Capítulo 24
"And all I've seen since eighteen hours ago
Is green eyes and freckles and your smile
In the back of my mind making me feel like
I just want to know you better now1"
Everything has Changed, Taylor Swift & Ed Sheeran
O fato de admitir para si mesma que estava apaixonada por Jaime não tornava as coisas mais fáceis para Brienne. Pela primeira vez, em muito tempo, ela estava confusa, pensando no que deveria vestir e como deveria agir perto de alguém. E esta, definitivamente, não era uma sensação agradável; não de todo. A jovem passara o fim de semana inteiro pensando nos acontecimentos da última sexta-feira e em como a atitude de Jaime mudara repentinamente no meio da noite.
Depois que ela fora buscar aquelas garrafas de água ele continuou agindo de maneira gentil e amistosa, porém não a encarava mais e, mesmo enquanto dançavam, parecia distante.
Brienne acreditava que talvez ele estivesse arrependido de ter contado as histórias sobre seu passado ou de tê-la convidado para sair. Ela sabia que aquela situação não era um encontro, se tratava apenas de dois amigos que tinham ido dançar juntos, assim como ela fazia com Renly. No entanto, ele poderia acreditar que ela planejava que desenvolvessem algo mais; o que, no fundo, não era mentira. A questão é que ela jamais se atreveria a colocar isso em palavras ou em ações sem ter certeza de que ele sentia algo minimamente parecido.
Durante a primeira metade da noite, chegara a cogitar a possibilidade de que ele gostasse dela também, devido aos olhares e sorrisos que trocavam. Inclusive, houve momentos em que acreditou que Jaime a beijaria, pela forma que olhava para sua boca ou pela maneira que a envolvia em seus braços. Porém acabou concluindo que vira apenas o que queria; e agora precisava encontrar uma maneira de continuar agindo normalmente, mesmo estando ao lado de uma pessoa que a desarmava com apenas um sorriso. Esperava que tudo corresse bem, não apenas pelas aulas que ainda teriam pela frente, mas também pela amizade que começavam a construir.
A aula daquele dia começou da mesma forma que as anteriores, excetuando-se pelo fato de que Brienne pôde notar que Jaime não conseguia se concentrar totalmente no que fazia. Ele lhe explicava a mesma coisa mais de uma vez, e cada vez que seus dedos se esbarravam por algum motivo, engolia em seco, como se a presença dela o incomodasse, porém ele não parecia querer falar sobre o assunto.
A jovem pensara que ela seria a pessoa mais deslocada no estúdio naquele dia, mas nem sequer precisara disfarçar qualquer tipo de estranhamento de sua parte, pois Jaime aparentava estar com os nervos à flor da pele e fazia de tudo para se manter afastado.
— O que está acontecendo, Jaime? — ela perguntou, por fim.
Baixou o saxofone, levantou do banquinho onde estava e se posicionou de forma que ele fosse obrigado a encará-la.
— Sei que deve se sentir um pouco constrangido por conta das confissões que fizemos um ao outro na sexta-feira, mas somos adultos. Não há razão para que nada mude entre nós.
Jaime abriu a boca, voltou a fechá-la e suspirou antes de tentar se afastar da jovem novamente; contudo, Brienne segurou seu braço e o impediu.
— Não é isso, ok? — ele falou olhando para a mão que pressionava seu braço.
— Então o que é? — a jovem insistiu angustiada. — Obviamente alguma coisa aconteceu e acho que, a essa altura, conhecemos um ao outro o suficiente e somos capazes de nos ajudar.
Mesmo que tivesse passado o fim de semana todo pensando nisso, Jaime ainda estava incerto sobre como deveria proceder. Cerrou o punho, olhou para o teto e, então, voltou a encará-la. Era agora ou nunca.
— O Renly é só um amigo mesmo ou há algo mais entre vocês? — questionou ficando vermelho.
Brienne, que não esperava esta pergunta, o fitou boquiaberta.
— Do que estamos falando exatamente? O que o Renly tem a ver com isso? — perguntou confusa.
— Tudo — Jaime replicou dando um passo à frente e Brienne deu um passo para trás, pois do jeito que estavam, seus rostos estavam quase se tocando. — Eu vi a mensagem que ele enviou quando estávamos naquela boate.
Ela semicerrou os olhos e ele ergueu os braços como se estivesse se rendendo.
— Sei que não foi correto, mas não tenho culpa se a mensagem pulou no meio da tela do seu celular.
A jovem pousou o saxofone sobre o piano e cruzou os braços, indignada.
— Mesmo que isso seja verdade, não explica o que está acontecendo aqui — ela falou fitando-o como se estivesse louco. — O que o Renly tem a ver com qualquer coisa? É só um amigo que me mandou uma mensagem.
— É mesmo? — Jaime perguntou franzindo o cenho. — Porque aquela não me pareceu a mensagem de um simples amigo. Pareceu...
— Jaime, você está agindo como se estivesse com ciúmes — Brienne falou com os olhos arregalados, embora uma pequena centelha de esperança começasse a brotar em seu peito.
— Pareço, não é? — comentou como se nem mesmo ele acreditasse em que ponto as coisas chegaram. — Talvez eu esteja mesmo — respondeu terminando com o espaço que havia entre eles.
Brienne arregalou os olhos e tentou se afastar, mas Jaime a impediu, segurando-a pela cintura.
— Há algo além de amizade entre vocês dois?
Brienne encarou os olhos verdes à sua frente e percebeu que estavam ainda mais bonitos naquele dia. Jaime não sabia em que parte do rosto dela focava sua atenção, porém a boca estava ganhando por conta do sorriso de canto que a jovem deu. Logo em seguida ele voltou a fitar seus olhos para confirmar se ela zombava dele com aquele sorriso enigmático ou não.
— Me responda, Brienne, por favor — aquele pedido soou como a súplica de um condenado, mas Jaime não se importava.
Não se lembrava de já ter se sentido tão inseguro quanto naquele momento; e Brienne sentiu-se culpada por torturá-lo desta forma.
— Jaime... — ela sussurrou segurando o rosto dele com ambas as mãos, permitido que seus polegares explorassem sua barba suavemente. A jovem já não acreditava estar sonhando a respeito do fato de ele queria beijá-la. — O Renly é gay.
Demorou alguns segundos para Jaime assimilar a resposta dela, mas, quando o fez, abriu o sorriso mais bonito que ela já vira. Ele notou que desta vez era Brienne que não sabia se o encarava ou olhava para sua boca e a hipótese de que ela também se sentia atraída por ele, fazia seu sangue ferver.
Quando os olhos da jovem mais uma vez se desviaram para sua boca, Jaime não resistiu e a beijou de maneira sôfrega; comprovando que aquele beijo que imaginara tantas vezes, era mil vezes melhor na realidade.
1 "E tudo o que eu vejo desde dezoito horas atrás
São olhos verdes e sardas e seu sorriso
No fundo da minha mente me fazendo sentir que
Eu apenas quero conhecê-lo melhor agora". Tradução Livre.
