Olá Pergaminhos e Nazarinos, com mais capítulos desse arco na minha fanfic Aquele que Voltou.

Renner terá que enfrentar um desafio impossível: enfrentar um Dragão.

Com vocês

Aquele que voltou

Capítulo 63: Verdades e mentiras

- La-lamento muito, Vossa... Princesa...

- Lord Murios - disse Renner para o demi-humano canino, cortando qualquer tentativa do humano mal educado se desculpar - estou disposta a me submeter a feitiços que garantam a verdade em minhas palavras.

- Vossa Majestade não precisa fazer tal coisa; sua palavra seria mais do que suficiente para garantir tal veracidade.

- Por favor, Lord Murios, sabemos que isso não é verdade; enquanto pairar qualquer dúvida, nunca se darão por satisfeitos.

- Certo, Vossa Majestade tem razão, chamarei o meu mago pessoal para que possa ser usado um feitiço para ler sua mente...

- Não, por favor!

- Me desculpe, Vossa Majestade?!

- Por favor, eu preferiria que não usassem um feitiço tão invasivo assim; minha mente é só minha, acredito que os senhores entenderão que uma mulher tenha seus... segredos - disse ela com um leve rubor na face.

E pronto! O gatilho foi disparado. Agora, com um ínfimo sorriso e uma pequena vermelhidão nas bochechas, instintivamente a maioria das pessoas foi direcionada para o estado de espírito necessário; eles agora a vêem como uma mulher com seus segredos, paixonites e pequenas indiscrições. Eles agora a subestimam.

Mas não como Lord Malio, que desde o começo demonstrou hostilidade; ele a despreza, ele não pode ser convencido.

- Lord Murios, se preciso, talvez eu possa me submeter a outros feitiços.

- Claro, Vossa Majestade, acho que há dois feitiços muito simples, que qualquer mago conhece, Detectar Controle Mental e Detectar Mentiras; acho que estes serão mais do que suficientes para confirmar que Vossa Alteza não está sendo manipulada ou mentindo.

- Obrigada. Mas eu ainda peço outro favor, este para que beneficie a todos os presentes; peço que não seja seu mago que lance os feitiços.

- Por que tal pedido, Vossa Alteza?

- Porque senão sempre irá pairar a dúvida se o próprio mago não foi manipulado, chantageado ou subornado; somente uma pessoa aqui pode garantir que tal coisa não aconteceu, por isso eu peço para que o inquisidor seja o senhor, senhor Riku.

Os olhares se voltaram para Riku Aganéia, o "representante" dos Lordes dragões, Tsaindorcus Vaision, o próprio Platinum Dragon Lord. Ele sentiu os olhares convergirem em sua direção, afinal, ele era o responsável por esta reunião ter acontecido.

Lord Murios, mesmo relutante, concordou com a proposta de Renner. Ele entendeu a lógica por trás da escolha do inquisidor e percebeu que, para o bem da aliança e da confiança mútua, era necessário dissipar quaisquer dúvidas.

- Como Vossa Majestade sabe que posso lançar tais feitiços? - perguntou Tsai

- O senhor, como representante dos senhores dragões, deve ser muito poderoso, senhor Riku. Feitiços tão simples não devem ser um problema, não?

- Não, não são! - disse ele. - Eu estou disposto a realizar os feitiços.

- No entanto, devemos lembrar que esse é um procedimento intrusivo, e mesmo com a sua autorização, tentaremos não tornar isso uma prática comum. - declarou Lord Murios com uma voz firme, transmitindo seriedade, aplacando as dúvidas que pairavam nos representantes dos reinos convidados pelo conselho.

Enquanto PDL se aproximava de Renner, apesar dela tentar se manter firme, seu estremecimento era visível.

- Fique calma, não irá doer - ele falou, mas sem qualquer preocupação verdadeira, ele não se importava - "Detectar Controle Mental!"

Círculos se formaram na mão estendida e sobre Renner uma luz brilhou.

- Ela não está amaldiçoada, não há controle mental, sua mente não foi apagada e sua memória não foi alterada, ela está livre de qualquer influência externa. - isso não satisfez Tsai, afinal a princesa ainda poderia ter sido chantageada, ameaçada, subornada ou se vendido.

- Então eu passei no primeiro teste?!

Tsai não se deu ao trabalho de responder.

- "Detectar Mentiras!" - um novo brilho surgiu.

- Humm, não me sinto diferente.

O feitiço lançado não era um controle mental que impediria a pessoa de mentir, mas sim um detector de mentiras mágico. Renner sabia disso, mas demonstrar ignorância em tal coisa jogava a seu favor.

- Quem é você?

- Renner Theiere Chardelon Ryle Vaiself, último membro da casa Vaiself... por enquanto. - ela disse com um leve sorriso ao pensar em o quanto tem se divertido intimamente com Climb.

- A senhorita esteve presente na queda da cidade de Re-Estize, quem foi o responsável pela destruição de seu reino?

- Eu.

- Como disse?

- Eu fui responsável, meu pai, meus irmãos, toda a casa Vaiself, como governantes nós fomos responsáveis pelos atos de nossos súditos, mesmo de um nobre solitário com idéias de grandeza, nosso governo levou a tal situação, a busca de poder sem controle, facções beligerantes, crime desenfreado, deveríamos ter feito mais para impedir tais coisas, como tal, a responsabilidade cai sobre nós.

- Então você isenta o Rei Feiticeiro da responsabilidade sobre todas as mortes?

- Não, esses são atos que aconteceram durante uma guerra, suas ações e decisões são responsabilidades dele, mas quais crimes foram cometidos?

- O massacre de tantas cidades no reino, homens, mulheres e crianças.

- Pelo que sei, foi dada opções de rendição, algumas cidades aceitaram, outras recusaram, e quando alguém diz que "lutarão até o último homem", acredito que isso deve ser literal em uma guerra, não? E ainda, as crianças foram retiradas antes de qualquer ataque, E-Rantel tem vários orfanatos cuidando delas.

- Então não há problema algum em tantas mortes?

- A mim parece que só estão questionando tais atos cometidos pelo Reino Feiticeiro somente porque não houve perdas em seu lado neste conflito. Se ele tivesse tido tantas mortes quanto Re-Estize teve, dobrando a quantidade de pessoas mortas, vocês estariam mais contentes?

A maioria dos presentes pareceu tentar se acomodar em suas cadeiras ao ouvirem tais palavras.

Tsai sabia que a magia detectaria mentiras em qualquer coisa que Renner dissesse, não apenas quando questionada, mas em qualquer declaração. Então, quanto mais ela falasse, melhor seria; 'deixe ela se enforcar com suas próprias palavras'.

- Você fala defendendo seu algoz, você é uma escrava do Rei Feiticeiro?

- Não.

- Mas você trabalha para ele agora?

- Sim.

Nova consternação.

- Eu trabalho para o Rei Feiticeiro, sou uma assistente da Primeira Ministra Albedo.

- Você agora é uma secretária, uma princesa rebaixada a um serviçal.

- Eu sou uma assistente pessoal, um serviço o qual eu dei duro para conseguir. O senhor não sabe os "sacrifícios" que eu fiz para alcançar tal cargo, um cargo ao qual serve para ajudar a população de E-Rantel e as cidades que restaram de Re-Estize, cidades que agora pertencem ao Reino Feiticeiro.

- Então você se tornou uma "princesa dourada", alguém para ser vista, um símbolo para aplacar as massas.

- Antes eu era uma princesa dourada, muito vista e pouco ouvida. Agora, trabalhando no Reino Feiticeiro, as minhas opiniões são debatidas, estudadas, rejeitadas ou postas em ação. Agora eu realmente posso fazer a diferença com o povo. E se o senhor acha que eu não sofreria conseqüências por qualquer falha ou erro cometido, só por que sirvo como símbolo de dominação? O senhor está enganado. Eu sou a responsável pelo que faço, para o bem e para o mal.

- Então você está por vontade própria trabalhando para o Rei Feiticeiro? Ele está lhe dando tesouros por isso?

- Se eu estou sendo paga? Sim! Eu recebo pelo que faço.

O anão negro se mexeu na cadeira e apontou em silêncio para a princesa como se dissesse: "Viu! Ela foi comprada!". Renner percebeu tal ato, na verdade ela estava preparada para isso.

- Vejo que muitos esperavam que eu trabalhasse de forma abnegada, dedicasse minha vida pelas outras pessoas sem receber ou pedir nada, recebendo apenas a gratidão por me sacrificar pelos outros, como uma boa princesa de contos de fadas faria.

- É de se imaginar que uma princesa seria mais altruísta. - falou o anão negro.

Renner deixou passar a falta de educação. Riku já havia abandonado os honoríficos, então deixar o anão ser grosseiro só faria ele mesmo parecer rude.

- Senhores, não sejamos hipócritas. Eu não sou um monge desapegado de tudo, nem sou perfeita, eu tenho os meus desejos. Achar que eu não deveria receber pelo que faço é bobagem. Aventureiros são pagos, heróis são pagos, governantes são pagos, mesmo Reis e Imperadores são pagos por seus serviços. Afinal, é o povo que sustenta seus luxos. Por que eu não deveria ser paga? Por que sou mulher, uma princesa? Por isso devo me contentar apenas com gratidão que não colocaria comida em minha barriga ou me vestiria? Devo aceitar esmolas e doações para me sustentar?

Novamente, os presentes se sentiram incomodados; Riku precisava de respostas, respostas que serviriam a favor de suas opiniões.

- Você diz que suas decisões mantêm as pessoas vivas e seguras, alguma dessas decisões foi contra o regime do Rei Feiticeiro.

- Sim.

- E o que aconteceu?

- Ela foi rejeitada; a vontade do Rei Feiticeiro é suprema e incontestável.

- Então o que foi decidido piorou a vida da população, eles sofrem.

- Não, pelo contrário, minha proposta foi rejeitada porque não abrangia todo o escopo necessário ao reino. A decisão do Rei Feiticeiro fez isso; ela não trouxe apenas vantagens imediatas para a população, mas abriu toda uma gama de novas opções que eu não podia vislumbrar. Seu reino agora se tornará muito mais próspero. Ninguém se compara ao Rei Feiticeiro.

Alguns estavam indignados com tal afirmação; então, para Renner, já era hora de tomar as rédeas e encerrar este interrogatório.

- Senhores, acho que não é preciso dar mais voltas no assunto. Os senhores querem saber se a população sofre oprimida? Não! Todos são felizes? Não! É impossível agradar a todos, mas com certeza eles têm vidas melhores do que antes. Ainda assim, as pessoas têm medo? Sim! Medo do que pode acontecer, medo de que suas vidas terminem, de que seus filhos não possam crescer em paz. Eles têm medo da guerra que as ações do Rei Feiticeiro possam causar; eles têm medo de vocês. Então eu pergunto, eu estou mentindo, senhor Aganéia?

...

Nota do autor

Sobre o fato de o feitiço de detecção de maldição não perceber que Renner é um demônio.

Bem, isso acontece comigo porque ela não está amaldiçoada, ela mudou de raça devido a um feitiço, é diferente do que aconteceu com Leinas.

Se o feitiço detectasse sua raça agora, provavelmente um demônio apareceria, mas não é para isso que serve.