A cada passo que dava, o ambiente ao meu redor parecia se encher de uma luz radiante, era como estivesse me acolhendo de volta com os braços abertos.

Mas com uma sensação de antecipação crescente, estendi a mão e empurrei suavemente a porta à minha frente.

No entanto, antes que pudesse dar mais um passo, um objeto inesperado voou em minha direção, forçando-me a me curvar rapidamente para evitar o impacto iminente.

Um sorriso involuntário curvou meus lábios enquanto observava o livro passar zunindo por cima da minha cabeça.

_ Você finalmente chegou! - Falou uma adolescente chorona. _ Sabe quanto tempo esperei por isso? - Ficou perto do meu rosto, me fazendo dar alguns passos para trás.

_ Milênios? - Peguei o livro do chão. _ Também senti saudades, Meli. - Poderia morrer com esse livro. _ E você mentiu para mim. - Estranhou e flutuou para trás.

_ O que menti?

_ A Debby não veio se despedir de mim. - Cruzou os braços.

_ Salazar a mandou pegar algo, mas ela se atrasou. - Ele poderia ter me avisado. _ Mas não se preocupe, ela está viva e bem. - Fiquei confusa, me aproximando da mesa que tinha ali.

_ Como?

_ Quando você foi embora, comecei a me sentir fraca e falei para os fundadores que conseguia ficar na ativa por pelo menos 10 anos.

Realmente tinha coisas que nunca saberia se não viesse parar aqui novamente.

_ Por isso que você deixou Marius descobrir o diário. - Sorriu e veio até mim. _ Mas isso não explica a Debby estar viva. - Deixei o livro na mesa.

_ Minha mestra! - Olhei para o lado e vejo a elfa. _ Quanto tempo. - Não mudou nada, parecia que tinha parado no tempo.

_ Muito tempo mesmo. - Sorri e a cumprimentei. _ Mas como está viva? - Encostei-me na mesa.

_ Melissa me ajudou a me colocar num sono profundo. - Arrumou o terninho fofo. _ Mas só acordei um ano atrás quando a senhorita chegou e ficou naquele ano.

_ Ah, compreendo. - Talvez a minha conexão com essa escola seja mais forte que pensei.

_ Também entrei em um sono profundo e só acordei um ano atrás. - Sentou-se no ar. _ Bom, se tivesse acordado antes, não deixaria o garoto pegar o diário, mas não tive forças para impedir. - Deu para perceber. _ Pelo menos fiz que a passagem do quarto dele se fechasse, mas me desculpe. - Inclinou-se para frente.

_ Tudo bem, já aconteceu. - Não quero voltar no passado e arrumar essa besteira. _ Mas a passagem dava aqui? - Concordou e me lembrei de algo. _ Dabrian me contou no diário que o meu salão está trancado.

Observei as portas dos quartos que fiz, mas foi usado poucas vezes.

_ Sim, ele só abrirá se você quiser e como você sumiu, ele acha que você o pediu para se trancar também. - Agora meu salão tem consciência, que fofo.

_ Obrigada por me contar essas coisas.

_ Você não me impediu de fazer isso. - Deu de ombros e ficou ao lado da Debby. _ Então apenas contei. - Piscou algumas vezes e sabia que tinha algo para me contar.

_ O quê? - Sentei-me em cima da mesa.

_ Como você sumiu e fiquei fraca no processo, tudo que podia fazer antes, não se recuperou totalmente. - Tentou sorrir. _ Até mesmo os poderes que seriam liberados com sua presença, estão trancados e...

_ Tem mais? - Apenas me dizer que alguns poderes em 993 sumiram não era o suficiente?

_ Bom, ainda não encontrei ou sei o que é, mas sinto uma presença estranha em Hogwarts, como se fosse um interruptor que desligaria toda a essência ou magia do castelo. - Isso está ficando perigoso.

_ Poderia me prejudicar? - Abriu e fechou a boca. _ Você não sabe. - Suspirei, mas tudo bem, apenas precisava tomar cuidado e saber quais coisas, Melissa não podia mais fazer.

Porém, isso poderia ser mais tarde, não é como se ela fosse sumir ou evaporar.

_ Mudando de assunto, tem como pegar a minha mala e meu uniforme no meu quarto no salão comunal da Sonserina? - Girou no ar e concordou.

_ Bom, estou impossibilitada de sair dessa sala ou do seu salão, mas Debby consegue fazer isso. - Piscou e quase me joguei para trás. _ Você só precisa abrir o seu salão.

Não perguntei sobre isso ainda, sabendo que ela não me responderia de imediato.

_ E como faz?

_ Apenas coloque a sua mão na parede que deveria ser a porta e diga: eu abro, aceito e a liberto. - Pegou o livro em cima da mesa para colocar no lugar.

_ Obrigada, Debby. - Sorriu e sumiu. _ Ela está tão diferente. - Saio de cima da mesa.

_ Helga e Rowena a ensinaram tudo, então ela não é como antes. - Deu de ombros. _ Não gagueja e não fala em terceira pessoa. - Revirei os olhos. _ Gostei bastante disso. - Ri e fui até a parede que deveria ter uma escadaria.

_ Eu abro, aceito e a liberto. - Falei.

A passagem se abriu diante de mim, revelando uma entrada escondida há muito tempo.

Um ar quente e carregado de mistério varreu suavemente ao meu redor, envolvendo-me em uma aura de expectativa e excitação.

Era como se o próprio espaço estivesse ansioso para me receber, pronto para revelar os segredos ocultos que aguardavam do outro lado.

_ Tudo neste castelo me surpreende. - Segurei a parede que estava quentinha.

_ Mestra. - Olhei para trás, vendo a mala em suas mãozinhas. _ Os gatinhos já estão no seu quarto, Hogwarts fez uma passagem para eles. - Concordei. _ Deixarei isso no seu quarto.

_ Obrigada. - E a vejo sumir. _ Então Hogwarts ainda tem poderes, menos você. - Zombei e fui até a mesa dos fundos.

Até hoje não me sentei nas cadeiras flutuantes ou na mesa, mas desde sempre sabia que aquele lugar não era meu.

_ Chata, ela não dormiu por milênios, ela continuou protegendo e amando os alunos. - Deu a língua e sumiu.

Apenas revirei os olhos e peguei um pergaminho e pena para escrever para o meu pai.

Contei sobre a minha estadia e o que aquelas pessoas queriam fazer, contei sobre qual casa fui selecionada e falei que sentia saudades.

Mas para os meus "pais", tive que escrever tudo que aconteceu e como eles me odiavam, mas que não queria mudar de escola.

Terminei as duas cartas e as coloco em envelopes separados.

_ Abra para mim, você sabe qual lugar quero ir. - Falei para Hogwarts.

A parede do lado se abriu e me mostrou uma passagem secreta, vou até ela e passo pela passagem, descendo e subindo escadaria que na minha percepção nunca era grande demais, como a Grande Escadaria.

Respirei fundo, sentindo o vento frio que me arrepiava se esgueirar pelas frestas de algumas pedras. Mas sabia que estava chegando no Corujal e tudo que deveria fazer era entregar a carta e aparecer no meu salão.

Porém, quando cheguei no Corujal, algumas corujas estavam dormindo, entretanto, a minha estava observando o céu, o que fiquei surpresa por alguns segundos.

_ Milita? - Voou até o meu braço _ Como foi a viagem? - Alisou o meu rosto. _ Vejo que tudo deu certo, isso é bom.

Amarrei uma das cartas em sua perna e dei a outra carta para ela.

_ A carta em sua perna é para o Grindelwald, você sabe onde ele está, não sabe? - Piou. _ E a outra carta é para os meus "pais", se lembra do caminho? - Bicou o meu dedo e alçou voo. _ Espero respostas. - Gritei.

A perdi de vista e sinto um feitiço de limpeza e tive que sorrir por isso, acho que o rabugento fez o que pedi.

Dou alguns passos para trás e me virei, tocando a parede que vibrava a cada momento.

_ Me leve até o segundo andar. - A parede se abriu novamente diante de mim, apesar da minha expectativa de ser levada ao segundo andar, ficou claro que este caminho tinha outros planos para mim.

Um arrepio percorreu minha espinha enquanto avançava, consciente dos murmúrios e sussurros que pareciam ecoar pelas paredes de pedra ao meu redor.

Com passos cautelosos, continuei em frente, preparada para o que quer que o destino tivesse reservado para mim, mas sabia que não estava sendo levada para a sala precisa.

Porém, sabia que ela não me prejudicaria, mesmo sabendo de certas limitações da Meli, sei que Hogwarts tentaria me proteger a qualquer custo.

Suspirei e vejo a passagem iluminada por outro corredor, mas estranhamente não era um corredor que gostaria de estar.

Saio da passagem e examino o lugar que estava, mas não sabia o motivo ainda de estar aqui, um lugar que estava vazio.

Mas ao tentar retornar à passagem, a qual estava agora fechada diante de mim, uma onda de surpresa e confusão me invadiu.

Aquilo era inesperado; a passagem nunca havia agido dessa maneira comigo antes, na verdade, tudo está tão louco que isso era o mais normal.

Entretanto, continuei encarando a parede sólida diante de mim, incapaz de compreender o porquê havia se fechado tão abruptamente.

As pedras imóveis pareciam zombar silenciosamente da minha perplexidade, como se guardassem um segredo que se recusavam a revelar, ou que só precisava de um grito para dizer, mas com as palavras de outro.

_ Cale a boca, sabe quem sou? - Escutei uma voz forte no final do corredor e essa era a minha resposta.

Vou até a voz, ficando atrás de uma pilastra para observar o que estava acontecendo.

_ Apenas um Black. - Um garoto zombou, mas não conseguia vê-lo. _ Acha que seu sobrenome me dá medo, Charis? - Charis Black? Aquele que não sabia nada mais que a sua data de nascimento?

_ Ele pode não dar, mas eu dou. - Alguém foi empurrado para a parede. _ Já que está tremendo como um idiota. - Dou mais alguns passos e vejo que era aquele Corvino que vi mais cedo.

Seus cabelos não estavam negros como antes e sim, cinzas. Merlim, ele era um metamorfomago! Incrível.

Mas essa surpresa se foi quando a ponta da varinha do Black foi apontada para a jugular do Lufano, mas nem os óculos caindo na ponta do nariz pontudo, o fez parar de ameaçar o pobre Lufano.

_ Você sabe o que fiz nesses anos todos? - Não.

_ E mesmo assim, não tem a garota, que chato, não? - Arrumou os óculos e apertou a garganta do Lufano com sua mão enluvada.

_ Mencione mais uma vez ela, e você verá Merlim mais cedo! - O fez rir e isso me pegou de surpresa, não sabia que Lufanos eram suicidas.

_ Enquanto você está aqui, Kalil está com ela. - Franziu a testa e deu um soco no Lufano que continuou rindo. _ Fraco e covarde, todo Black é assim? - Se fosse comigo não deixava.

A parede que estava encostada, me empurrou e os dois me olharam, fazendo minha cabeça dar alguns alertas para correr ou correr mais rápido que essas pernas pudessem...

_ Merda, uma pirralha apareceu justo agora? - O Lufano me olhou com raiva e olhei com raiva para a parede, o que ela pensa que está fazendo?

_ Continuem, estou indo embora. - Dou alguns passos para trás e me virei.

_ Espera aí! - Olhei para trás e o Black vinha atrás de mim, me fazendo concretizar aqueles pensamentos.

Comecei a correr.

Enquanto corria, Hogwarts projetou uma imagem perturbadora em minha mente, fazendo-me parar abruptamente antes que caísse.

Era uma cena surreal: uma Lufana fugindo desesperadamente de um Grifinório. O que aquilo significava? Será que deveria abandonar meu papel de vilã e me tornar uma heroína?

Não, não podia aceitar isso.

Meu coração se apertou com a decisão inevitável, afinal, não sacrificaria meu bem mais precioso para salvar o mundo. Em vez disso, estava disposta a sacrificar o mundo para proteger aquilo que amava acima de tudo.

De repente, meus ombros foram agarrados e a visão turva voltou ao normal, trazendo-me de volta à realidade implacável do presente.

_ Olha, o que você viu...

_ Você quer fugir de um monitor? - Ficou sem entender, mas também estava sem entender se vi um broche de monitor na roupa do Grifano de minha visão.

_ Mas é claro que sim. - Jurei que seus olhos eram azuis, mas agora estavam negros.

_ Cabelos legais. - Agora eram pretos e estavam presos em um rabo de cavalo.

_ Obrigado. - Estava confuso pelo rumo da nossa conversa, mas o corredor se partia ali, me lembrando da visão. _ Olha, o que você viu... - Coloquei minha mão sobre a boca de Black, silenciando qualquer protesto que pudesse escapar de seus lábios, e o empurrei para o lado.

Sem perder tempo, me virei de lado e estendi a mão para a menina que entrava no corredor, puxando-a para perto de mim com urgência.

Nosso encontro repentino e inesperado não deixava margem para explicações, apenas a necessidade imediata de agir e proteger o que fosse necessário.

_ Você quer ser salva? - Estava ofegante.

_ Sim. - Gaguejou, e peguei as mãos dos dois, entrando em uma passagem secreta.

Os dois permaneceram logo atrás de mim, enquanto a parede se fechava quase totalmente atrás de nós.

No entanto, alguns buracos pequenos permitiam que vislumbrássemos o que estava acontecendo do lado de fora.

_ O quê... - A menina tapou a boca do Black que ficou a observando, como se conhecesse muito bem.

Porém, notei que a mão da cacheada tremia, me fazendo pensar o porquê da visão ou o motivo que a fez estar assim.

Entretanto, isso deveria ser coisa de filme, já que a garota era aquela Lufana que me parecia familiar e que estava irritada em sua mesa.

_ Onde você está? Vamos continuar brincando. - Observei suas roupas desarrumadas, faltando alguns botões em suas casas. _ Sei que você estava gostando, todas gostam. - Então tinha mais vítimas? Nojento.

A vejo morder seus lábios, fazendo a cor rosada desse lugar ao branco sem fim. Contudo, os seus soluços escaparam por entre os lábios, o que a fez proteger sua boca.

Sei que pelo estado de suas roupas não aconteceu aquele ato horrendo, mas foi uma tentativa e provavelmente Hogwarts ajudou essa garota a escapar.

Parei de examiná-la e virei meu rosto quando o Black a abraçou, e se sentou com ela no chão enquanto a consolava.

_ Passou, já passou. - Sussurrou.

Vejo o Grifano continuar a sua caminhada e voltei meu olhar para os dois no chão.

Queria fazer que a garota não pensasse no ocorrido, então, faço a coisa mais idiota do mundo, me apresento.

_ Eu me chamo Leesa e vocês? - Me agachei no chão.

_ Charis, Charis Black. - Mas não me olhou, apenas mordeu a ponta de sua luva e a tirou de sua mão, fazendo um carinho no rosto molhado e rosado da garota.

_ Essa é a Safira Silty Alax. - Isso a fez piscar algumas vezes.

_ Você me conhece? - Olhei para o Black que continuava fazendo carinho na bochecha da menina.

_ Como não posso conhecer a pessoa que me salvou no meu segundo ano? - Ficou chocada com a informação. _ Estava sendo ridicularizado por aqueles idiotas da Sonserina. - Ei, sou da Sonserina. _ E você veio e me defendeu.

_ Pensei que não soubesse quem eu era. - Até que essa conversa tirou a Safira do estupor de quase ser abusada.

_ Na época não sabia, mas depois descobri com o tempo. - Isso até que é fofo. _ Ele fez alguma coisa com você? - A vejo tremer e quase dei um tapa nele. _ O que ele fez, minha joia rara?

Nossa, tão romântico, porém, isso me fez perceber que estou sobrando, mas não quero sair daqui sem saber de cada detalhe.

_ Podemos ir para um lugar melhor. - Levantei-me. _ Que tal irmos para a torre de astronomia, será melhor conversarmos enquanto observamos as estrelas.

_ Não quero...

_ Será melhor desabafar e acho que ninguém aqui vai julgá-la, ou contar... - Falou me observando. _ Afinal, ela é apenas um primeiro ano.

_ Salvei vocês. - Pontuei.

_ Ela tem razão. - A Lufana falou e se levantou.