A campainha tocou e não iria me levantar, apenas continuei comendo enquanto via Bastian se levantar do seu lugar e ir até a porta.

_ Por que você está com a sua bolsa? Irá sair? - Era tão comum ficar com a minha bolsa que nem me lembrei de deixá-la no quarto.

_ Não, apenas gosto de tê-la por perto.

_ Querida. - Apareceu na porta. _ É melhor vocês me acompanharem. - Estranhei, mas limpei minha boca e corri até a sala, vendo o motivo.

Nunca pensei que veria Dumbledore justo hoje, porém, devo ter sido uma menina boa nesses dias para ter a tão aguardada visita no dia que vim parar nessa casa.

Espero que ele não sinta magia das trevas no andar de cima, ou serei presa hoje mesmo... Espera!

Minha magia ainda está instável e com certeza ele sente isso, o que o faz entender que sou apenas uma criança fofa que tem magia instável devido à idade.

Porém, isso me levava em outra direção, ele seria aquele Dumbledore viajante do tempo? Esperava que não.

_ A senhorita deve ser a Leesa Granger, não é? - Certo, não é o viajante.

_ Sim, quem é o senhor? - Tombei a cabeça, mas Lisandra chegou antes que respondesse.

_ Por favor, sente-se, meu marido disse que tem algo importante para nos dizer. - Sentou-se e me sentei ao seu lado e agi tão naturalmente que não estranhei.

Acho que já me acostumei a ser uma intrusa nas vidas das pessoas, mas dessa vez não queria chamar essas pessoas de mamãe e papai. Entretanto, era obrigada a chamá-los assim.

Sentia nojo e repulsa estando ao lado deles, mas tinha que me acostumar, afinal, tenho que ficar por sete anos com eles.

Tirei esses pensamentos da cabeça e vejo Bastian se sentar na poltrona, observando o velho.

_ Desculpe-me por vir em um horário tão precoce. - Ainda bem que veio hoje. _ Mas sou um professor de uma prestigiosa escola, e venho informar que a senhorita Granger tem uma vaga garantida. - Entregou dois papéis para os meus pais.

Olhei para o papel da Lisandra e vi que explicava sobre Hogwarts, o que quase me fez sorrir.

_ Magia? Isso é uma piada? - Ficou irritado.

_ Sei que é difícil de acreditar, mas é verdade. - Deveria ter mudado certas coisas nas cabeças ocas dessa família. _ Sua filha é uma nascida trouxa, possuidora de dons imagináveis.

_ Posso fazer magia? - Quase bati palminhas.

_ Não escute esse velho louco. - Ele realmente é velho e louco.

_ Mas...

_ Isso pode mudar um pouco a sua visão de mim? - Fez a xícara no centro da mesinha se transformasse em uma rosa.

_ Uau. - Devo virar atriz, seria uma das melhores.

Mas era cansativo fingir ser uma criança pura e sorridente, isso não é comigo, ou apenas não conseguia ser mais assim devido às circunstâncias.

_ Como é possível que isso exista? - Foi até a rosa e a tocou, deslizando as unhas feitas e limpas pelas pétalas.

_ Somos bruxos e temos uma comunidade inteiramente mágica. - Agarrei a poltrona. _ Sua filha tem esse dom e como falei, ela tem uma vaga para a melhor escola de magia e bruxaria.

_ Temos que pagar alguma matrícula? - Esse homem é uns dos meus. _ Onde podemos comprar os materiais? - Aceitou tão bem... Bom, depois de uma xícara virar uma rosa, até eu acreditaria.

_ Sobre os materiais, você consegue tudo no Beco Diagonal. - Entregou a carta para a mulher que estava mais perto e ela abriu quase rasgando o conteúdo.

_ Penas, tinta, pergaminhos, caldeirões e até mesmo uma varinha. - Riu e entregou a carta para o seu marido. _ Isso é totalmente inacreditável.

_ Mas é muito real, senhora Granger. - Ele tem uma lábia ótima. _ A sua filha é uma bruxa e poderá fazer feitos inacreditáveis em nosso mundo, e sobre a matrícula, ela não existe. - Pelo menos isso não mudei. _ A escola é totalmente de gratuita e se os senhores não tiverem condições de pagar os materiais, ajudamos com isso.

_ Incrível. - Acho que todo mundo gosta de saber que podemos ganhar coisas de graça.

_ O que acha? Devemos aceitar isso? - Perguntou para a sua esposa que lia mais uma vez o papel.

_ É seguro? - Nunca pensei que essa família poderia ser amável. _ Aqui está falando que ela ficará de setembro até junho na escola e só voltará em datas importantes.

_ Não existe um lugar mais seguro que Hogwarts. - Quase ri. _ Dou a minha palavra. - Sorriu bondoso, mas observou meu broche, franzindo o cenho. _ Seu broche é muito fofo, senhorita.

_ Obrigada, senhor. - Toquei os broches, pensando que ele deveria ter alguma assinatura mágica ou algum "G" pequeno que me dedurasse.

Porém, lembro que não existia nada disso, então será que era pelo design? E se for? O que devo fazer para que isso não arruíne meu disfarce?

_ Ela cismou que queria um broche de coelho e tive que comprar. - A mulher contou e isso me salvou de um problema maior, ou talvez não.

_ O senhor poderia me explicar onde fica esse Beco Diagonal? - Bastian já sabia que a resposta de sua pergunta era um sim.

Então já posso comemorar? Será que já posso pular no sofá como uma louca? Depois de anos estudarei em Hogwarts, o lugar que construí e que sempre quis estar.

Nem mesmo prestei atenção no velho, explicando sobre o Beco ou na Lisandra que me entregou a folha que dizia sobre Hogwarts.

Apenas pensava em qual casa estaria, será que iria para Corvinal? Mesmo não gostando de enigmas, talvez fosse uma excelente corvina, mas isso me lavaria a ser uma boa Lufana, já que sou educada com todos que me respeitam.

Não, talvez eu seja da Grifinória, eles são pessoas de sangue quente e me ajudaria muito a ser a menina da luz que desejo ser.

Porém, a Sonserina me ajudaria a cuidar daquela peste e poderia me transformar em uma boa garota que não tem estereótipos da Sonserina.

Suspirei e parei de pensar nisso, apenas deixaria o senhor seletor me selecionar.

Voltei meu olhar para o panfleto que não dizia sobre as casas, mas estava dizendo sobre as disciplinas que existia na grade horária dos primeiros anos.

_ Bom, irei agora. - Levantou-se e arrumou suas roupas, transformando a rosa em xícara. _ Espero que vocês fiquem bem nessas semanas que faltam para a senhorita Granger se ingressar em Hogwarts.

_ Irei nesse ano? - Não fingi confusão, pensei que essa criança tivesse nascido em 1925 e não 1924.

_ Sim, encontro você no dia primeiro de setembro. - Sorriu para todos e se despediu de nós.

_ Levarei o senhor até a porta. - A mulher disse e se levantou.

_ O que acha? - Bastian me perguntou. _ Quer estudar nessa escola? - Que pergunta idiota.

_ Sim. - Falei animada e não fingi isso. _ Ou não posso?

_ Claro que pode, se você quer. - Guardou a carta e o papel em seu bolso do paletó, se levantando. _ Vá escovar os dentes, iremos hoje nesse tal de Beco Diagonal.

_ Sério? - Perguntei ansiosa. _ Ok, já volto.

Deixo o papel em cima do sofá e corro para o segundo andar para escovar os dentes. Quando cheguei no banheiro, vejo que a escova roxa não estava lacrada e não tinha nenhuma lacrada no armário do banheiro.

Mas tudo bem, carregava uma escova roxa na minha bolsa e não demorei muito para encontrar e jogar a escova antiga da "Leesa" na bolsa, já que não podia simplesmente jogá-la no lixo, o que certamente chamaria a atenção para algo errado.

E bom, não tinha mais nenhuma gota de magia em meu corpo, então não poderia queimar a escova.

Suspirei, e tirei a embalagem, a colocando na minha bolsa. Começo a escovar os dentes e coloquei escova no armário.

Saio do banheiro e desço a escadaria, indo até a sala e espero a mulher colocar os sapatos.

_ Já está pronta? - Não me olhou, mas não me importei.

_ Sim. - Arrumei a bolsa e tirei alguns pelinhos do meu vestido.

_ Ok, vamos. - Levantou-se e foi até o cabideiro, colocando seu chapéu e luvas. _ Seu pai disse que devemos trocar o nosso dinheiro. - Não me lembro de o velho ter explicado isso.

Talvez tenha explicado e apenas não quis saber, mas meu cérebro apagou essa conversa nada interessante, o que me fez ter uma expressão desentendida perfeita.

_ Por quê? - Mas odiava ser uma pessoa burra, apenas queria ter um pouco mais de magia para fazer um Imperius.

_ O dinheiro não serve para comprar as suas coisas. - Uma ótima explicação.

_ Estão prontas? - Pegou o chapéu e ajeitou o terno cinza.

_ Vamos. - Saímos de casa e entramos no carro, que era até mesmo confortável.

_ É muito longe? - Sentou-se ao meu lado, o que me fez estranhar um pouco, mas acho que era para me proteger, já que nessa época não existia cinto de segurança.

_ Não, é algumas quadras daqui. - Suspirei e fiquei observando a paisagem enquanto o carro andava.

_ Você trocará o dinheiro enquanto vamos ver as coisas? - Péssima ideia.

_ Sim, acho que consigo fazer isso. - Coitado, vai acabar se assustando com os duendes, ou ele fará que eu perca a amizade deles...

_ Acho melhor irmos com o papai, pode ter coisas estranhas nesse lugar. - Bastian me olhou pelo retrovisor e concordou.

_ A nossa pequena está certa. - Essa foi a última conversa que teve antes de chegarmos ao nosso destino.

E lá estava a famosa entrada para o Beco, Caldeirão Furado, e mesmo já conhecendo esse lugar como ninguém, ainda me sentia como uma criança vendo um lugar estranhamente magico.

Até mesmo queria correr e entrar naquele estabelecimento que teria um cheiro excêntrico demais para essas pessoas.

_ Tem certeza de que é aqui? - Abriu a porta e saiu. _ Parece mais uma loja velha do que um bar. - Sai do carro e observei ao redor, enquanto a mulher fechava a porta.

_ Mas vejo um bar. - O homem estranhou. _ Está escrito Caldeirão Furado, não conseguem ver? - Apontei para o bar, mesmo sabendo que eles não veriam.

_ Se a nossa pequena consegue ver, ela irá nos guiar, o que acha? - Não esperou minha resposta e segurou minha mão, atravessando a rua que não era muito movimentada.

Olhei para trás e a mulher vinha com passos pacíficos, enquanto observava ao redor com um pouco de nojo no olhar, mas não foi expresso em palavras.

Mas o homem ao meu lado estava mais interessado no mundo desconhecido do que pela aparência em si, o que me fez ter um pouquinho de apresso por ele.

_ Então... - Iria parar, mas apenas puxei os dois para o estabelecimento. _ Acho que realmente é um bar.

_ Formidável. - Continuamos indo para a entrada do Beco, sendo seguidos pelos olhares. _ Como passaremos...

_ São trouxas? - Olhei para trás e vejo o dono do bar. _ Imagino que a garotinha seja uma das novas alunas de Hogwarts. - Foi cortes e não me lembro de tê-lo conhecido em uma das minhas visitas ao Beco.

_ Sim, senhor. - Sorri. _ Como que entra? - Tombei a cabeça e continuei sendo uma coisinha fofa e nada diabólica.

_ Bem simples, tem uma sequência nesses tijolinhos.

Fez a sequência e prestei atenção na sequência, afinal, tinha que vir aqui mais vezes e não posso ficar esperando uma mulher com seus filhos para fazer a sequência.

Mesmo que eu possa apenas aparatar para o Beco, queria saber da sequência.

_ Viu? - A passagem deu lugar para um mundo que sempre amei.

_ Isso é tão mágico. - Lembro da primeira vez que vim aqui.

Ainda não estávamos sendo caçados, podíamos sair e amava essas ruas tortas que podia correr sem medo das pessoas da luz ou de ser repreendida por aquele velho.

_ Isso é apenas o começo. - Ele tinha razão, isso era apenas o começo, o começo de tudo e talvez até da minha vida.

Passamos pela passagem e a multidão continuava horrorosa, mas apenas tentava pensar positivo, já que não queria que ninguém me reconhecesse, mesmo que na escola alguém poderia...

Respirei e me lembrei o motivo de odiar agosto, esse lugar virava o inferno.

_ Não, você não vai comprar mais uma coruja. - Olhei para o lado e era uma menina brigando com outra.

_ Mas eu quero! - Querer não é poder.

_ Então, qual lugar devemos ir? - A mulher sussurrou.

_ Ao banco. - Apontou para aquele lugar torto e majestoso.

_ Então vamos lá. - Continuamos caminhando.

Mas a mulher observava todos em sua volta, como se estivéssemos em uma apresentação de circo, mas como poderia informar que nem todos usavam essas roupas?

Pelo menos o Bastian era alguém mais centrado, mesmo que eu esteja com um pouquinho de medo dele contar sobre nós para as autoridades.

Mas isso era para outro momento, já que chegamos no nosso destino.

Entramos no banco e ele tremeu, fazendo todos os duendes me olhassem, mas dessa vez não teve a mesma algazarra de antes. Apenas acenaram para mim e continuaram aos seus afazeres.

_ O que seriam essas coisas? - Ficou atordoada e apertou minha mão.

_ Acho que são duendes. - Não gostei do tom de voz dela.

Mas o que poderia fazer? Ela é trouxa, e eles são insensíveis com tudo que desconhecem.

Porém, antes deles falarem alguma coisa, tomei as rédeas da situação e ainda me martirizava por escolher essa família.

_ Bom dia, senhor duende. - Olhou-me de cima a baixo, me fazendo recordar desse duende. _ Queríamos saber como trocamos o nosso dinheiro.

_ Temos uma taxa para isso. - Foi ríspido e quase pensei que ele me odiava por algum motivo.

_ Tudo bem. - Bastian disse.

_ Quanto vocês querem trocar? - Não prestei atenção nisso, mas fique observando o lugar.

Encontrando Caspra e Kenny, me observando e apenas acenei, mas Kenny iria falar o meu nome, porém, Caspra o empurrou e acenou para mim, sumindo daquele lugar.

Caspra era muito inteligente, gostava e odiava dele.

_ Só um minuto. - O duende falou enquanto pegava o dinheiro que o Bastian entregou.

_ Uma facada doeria menos. - Guardou a carteira. _ Quase pensei que estava sendo roubado, os juros são altíssimos nesse lugar. - Observou o local. _ Talvez entenda o motivo. - Suspirou. _ Aquilo é ouro? - Era uma pergunta retorica.

_ Querido, aquele senhor disse que se a gente não tivesse dinheiro...

_ Não, consigo pagar os materiais da nossa filha. - Teimoso. _ Isso só foi um pouco chocante e de última hora, mas resolverei, fique tranquila.

Bom, não sabia o quanto ganhava, mas a taxa desse lugar era realmente um absurdo.

_ Aqui. - Trouxe um saco de dinheiro e sabia que o dinheiro que Bastian deu não daria para um saco.

Eles pegaram do meu cofre? Não, eles não são nem loucos de fazerem uma atrocidade dessas, eles não queriam morrer, ou queriam?

_ Uma pessoa de bom coração doou esse dinheiro para a primeira criança que viesse aqui. - Girou o saco e me mostrou o símbolo do meu pai, o que me fez sorrir.

Ele continuava me surpreendendo, mas a única coisa que queria saber era como ele fez isso em tão pouco tempo? Será que ele já tinha avisado os duendes que se eu aparecesse era para dar esse dinheiro aos meus "pais"?

_ Que pessoa generosa. - A mulher sorriu e realmente, ele era muito generoso. _ Agradeça a pessoa por essa gentileza. - O duende devolveu o dinheiro do Bastian que não reclamou.

_ Ele ficará feliz por saber de seus agradecimentos. - Zombou, mas eles não perceberam.

Bastian pegou o saco de dinheiro e o duende o diminuiu, o que era muito mais prático e até mesmo agradecia por isso.

_ Muito melhor. - Enfiou no bolso da calça.

_ Aonde vamos? - Olhei para todos os lugares e aquele em específico fez meu coração soltar do peito.

_ Varinha, quero comprar a varinha. - Realmente queria ir naquela loja, pensando na possível varinha que poderia conseguir.

Qual tamanho ela seria? Ela seria preta, marrom, estranha ou robusta? Para mim, tanto faz, só queria ter uma varinha para ser chamada de minha.

_ Ok, vamos lá. - Fomos caminhando e abrindo espaço na multidão e mesmo ficando irritada com a falação, não me abalei, estava feliz demais para isso.

Entramos na loja de varinhas e o cheiro de verniz era apreciado por mim, mas os móveis continuavam polidos e rústicos, porém, o senhor que não tinha cabelos brancos ainda, sorria atrás do balcão.

_ Um rostinho novo, tem muito tempo que não vejo um por aqui. - Aproximei-me do balcão. _ Qual sua mão dominante? - Seus olhos prateados demonstravam expectativa.

_ Essa. - Levantei a mão direita.

_ Lindo anel de coelho. - Realmente era. _ Vamos ver. - Fez meu braço ficar reto e o mediu. _ Tem uma mão talentosa, posso ver. - Foi até o final da loja e trouxe uma caixinha. _ Tente essa. - Era uma varinha comum. _ Trinta e cinco centímetros, flexível, madeira de Espinheiro-Negro e núcleo de fibra de dragão.

_ E o que devo fazer? - Fiquei com medo de assassinar outra varinha.

_ Apenas a balance. - Antes de balançar, confirmei se meu núcleo e minhas veias estavam bem para fazer esse tipo de coisa e sim, estavam.

Apenas não poderia fazer nenhum feitiço elaborado, o que não precisava no momento.

Respirei fundo e peguei a varinha, mas nem deu tempo de balançar e a varinha se partiu na minha mão.

_ Isso é normal? - Lisandra estava incerta.

_ Normal não é. - Tirou a varinha da minha mão. _ Ela deveria ter quebrado a vidraçaria ou bagunçado a minha loja, mas partiu a varinha. - Tinha um pequeno sorriso em seus lábios.

_ Posso tentar outras? - Girei o anel.

_ Claro, acharemos a sua varinha.

_ Obrigada. - Sorri e o vejo voltar para os fundos, pegando outra caixinha.

_ Maleável, 39 centímetros, madeira de Salgueiro Lutador e núcleo de serpente chifruda. - A cor da varinha era bege com algumas lascas em marrom. _ Tente.

Peguei a varinha, mas ela evaporou na minha mão... Isso vai demorar.

_ Impressionante. - Observou a fumaça que ondulava no ar. _ Já sei! - Sumiu novamente.

_ Isso é motivo de alegria? - O homem perguntou enquanto via a minha mão segurar o nada.

_ Talvez seja um caso raro. - Realmente era.

_ Podemos ficar aqui o dia todo, você conseguirá a sua varinha, querida. - Lisandra me consolou, o que me fez ficar um pouco surpresa.

_ Aqui. - Olívaras retornou com duas caixinhas.

Uma era vermelha aveludada e a outra era de um azul noturno, contendo estrelas em toda a sua estrutura e, elas brilhavam como se fossem reais. Isso era pó de estrela? Tão bonita.

_ Tente a qual você se sentir mais confortável. - Parecia muito feliz.

Deslizei meus dedos pela caixinha vermelha, mas sentia em meus ossos que não era dona dela e apenas a machucaria se a pegasse.

Então, sem pensar muito, abro a caixinha azul e o clique da caixinha fez o meu coração soltar do peito, quase me fazendo sentir dor.

Estava ansiosa e não dava para negar, parecia que essa varinha me chamava e apenas precisava aceitar esse chamado.

_ A caixinha é linda. - Sim, ela era linda.

Mas a varinha era ainda mais, ela era preta com sua madeira envolta de cristais arroxeados claros, porém, tinha pequenas coisinhas voando nos cristais, o que me fez lembrar do pó de estrela.

Mas a base, que deveria ser totalmente escura, tinha algumas lascas de madeira lilás, me lembrando da varinha que acabei "matando".

A ponta da varinha não era de cristal, mas o meio da varinha também não tinha cristal e sim, a madeira escura, porém, quase chegando perto da base tinha o cristal arroxeado.

Toquei e a peguei, sentindo um ar quente passar por mim e o cristal se tornou mais intenso, mas logo voltou ao normal. Isso era um sinal que ela me aceitava?

_ Parabéns, senhorita. - Pisquei algumas vezes sem acreditar. _ Ela tem 34 centímetros e é flexível. - Parei de prestar atenção na minha varinha e o fiquei o observando.

_ Não dirá sobre a madeira ou o núcleo? - Não estava entendendo mais nada.

_ Não posso falar algo que não sei. - Levantei a sobrancelha.

_ O que quer dizer com isso? - A mulher ficou confusa.

_ Quem fez essa varinha foi Salazar Slytherin. - Quase deixei a varinha cair. _ Um dos Fundadores de Hogwarts. - Quase ri, lembrando de todas às vezes que Salazar me disse que faria uma varinha perfeita.

_ Essa varinha era dele? - Negou, me fazendo apertar ainda mais a varinha.

_ Salazar fez essa varinha para uma pessoa muito especial para ele. - Meu coração tremeu. _ Nem mesmo a Morgana, a esposa do Salazar, conseguiu colocar as mãos nessa varinha.

_ Nossa. - Tento me recompor.

A varinha que dizia que seria para ele, era para mim... Salazar, você sempre está me ajudando e não fiz quase nada por você, mas espero que a sua vida tenha sido um pouco feliz.

_ A única coisa que sei que tem nessa varinha é sangue cristalizado de basilisco e pó de estrela. - Mas eu sei as suas especificações.

Mas queria saber qual é a memória que tem nessa varinha, será que um dia vou descobrir?

_ Quanto devemos? - Bastian perguntou.

_ A varinha veio de uma doação e nunca foi tocada, então é um presente. - Olhou-me e sussurrou. _ Senhorita, você pode fazer magia fora de Hogwarts com essa varinha, ela não tem o bloqueio. - Piscou para mim.

_ Você...

_ Não conheço e não devo conhecer, mas a história que diziam devo reconhecer. - Examinou as pessoas atrás de mim. _ Mas as duas varinhas antes dela valem 10 galeões cada uma.

_ Vinte. - Concordou e o homem tirou o dinheiro para pagar.

E fiquei o observando, Olívaras sempre foi tão estranho? Parece que ele sabe de tudo, mas, ao mesmo tempo, nada.

Será que se soubesse, ele me ajudaria a ter a minha varinha ou me negaria? Ou talvez ele vá ao ministério falar que uma viajante do tempo esteve ali?

_ Espero coisas grandiosas da senhorita. - Sorriu enigmático e ali tive a minha resposta.

Coloco a varinha na caixinha e a levo na mão.

_ Obrigada, senhor. - Ele não ligava para nada, apenas queria ser um expectador.

Então se ele não vai fazer nada, também não farei nada com ele.

Saímos da loja e fomos comprar uma coruja, mas queria saber como papai iria me entregar os meus bichinhos. Apenas não imaginava que seria em uma caixa.