_ Quer ajuda? - Sua voz era tão calma e serena. _ Se isso não te der nojo.

_ Nojo? - Isso era fofoca das boas. _ Por que nojo?

_ Sou uma nascida trouxa. - Deu de ombros. _ E nascidos trouxas não são bem recebidos, ainda mais por um Black.

_ Não sou como os meus parentes, não mais. - Aceitou a mão da garota e dou algumas batidinhas na parede.

_ Vamos. - A passagem abriu e eles me seguiram.

_ Não sabia que existiam essas passagens, isso iria me ajudar tanto. - A garota falou. _ Como você descobriu em tão pouco tempo? - Deslizou os dedos pela parede.

_ Apenas apareceu para mim. - Não queria prolongar o assunto e ela percebeu.

_ Devo agradecer vocês por me ajudarem, obrigada. - Não respondo, mas continuo subindo.

_ Você se sente um pouco melhor? - Ele só faltava se jogar no chão para ser pisado por ela.

Nada contra, acho que as pessoas apaixonadas são doidas e fariam de tudo pelo seu amado, apenas que não vejo assim ou tendo alguém assim.

Suspirei quando saí da passagem estreita, sentindo o vento gelado da noite imediatamente me envolver, fazendo-me puxar minha capa mais perto do corpo para me proteger do frio.

Dou alguns passos cuidadosos em direção à beirada, onde me deparei com a vista deslumbrante diante de mim.

O céu e o lago se uniam, se tornando um só e um sentimento de admiração e reverência se apoderou de mim, enquanto contemplava a magnitude daquilo que se estendia diante de mim.

Era como se estivesse no topo do mundo, cercada pela vastidão e pela beleza indescritível da noite.

Fechei meus olhos e continuei apreciando tudo que não pude na época, já que quando isso foi construído, não estava mais andando por Hogwarts, estava trancada na minha sala.

E sei que muitas coisas que nunca vi, estaria descobrindo nesse ano, ou nos próximos.

Olhei para trás e os arcos que estavam em volta do planeta (?) me pareciam familiares. Vou até os arcos e vejo que as coisas que estavam escritas nele era de um vira-tempo...

Rowena, você reciclou realmente o meu vira-tempo, você é inacreditável.

_ Você é a menina que fez a maior confusão no Grande Salão. - Toquei os arcos que se mexiam e percebi que fez um lumus.

_ Sim. - Dou de ombros. _ E você é um Black, um Black na Corvinal. - Não me aproximei ainda.

_ Sim, sofri muito por isso. - Mas Marius também era um Corvino, será que ele também sofreu?

_ Bom, sofrerei muito por aquilo. - Vou até ele. _ Temos um passado triste, então, temos uma trégua? - Ergui minha mão, o que fez estranhar o ato.

_ Você faz amigos assim? - Não.

_ Na última vez eles me raptaram para ser a consultora deles. - Sorri, não sabia o porquê queria ter a amizade desses dois ainda, mas sei que vou descobrir.

_ Seu passado parece ser mais horrível do que o meu. - Mil vezes pior. _ Mas temos uma trégua. - Apertou minha mão.

_ Gostei disso. - Olhei para a menina que tentava se acostumar com o frio. _ E você? O que aconteceu? - Não faria um feitiço de aquecimento nela.

_ Temos que falar sobre isso mesmo? - Sim, quero saber.

_ É melhor desabafar com alguns estranhos do que amigos que irão julgá-la com os olhos. - Foi exatamente assim com o little lord... Preciso parar de pensar nele.

_ Ela está certa, talvez nunca mais iremos nos falar. - Duvido um pouco, ainda mais se for você.

_ Mas isso não faz vocês terem uma carta na manga para me chantagear? - Tem um bom ponto.

_ Podemos jurar. - Não, não me mete nesses seus assuntos românticos porque não quero fazer isso.

Eu não juro, claro, posso fazer uma promessa, mas jurar já é demais.

_ Posso prometer. - Cruzei os braços. _ Mas jurar, não juro. - Compreendeu.

_ Por que não? - Ficou aborrecido.

_ Porque jurar é pecado. - Ter uma pessoa com costumes trouxas ao meu lado é muito bom. _ Eu entendo, você pode prometer e confiarei em suas palavras. - Ela era uma fofa.

_ Mas eu tenho que jurar? - Mas foi você quem começou isso. _ Você é bastante má, senhorita Alax. - Sorriu ladino e quase vomitei.

_ Só estou fazendo o mínimo para me proteger. - O viu se aproximar, mas não se afastou...

Eles se gostavam? Sei que o Black, sim, mas não sabia que a Safira tinha uma quedinha por esse esquisito.

_ De mim? - Perguntou quase rente a boca dela. _ Mas nunca fiz nada para você. - Cadê a pipoca nessas horas?

_ Justamente. - Arrumou o cabelo da garota.

Isso está parecendo uma novela romântica, que o casal secundário está se conhecendo e dando os primeiros indícios de amor.

_ Você machuca o meu pobre coração. - Enrolou o cabelo dela em seus dedos sem a luva. _ Mas você pode fazer isso. - Aposto que corou.

_ Pare de ladainha e jure. - Era uma pessoa de fibra e coragem, já disse que gostei dela?

_ Juro pela minha magia que não contarei nada para ninguém do que escutarei aqui. - Beijou a mecha de cabelo em seus dedos. _ Satisfeita?

_ Muito. - Olharam-me.

_ Prometo não contar nada para ninguém do que escutarei aqui. - Mostrei minhas mãos para ela.

_ Por que está mostrando as mãos? - Perguntaram.

_ Por nada. - Fui me sentar no chão. _ Por favor. - Os instruí a se sentarem. _ Agora, conte. - Respirou fundo e concordou.

_ Desde o ano passado, o Kalil está tentando me fazer gostar dele e no começo foram só rosas, mas depois que falei que não gostava dele, ele começou a ficar agressivo. - Protegeu seu corpo com os braços e começou a tremer.

_ Ele tentou algo? - Perguntei.

_ Hoje... - Soluçou. _ Ele tentou fazer coisas comigo em uma sala abandonada do terceiro andar, mas consegui fugir. - O garoto não aguentou e abraçou a garota. _ Mas falou que não seria a primeira vez que faria aquilo... - Começou a chorar e me lembro dele falando de algo do tipo.

_ Podemos matar ele? - Perguntamos e o Black me olhou impressionado.

_ Pensei que só as pessoas das trevas fossem tão assassinas. - Riu. _ Acho que gostei de você. - Pensei que já fossemos amigos, ou não é assim que se faz amizades?

_ Posso dizer o mesmo. - Sorri. _ Se pudéssemos, deveríamos contar para um professor. - Riram. _ Falei alguma coisa de errado?

_ Sim. - Disseram.

_ Primeiramente, Kalil é um grifinório e qualquer grifinório é protegido pelo professor Dumbledore. - Merda _ E o professor Dumbledore tem mais posicionamento do que o próprio diretor. - Black me explicou e fiquei um pouco chocada.

_ Por quê? O que faz os Grifinórios serem melhores que as outras casas?

_ Serem heróis e corajosos? - Brincou com a capa do Black. _ Eles são melhores que nós, isso é um fato e até mesmo na competição das casas.

_ Mas a Sonserina venceu o quadribol e essa escola virou um inferno. - Essa escola mudou tanto. _ Eram brigas demais e isso me irritou um pouco. - Não prestou atenção na garota brincando com sua capa.

_ E se existir alunos que consigam vencer os Grifinórios? - Bufou.

_ Se isso acontecer, me casarei com uma nascida trouxa e Lufana. - Pisquei algumas vezes, ele era direto demais. _ Quer apostar? - Só conheço pessoas que gostam de apostar, impressionante.

_ Você está me pedindo em casamento, Black? - Sim.

_ Não, longe de mim. - Mentiroso. _ Só estou pedindo que alguma Lufana se case comigo. - Queria um desenvolvimento, mas eles já se conheciam e não podia fazer nada sobre isso.

_ Só nos encontramos algumas vezes, o que fez...

_ Estamos fugindo do assunto. - Relembrei. _ Depois vocês podem fazer juras de amor. - Pontuei cansada. _ Acho que existirá um aluno que será o pilar dessa escola.

_ Você? - Perguntaram.

_ Escutaram a parte do aluno? - Como bem sabem, não quero nada, só quero o mundo e ser o centro das atenções não é comigo.

Mas deixarei esse cargo para o little lord, ele sempre gostou de ser o centro das atenções mesmo.

_ Você falando assim até parece que viu o futuro. - Não vi, mas vivenciei.

_ Black, não sou uma vidente. - Dei de ombros. _ Mas provavelmente você não estará nessa escola para ver os Grifinórios caindo e a Sonserina se levantando. - Revirou os olhos.

_ Por que a Sonserina? Por que não pode ser os corvinos?

_ Ou até mesmo os Lufanos.

_ Mas quem disse que só vai ser a Sonserina que vai se levantar? - Se tenho três casas com raiva da Grifinória, tenho que usar tudo que fosse possível para tirar o poder das mãos do Dumbledore.

Mesmo que no final ele tenha uma posição favorável para tudo, eu teria o futuro do mundo bruxo em minhas mãos e ele, apenas alunos que já estão ao meu lado.

Quero dizer, ao lado do little lord.

_ Farei as três casas serem respeitadas para massacrar os coraçõezinhos daqueles leões. - Desculpe, Godric.

_ Como?

_ Fazendo a Sonserina se levantar. - Fizeram careta. _ Pensem, quem é o vilão? Quem é a casa que a Grifinória mais odeia? Se a Sonserina tiver toda a atenção, não podemos fazer as duas casas restantes se levantarem, mas nas sombras? - Pensei nisso agora, com certeza tem alguns furos, mas isso resolvo depois.

_ Você quer que a gente comece uma rebelião? - A Lufana perguntou e quase bati nela.

_ Não, longe de mim. - Não gostava dessa palavra, me lembrava da profecia. _ Apenas quero que se levantem e sigam a cobra. - Sorri, me levantando. _ Afinal, devemos ter o nosso próprio Lorde, não acham? - Ficaram confusos.

_ Pensei que fossemos mudar a escola e não o mundo.

_ Espera, mas se a escola for mudada... - Franziu a testa. _ Terá um impacto nos alunos que são o futuro do mundo bruxo.

_ Você é louca! - Ela gosta de me fazer gostar dela. _ Você quer mudar o mundo, mas pegará essas pessoas para fazer isso por você.

Bom, era um pouco mais complicado do que isso, não queria apenas implementar uma nova ideologia nessas paredes, ou roubar alunos do grupinho da luz.

Mas se eles entenderam isso, já era melhor que nada.

_ Tem uma falha no seu plano, Grindelwald está ganhando. - Black confidenciou e a Lufana franziu os lábios.

_ Mas ele não tem um sucessor e ele não viverá para sempre. - A sucessora sendo eu. _ Não devemos fabricar um, mas nós mesmos?

_ Você já tem um candidato em mente? - A Lufana perguntou. _ Você parece tão decidida, acho que já tem um plano em mente e só está nos usando. - Tão inteligente.

_ Sou apenas uma criança, o que poderia fazer? - Tudo, já que nada era impossível.

_ Seus olhos parecem a própria maldição Avada. - Black ficou me examinando.

_ Oh, obrigada. - Era estranho receber alguns elogios.

_ Não foi um elogio. - Retiro o que disse. _ Parece que estou vendo o próprio demônio na minha frente. - Isso me deixou com um pouco de vergonha.

_ Mas sou um anjo. - Limpei minha capa.

_ Espera. - A olhamos. _ O que essa rebelião vai adiantar?

_ Não estamos fazendo uma rebelião. - Pontuei. _ Estamos fazendo uma revolução.

_ Não é o mesmo? - É, apenas que não gostava da palavra rebelião.

_ Quase. - Falei. _ Isso vai adiantar muito sobre o problema que estamos enfrentando. - O meu também. _ E devemos enfraquecer a Grifinória de fora para dentro.

_ Mas e as pessoas que não acham a Grifinória grande coisa? - Espero que Godric não esteja escutando isso. _ As pessoas que estão naquela casa.

_ Elas são a minoria. - Falei.

_ Mas elas são apenas maçãs boas em torno de maçãs podres, elas não merecem ajuda? - Bufei e discordei.

_ Não, elas são a minoria e se eu for salvar todas as pessoas, não serei uma santidade para essas pessoas? - Não quero virar uma Deusa!

_ Mas elas são pessoas, tem sentimentos. - E o que tenho a ver com isso?

_ Não ligo. - Ficou pasma. _ Acho que você não compreendeu, não vou estender a minha mão para um bando de Grifinórios, vou esmagá-los como insetos. - Fiz os movimentos com os dedos.

_ Mas isso é horrível. - Seus olhos expressavam demais.

_ O mundo é horrível. - Isso me lembrou de alguém. _ Está vivendo em conto de fadas e não percebeu que a vida é assim? - Olhou para o Black.

_ Ela está certa, a Grifinória é a escória e devemos acabar com ela. - Não pensei em acabar com ela, pensei em calá-la, mas esse jeito está bom também.

_ Mas isso é...

_ Você está dando para trás? Lembre-se do garoto que quase a estuprou e deve ter várias pessoas assim naquela casa e talvez... - Dei de ombros. _ Tenha estuprado alguém e a pessoa se calou por medo da Grifinória, por medo de Dumbledore.

_ Mas... - Respirou fundo e fechou os olhos. _ Ok, tudo bem, vou plantar sementinhas por aí e o que você vai fazer depois? Plantar sementes até a minha coruja planta, quero ver como você cuidará dessa semente.

_ Ainda não sei. - Era verdade, precisa ter contato com todos, mas sou apenas uma sangue-ruim. _ Não pensei nisso ainda, mas sei que terei a resposta cedo ou tarde.

_ Quando você tiver essa reposta, nos avise e ajudaremos, não iremos? - Perguntou para o Black.

_ Claro, você foi o estopim dessa revolução e ajudarei como puder. - Suspirei. _ Mas queria que meu primo estivesse aqui, ele poderia ajudar... - Seus olhos brilharam. _ Mas a prima Dorea está e ela pode ajudar.

_ Espera, seu primo é o Marius? - Concordou e liguei os pontos.

Claro que sabia que eles eram primos, afinal, ele tem Black no sobrenome, mas não sabia que ele foi o primo que o empurrou no quarto.

E sem esse garoto, ninguém saberia de alguns dos meus segredos e Dorea não iria pensar em coisas demais.

Bom, não mudei meu rosto ou meu nome, então isso não seria complicado para ela.

_ Conhece o meu primo? - Até demais.

_ De vista. - Eu o salvei. _ Então você fala com a sua prima e me manda uma carta, ou fale comigo em um lugar privado.

_ Vamos nos encontrar aqui amanhã e você pode pensar em um plano até lá, não é? - Não sou da Corvinal como você, seu idiota!

_ Claro. - Levantei os lábios. _ Vejo vocês amanhã de noite e boa noite.

_ Boa. - Disseram.

Vou até a parede que abriu para mim e passo por ela, deslizando meus dedos pela parede áspera e quente.

_ Me leve até o meu salão e sem erro dessa vez. - Tremeu e mostrou o caminho. _ Obrigada. - Parei e dei alguns toquinhos nela. _ Se não fosse por você, não teria a fagulha da guerra que nos espera. - Encostei minha testa na parede. _ Espero que o little lord use essa fagulha para fazer um incêndio, mas que consiga controlar.