Olá ! O primeiro capítulo está em primeira pessoa. Os demais capítulos serão em terceira. Pode acontecer de algum personagem relatar o seu ponto de vista em determinada situação, nesse caso eu irei colocar o seu nome entre as chaves "{ }" e o texto em itálico. No caso deste capítulo eu vou manter o texto normal mesmo, sendo que se trata de uma introdução. Espero que a explicação não tenha ficado confusa.
Boa Leitura!
{Goku Black}
Vislumbrei a minha alma desaparecer. E essa vidência ocorreu somente uma vez, talvez porque eu a neguei no primeiro momento. Um temível mal estar se apossou de mim e minha mente implorou para eu desistir daquele plano amedrontador durante os meses em que estive lutando contra o saiyajin. Repentinamente Gowasu apareceu diante de mim dizendo para eu desistir daquela loucura e pedir perdão pelos meus pecados para que assim a minha alma seja poupada. Eu não acredito em destino e tão pouco em coincidências, conquanto minha razão entrou em colapso pelos sentimentos que desencadearam em meu ser.
Aceitei a proposta conforme meu coração e razão pronunciavam em uníssono para eu não desfazer daquela oportunidade única. Zamasu tentou me matar, contudo minha contraparte sabia perfeitamente que não poderia me derrotar apesar de ser imortal. E eu não usei todo o meu poder para abatê-lo, na realidade eu não tinha a intenção de o machucar e dessa forma ele escapou através do anel do tempo.
Roguei pelo perdão de Zeno-Sama e para os humanos conforme ele me orientou. Soou tão humilhante. Litígios ocuparam os meus pensamentos, no entanto, de alguma maneira eu realizei o desejo do senhor supremo. E a razão por não estar definitivamente quebrado por desafiar o meu orgulho foi um repentino "eu o perdoo" ecoar dentre as proclamações dos humanos a respeito de minha punição. O que levou a principal vítima de meus pecados me oferecer uma segunda chance? Son Goku, o peso em seu olhar contradiz a sua compaixão.
A pedido do mestre Gowasu eu fui preso em outra dimensão e em um planeta aparentemente desabitado. Ele me informou que havia um casebre em áreas montanhosas no qual teria os recursos necessários para a minha sobrevivência. Eu não consegui dizer uma palavra e tão pouco olhar em seus olhos por simplesmente não sentir nada naquele instante em que fui tratado mais como um filho do que um penitente.
Eu sentia falta da violência. Sede do mártir humano e demais raças medíocres que coexistem na imensidão. Uma parte de mim sangrava por aceitar tais termos. E hoje percebo que ainda desconheço a verdadeira paz. Então sou eu quem estava errado em tomar severas atitudes?
Os anos passaram e sobreviver não foi complicado. Cultivei hortaliças, legumes e verduras. Vez ou outra eu pescava nas redondezas ou caçava javalis. Reformei a casa e reparei alguns danos na cisterna.
Aventurei por vales, bosques, cavernas, florestas e ilhas. Encontrei animais exóticos e criaturas mitológicas. Adentrei em ruinas antigas, encontrei livros e diários estranhamente conservados com desenhos e informações sobre botânica, agricultura, pecuária e astronomia. Uma raça denominada como elfos habitou esse planeta há séculos. A sua cultura era muito peculiar. Controlavam a magia deste mundo e de maneira tão exacerbada que o planeta começou a morrer. Um deus no qual eles não nomeiam e tão pouco descrevem a sua aparência eliminou mais de dois terços da população como um aviso para com os seus excessos. Sobreviventes aboliram o uso da magia e tentaram recomeçar, porém ainda assim foram castigados por esse deus porque simplesmente o desejou.
Deuses da Destruição deveriam apenas estabelecer um equilíbrio no universo no qual foi designado. E o senhor supremo deveria ter uma mentalidade estável. Todavia o poder corrompe a maioria dos seres em quaisquer hierarquias. Zeno-Sama não passa de uma criança tola. Deuses da destruição subjugam os mais fracos por não atenderem aos seus caprichos. Porque somente eu sou considerado o louco?
Somos miseráveis com tendências destrutivas nos colocando em um pedestal de ilusões temporárias perdidas no pesar da consciência. Sinto-me similar a essas entidades. O quão decadente eu me tornei ou estaria exagerando? Gradualmente eu tenho meditado para me encontrar, porém a minha mente continua desfocada. A sensação de estar afundando em um profundo oceano aumenta a minha angustia. A solidão me obriga a estar somente para comigo. E tudo o que vejo em mim é um oceano me chamando para as profundezas de uma noite sem fim. E eu estou me apaixonando pelo seu silêncio.
Meu querido, por mais que eu usufrua de suas células, sinto que nunca seria o suficiente para estar verdadeiramente unido a você. Roubar o seu corpo trouxe-me o privilégio de estar conectado com toda a sua essência. Em teoria parecia correto, mas na prática é diferente do que eu poderia prever. E com o tempo minha mente entrou em perturbação. Eu não saberia explicar e acredito que não haverá respostas para distinguir o que me tornei. Menosprezo completamente a alma obscura que se escondia em uma falsa soberania, ou seja, Zamasu deixou de existir em mim há anos.
Eu perdi completamente a noção de tempo. Os anos em que peregrinei neste planeta apenas busquei por uma única voz. Me diga Senhor, a quem eu pertenço? Me diga que ainda sou seu... Me diga que não estou sozinho neste mundo. Eu preenchi o meu vazio através de minhas meditações, mas abriu minhas feridas. A dor penetra cada vez mais fundo e meu coração se alinha a violência.
Respiro profundamente o ar cortante da manhã e ouço os ventos sussurrarem delicados em meus ouvidos. Nuvens copadas sobressaem sobre as montanhas e caem formosamente sobre a vegetação enaltecendo a palidez do dia. Respingos d'agua continuam a cair gradativamente alumiando as flores abatidas. Relâmpagos caem próximos dentre os rugidos de um dragão que sobrevoa majestosamente sob o nevoeiro. E por uma fração de segundos sinto meu coração violento se acalmar.
Avistei uma figura caminhando em minha direção. A princípio acreditei estar sofrendo por um delírio recorrente. A sua voz soou nitidamente em meus ouvidos e estremeceu o meu coração. Afastei constrangido com a cadeia de emoções que apunhalavam o meu interior, não queria acreditar que ele estava diante de mim. Senti a sua mão sobre o meu braço e o forçar para trás me obrigando a encarar aquele rosto que vislumbro apenas em minha loucura. E após um breve silêncio Son Goku soou firme "Black, precisamos conversar."
