconteceu, porque assim que a música acabou, Bella se afastou o suficiente de mim para poder vomitar todo o álcool que havia ingerido.

Uma semana depois e após muito remoer aquele momento que tivemos, eu precisava saber se ela também sentiu a eletricidade que percorria meu corpo só de lembrar como estávamos conectados, imersos um no outro com a necessidade de mais estampada em cada toque bobo, cada olhar, cada respiração. Então cruzei o corredor do prédio em que todos nós vivíamos e bati na sua porta. Fui até lá com a desculpa de saber como ela estava com o período de provas se aproximando e munido de comida italiana, — sua favorita — para tocar no assunto da festa com muito cuidado, precisava saber se tudo não passou de uma ilusão minha ou se realmente foi recíproco como minha mente insistia em me dizer que sim.

Mas tudo que ela se lembrava era de termos dançado, nos divertido e que ela quase vomitou em mim. Ainda tentei ser mais incisivo, lembro de tentar achar as palavras corretas para descrever o momento que tivemos, mas tudo que ela me respondeu foi um:

Do que você está falando Edward? — sua expressão é de pura confusão, e eu me senti um idiota.

Nada, — dei de ombros, oferecendo a sobremesa a ela. — Só espero que a mocinha tenha aprendido a controlar mais o quanto bebe nessas festas. Eu não estarei aqui ano que vem para carregá-la até em casa.

Eu sei, — sua voz é triste. Bella se senta ao meu lado no sofá e se aconchega em mim. — Ainda não acredito que vou ficar um ano inteiro longe de você.

Nem eu, princesa. — Abraço seu corpo do melhor jeito que consigo e beijo seu cabelo. — Nem eu.

Ela não se lembrava do nosso quase beijo.

Aquilo foi o suficiente para mim. Foi o necessário para matar qualquer tentativa minha de evoluir nossa relação para algo mais. Porque se ela não conseguia se lembrar daquilo, daquela intensidade…é porque eu nunca tive chance alguma.

É por isso, Emmett, que eu sei que não há porra de fagulha nenhuma.

— Edward? — Volto ao presente com uma Rose sorridente ao lado do noivo me chamando. — Você estava com os pensamentos bem longe, não é?

— Deve estar pensando no quanto é covarde. — Emm retruca, sorridente.

Idiota.

— Olá, Rose. Desculpe, estava distraído.

— Percebi.

O garçom passa por nós e eu o paro, pegando minha terceira taça da noite e oferecendo a eles, que aceitam. Bebo o conteúdo em um gole só.

— Uau, — Rose diz surpresa — alguém aqui, quer mesmo afogar a dor de cotovelo na bebida hoje.

— Até você Rosalie? — Acuso.

Emmett e Rose riem e ela levanta as mãos em sinal de rendição antes de beber a própria bebida.

— Edward! — Desvio meus olhos deles e a vejo caminhando em minha direção.

Todas as vezes que nos encontramos, me pergunto se já vou estar familiarizado e acostumado com a sua beleza, mas sempre parece a primeira vez.

Bella é a mulher mais linda que eu conheço.

— Minha irmã é muito cega, puta merda, você só falta latir para ela. — Emm implica.

— Realmente, é quase como assistir um filme adolescente ao vivo!

— Calem a boca. — Retruco, fazendo ele e a noiva rirem no meio tempo em que Bella leva para chegar até nós.

— Qual é a piada? — Bella pergunta. — Quero rir também.

— Apenas seu irmão enchendo a minha paciência hoje. Seja uma boa amiga e me defenda.

Bella entra na brincadeira com uma repreensão ao irmão, em minha defesa e engata numa breve conversa com Rose em seguida. Aproveito o momento para admirá-la um pouco mais, agora que está na minha frente. Meus olhos percorrem seu corpo e se fixam em seu decote. Engulo em seco. Mesmo que ela não fosse uma Princesa, eu poderia cair de joelhos aos seus pés e implorar para servi-la, para ser seu escravo se assim ela quisesse.

— Vamos dançar? — Rose pergunta a Emm, que mesmo sendo péssimo nisso, assente em confirmação para sua amada, apenas para vê-la feliz.

Depois de pedirem licença, os dois seguem para a pista de dança.

— É tão bom vê-lo assim, feliz. — Bella comenta, se posicionando ao meu lado para observá-los melhor.

— Sim. E é incrível como, às vezes, ela é tão insuportável quanto ele. São verdadeiras almas gêmeas.

— Não seja ranzinza. — Bella diz ao mesmo tempo em que me dá um tapa, nada leve, no meu ombro.

— Aí princesa! Não é de bom tom bater nos convidados, sabia?

— Nem se o convidado for um chato?

— Nem assim. — Sorrio para ela, dando uma piscadela.

Bella sorri de volta com aquele sorriso largo, alegre e feliz. Amo quando eles são direcionados a mim.

Mas sua expressão muda rapidamente, abandonando seu sorriso lindo por uma carranca e cruza os braços na altura dos seios.

Eu tenho que parar de ficar olhando para esse maltido decote.

— Nem mesmo quando o convidado está te ignorando há duas semanas?

Às vezes, sinto a necessidade de me manter afastado dela. Na minha cabeça estúpida e louca, ficar longe pode ser bom para matar esse amor todo. Tenho esperança de conseguir superar esse sentimento e ser o bom amigo que ela acha que eu sou.

— Não estou ignorando você. — Minto baixinho.

— Duas semanas, Edward! — Ela me ignora totalmente e o seu tom de acusação seria o suficiente para eu querer me socar, mas o quê de tristeza me fez querer morrer. — Você está me ignorando há duas semanas! Nem sei porque estou aqui falando com você. Jurei que iria te ignorar hoje, para ver se você gosta da sensação.

— Bella, — toco seu rosto fazendo com que ela me olhe nos olhos. — Desculpe, foram semanas cansativas no trabalho. Não queria te encher com essas coisas.

Ficamos em silêncio, apenas olhando um para o outro. Bella está procurando nos meus olhos a verdade que não posso contar a ela, mas sou muito bom em fingir.

Faz 12 anos que finjo muito bem ser apenas seu amigo.

— Odeio quando você faz isso.

— Faço o que? — Questiono confuso.

— Esse seu olhar de cachorro que caiu da mudança! — Acusa, me fazendo rir.

— Está funcionando?

Inclino meu rosto minimamente para frente, forçando ainda mais a expressão de coitado. Bella rolou os olhos antes de afastar meu rosto com a mão, com delicadeza.

— Está perdoado. — Diz, voltando a olhar as pessoas na pista. — Mas não faça mais isso, odeio esses seus momentos, quando você se afasta. Me faz pensar que fiz algo de errado. O que é ridículo, eu sei. — Deu de ombros.

— Você nunca faz nada de errado Bells. Às vezes eu só… estou cansado demais, antissocial demais e não sou a melhor pessoa nesses momentos.

— Eu sei. Somos amigos há anos, já deveria ter me acostumado com isso. Mas não consigo. Gosto quando você está por perto.

Gosto quando você está por perto.

Porra, como eu queria isso significasse algo mais.

— Então, será que finalmente você trouxe uma acompanhante? — Arqueia a sobrancelha direita, mudando totalmente de assunto. Bella abre um sorriso gentil e com um toque de malícia brincando nos lábios.

A única acompanhante que eu convidaria já tinha um par.

— Sim, — minto, lhe dando uma piscadela, só para provocá-la.

Seus olhos, antes cúmplices e conspiratórios, pela primeira vez se tornam indecifráveis para mim. Seu sorriso vacilou e o meu coração poderia explodir de felicidade.

Ela está afetada?

Seja lá o que quer que eu tenha pensado ter visto, não durou mais do que um segundo, logo ela estava recuperada.

— E eu posso saber quem é ela? — Bella passa os olhos pelo salão, como se pudesse adivinhar quem veio comigo. — É alguém que eu conheço?

— Na verdade, sim. — Bella vira sua cabeça rápido na minha direção, com os olhos arregalados.

— Quem? — Sorrio de lado para ela e balanço a cabeça em negativa. — Nome, preciso de um nome, Edward!

— Tão curiosa, Princesa.

— Edward!

— Alice, — dou de ombros.

— Alice? Sua irmã? — Sorrio para ela e confirmo com a cabeça. Ela relaxa sua expressão. — Nenhuma pretendente para ocupar seu coração?

Ele já está ocupado.

— Porque? Está com ciúmes? — Provoco.

— Não tenho razões para isso. Só ficaria muito puta com você se começasse a namorar sem me contar.

— Você sabe tudo a meu respeito, Bells — ou pelo menos quase tudo. — Não conheci ninguém nos últimos tempos que fosse interessante para tentar alguma relação. — Dei de ombros.

— Hum… — Ela me analisa por mais de minuto. — Não entendo o que essas mulheres de Astraluna tem, você é lindo, inteligente, um poço de educação, é de uma das melhores famílias daqui. Como é possível que você tenha tido apenas duas namoradas desde que eu o conheço? Como você pode ainda estar solteiro?

Não sou um santo. Tive minhas aventuras na faculdade, já que Emmett me arrastava a todo tipo de festa insalubre. Mas ao longo dos anos, e, principalmente depois que Bella começou a namorar sério com Malek, tive o que eu chamo de acasos. Mulheres com quem realmente tentei sair e sentir algo, qualquer coisa que me fizesse acreditar ter o potencial de me fazer esquecer o que eu sinto pela minha melhor amiga. Apenas duas mulheres até hoje conseguiram este fato.

Conheci Jane dois anos depois de terminar a faculdade na cafeteira de minha mãe e engatamos num namoro que durou uns 8 meses, nosso relacionamento acabou dias depois em que a apresentei para a Bella. Há uns dois anos atrás tentei novamente com Zafrina, uma brasileira que conheci numa festa, com ela eu consegui namorar durante um ano inteiro. Esse foi o tempo que eu consegui fazer com ela não conhecesse a Bella, e como o esperado, ela terminou comigo assim que saímos das vistas da minha amiga. O engraçado é que Jane e Zafrina não se conhecem mais me dizerem exatamente a mesma coisa: diga pra ela o que sente, Edward, não é justo você me fazer amá-lo enquanto é apaixonado por outra.

— Lindo? — Arqueio uma sobrancelha. — Quer dizer que você me acha lindo, princesa?

Bella fica com as bochechas vermelhas com a minha provocação.

— É só nisso que você presta atenção? — Ela semicerrou os olhos. — Você é um homem lindo e sabe disso, não vou ficar massageando seu ego.

Meu sorriso se torna ainda maior e lhe dou uma piscadela, fazendo-a revirar os olhos.

— Talvez o problema seja com o meu coração, Bella. — Respondo à sua pergunta anterior.

Talvez você ocupe um espaço grande demais no peito, não permitindo que ninguém mais entre.

Bella não diz nada, apenas me analisa com o cenho franzido. Abre e fecha a boca duas vezes antes de realmente conseguir me dizer algo.

— Você é apai… — Bella não conclui o pensamento, ela se sobressalta com duas mão envolvendo sua cintura.

— Aí está você! — É Malek, que até então não havia chegado, que a envolve num abraço por trás e beija seu pescoço. — Como está a minha bela namorada hoje?

Porque caralhos eu não posso só dar um soco na cara presunçosa dele?

— Você demorou. — Bella se vira nos braços do namorado e o beija. Desvio meu olhar dos dois. — Estou bem e você?

— Melhor agora. — Escuto mais um estalar de lábios. — Você está maravilhosa nesse vestido, querida.

Bella ri e agradece. Controlo minha respiração e pego mais uma taça. Aparentemente, Alice terá que dirigir hoje.

— Edward! — Malek me chama, me notando pela primeira vez. — Como vai cara?

Retribuo os cumprimentos e conversamos amigavelmente por alguns minutos antes das cerimônias começarem e os dois terem que se dirigir ao pequeno palco. Houveram os discursos do Rei e de alguns representantes do Parlamento, assim como a tradicional valsa da realeza. Chega a ser engraçado assistir Bella e o pai valsando, tio Charlie não é um dos melhores quando o assunto é dança.

Depois de todo o protocolo da primeira noite do baile ter passado, todos se dirigem para suas respectivas mesas para o jantar. Não preciso dizer que estava tudo delicioso. Alice contratou os melhores restaurantes do nosso país. Mas devo confessar que o sucesso da noite foi a torta especial de chocolate e castanhas da confeitaria Masen, mais conhecida como a confeitaria da nossa mãe, Esme.

Depois do jantar a banda, Old Forks, a mais famosa banda de rock do mundo na atualidade, composta por integrantes nascidos em Astraluna, começam a tocar, reabrindo a pista de dança. Emmett, Rose, Alice, meus pais e Charlie engatam uma conversa amigável na nossa mesa, mas tudo que eu consigo prestar atenção é em Bella.

Consigo vê-la em pé, com os braços de Benjamin em volta do seu corpo. Ela está rindo do que quer que ele tenha sussurrado em seu ouvido. A cena não é nem um pouco engraçada, na verdade me deixa enjoado.

Dois meses depois da fatídica festa em que quase beijei Bella, Malek apareceu. Ou melhor, reapareceu na vida de Bella. Estava com ela no campus da Universidade, acompanhando-a até o bloco da sua aula quando o destino a fez reencontrar um velho amigo de infância, Benjamin Malek, herdeiro da joalheira Malek, uma das maiores no ramo de diamantes do mundo.

Eles começaram a namorar duas semanas depois.

E estão juntos até hoje.

Malek é um bom homem, o que me dá raiva, porque seria tão mais fácil se ele fosse um cretino. Teria razões plausíveis para odiá-lo e não apenas porque nós somos apaixonados pela mesma mulher.

— Cuidado, maninho, sua baba pode sujar o carpete caríssimo. — Alice zomba de mim.

— Vá a merda, Alice. — Resmungo.

— Não tenho culpa se você é um rendido. — Dá de ombros. — É impossível não te zoar.

A música lenta é trocada por uma mais animada e resolvi parar de me torturar e tentar me envolver na conversa da minha mesa. Percebo que Emmett e Rose sumiram, e meus pais tentam convencer Charlie de alguma coisa aos sussurros, indicando que a conversa entre os três é particular. Volto minha atenção para Alice, que está sentada ao meu lado, me encarando.

— Que foi?

— Porque você não luta por ela?

— Você por acaso combinou com Emmett de me fazer essa pergunta hoje? — Retruco irritado.

— Não, mas talvez devesse me aliar a ele para juntar vocês dois, já que você não faz nada! — Ela come mais um pedaço do seu segundo pedaço de torta. — O que você sente está estampado no seu rosto, na sua voz, no seu olhar, porque você nunca fez nada?

— Olha para ela. — Digo e ela o faz. Aproveito que seu foco está na amiga e roubo um pedaço da sua torta. — Ela está feliz com ele, Alice. Não vou interferir nisso e chega desse assunto por hoje, por favor.

Alice suspira resignada, mas sei que essa acabou por hoje, porque conheço minha irmã, ela vai dar um jeito de voltar a me interrogar sobre isso. De novo.

— Eu gostaria da atenção de todos. — Benjamin anuncia, chamando a atenção de todos no salão, incluindo a minha.

A banda já havia parado de tocar e as conversas animadas são silenciadas no mesmo minuto. Ele está na pista de dança com Bella ao seu lado, com uma expressão confusa. Observo ele por mais um segundo e…

Isso não pode estar acontecendo!

Tento, sem sucesso, desviar meus olhos da cena que se desdobra na minha frente: Benjamin com um sorriso orgulhoso, segurando uma caixinha vermelha de veludo na sua mão esquerda, a mesma que ele mantém escondida atrás do seu corpo, mas que de onde estou, consigo ver perfeitamente. Eu posso jurar que essa caixinha contem um solitário, com a porra de um diamante.

Respira Edward! Ele ainda não disse as palavras.

— Hoje é um dia duplamente importante. Além de ser o dia mais esperado do ano, também é o dia em que reencontrei o amor da minha vida naquele campus há 6 anos. Vocês devem estar se perguntando: "6 anos de namoro? E ainda não se casaram?" sabem, em minha defesa, a princesa de vocês não queria se casar cedo demais. — Ele diz e todos riem, mas essa piada não é engraçada. — Eu poderia fazer um discurso enorme, mas você sabe que eu não tenho tato com as palavras. Tudo que tenho são ações, gestos, carinhos em forma de eu te amo.

Benjamin se ajoelha diante da mulher da minha vida e eu mal sinto meu corpo.

— Isabella Swan, princesa de Astraluna e da minha vida, você aceita se casar comigo? – Benjamin pergunta e eu sinto meu mundo parar.

Aceita se casar comigo?

Aceita se casar comigo?

Aceita se casar comigo?

— Puta merda! — Emmett, antes sumido, surgiu com Rose, sentando-se nas cadeiras reservadas a eles.

— Edward, você está bem? — Escuto Alice sussurrar ao meu lado.

Não respondo, minha total atenção nas reações e, principalmente na resposta que Bella está prestes a dar.

— Sim. Eu aceito. — Ela responde e todos ficam eufóricos no salão.

Aceita se casar comigo?

Sim.

Me sinto tonto de repente e um zumbindo no meu ouvido.

Preciso de ar fresco.

Me levanto, cambaleante, agradecendo pelas atenções estarem focadas no casal feliz e não em mim, bêbado demais para conseguir me equilibrar direito.

Minha garganta forma um bolo insuportável de segurar, mas consigo, pelo menos, derramar a primeira lágrima do lado de fora.

— Edward? — Marcus, me chama. — Você está bem?

— Tudo bem Marcus, nós cuidamos dele. — Escuto Alice dizer.

Sinto meu coração pulsar rápido demais.

E a tontura, que achei que melhoraria com um pouco de ar, fica cada vez pior.

Minha visão fica completamente turva.

— Cara, você tá branco igual papel! — Mal consigo escutar a voz de Emmett.

Ela vai se casar.

Isabella vai se casar.

E não será eu no altar.

— Emmett, — chamo-o, dando dois passos cambaleantes para trás — eu vou desmaiar.

É tudo que digo antes de apagar.