Capítulo 22
"How can one be down? Tell me where to start,
'Cause every time you smile I feel tremors in my heart1"
Sittin'up in my Room, Brandy
Cumprindo o que combinara, Jaime voltou para buscá-la algumas horas depois de deixá-la em casa e, ao entrarem na boate que Brienne escolheu, por um segundo, ele se perguntou o que estava fazendo ali. Além das memórias que ambientes assim lhe traziam, sentia-se um velho cercado de jovens e adolescentes. Estava totalmente deslocado naquele ambiente. Brienne, por outro lado, parecia conhecer os seguranças e o barman, que chegou a flertar com ela, apesar de ver que a jovem estava acompanhada; o que irritou Jaime um pouco.
Contudo, não teve muito tempo para se dedicar a este sentimento, pois Brienne o segurou pela mão e o puxou em direção à pista de dança. Jaime estacou no meio do caminho e fez com que ela parasse também antes de puxá-la para um canto.
— Não sei se essa foi uma boa ideia — ele falou num tom de voz mais alto para que ela pudesse escutá-lo por cima da música.
— Foi ideia sua — a jovem respondeu rindo.
— Eu sei, mas só agora percebi que já estou velho demais pra isso.
Brienne o encarou com ceticismo e aproximou seus lábios do ouvido dele para não precisar gritar.
— Não acredito em você, Lannister — afirmou antes de voltar a puxá-lo pela mão, e logo estavam no meio da pista de dança e Brienne se movia no ritmo da música, obrigando-o a acompanhá-la.
Jaime não conhecia a música e não sabia exatamente como dançar aquele ritmo que era novo para ele, porém, observando as pessoas ao seu redor, conseguiu dar alguns passos. Era um ritmo que o compelia a se mover e, aos poucos, sentiu-se mais confiante com a dança e se deixou levar, seguindo os passos de Brienne e aproximando mais seu corpo do dela.
Sem que nenhum dois tivesse notado, a proximidade entre eles era tanta, que se esbarravam a cada movimento que faziam. E, quando uma música mais lenta começou a tocar e Brienne tentou sair da pista, Jaime teve apenas que enlaçá-la pela cintura para impedi-la.
— Onde a senhorita pensa que vai? — falou ao pé de seu ouvido, fazendo-a se arrepiar.
— Estou com um pouco de sede — respondeu tentando disfarçar o que a proximidade dele lhe causava.
Era bom que tivessem acabado de dançar duas músicas agitadas, pois assim Jaime creditaria sua falta de ar à dança, e não ao fato de seus corpos se tocarem.
— Acho que você aguenta mais uma ou duas músicas, não? — ele indagou num tom divertido, roçando levemente sua barba no rosto dela, antes de voltar a encará-la. — Afinal, o idoso aqui sou eu.
Agora que estavam tão perto, Brienne podia ver, em detalhes, as sardas no rosto dele.
— Claro — a jovem replicou ao notar o olhar indagador que ele lhe lançava.
Em seguida ela envolveu o pescoço dele com os braços e pousou a cabeça em seu ombro, acabando com o pouco espaço que havia entre eles. Com o rosto escondido desse jeito, sentia o cheiro bom que vinha dele e se sentiu ainda mais perturbada, no entanto, assim teria tempo de recuperar um pouco sua presença de espírito e tentar acalmar as batidas de seu coração. Não podia deixar que ele notasse que sua vontade, naquele momento, era beijá-lo.
— Preciso admitir que a música aqui não é ruim — Jaime comentou quando se sentaram a uma mesa numa área onde a música não estava tão alta —, mas isso não quer dizer que eu deixei de achar a maioria das músicas atuais um lixo.
— O nome desse estilo é charme, embora também toquem pop e hip hop aqui — ela explicou afastando os fios de cabelo que grudavam em sua testa. — E eu ainda vou convencê-lo de que não são a maioria — prosseguiu mostrando a língua para ele, brincalhona.
— Veremos — Jaime respondeu mantendo seus olhos fixos na boca dela e fazendo-a se arrepender de seu gesto infantil.
Aparentemente ele nunca se cansava de deixá-la constrangida; ou simplesmente não notava que o fazia.
— De qualquer forma, fico feliz que tenha me convencido a ficar.
— Até parece que eu ia deixar você ir embora simplesmente porque se acha velho demais pra dançar — ela falou sacudindo a cabeça. — Você não é velho.
— Não sou? — ele indagou rindo e quase se engasgando com sua bebida. — Pelo amor de Deus, Brienne, eu sou bem mais velho que você. As pessoas aqui devem pensar que somos um casal e que você é maluca por estar com alguém tão velho. — Brienne caiu na gargalhada.
— É claro que não pensam isso. Você parece mais um artista de cinema. Bonito do jeito que é, devem pensar que estou te chantageando pra que saia comigo. Além disso, você não aparenta ter a idade que tem e eu não acho que a diferença seja tão grande assim. São só oito anos — ela completou sorrindo e mexendo os ombros no ritmo da música que tocava.
A jovem acabara falando mais do que pretendia e, nem sequer poderia colocar a culpa na bebida, já que, pensando em Jaime, ela se mantivera longe de bebidas alcoólicas. Jaime agradecia o fato de o ambiente não ser tão iluminado, pois assim pôde esconder o sorriso de satisfação ao ouvir que Brienne o achava bonito e que não o considerava velho demais para ela.
— Vou pegar uma água — Brienne falou levantando-se abruptamente. — Você quer alguma coisa?
— Uma água também — foi a única coisa que Jaime conseguiu proferir antes que ela se afastasse de maneira apressada.
Ele suspirou e começou a pensar se fizera algo que desencadeara aquela reação, porém seus pensamentos foram interrompidos quando o celular dela vibrou sobre a mesa e uma mensagem surgiu na tela.
Renly:
O que está fazendo hoje, Bri?
Estou morrendo de saudades! Amo você!
Foi impossível a Jaime deixar de ler aquela mensagem e se irritar com seu conteúdo. Na conversa que tiveram mais cedo, Brienne afirmara que Renly era apenas um amigo, no entanto, aquela mensagem parecia indicar que havia algo mais entre eles; talvez bem mais do que ele poderia imaginar.
Jaime começava a se martirizar por ter ficado tão contente alguns minutos atrás quando ela dissera que ele era bonito. Isso não significava que a jovem considerava se envolver com ele, era apenas um elogio. Provavelmente ela era apaixonada por esse tal de Renly e, aparentemente, ele sentia o mesmo por ela. Quando Brienne voltou, Jaime estava com o cenho franzido.
— Está tudo bem? — ela perguntou encarando-o de maneira confusa.
— Está sim — respondeu disfarçando seu descontentamento e decepção.
Ela não tinha culpa se suas ilusões o levaram a acreditar que algum envolvimento entre eles era possível.
— Que tal dançarmos mais um pouco? — perguntou pegando a água que ela lhe entregava e bebendo quase toda a garrafa de uma vez.
Brienne assentiu assim que acabou de beber metade da sua garrafa, sem fazer ideia do que se passava na mente e no coração de Jaime.
Ele decidiu que não deixaria a mensagem que leu afetar a noite deles, mas faria daquela noite uma espécie de despedida daquelas ideias e pensamentos a respeito de Brienne. Seguiriam com suas aulas normalmente, no entanto, ele teria que encontrar uma maneira de tirá-la de sua cabeça.
1 "Como alguém pode ficar triste? Me diga por onde começar,
Pois toda vez que você sorri, sinto tremores no meu coração". Tradução Livre.
