_ Não coma tanta carne. - Digo para o Tony, mas era como se ele não escutasse esse aviso.

Bom, estávamos reunidos no Grande Salão, desfrutando do nosso café da manhã habitual, quando de repente, duas corujas adentraram o espaço, vindo em minha direção e chamando a atenção de todos.

Uma delas, uma majestosa ave branca e sabia muito bem quem era, mas a outra era desconhecida para mim, e observei com curiosidade enquanto ela se aproximava.

As duas pousaram diante de mim, cada uma com um ar de importância, esperando minha decisão de ler a carta que carregavam.

Vamos ler a carta da Milita primeiro.

_ Como vai, meu amor? - Bicou meu dedo e dei alguns petiscos para ela. _ O que você trouxe para mim? - Mostrou um bilhete e aposto que era do papai.

E sim, era.

Estava dizendo que já confirmou o meu terceiro sobrenome e disse que todos estavam sentindo saudades, mas que ficou feliz por eu estar na Sonserina, mesmo sabendo que eu iria para essa casa.

Mas ele não entendia como aquelas pessoas queriam casar uma criança, porém, disse que qualquer coisa era para mandar uma carta e ele acabava com o assunto.

E bom, a carta dos meus "pais" diziam que qualquer coisa era para comunicá-los, que eles me tirariam dessa escola imediatamente.

Mas aposto que queriam me tirar daqui para que conhecesse alguém o mais rápido possível.

Idiotas, acham mesmo que largarei meus estudos para viver uma vida submissa por um homem? Não sou da Corvinal, mas não nasci burra.

Guardei os papéis na capa e vi a Milita voar pelo salão, saindo pela janela.

_ E você? O que trouxe para mim? - Piou e alisou a minha mão, levantando uma de suas pernas.

Peguei o bilhete e aquilo me deixou um pouco confusa, já que tinha um feitiço para mudar a letra.

───※ ·❆· ※───

Queria vê-la novamente como uma criança, já que me lembro que você é a coisa mais fofa que já vi.

Obs.: a coruja se chama Serafin, e gostaria que você me mandasse pequenos bilhetes.

-S-

───※ ·❆· ※───

"S"? O que isso quer dizer? Quem é "S"? Salazar não é, afinal, ele é apenas um fantasma e ele já me viu como criança.

Quem que conheço que tem "S" no nome?

Será que é o meu ex/futuro marido? Mas isso quer dizer que ele se lembra de mim e se lembra de nossas vidas passadas... Isso é horrível!

Mas e se não for? Devo responder?

A coruja continuou me olhando e parecia esperar um bilhete. Peguei um pergaminho e o rasguei no meio, escrevendo algo mais curto que podia.

───※ ·❆· ※───

Quem é você? E como me conhece, senhor "S"?

·❆· ※──

_ Aqui, senhor Serafin, tenha cuidado em sua viagem. - Piou e alisou a minha mão. _ Fofo.

Enquanto observava seu voo elegante e sua figura desaparecendo entre as sombras do teto, uma sensação estranha e inquietante começou a tomar conta de mim.

Era como se aquela ave fosse algo além do que apenas uma coruja e não sabia o porquê disso.

Suspirei e terminei de comer, me levantando para sair do Grande Salão. Os gatinhos me seguiam e os livros flutuavam ao meu lado.

_ Como um primeiro ano sabe o feitiço de levitação? - Olhei para o lado e tento não revirar meus olhos. _ Como vai, Leesa? - Seu sorriso era insuportável.

_ A conheço? - Cruzei os braços.

_ Me poupe, você não mudou fisicamente, apenas diminuiu. - Olhou-me de cima a baixo. _ E gostei dos coelhos. - Falava do meu broche.

_ O que você quer, Dorea? - Sorriu e me puxou para perto.

_ Meu primo me informou que uma certa Sonserina quer começar uma rebelião...

_ Uma revolução, é diferente.

_ Ok, revolução. - Revirou os olhos. _ O que é o mesmo. - Bufei e fiquei vendo as pessoas passando por nós. _ Ele me disse para fazer a cabeça dos Sonserinos e sabe, sou a monitora chefe e tenho mais controle sobre eles. - Não sabia desse fato.

Pensei que os monitores chefes fossem do sétimo ano, porém, estamos em 36, talvez isso foi implementado na época do Dumbledore como diretor.

_ Parabéns. - Forcei um sorriso. _ Agora resume, não tenho o dia todo.

_ Certo, as provas irão chegar uma hora ou outra, e não sei a maioria dos feitiços que o professor Flitwick passou no ano passado e só passei nos NOMs porque pedi muito a Merlim. - Maioria dos alunos fez isso. _ E a maioria das pessoas está na mesma, alguns estão com dificuldade em poções e mesmo que o professor Slughorn seja ótimo, ele conversa mais do que ensina.

_ E o que tenho a ver com isso?

_ Você é um poço de fofura para não dizer o oposto. - Dei o dedo do meio para ela. _ Também te amo. - Doida. _ O que quero dizer é que como você é a mais velha de todos...

_ Me chame de velha novamente e vou deixá-la falando sozinha.

_ Ok, desculpe. - Ergueu as mãos. _ O que estou tentando dizer, é que você deve ter muito conhecimento e como queremos alunos do nosso lado, o que você acha de ser a professora? Uma professora de reforço. - Sorriu e fiquei a olhando.

_ Acho que quando a sua mãe te deu à luz, ela deixou você cair. - Riu e mexeu nos cabelos loiros.

_ Não me importo com isso, mas é sério. - Suspirou. _ Por favor, seja a nossa professora. - Suplicou. _ Conheço alunos que precisam de reforço e você é a nossa única esperança. - Apoiei meu corpo em um único pé.

_ Sou a única esperança de muita gente e não faço caridade.

_ Sei disso muito bem. - Até demais. _ Mas você terá os alunos na palma de sua mão e não terá apenas a Sonserina, mas as outras casas também. - Isso me interessou. _ Vamos lá, Leesa pense com carinho.

_ Quantos alunos? - Quase pulou de alegria, mas se conteve.

_ Consegui convencer uns 20. - Não era muito, mas era melhor que nada.

_ E onde você pensa em colocar essas pessoas para estudar? - Abriu e fechou a boca.

_ Você deve saber de algo, já que é a quinta fundadora. - Merda, esqueci que ela sabia disso. _ Ainda não contei para os meus pais ou irmãos, então o seu segredo está guardado e selado comigo.

Ainda bem, não queria a família Black me reverenciando com uma santidade.

_ Porém, quero saber dos detalhes desse acontecimento. - Todos querem.

_ Um dia e obrigada, isso é muita consideração sua. - Sorri, ela era uma boa garota quando queria.

_ Por que sinto que você está zombando de mim? - Mas não estava.

_ Porque estou. - Sorri ainda mais. _ Me encontre com essas pessoas no sétimo andar, no almoço e procure o seu primo...

_ Charis?

_ Sim, por quê? - Ergui a sobrancelha. _ Você tem outro?

_ A maioria dessas pessoas são meus primos e fico confusa às vezes. - Deu de ombros. _ Ok, chamarei ele e os alunos.

_ E chame a Lufana que estará ao lado dele. - Ficou confusa. _ O nome dela é Safira, Safira Alax.

_ Ah! O amor do Charis. - Até ela sabe. _ Farei isso. - Tirou algo da sua capa e me entregou. _ Tinha que entregar o seu horário ontem, mas você sumiu e não apareceu.

_ Não aparecerei naquele salão, ainda não quero morrer. - Mesmo sendo impossível.

_ Então onde você dormiu? - Senti os meus gatinhos alisando os meus calcanhares, me incitando a ir embora.

_ No meu salão. - Saio de perto dela. _ Até o almoço.

_ Até.

Já sabia qual aula tinha agora, Melissa me informou, mas ter a grade horária era bem melhor. Porém, a minha primeira aula do dia era história da magia, que legal, para não dizer o oposto.

_ Se vocês forem brincar por aí, não se percam. - Falei para os gatinhos. _ Cuide deles. - Dei batidinhas na parede que vibrou.

Continuo andando e algumas pessoas passaram por mim e fingiram que não me viram, mas isso é bom, ser um fantasma tem as suas vantagens.

Bom, tudo estava dando certo e isso me deixava um pouco eufórica e ansiosa, já que não sabia que isso poderia continuar ou meu destino mudaria novamente.

Mas seja o que Merlim quiser.

Entro na sala do professor Binns e para a minha surpresa, ele já era um fantasma, o que me chateou um pouco, queria saber em primeira mão o que realmente aconteceu com ele, mas tudo bem.

Sentei-me na carteira dos fundos e coloquei os meus livros no espaço na mesa, enquanto esperava o restante dos alunos chegarem e alguns pegaram sêniores para que mostrassem o caminho.

Hogwarts era um lugar estranho e fácil de se perder, e se não fosse pelas minhas passagens, também me perderia, então entendo essas pessoas.

_ Abram o livro...

_ Professor. - Olhamos para o Lufano. _ Antes de começarmos, poderia nos dizer a história da dama sorridente? - Fiquei com dor de cabeça.

Nós não deveríamos estar aprendendo sobre a Rebeliões dos Duendes? Ou até mesmo as Guerras dos Gigantes? Então por que tocou nesse assunto que odiava apenas de lembrar?

_ Quando a dama sorridente surgiu, não estava vivo. - Mas você não está vivo. _ A dama sorridente foi uma mulher. - Não me diga?

_ E é verdade que ela matou mais de mil homens? E ela continuava sorrindo? - Uma Sonserina perguntou e quase respondi pelo professor.

_ Ela não matou todos, ela os numerou e designou para cada experimento. - Espera, como sabem disso?

_ Como sabem disso? - Será que os Lufanos conseguem ouvir os meus pensamentos?

_ Algumas das pessoas que estiveram em sua posse foram vendidas para traficantes e alguns para bordéis. - Ganhei muito com isso. _ Os que sobreviveram nos bordéis, contaram a história e mostraram o número em suas testas. - Voou pela sala. _ Alguns contaram que tinha um número em específico que ela deixou ir. - Sim, fiz isso mesmo. _ Mas alguns dizem que ela se apaixonou por ele, porém, talvez ela tenha tido pena.

Foi a segunda opção e odiava vê-lo daquele jeito.

_ E o que aconteceu com ele?

_ Ninguém sabe, talvez a dama sorridente saiba. - Não sei. _ Contudo, ela teve ajuda para fazer experimentos estranhos. - Ah, sim, os fofoqueiros de plantão.

_ Quem? - Perguntaram.

_ Os duendes, eles ajudaram a dama a fazer os seus experimentos, mas o que ela gostava mesmo era de torturar as pessoas. - Eu? Não gosto de fazer isso, apenas fiz por necessidade.

_ Por que a chamamos de dama sorridente? - Uma voz baixinha veio do fundo e alguns riram.

_ Não é óbvio? - Um Sonserino falou. _ Ela sorria enquanto torturava.

_ Mas não acham estranho? - Acho essa aula estranha e nem por isso estou reclamando. _ A dama sorridente tem quase o mesmo apelido da quinta fundadora. - Isso é verdade.

_ Fundadora sorridente e dama sorridente... - Alguns falaram.

_ Vocês estão dizendo que a nossa fundadora é uma sádica e assassina? - Sim. _ Vocês são loucos? - Somos. _ Ela deve ter sido muito carinhosa e amorosa, por isso que estava sempre com um sorriso no rosto. - Falou uma Lufana.

Olha, sinto em informar, mas sou tudo isso que você falou, menos a parte de carinhosa e amorosa.

_ Não estamos dizendo isso, mas ter o mesmo apelido é um pouco suspeito e por que a estamos chamando de quinta fundadora se nem um salão Comunal ela tem? - Um Sonserino perguntou.

_ Só que me faltava, precisa ter um salão Comunal para se tornar um fundador? Então criarei um e serei a fundadora. - Não é tão fácil, você precisa ser praticamente raptada pelos fundadores e ser consultora do futuro para eles.

_ Não foi isso...

_ Mas foi isso que entendemos. - Concordaram com a Lufana.

_ E como estamos falando da fundadora, professor, você sabe algo sobre ela?

_ Apenas o que diretor Phineas nos contou na época. - Mais um fofoqueiro. _ Ele achou um quadro com cinco pessoas, dois homens e três mulheres.

_ Os dois homens devem ser Godric e Salazar. - Cochichou alguém.

_ E as mulheres devem ser Rowena e Helga, mas não sabemos o nome da quinta fundadora. - Respondeu.

_ Ninguém sabe o nome da quinta fundadora. - Ainda bem. _ Phineas viu a memória do Godric, mas apenas o sorriso dela apareceu, nem a voz ou o rosto. Apenas o corpo e o sorriso, e ele disse que era um belo sorriso.

_ Alguém conseguiu achar alguma coisa? - Perguntei e alguns me olharam, mas não me importei.

_ Marius Black achou um diário daquela época. - Pensei que tivessem encontrado mais coisas. _ E acabou contando para os pais, e os pais contaram que as palavras que têm em cada salão foi obra dela.

_ Palavras? Que palavras? - Alguém perguntou.

_ Elas estão na lareira de cada salão e a família Greengrass é a única família que viu de perto a quinta fundadora e mais. - Observou os alunos. _ No diário conta que ela ajudou muito a família, mas nunca puderam retribuir e eles esperam que um dia eles possam fazer isso. - Isso é novo.

_ Retribuir? Retribuir de que forma? - Fiquei interessada.

_ Não sei, senhorita. - Se isso for realmente verdade, não ganhei apenas a família Black.

Ganhei mais uma família com bastante recursos e usufruirei muito bem desses recursos, apenas preciso chegar até eles e ainda não sei como...

Depois desses questionamentos, o professor pediu que abríssemos o livro e ainda não era os livros da titia. Infelizmente.

E falando nela, será que ela seguiu o meu conselho? Espero que sim, não queria brigar com ela, mesmo já tendo brigado há muito tempo.

Bom, foram duas aulas seguidas e era bem entediante, mas segui firme, diferente dos outros alunos.

Já que sabia disso tudo devido aos livros que lia na biblioteca do meu avô... Devo parar de chamá-lo de avô.

Mas espero não o encontrar, não quero ver aquele homem nem pintado de amarelo e bom, o vi de amarelo já que ele é um Lufano.

A aula acabou e retirei os meus livros da mesa e os fiz levitar. Saio da sala e vou em direção do sétimo andar.

Como tinham muitos alunos em minha volta, não poderia fazer uma passagem e esperava que os meus gatinhos estivessem bem, eles foram embora depois de dez minutos na sala de aula, o que queria ter feito também.

Porém, voltando ao presente, essas escadas um dia irão me matar e agradecia mais uma vez por ter feito as passagens com escadas pequenas que poderiam me levar até o sétimo andar em questão de segundos.

Já estava suando com apenas alguns minutos e parecia que meu pulmão soltaria do meu peito... Sou tão sedentária assim? Por Merlim.

_ Tem certeza de que devemos estar aqui? - Bufei e sequei o suor. _ Estou morrendo de fome. - Vi um Sonserino reclamar, era aquele de ontem que implicou com a Dorea.

Vou até aqueles alunos que olhavam em volta e respirei fundo, tentando recuperar meu folego que morreu em alguns lances de escada.

_ Terá comida. - Falei ofegante. _ Se vocês quiserem. - Parei atrás deles.

_ Uma pirralha? - Fez careta. _ Sério mesmo, ursinho? - A olhou, cruzando os braços. _ Ela é do primeiro ano, não sabe nem le... Ela está levitando os livros?

Passei pela multidão de alunos do segundo ao sétimo ano, o que me fez ver que Dorea era impressionante e devo dar um voto de confiança para ela.

_ Esse é o Ector. - Apontou para o moreno. _ Ele é um babaca, mas tem dificuldade em poções. - Parecia estar no sexto ano igual a Dorea.

Continuei o observando e o vejo dar um peteleco na testa dela e a menina pisou no seu pé.

E mesmo sentindo dor pela pisada que levou, sorriu e vi no meio daquela cabeleira cacheada e castanha, que ele tinha uma pinta no canto de seu olho cinza, já que o outro era castanho.

_ Sou um amor, por que me chamou de babaca? - Fez beicinho.

_ Destrói os corações de qualquer um, igual a um babaca. - Não estava errada nesse ponto.

_ Até parece que você não faz o mesmo. - Talvez fossem amigos de infância. _ Lembro que hoje mais cedo você deu uma livrada no Charlus. - Queria ter visto.

_ Ele estava me irritando. - Olhou para trás e começou apresentar os outros. _ Esses são Charis e Safira, como você bem sabe. - Sim, mas não conhecia os outros que me olhavam com um pouco de afrontamento.

_ Parece que você arrumou aquilo que estávamos questionando. - Arrumou seus óculos e seus cabelos estavam brancos.

_ Sempre resolvo as coisas, cedo ou tarde. - Sorri.

_ Mas isso é apenas o começo. - Safira olhou para todos.

_ Sim, apenas o começo. - Da minha vingança. _ Olha, me chamo Leesa e vocês devem saber que sou uma nascida trouxa. - Dorea zombou, mas não falou nada. _ A Dorea me pediu que ensinasse a vocês tudo que sei e do que vocês necessitam no momento.

_ E como podemos confiar em seu intelecto? - Era da Corvinal.

_ Vocês vão descobrir logo, logo. - Olhei para trás e a parede vibrou. _ Melissa, abra para mim e para essas pessoas, mas não conceda entrada para ninguém sem a minha ordem. - Sussurrei.

_ Como desejar. - A porta da minha sala apareceu e todos ficaram maravilhados, me fazendo lembrar que fiquei exatamente assim quando a fiz.

Abro a porta e faço que todos entrassem na sala.

_ Essa é a sala da quinta fundadora? - Uma Lufana pulou. _ Isso é incrível.

_ Espera. - Ector parou e ficou me olhando. _ Como você descobriu isso aqui em menos de um dia?

_ Segredo. - Fechei a porta e disse. _ Vamos começar?

_ Sim. - Disseram.

Eles nem imaginavam que faria de suas vidas acadêmicas um inferno.