Capítulo 25
"I don't care if I know just where I will go
'Cause all that I need is this crazy feeling
A rat-tat-tat on my heart; think I want it to stay1"
City of Stars, Ryan Goslling & Emma Stone
Jaime prolongou aquele beijo pelo máximo de tempo que conseguiu. Era algo que vinha desejando há tanto tempo, que não queria que terminasse nunca, mas, infelizmente, chegou o momento em que precisou afastar seus lábios dos de Brienne em busca de ar. A jovem estava com os olhos fechados e era possível notar que estava tão envolvida pelo momento quanto ele.
— Você não faz ideia do quanto eu esperei pra fazer isso — ele sussurrou beijando o rosto dela e voltando a alcançar seus lábios. — Acho que desde que te encontrei pra devolver aquele caderno tenho me esforçado pra me manter longe de você. Ou talvez, até mesmo desde a primeira vez em que te vi. — Brienne sorriu em meio a mais um beijo.
— Eu duvido muito disso — ela respondeu rindo, afastando seus rostos levemente para poder encará-lo.
Suas mãos agora estavam apoiadas no peito dele.
— Nas duas primeiras vezes em que a gente se viu era mais provável que você tentasse me matar — ela prosseguiu e Jaime riu também.
— Nunca vou concordar com essa versão da história — ele replicou passando o polegar pela bochecha dela, abaixo de seu olho. — Alguém já disse que seus olhos são as coisas mais lindas desse mundo, Brienne? — ele questionou num tom embevecido. — Estes olhos foram as primeiras coisas que me chamaram a atenção quando nos conhecemos; e eu jamais poderia descrever o quanto eles são bonitos e gentis. Desde o primeiro momento, eu sabia que eles seriam minha perdição.
Os olhos de Brienne ficaram levemente marejados ao ouvir aquelas palavras. Ela já ouvira muitos comentários pejorativos nos quais lhe diziam que seus olhos eram a única coisa que se salvava nela, porém era evidente que as palavras de Jaime não se enquadravam na mesma situação.
Ele olhava para ela como se estivesse diante de algo precioso; e este era o tipo de olhar que Brienne acreditava que nunca veria sendo direcionado a ela. Não neste tipo de situação.
— Não brinque comigo, Jaime — ela pediu, sentindo-se um pouco assustada. Era demais para assimilar de uma vez.
— Eu nunca faria isso e, se fosse mentira, não teria quase enlouquecido por causa de uma mensagem.
Brienne acabou rindo ao mesmo tempo em que chorava. Era incrível que uma simples mensagem de seu melhor amigo tivesse proporcionado aquele momento.
— O Renly vai adorar saber que uma mensagem dele te causou tanto ciúme — ela falou limpando seu rosto antes de segurar a mão de Jaime. — Há tempos ele está me atormentando pra que eu admita que gosto de você.
— E você não gosta? — ele perguntou com um sorriso malicioso envolvendo-a com seu braço direito, impedindo-a de se afastar. — Me pareceu que gostava bastante durante aquele beijo.
— Não seja presunçoso, Lannister — Brienne respondeu envolvendo-o pelo pescoço. — Você beija bem, não posso negar, mas isso não quer dizer que eu gosto de você.
Jaime começou a tecer beijos pelo pescoço dela, sem deixar de sorrir.
— Tem certeza de que foi só por isso que me correspondeu?
Cada palavra que Jaime dizia era intercalada por mais um beijo; e a respiração dela se acelerava cada vez mais.
— Certeza absoluta?
— Pare de me torturar, Jaime — ela falou tentando fazer com que ele se afastasse de seu pescoço e a beijasse na boca, o que ele não fez.
— Vou parar assim que começar a dizer a verdade — ele insistiu com os lábios a milímetros dos dela.
Brienne bufou e estreitou os olhos na direção dele.
— Você é incrivelmente irritante, sabia?
— E sedutor também. — Ela revirou os olhos e ele riu mais ainda, antes de beijar o canto da boca dela. — Admita que gosta de mim assim mesmo.
— Na verdade é uma relação de amor e ódio — Brienne respondeu tentando soar o mais séria possível, embora Jaime pudesse notar que ela estava brincando. — Tem horas em que quero te matar, e há momentos em que me considero a pessoa mais sortuda do mundo por ter conhecido você. Ainda estou indecisa a respeito de qual lado está ganhando.
— Então vou ter que me esforçar pra te convencer do quanto é sortuda.
O beijo que ele lhe deu desta vez era mais selvagem e brusco. Um beijo com o qual Jaime tentava demonstrar como os sentimentos que tinha por ela eram fortes; e que não se tratavam de um mero capricho. Ele estava apaixonado e isso não mudaria.
— É bom que ainda haja bastante tempo pra isso — ele prosseguiu e aquelas palavras a despertaram para algo que havia esquecido.
— Na verdade, não temos tanto tempo assim. Pelo menos, não hoje — Brienne disse antes que ele a beijasse mais uma vez.
— O quê? Por que não? — Jaime indagou com uma expressão de desagrado. — Sei que ainda teríamos alguns minutos de aula, mas meia hora a menos não causará tantos danos; e eu acho que realmente mereço mais alguns beijos depois do péssimo fim de semana que tive.
Brienne riu e se afastou alguns metros dele para que pudessem dialogar. A proximidade de Jaime e o toque dele em seu corpo a faziam esquecer qualquer pensamento lúcido.
— Meu pai marcou um jantar com um amigo hoje e faz questão que eu esteja presente. O filho desse amigo vai junto com ele e meu pai quer nos apresentar. Aparentemente, temos muito em comum e eles acham que podemos ser amigos — ela explicou. — Então, tenho que ir embora daqui a pouco, mesmo que prefira continuar aqui.
Apesar de gostar de ouvir que Brienne gostaria de permanecer com ele, Jaime não gostara de saber daquele jantar. Isto não lhe soava nada bem.
— Então seu pai quer te apresentar ao filho de um amigo... — comentou erguendo uma sobrancelha. — Por que será que isso me soa como um encontro?
A jovem não havia pensado nas coisas por este ângulo até então, mas sabia que era bem provável que este fosse o intuito de seu pai. Ele, assim como Renly, acreditava que ela fazia de tudo para se isolar e não estava satisfeito com isso. Sempre afirmava que ela precisava de mais amigos ou, até mesmo, um namorado.
— Não é um encontro, Jaime — ela afirmou com convicção.
Não importavam as suspeitas que tinha a respeito do assunto, Jaime não precisava de mais uma razão para ficar enciumado.
— Eu acho que está bem claro que essa é a intenção do seu pai. Nem você pode negar — ele contestou emburrado.
— Mesmo que seja, ele não sabe que eu já gosto de alguém. Se soubesse não planejaria algo assim. — Jaime voltou a sorrir e tentou se aproximar dela, entretanto, Brienne voltou a se afastar, deixando o piano entre eles.
Se ele começasse a beijá-la de novo, acabaria perdendo aquele jantar com certeza e depois teria que ouvir um sermão de seu pai.
— Esse cara de quem você gosta deve ser realmente incrível pra conquistar uma mulher tão difícil — ele disse apoiando-se contra o piano. — Ainda assim, não acho que ele fique feliz com a ideia de ter um rival.
— Ele é bem idiota, na verdade — ela replicou sorrindo. — Ainda mais se acredita que tem um rival.
— Touché — Jaime comentou com uma risada baixa. — Mas, em minha defesa, ainda não ouvi falar de um homem apaixonado que não se torne um pouco idiota; e eu estou apaixonado, Brienne. Então você vai ter que me dar um desconto.
O coração da jovem começou a palpitar novamente e, dessa vez, quando ele se aproximou, ela não se afastou.
— Você precisa confiar em mim — ela falou num fio de voz.
— Eu confio. Acho que nunca confiei tanto em alguém, além do meu irmão, é claro. — Ele segurou a mão dela e a apertou levemente. — Prometa que amanhã o dia será inteiramente nosso — Jaime pediu erguendo a mão dela para beijá-la. — Podemos fazer o que você quiser, almoçar fora, passear pela cidade... Desde que estejamos juntos, não me importa.
— Eu prometo — Brienne respondeu beijando a mão dele também antes de encostar suas testas. — Prometo.
— Ótimo — ele disse e em seguida verificou a hora em seu relógio de pulso. — Pelo que me lembro você disse que iria embora apenas daqui a pouco, então isso significa que ainda nos resta alguns minutos juntos. — Ela também olhou para o relógio sorrindo.
— Acho que ainda temos cerca de vinte minutos.
— Não é muito, mas vou fazer cada segundo valer a pena.
Jaime a colocou sentada sobre o piano e voltou a beijá-la. Tinham que aproveitar aqueles minutos ao máximo.
1 "Eu não me importo se sei para onde vou,
Pois tudo o que eu preciso é desse sentimento louco
Um rat-tat-tat no meu coração; acho que quero que ele permaneça". Tradução Livre.
