O Portal Errado


"Bem, cá estamos. A Encosta do Flautista." Disse Hank ao contemplar do topo da colina a região indicada para a nova chance de regressar. Ao redor, via-se como era bela a floresta vista de cima. "Vejam isto, turma. Não é uma surpreendente vista?"

"Sim, Hank. De fato, existem lugares neste mundo que se destacam pela beleza." Citou Sheila, ficando ao lado do ranger.

"Pois é. Não é muito do meu costume dizer coisas positivas deste reino maluco, mas admito: magnífico."

"Erik, você está certo e não é muito comum eu concordar."

"Tá bom, Diana, turma. Sei como é legal este lugar, mas temos que nos preparar. Segundo o Mestre, é aqui que precisamos abrir o portal para casa. Estão com tudo aí a mão?"

"Bem aqui, Bobby. Custou termos achado tudo, mas valeu." Disse Presto, abrindo a bolsa nas costas com diversos frascos, caixas e um livro verde com borda prateada bem embrulhado. Todos os itens foram retirados com cuidado da bolsa e um pequeno altar, montado no topo, beirando o abismo coberta de névoa. Não houve um que não visse o quão a névoa se mostrava espessa, parecendo acobertar o vale que a envolve. "Não estavam brincando quando disseram que esta era a Névoa Envolvente."

"Sim, e sem contar que quem cai aí, nunca mais ressurge, embora eu ache meio exagerado."

"Não mais do que os elementos que precisamos coletar pro encanto, Hank. Arggh. Este, por exemplo." Diana falou receosa ao ver um dos frascos maiores. "Suor de Gorgimera. Rapaz, fazer o bichão suar foi um desafio, mas muito pior foi quando caiu um pouco em mim. Creio que precisei de uns 7 banhos seguidos pra tirar essa nhaca. Sorte que deu pra desinfetar meu biquíni ou ia precisar queimá-lo. Não ia gostar nada disso, não por ser minha única roupa aqui, mas porque é a minha preferida."

"Agora sabe como passei antes de encontrarmos Zandora. Não é, Diana?" Erik perguntou como que zombando, mas a acrobata resolveu não rebater, entendendo na pele o que ele passou.

"Mas achar os ingredientes não deve ter sido mais difícil do que pegarmos o livro com o encanto. Se eu contasse o que Hank e eu passamos pra chegar à ele..." Sheila disse se abraçando, parecendo tremer.

"E por que não conta, mana? Tudo que precisaram foi entrar naquele castelo onde o povo parecia estar indo pra um baile de máscaras, todos de mantos pretos e máscaras coloridas, exceto por um que entrou de manto vermelho. Foi tão ruim assim?"

"N-Não diria que foi ruim, Bobby, mas vamos dizer que você precisa estar um pouco mais crescido pra saber dos detalhes."

"O que podemos adiantar, Bobby, é que foi algo que ficar...de olhos bem fechados." Hank coçou a cabeça, procurando esconder a falta de jeito, sabendo como seu amigo bárbaro era novo demais pra tais assuntos. "Nossa sorte foram as máscaras mágicas que podiam mudar de formato para podermos passar despercebidos."

"Tá, tá, tá. Deixemos de lado sua romântica aventura e nos concentremos no assunto. Presto, consegue ler esse livro?" Erik perguntou impaciente.

"Sim, sem problema algum. Até decorei a passagem correta. Vamos iniciar o ritual. Cara, pareço estar fazendo iniciação de fraternidade. Meu tio me contou algo parecido, mas vamos lá." O mago de verde juntou os elementos dos frascos e caixas e os misturou devagar, pois um acréscimo a mais ou erro e tudo estaria acabado. Embora vários cheirassem mal, as misturas pareceram anular os odores, criando uma neblina livre de cheiro ou odor. Quando tudo foi misturado e mexido, Presto pegou o livro verde.

"Atenção, gente. Este encanto precisa ser recitado palavra por palavra e não posso ser interrompido. Quando começar, terei de ir até o final. Então, silêncio total. Será que certas pessoas conseguem compreender?" Ele se virou e todos fizeram o mesmo para um determinado membro, conhecido por seu jeito.

"Sim, claro. É evidente a solicitação de silêncio." O cavaleiro de capa vermelha se virou para a mascote do grupo. "Você entendeu, Uni. Focinho fechado."

Uni pareceu confusa pelo que tinha ouvido, encostando o casco no queixo. Bobby já queria avançar pelo descaso de Erik, mas sua irmã o deteve, desejando evitar transtornos.

"Sem mais delongas vou começar." Presto fechou os olhos e se concentrou.

Pelas forças da luz e da escuridão,

que se erga uma ponte no tempo e na vastidão.

Passagem, abra-te com amplidão,

mostrando o que oculta aí com retidão.

Chave para o meu sucesso,

portão que se abre para o mundo...

De repente - ZAP - um violento raio caiu bem no altar, o destroçando em cinzas queimadas, por pouco não alvejando o mago.

"AHHH." Gritou Presto devido ao ataque. Sheila e Erik foram socorrê-lo. "Que foi isso?"

"Creio eu que lá está a resposta." Disse Hank ao avistar o Vingador em seu corcel negro, em posição de disparar outro tiro.

"Não pensem que irão fugir de mim, crianças. Não sem antes me darem suas armas e o Livro dos Encantos Sagrados."

"Mas nem em seus pesadelos, cara de morcego." Diana exibiu seu cajado em posição de luta.

Nesse meio tempo, algo se materializou por trás dos heróis e era um portal multicolorido que girava no sentido horário. Parecia que a magia tinha funcionado, mas Presto não era dessa opinião.

"Que legal. Presto conjurou o portal. Anda, turma. Hora de voltar pra casa. Até nunca, Vinga-doido." Bobby pegou Uni e já quis correr, mas Presto o deteve. "Ei, me solta. Vamos pra casa."

"Não dá. Este portal não vai nos levar de volta. O Vingador interrompeu o ritual e conjurei uma passagem pra outro lugar. Não sei pra onde, mas com certeza, não será para casa."

"E nem darei chance de descobrirem para onde será, mago." O arquimago lançou seu ataque contra o portal, esperando fechá-lo, mas no lugar disso, ele tratou de girar pra direção oposta como uma espiral. Além desse fator, dava-se a impressão que estava expelindo pela direção do vento.

"Só nos faltava essa. Agora, esperar que nada desagradável saia..." Sem poder completar, Erik foi alvejado por uma torta bem no rosto, sem contar mais comidas que vieram voando pelo portal e um cesto de piquenique. "Eu queria uma boa refeição assim que voltássemos, mas não dessa forma. Pelo menos, essa torta de frutas está gostosa."


Em uma pairagem próxima de Ba Sing Se, junto ao lago Laogai, o bisão voador Appa aterrissou, descarregando seus passageiros. Aang desceu da cabeça de Appa, caindo no chão de pé. Seus amigos desceram todos ao mesmo tempo e buscaram um lugar confortável par seu piquenique. Para Toph, onde pudesse ter chão firme e terroso, era o lugar ideal. Momo não perdeu tempo e saiu para brincar nas árvores e Appa apenas se deitou pra dormir.

"Esse sim, é um bom lugar pra ficar a vontade." Disse Toph ao se deitar num monte de terra.

"Bom, cada um ao seu gosto pra relaxar. Pessoal, consegui aperfeiçoar o chá especial do meu tio. Espero que gostem." Zuko falou ao retirar um bule fechado da mochila.

"O chá do seu tio é uma coisa do outro mundo, Zuko. Aliás, obrigado por vir ao piquenique. Sei como seu dever de Senhor do Fogo deve lhe ocupar boa parte do seu tempo, mas..."

"Não tem que dizer nada, Katara. Sou o líder da Nação do Fogo agora, mas não significa não poder tirar um tempo pra confraternizar com meus melhores amigos...e na ausência dos mesmos, vocês podem quebrar o galho." Todos pareceram encanados pelo que tinha dito o dominador de fogo. Zuko sentiu como se desse um fora. "Ei, fiquem calmos. Foi uma piada, só isso. Tá, admito. Sou péssimo com piadas. Mas de tanto andar com vocês, quis tentar fazer uma. Sou um tonto, reconheço."

"Não, não é, não. Sabemos que foi brincadeira. Só precisa treinar mais." Disse Aang lhe pondo a mão no ombro do amigo. Zuko apreciou o gesto de seu amigo monge do ar.

"Se precisar, dou uma aulas de como elaborar uma piada. Garanto que terá um bom resultado."

"Só não fique muito com ele ou pegará hábitos bem bobos como filar a boia antes de todos." Falou Katara, sabendo como seu irmão age. Sokka ficou emburrado com isso, mas Suki lhe beijou o rosto em apoio. O guerreiro da água lhe sorriu.

"Turma." Disse Aang tomando a frente. "Estou feliz de nos reunirmos de novo. Depois da guerra, entendo como todo mundo quis buscar novas ocupações em prol da paz e harmonia. Eu, por exemplo, descobri uma manada de bisões voadores nas minhas viagens às montanhas e o Appa até conquistou uma nova companheira. Fiquei sabendo de possíveis dominadores de ar e os visitei. Possuem um bom talento e dominam o ar extraordinariamente. Será uma questão de tempo até os templos do ar serem reabitados um dia."

"Maravilhoso, Aang. Sabia que sua busca daria frutos. Espero que quando os novos dominadores estiverem operantes, possa me levar pra visitá-los. Ando ocupada, lecionando cura para dominadores de água, porém quero ver com meus próprios olhos." Aang consentiu ao pedido de Katara, lhe vendo com a mesma paixão demonstrada na sensação do último beijo que trocaram.

"Pessoal. Que tal fazermos logo o piquenique e daí, continuamos a compartilhar nossas histórias? Minha barriga não para quieta."

"Isso não é notícia nova, Sokka, mas admito que estou faminta também. Querem uma mesa?" Toph gesticulou com os ombros e do chão, uma mesa de rocha e seis lugares surgiram, sendo um deles ocupado pela garota cega. "Pena, Zuko, seu tio não ter vindo. Queria trocar umas ideias com ele."

"Ele também lamenta, Toph, mas está pra realizar o primeiro campeonato de Pai Sho de Ba Sing Se e ele está decidido a ganhar, mesmo sendo a casa de chá dele a patrocinadora do evento. E se alguém quiser jogar Pai Sho, eu trouxe um tabuleiro."

"Eu vou gostar de jogar, mas depois de comer. Trouxe minha famosa torta de creme de frutas, sua favorita, Sokka." Suki mostrou o belo prato de torta diante dos amigos. Sokka babava por aquela delícia feita por sua namorada.

A mesa foi posta e cada um se acomodou, enchendo seus pratos e copos alegremente, apreciando aquele momento de paz e amizade, livres temporariamente dos diversos deveres envoltos em suas vidas. Foi quando algo pareceu alertar Toph.

"Ei, gente." Ela imediatamente se levantou. "Pode não parecer, mas sinto algo estranho, como se algo fosse adentrar em pleno ar. As vibrações que sinto do chão estão bem anormais."

"Será que não é só fome ou um mero tremor de terra? Já teve isso antes, não foi?"

"Eu acredito nela, Sokka, e pressinto algo similar." Respondeu o Avatar.

"Então somos dois. Minha dominação de fogo parece captar uma forte energia."

"E minha dominação de água também. Será um espírito ou algo do tipo?"

E sem qualquer aviso, uma forma arredondada de energia explodiu em pleno ar, revelando uma espécie de portal giratório com uma sucção poderosa, puxando a comida e os itens do piquenique para dentro de si.

"Caramba. O que essa coisa? Como é forte." Suki se segurou em Sokka, buscando evitar ser puxada.

"Tem jeito de ser um portal, talvez pro mundo espiritual, embora sua energia se diferencie bastante da que senti da última vez."

"Ah, é? Vejamos se aguenta comer uma tonelada de rocha." Toph fez crescer uma grande pedra da mesa e a jogou na direção do portal. Graças a sua ligação com a terra, não foi difícil calcular o alvo e jogar a rocha, mas seu triunfo terminou por ser temporário, uma vez que a pedra rachou e foi sugada.

"Dá pra ver que esse treco tem mais fome do que o Sokka, mas será que lida com comida quente?" Zuko criou uma bola de fogo e a aumentou com rapidez, a jogando contra o portal. Infelizmente, nenhum efeito se deu.

Conforme a sucção aumentava, Aang, Zuko, Toph e Katara iam desferindo ataques elementares sem nenhum sucesso. De tão poderosa que era a força de absorção, até Appa começou a ser arrastado, fazendo Aang decidir por retirada imediata. Todos se arrastaram pra junto de Appa, com Aang e Toph criando muros de pedra pra bloquear a força sugadora. Assim que subiram no bisão, Aang bateu as rédeas.

"Depressa, Appa. Pra longe daqui. Yyp, yyp." Comandou o dominador de ar, mas até mesmo seu fiel animal voador não teve forças suficientes pra escapar daquela anormal armadilha, indo cada vez pra mais perto.

"Essa não. Aquele buraco está quase nos vencendo. Eu pego as rédeas. Aang, turma. Tentem usar suas dominações pra dar mais impulso ao Appa. Pode ser nossa última chance." E seguindo o plano de Sokka, os quatro dominadores fizeram uso de seus poderes em sincronia, atirando com todas as forças de uma vez. Entretanto, nem assim deu certo e o buraco místico os puxou para dentro de si. Buscaram se seguram o máximo que podiam, sem imaginar o que lhes reservava.

"Aonde será que iremos parar?"

"Seja onde for, Katara, pelo menos iremos juntos. E falando nisso, cadê o Momo?" Mas a pergunta de Aang nem teve como ser respondida, já que o portal terminara de puxar o gigantesco bisão branco com seus passageiros e num instante, sumir como se nunca tivesse estado lá.

No local onde se deu o desaparecimento e agora bem estragado devido a quantia de plantas e árvores retorcidas e quebradas com a força do vácuo, a pequena figura do macaco-lêmure de Aang deu as caras depois de deixar o buraco onde havia se enfiado. Sem entender o que se passou, Momo só deu de ombros e mordeu despreocupado a fruta em suas mãos.


Erik ia limpando o rosto do creme que tinha levado na cara, sem perceber uma imensa rocha vindo de dentro do portal em sua direção. Quando se deu conta, tentou erguer o escudo, mas por sorte, Diana o tirou do caminho antes do impacto.

"Nossa. Obrigado, Diana. Nem quero pensar o que se daria comigo."

"Não tem de quê, Erik. Você é como é, mas não ia deixar que se machucasse. Seja como for, estamos juntos nessa."

"Juntos, sim, é verdade, mas talvez seja mais sensato irmos mais pra trás, porque aí vem mais fogo e estou falando literalmente." E de fato, feixes de fogo, mais de água, vento e pedras saíram do portal descontrolado, assim como mais objetos e finalizando, um imenso animal branco acabou cuspido da passagem, caindo mais adiante. Logo a seguir, o portal se fechou por completo.

"Pelas barbas do tio Iroh. Por fim, paramos, mas onde estamos?" Perguntou Zuko ao se levantar. Seus companheiros também pareciam abobalhados pela nova paisagem adornada pelos 4 sóis.

"Uma coisa eu digo: não estamos no Reino da Terra, nem nada similar." Disse Sokka. Vendo ao redor, notou o grupo de jovens armados que pareciam enfrentar uma batalha contra o homem no cavalo negro voador. "Caimos bem no meio de um combate, eu acho, mas de que lado ficamos?"

Subitamente, um raio lançado pelo Vingador ia vindo contra a direção de Appa, não o alvejando graças a Hank, conseguindo desviar o tiro com sua flecha energética. O ranger se virou pro grupo recém chegado.

"Tratem de se abrigar. O Vingador não quer dar trégua de forma alguma." Hank lançou mais uns tiros.

"Bem, creio que isso responde sua dúvida, Sokka." Disse Toph.

"Então, quer dizer que vieram novos intrusos ao Reino? Sinto informar que sua estadia aqui será bem curta." Ameaçou o arquimago negro.

"Ah, é? Não curto entrar em brigas, mas desta não vou recuar. Appa, pra cima. Yyp, yyp." E a mando de Aang, o bisão branco decolou como um balão, partindo pra cima do vingador. Os heróis mal conseguiam crer no que haviam testemunhado.

"Uau. Viram só aquilo? Aquele bisão de seis patas voou como um avião e sem asas."

"Todos vimos, Bobby, e digo mais, veio na hora H, mas o que será que eles poderão fazer contra o cabeça de chifre?" Presto indagou ao limpar os óculos.

Seguindo a corrente de vento, Appa seguiu na direção do cavalo negro, ficando de frente com o animal e seu terrível adestrador. O Vingador pareceu um tanto surpreso por um animal daquele tamanho poder voar livremente, mas preferiu focar em seus passageiros.

"Vejo que são de fato de outro mundo, pois jamais vi um ser como este antes. Porém, não tenham esperança de me derrotarem, crianças."

"Se eu fosse o senhor, não cantaria vitória tão cedo. Nem imagina do que somos capazes, mas preferimos evitar violência. Sendo assim, peço que se retire em paz agora." Katara falou com gentileza, mas ficando firme para se defender.

"Oh, está falando sério, menina? O que faz pensar que podem medir forças comigo?"

"Vamos ver, que tal...ISTO?" Zuko concentrou seu fogo e atirou uma forte labareda contra o Vingador, não conseguindo feri-lo de imediato, mas o atordoando pelo ataque. no momento seguinte, foi tomado pela ira.

"Um ataque elemental de fogo? Bem, podem ser mais do que somente crianças, mas conseguem lidar com o raio de um feiticeiro?" O Vingador atirou um poderoso relâmpago contra o grupo, mas Zuko e Aang se puseram na frente, assumindo o controle do ataque e o redirecionando na direção de onde tinha vindo. O relâmpago alvejou o arquimago maligno e seu corcel com mas força do que o fogo disparado.

"AHHH. MALDITOS INTRUSOS. Desta vez, não serei tão clemente. Eu vou..."

"Vai o quê?" Imediatamente, o corpo do Avatar se viu envolvido numa grande energia azul e branca, lembrando uma grande luz emanada do próprio sol, mas mais intensa. Era como se seu ser virasse um tremendo receptáculo de poder quase infinito, prestes a explodir e engolfar tudo ao redor.

"Não posso acreditar. A força que emana desse menino é imensurável. Dá a impressão de superar até o meu próprio poder e mesmo o do Mestre dos Magos. Temo que não tenha condições de enfrentá-lo agora." Pensou o mago maligno, sentindo a força que Aang liberava crescer velozmente.

"Escutem. Por hoje, vou me retirar, mas na próxima vez estarei preparado. Sendo assim, jovens inimigos, antigos e novos, desfrutem do seu último descanso." E se voltando, o Vingador e sua sinistra montaria desapareceram por meio das nuvens.

"Eu, hein? Achei que ia rolar a maior briga. Ei, Aang. Você está aí dentro?" Perguntou Suki meio preocupada.

O Avatar se manteve quieto em seu estado de concentração por uns segundos e quase imediatamente, sua energia diminuiu, levando o dobrador de ar a recobrar seu estado mental normal. Ao se virar, foi um alívio geral de seus amigos verem seu companheiro de volta ao normal.

"Fiquem calmos, gente. Estive no controle até agora e garanto que o Estado Avatar não deu as caras. Ao menos, não de tudo. Só um sustinho pra afugentar o esquisitão."

"Estou feliz de ter sido apenas isso, Aang." Exclamou Katara, o abraçando. Aang ficou contente do gesto carinhosos de sua namorada. Trocando um beijo como fazia tempo que não se dava, o casal se separou e Aang retomou as rédeas de Appa, conduzindo seu amigo voador ao chão. Lá chegando, o grupo foi recebido pelos aventureiros.

"Rapaz, essa foi de arrasar. Não pensei que seriam capazes de encarar o Vingador na unha. De toda forma, obrigado pela ajuda." Respondeu Hank bem feliz, estendendo sua mão ao Avatar. "Permita nos apresentar. Sou Hank e meus amigos Erik, Diana, Presto, Bobby, sua irmã Sheila e nossa mascote, Uni."

"Bééé." Falou Uni, relinchando amigavelmente e se aproximando de Aang. O pequeno monge afagou a crina da unicórnio, que se sentiu a vontade na presença dele.

"Muito prazer em conhecê-los. Eu sou Aang e estes aqui são Katara, seu irmão Sokka, Toph, Zuko, Suki e o grandão é o Appa."

Cada um dos membros dos grupos foram se apresentando uns aos outros, ultrapassando qualquer receio inicial e embora algumas impressões não tenham saído com 100% de sucesso, todos puderam a sua própria maneira se entrosar, parecendo como um encontro de velhos amigos. Até Uni e Appa se mostrarem bem cordiais entre si.

"Bom, tendo feita as apresentações, acredito que é hora de sabermos que lugar é este. Podem ver que não enxergo, mas sinto algo bem extraordinário neste terra só pela sensação vinda dos meus pés." Toph disse bem curiosa.

"Oh, claro. Que maus modos os nossos." Erik falou meio sarcástico, mas com polidez. "Aqui é o Reino, também chamado de Mundo Maluco ou Terra da Loucura, escolham o nome, não faz diferença alguma. E de onde vocês vieram?"

"Sim, pelas roupas e aspectos, parecem ter vindo do Tibete, Índia, China ou Japão." Sheila disse com boa observação.

"Na real, creio que não existam estes lugares em nosso mundo, mas pelos nomes, digamos que tem bastante em comum com eles." Falou Suki. "Nosso mundo é dividido em 4 grupos: Tribos da Água do Norte e do Sul, Reino da Terra, Nação do Fogo e Povo do Ar, assim chamados devido as habilidades sobre os 4 elementos principais."

"Ah, bem que reconheci. Escutem, como conseguem fazer tais feitos? Que tipo de mágica é essa?"

"Não é mágica, Presto. Hã, Presto, certo?" Perguntou Zuko ao mago que deu um sim. "Chama-se dominação ou dobra. Uma habilidade especial de certos indivíduos em controlarem os elementos por meio da força espiritual e energia de nossos corpos. Parecendo um modo de se contatar com as forças da natureza. Mas garanto não ter mágica alguma."

"Mesmo assim, é impressionante."

"E falando em mágica, Presto, tem jeito de replicar novamente o encanto do portal agora que o Vingador se mandou?"

"Lamento, Diana, mas os ingredientes só davam pra uma tentativa e como se não bastasse, o livro caiu dentro da Névoa Envolvente e sem ele, não há como conduzir o encanto, mesmo que eu recite as palavras."

"Se for o caso, eu vou com o Appa até esse lugar da névoa e vasculho tudo até encontrar."

"Melhor não, Aang." Respondeu Hank. "Do que dizem, quem entra aí nunca mais é visto. Mas não precisam se preocupar. Teremos outras oportunidades de voltarmos para casa, vocês para a sua e nós para a nossa."

"Quer dizer que não são daqui? Então, como chegaram neste lugar?" Katara indagou bem intrigada.

"Essa é uma longa história e vamos gostar de contar, mas talvez devêssemos procurar um lugar pra acampar, pois logo vai escurecer. Dariam a honra de virem conosco?" Bobby perguntou, simpatizando com os novos companheiros.

"A honra é toda nossa." Aang falou se curvando em cumprimento.

"É, fazer o quê? Nada sabemos deste mundo esquisito e na falta de ocupação melhor, ficar com vocês vai quebrar o galho."

"Toph, seja mais educada." Katara disse, conhecendo bem o modo grosso de sua amiga cega. "Perdoem as ações dela."

"Ah, de boa. Já estamos acostumados. Ei, Erik. Por fim, achou sua cara-metade. Se combinam perfeitamente." Bobby falou, achando engraçado. O cavaleiro somente deu de ombros, já acostumado a esse tipo de provocação. Toph parecia estar do mesmo jeito e apesar de não poder ver Erik, tinha algo nele que lhe trazia certa atenção.

Deixando os deboches e debates de lado, todos subiram em cima de Appa e uma vez acomodados, se seguraram firme quando o bisão do ar levantou voo mais uma vez, guiado por Aang. A turma já havia voado antes em outros animais, mas jamais tinham se deparado com uma criatura como essa. Uma coisa era verdade: seja de onde fossem seus novos amigos, se havia animais como o Appa, era um lugar além da imaginação, tanto quanto se mostrava o Reino.


Ao longe, no topo de uma montanha, o arquimago do mal observava a partida do bisão voador e seus passageiros, se sentido intrigado por suas estranhas técnicas de combate envolvendo os elementos da natureza, mas sua atenção em especial era focada em Aang.

"Eu não entendo como uma criança daquelas oculta forças tão esplêndidas. Sem dúvida, devo saber mais sobre ele e seus companheiros. Demônio da Sombra." E sem aviso como de costume, o traiçoeiro espião surgiu do chão.

"Sim, meu mestre. O que ordena?"

"Vá atrás dos garotos e de seus novos amigos. Descubra tudo que conseguir sobre eles, principalmente sobre o menino de nome Aang. Ele me interessa muito."

"Já estou a caminho, mestre." E o Demônio da Sombra partiu na direção oposta, ao passo que seu senhor partiu um pouco depois.


No fundo do vale da Névoa Envolvente, o Livro dos Encantos Sagrados perdido jazia no chão sem uma alma sequer ao redor. foi quando passos puderam se ouvidos e diante do livro, 4 figuras encapuzadas, uma de vermelho e 3 de preto, todos ostentando máscaras bizarras, viram o objeto caído e o pegaram.

"Eis, meus irmãos, que de novo retomamos algo que é nosso por direito. Aqueles jovens pensaram que tinham nos passado a perna ao tirar o livro do seu repouso sagrado." Falou o homem de vermelho.

"Exato, grande irmão, mas nem desconfiavam que o livro possuía um encanto que nos permitiria localizá-lo, independente da distância."

"E agora, é nossa obrigação devolvê-lo ao seu lugar. Irmãos, não quero parecer com medo ou supersticioso, porém sugiro que saiamos logo daqui. Algo neste lugar não me agrada e sinto que nos observam."

"Não se deixe levar por histórias, irmão, mas concordo com você sobre irmos embora. Por sorte, nossas máscaras permitem que vejamos na névoa como se fosse um dia claro e entãooooooo..." Sem aviso, o homem pareceu ter sido puxado pra dento da neblina e ficado em completo silêncio.

"Ei, onde ele foi parar? Aonde ele...AAAHHHHHH." E como se deu com o anterior, o segundo homem de manto preto também foi tragado e silenciado.

"Irmão, tem algo estranho neste lugar. Vamos depressa antes de...AAAHHHH." E lá se foi o terceiro, largando sozinho o encapuzado vermelho.

O único que ficou olhou nervosamente em cada direção, tentando achar algum vestígio dos companheiros, mas como nada se pôde ouvir ou ver, tratou de se retirar com o livro.

Correndo a esmo na direção de onde tinha vindo pra adentrar na névoa, o líder não parava por nada, sentindo um pesar pela perda dos irmãos, mas sabia que haveria riscos ao recuperar o livro que considerava sagrado. Durante o trajeto, nada se deu, embora pressentisse estar sendo perseguido por algo. Seja lá quem ou quê fosse, não ia se deixar capturar.

Depois da longa corrida, por fim deixou a sinistra neblina, parando um momento para tomar fôlego. Olhando na retaguarda, lamentava a perda de seus amigos, embora tentasse pensar que talvez eles tenham dado seu jeito e fugido do que quer que habitasse aquele lugar.

"Espero que tenham dado sorte e escapado, irmãos, mas se não, prometo que suas memórias serão eternamente lembradas em nosso ordem como aqueles que morreram por nossa causas nobres. Agora, levar isto de volta e daí..."

Entretanto, o homem de vermelho mal deu dois passos quando um tipo de tentáculo fino saltou da neblina e o envolveu, prendendo seus braços e o jogando ao chão, a medida que o arrastava pra dentro.

"NÃO, NÃO, NÃO. ME SOLTE, ME SOLTE. SOCORRO, SOCORROOOOO..." E terminou puxado para dentro da Névoa Envolvente, enfatizando a ideia de que nada ou ninguém saia daquele lugar, nada restando fora de seus limites senão a máscara do líder e o Livro dos Encantos Sagrados, esperando por um resgate que jamais iria acontecer.

Continua...