Tudo Como Dantes...


Uni foi quem primeiro viu após a dispersão da imensa aurora emitida pela espada mágica. Logo, foi pra junto de Bobby, mostrando-lhe o ambiente. O garoto de 11 anos se levantou e depois dele, seus amigos e os demais presentes puderam ver o resultado da mágica da espada.

A cidade inteira de Rowalyoods havia retornado ao seu esplendor de outrora, cada parte destroçada tinha sido reconstituída ao seu normal. Nada dava qualquer impressão de que houve destruição ou batalha naquele lugar. As pessoas saiam de seus esconderijos, sem conseguir entender nada do que tinha acontecido naquele dia, só se recordando de estarem se preparando pro Festival da Boa Sorte de Rowalyoods. Pros discípulos do Mestre e a Equipe Avatar, assim como as irmãs aranhoides e os Louder, em especial pra família, era melhor que tudo ficasse em branco na mente dos cidadãos, considerando sua reputação de bagunceiros e encrenqueiros nas imediações.

"Caramba. Estão vendo o que vejo?" Questionou Suki.

"Tá brincando, fofa? Tem que tá cego, sem fazer insinuação a minha condição anterior, pra não notar a ordem que isso tá." Disse a bandida cega.

"E não é só isso que foi restaurado. Saquem só." Apontou Diana na direção onde a Armadura dos Antepassados, antes reduzida a sucata e escombros, se mantinha de novo em pé, parecendo ter acabado de sair de uma forja, completamente nova. "Aquela luz deve tê-la reconstruído junto, quem sabe por ela compartilhar o mesmo poder dos Antepassados."

"Tirou as palavras da minha boca, Diana. Como se o tempo voltasse pra trás." Disse Presto.

"Se voltou pra trás, significa que não temos tempo a ganhar. Ha, ha, ha, ha, ha. Entenderam?" De novo, todos chiaram ao trocadilho de Luan, menos Uni e desta vez, Appa mostrou ter gostado. "Valeu, grandão. Seu senso de humor tem um bocado de peso. Ha, ha, ha, ha, ha. Entenderam?"

"Deixe as piadas para depois, Luan. Se tudo aqui voltou ao normal, é capaz de nosso irmão estar bem também." Respondeu Lana.

"Estão todos de parabéns, aventureiros. Souberam usar bem o poder da Espada de Erling." Ao se virarem, pensaram se tratar do Mestre dos Magos, mas a figura inigualável de Rajhiv era quem tinha surgido.

"Ei, quem é você?" Quis saber Lynn Sr..

"Rajhiv, o sábio espírito guardião da caverna de Raphael. Nós conseguimos graças ao senhor que nos guiou." Katara o cumprimentou e os demais repetiram o gesto.

"Fico feliz de ter podido dar um auxílio, criança, mas se veem aqui fora, sabem o por quê."

"Oh, claro. Veio buscar a espada? Se for isso..." Elejay ia puxá-la de suas costas, mas Rajhiv a impediu num simples gesto.

"Não, querida. A espada é sua agora. Eu falei que o preço pela retirada dela seria o conhecimento. Se possuírem algum livro ou pergaminho para dar em troca dela..."

"Dá licença." Lucy surgiu, assustando todo mundo com mais uma de suas aparições repentinas, mostrando seu livro. "Este volume foi escrito pela minha bisavó, contendo um vasto arquivo de encantos e feitiçarias." Ela passou o livro pro sábio, dando junto uma página solta. "Esta página tinha rasgado, mas dá pra colocar de volta."

"Uma ótima troca. Tenha certeza de que ficará bem cuidado." Ele pegou o livro e o guardou dentro da roupa.

"Ei, por favor." Aranea se aproximou de Rajhiv. "Olha, sem eu dizer nada, peguei 3 espadas mágicas da caverna. Vai querer leva-las de volta?"

"Oh, em absoluto. Vi o lindo trabalho que realizou com suas teias e achei formidável. O conhecimento não tem a ver só com sabedoria e escrita, mas também com a arte de criar coisas belas e inspiradoras. Fique com elas, pois sei que serão úteis. Adeus para todos." E o velho de túnica branca sumiu sem dar impressão nenhuma de ter estado lá um dia.

"Legal, pessoal." Nellie puxou sua espada de fogo e as irmãs também mostraram as lâminas de gelo e relâmpago. "Temos nossas próprias armas mágicas agora. Não acham bacana demais?"

"Pode crer, mana mais velha. Lembra aquele livro que o Presto conjurou na semana passada. Qual era o título?" Disse pensativa a aranhoide de cabelo azul.

"Ah, eu sei, Joy. Os Três Mosqueteiros, ou no nosso caso, mosqueteiras."

"Eu diria, as três aranheiras." Sheila disse com graça. As alienígenas gostaram do título

"Sim, minha amiga, as três aranheiras, e sabem o que significa, manas?" Joy e Aranea pegaram a ideia e erguendo as espadas, juntaram suas pontas pra cima como faziam os mosqueteiros.

"UMA POR TODAS E TODAS POR UMA. Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha."

"Sabia que tinha um bom motivo pra gostar do livro." Comentou Zuko e todos viram a convicção das companheiras, bem similar aos heróis literários.

"Pessoal." Clyve entrou na conversa. "Não querendo estragar uma ocasião tão confraternizante, mas não seria bom vermos se Link está bem? Se a espada desfez todo o estrago feito..."

E antes de qualquer um poder dar uma piscada, bem depressa se dirigiram ao local onde o jovem irmão Louder tinha sido posto em segurança durante o conflito com a armadura animada. Passaram pela multidão que ia se juntando nas ruas, vários confusos e perplexos sem compreender a real natureza do que havia se dado, outros aguardando com ansiedade o começo do festival e uns sem saber direito o que a Armadura dos Antepassados fazia fora do seu local de costume.

"Ei, alguém aqui sabe o que se deu?" Perguntou uma mulher em traje elegante.

"Sei tanto quanto a senhora, prefeita. Só me recordo de uma vasta luz e daí...deu um branco geral." Respondeu um idoso em boa forma física.

"Hmmm. Talvez, senhor Grouser, possa ter sido uma refração solar causada pelos sóis ou sei lá o quê. Bem, não tem importância, a prioridade é agora levar a armadura de volta pro seu lugar pra iniciarmos o festival."

"Por uma pequena taxa, prefeita," Disse um homem gordo de grande bigode. "o Flupp's aqui leva a armadura em completa segurança. Já estou com a carroça pronta. Basta pagar." E não tendo um recurso melhor naquela hora, a prefeita de Rowalyoods pagou ao homem de nome Flupp's levar o artefato pro seu lugar.


Depois de uma boa corrida, o grupo chegou ao local e ali viram o menino parecendo estar dormindo com sua segunda irmã mais velha lhe segurando a mão carinhosamente. Tinham esperança de que ele só estivesse dormindo, mas ao verem o rosto da garota, não era de boas novidades.

"Leni, querida. Como ele está?" Quis saber Rita.

"Por favor, diga que literalmente teve alguma melhora." Falou Lori. Entretanto, Leni apenas de um balançar de cabeça negativo, indicando a resposta. O clima entrou num nível bem pesado para toda a família e o menino que era seu melhor amigo.

"Meu filhinho, meu garotinho."

"Sinto muito, querida. O erro foi meu." Lynn Sênior lhe tomou nos braços.

"Todas aqui temos culpa nisso." Exclamou Luna bem cabisbaixa.

"Isso não teria rolado se eu não colocasse a ciência acima de tudo. Por que não contei a verdade sobre as superstições em lugar de querer estudar e anotar sobre como a razão pode acabar ofuscada por comportamento débil e irracional causado por boatos e fofocas?" Lisa disse em forte pranto, um estado emocional da qual evita mostrar, mas não desta vez e nem ligou de exibir.

"Lamentamos muito pelo seu filho, mas espero que isso tenha lhe trazido alguma lição como, por exemplo, a família vem antes de crenças sem sentido e vitórias vazias. Não vale a pena ganhar se o preço pra tal é ir além dos limites ou sacrificando seus entes queridos." Concluiu o Avatar. O dobrador de ar não é uma pessoa que costuma chamar a atenção dos que erram em boa parte do tempo, mas sabe quando deve fazê-lo.

"Muito bem dito, Aang. Família é algo pra priorizar e estimar. A maioria de nós aqui não tem laços sanguíneos, mas para todos os efeitos, nossa convivência durante nossa estadia neste mundo e antes disso nos tornou mais do que amigos. Cada um aqui é pros demais pai e mãe, irmão e irmã. Nos respeitamos e nos amamos, independente de crenças, conceitos, manias ou similares." Zuko exclamou com todo o coração, abraçando Presto e Aang ao mesmo tempo. Todos os demais admiraram o atitude do príncipe do fogo.

"Claro, não somos perfeitos e tem momentos que falhamos e entramos numa discussão ou discordância, contudo, sabemos resolver a questão quando ainda é um copo d'água e não transformamos numa inundação de brigas e conflitos enormes." Katara, junto com Nellie, Toph e Erik ao seu lado, estava de acordo com Zuko.

"Tem toda razão. As famílias devem ficar unidas e se amarem, não permitindo que bobagens e tolices extremas estraguem tudo." Respondeu Lucy, desta vez saindo do meio das irmãs sem dar susto. "De toda forma, agradecemos por sua ajuda. Se houver algo que possamos fazer..."

Sokka tomou a frente. "Pode, há um jeito. Disse que conhece um encanto para abrir passagens para outros mundos. Se puder abrir uma que nos permita voltarmos aos nossos mundos, tá de bom tamanho. Que tal?"

"É um bom pedido, mas há um porém."

"Não é novidade, sempre tem um, mas qual é desta vez?" Indagou Sheila, esperando que não houvesse complicações.

"O encanto está no livro da bisavó Harriet."

"Diz...aquele que o velho da caverna...?" Nem precisou Erik completar a pergunta, pois a Louder gótica afirmou com um balançar. Dando meia-volta, o cavaleiro seguiu pra um beco próximo e Toph foi junto. Dali, um amontoado de gritos e berros frustrantes foi escutado. Evidente que os heróis compreendiam tal reação dos amigos.

"Uau. São piores do que eu quando perco um concurso." Observou a Louder de vestido de princesa.

"Não deem atenção, gente." Hank sorriu. "Eles entram nesse estado, mas logo eles descarregam tudo. Mas não posso censurá-los pela frustração."

"Ei, ei, nem tudo está perdido." Rita falou com calma. "A vovó Harriet sempre mantinha os rascunhos de tudo que ela escrevia, fosse pra um livro ou só uma anotação. Não é isso, querida?" Ela se dirigiu à Lucy.

"Realmente. Ela guardou cada papel em que escreveu e usou boa parte pra escrever o livro de feitiços. Acredito que deva ter o rascunho do encanto de portais, mas pode levar um bom tempo pra encontrar."

"Sim, com dois pais que insistem em consertar tudo sozinhos, um monte de bichinhos e 11, quero dizer, 10 crianças, a casa é meio que...ah, um total caos." Explicou Luna para Suki e Diana. Os demais também escutaram e decidiram: aquela família não tinha nada de normal.

Lynn Júnior não conseguia tirar a tristeza da face, completamente tomada pela culpa e pelo arrependimento de sua ações. As irmãs quiseram lhe dar conforto, mas ela recusou. "Eu causei esse desastre por só pensar em vitória e agora, meu irmãozinho se foi...para todo o sempre, e não tem nada que eu possa fazer pra consertar minha burrada."

"NÃO PERCA A ESPERANÇA, JOVEM LOUDER. AINDA SE PODE FAZER ALGO." Disse novamente a Espada de Erling. Lynn a exibiu perante todos.

"O que...você está querendo dizer com isso?"

"Nosso maninho pode ser salvo?" Perguntou Luan. "Por favor, nos conte."

"QUANDO A ARMADURA DOS ANTEPASSADOS LIBEROU SUA ENERGIA, A FORÇA VITAL DE SEU IRMÃO TAMBÉM FOI SOLTA. SEU CORPO PERMANCECE VIVO, MAS NECESSITA DO ESPÍRITO PARA DESPERTAR MAIS UMA VEZ...E ELE SE ENCONTRA PERDIDO EM ALGUM LUGAR DO REINO."

"Está dizendo que...há chance de Link ser trazido de volta?" Bobby perguntou.

"SIM, É POSSÍVEL, MAS SERÁ PRECISO PERCORRER UM LONGO CAMINHO. DEVE PARTIR AGORA, LYNN LOUDER JÚNIOR, E ESTAREI AO SEU LADO NO QUE FOR PRECISO." A voz de novo se calou, mas aquelas palavras puderam reacender a esperança da família em relação ao filho.

"Isso é literalmente a mais maravilhosa das notícias."

"Maneiro. Vamos trazer o mano pra junto da gente."

"Oh, Deus. Obrigado por nos trazer uma luz a nossa escuridão." Clyve disse com lágrimas caindo como uma queda d'água.

"Opa, opa, opa. Se alguém aqui vai buscar o Link, vai ser eu." Elejay disse estufando o peito. "Além disso, a espada falou que era tarefa minha e vou sair daqui pra procurar, nem que leve a vida toda."

"Ei, um momentinho, mocinha." Seu pai falou batendo o pé. "Se pensa que vai sair por aí sozinha..."

"Nem tenta me deter, pai. Eu fiz o estrago, eu devo consertar e depois, vocês precisam ficar e cuidar de Link. Esta é minha missão e minha sina. Hora de assumir minhas responsabilidades." Lynn Sênior quis persuadir sua filha esportista mais uma vez a não ir, porém, bastou ver a face extremamente determinada dela que já notou o que iria escutar dela e uma vez que se tratava de uma Louder, não havia o que fazer. Contudo, ele tentou apelar pros heróis.

"Olhem, crianças. Vocês ouviram bem o que ela falou. Não podem fazer ela desistir dessa maluquice? Claro, quero o meu filho de volta mais do que qualquer outra coisa, mas não suportaria perder mais um, nem dois, nem três...BUÁÁÁÁÁ." Lynn desmoronou numa choradeira como um bebê desamparado, precisando que Rita o levantasse.

"Senhor Louder." Zuko deu um passo na frente do grupo. "É compreensivo que um pai muito amoroso tenha dificuldade de encarar o dia em que os filhos deixam o ninho pra procurarem seu lugar no mundo. Tá bom, eu não tive um bom exemplo paterno, mas meu tio Iroh sim em relação ao filho dele, meu primo Lu Ten. A questão está de que sua filha deseja reparar o erro que cometeu, ou seja, restituir sua honra e nisso eu sou experiente."

"E nós também buscamos um objetivo: achar o caminho de volta para nossa casa. Parecemos crianças em idade, mas vivenciarmos tantas aventuras que nos ajudou a crescer espiritualmente, e nos viramos bem até hoje." Hank dizia com convicção. "Além disso, Elejay tem a posse da Espada de Erling e notei que ela é bem sábia e poderá guia-la em sua jornada."

Os Louder observaram bem aquela grupo de jovens aventureiros e mostravam uma boa admiração por eles. Do jeito que disseram, era mais do que evidente que passaram por grandes provações e superaram cada uma. De fato, várias das meninas Louder tinham metas similares às deles e os viam como exemplos de que poderiam torná-las realidade um dia. Rita foi pra junto de Elejay e abraçando-a, lhe disse no ouvido: "Boa sorte na sua aventura, querida."

"Rita. Você por acaso...?"

"Ouviu bem, querido, e nem tente dizer o contrário. Eu, como mãe, me preocupo com a segurança das nossas crianças, mas sei que ela iria sair pra encontrar Link, nós deixemos ou não, por bem ou por mal, então, que seja por bem e com nossa benção. Só me prometa que irá se cuidar, querida."

Lynn Júnior jurou de pés juntos para sua mãe e sendo não haver jeito, seu pai lhe conferiu sua benção, tomando-a nos braços com emoção. Cada uma de suas irmãs fez o mesmo, inclusive a caçulinha Lily e Clyde. Hank, Aang e seus amigos viam como eram uma boa família, ainda que tenham errado em muitos pontos.

"Escutem. Se desejarem, podemos seguir com Lynn por alguns dias, ou até ajudá-la a encontrar o espírito de Link. Achar o caminho de casa é nossa prioridade, mas sempre dá pra desviar um pouco do caminho." Diana falou para a família barulhenta e seus amigos estavam de acordo.

"Olha. Eu agradeço, mas quero começar essa jornada por minha conta. Pode ser que eu ajunte uns companheiros na viagem, mas se tratando de minha família, eu me arranjo. Além do quê," Elejay sacou a espada mágica. "estou em muito boa companhia."

"Dá pra notar." Lucy surgiu repentinamente mais uma vez, dando um baita susto nos que ali estavam. "Pessoal, eu lamento de novo que não possa lhes propor o caminha de volta, entretanto, vou verificar cada arquivo e anotação da bisavó Harriet. Sei que há um rascunho da mágica de portais em algum lugar. Quando achar, eu procurarei vocês."

"SE ME PERMITIREM, ACREDITO QUE POSSA AUXILIÁ-LOS NA SUA BUSCA." Respondeu mais uma vez a Espada mágica de Erling.

"Você sabe?" Erik foi quem perguntou. "Se sabe, pode nos dizer? Ah, e sem citar enigmas, se não for pedir muito."

"EM ABSOLUTO. INDO PRO NORTE, APÓS 4 DIAS DE VIAGEM, CRUZANDO O BOSQUE DA CORUJAS PRATEADA, ENCONTRARÃO O VILAREJO DE N'YORK E LÁ CHEGANDO, PROCUREM O PUNHO DE QUIL-MAN-DUR, UM CETRO MÁGICO CAPAZ DE ABSORVER ENERGIA E USÁ-LA PRA REALIZAR PROEZAS MÁGICAS. PODE HAVER ALGUM PERIGO PRA OBTÊ-LO, MAS UMA VEZ QUE O TIVEREM, PODERÃO USAR SUA FORÇA PARA VOLTAREM PRA SUA TERRA."

"Maneiro. Sinto que desta vez, voltaremos pra casa." Exclamou Bobby, girando seu tacape e por um triz, não acertou Katara. "Opa. Desculpa, Katara. Reflexo."

"Tá tudo bem, Bobby, mas fica atento com isto, por favor." Pediu a dama pintada. "E obrigada pela informação, Espada."

"NÃO TEM DE QUÊ." Ela respondeu polidamente. Embora fosse uma arma, tinha um bom grau não só de esperteza e sabedoria, mas de bons modos. Tendo tal consciência e capacidade, sabiam que a menina atleta estaria segura e pronta pro que viesse no futuro.


Uma hora depois, o grupo dos aventureiros do Mestre dos Magos e seus amigos da Equipe Avatar, após se despedirem dos Louder, prosseguiram para o norte, esperando que desta vez a sorte os favorecesse ao chegarem em N'York e obtivessem o Punho de Quil-Man-Dur. Um pouco depois, Lynn 'Elejay' Londer Júnior pariu na direção oposta, dando um último aceno para seus pais e irmãs, decidida em sua missão de achar seu irmão perdido e trazê-lo de volta.

"Bem, lá vai ela. Ela não é muito inteligente, mas admiro sua coragem." Suspirou Lori. "Tomara que quando for o dia de eu sair de casa, que seja em circunstâncias literalmente menos complicadas."

"Espero que não seja tão já." Disse seu pai. "Entendo que os filhos tem o direito de sair de casa, mas não é fácil pra certos pais."

"Cara, como queria Link aqui junto de nós. Se fosse assim, eu juraria respeitar a privacidade dele." Falou Luna.

"Não iria arrombar o quarto dele só pra exigir que me ajudasse com meus desfiles e concurso." Disse Lola com a maquiagem borrada de tanto chorar.

"Nem tentaria usá-lo mais como cobaia em meus trabalho e experimentos sem o consentimento positivo dele." Lisa falou, evitando usar demais seu alto vocabulário.

"Eu o levaria pro 'dia de levar a filha ao trabalho', mesmo ele sendo menino. Daria um jeito nisso, eu juro." Lynn Sr. dizia ofegante, parecendo que iria chorar novamente.

"Tá nos ouvindo, Link, filhinho?" Rita falou ao céus. "Quando voltar, faremos tudo isso e muito mais. Nós prometemos."

"É bom porque vou cobrar." Uma voz masculina ecoou por trás da família toda e ao se virarem, foi um espanto geral ao verem o menino de cabelo branco que ocupava a posição de filho do meio, consciente e de pé, parecendo estar em plena forma. "Oi, galera. Vejo que cheguei na hora certa."

"Lin...Lin...Link?" Clyve mal saiba o que falar diante do garoto ali presente e se recuperando do abalo emocional, correu na direção dele. "LINK. LINK, AMIGÃO, VOCÊ ESTÁ VIVO."

"Sim, Clyve, estou aqui, vivo e chutando. E aí, pessoal? Como estão?"

"Como estamos? COMO ESTAMOS? COMO VOCÊ ACHA?' Luan pareceu estar brava, mas seu semblante mudou para um de alívio e alegria, indo abraçar seu irmão mais novo. '"Estou feliz que acordou. Sua volta é uma reviravolta. Ha, ha, ha, ha, hs. Entenderam?"

"Oi, gente." Leni surgiu em seguida. "Desculpe me atrasar pra despedida da Lynn e dos nossos amigos. Ah, oi, Link. Já era hora de vir pra junto da gente e parar de fingir estar desmaiado."

"O QUÊÊÊÊ?" Todos ficaram abalados pelo que escutaram. Era possível aquilo? Link estava bem esse tempo todo?

"Isso aí é verdade? Link tinha recobrado a...a...LENI. POR QUE NÃO NÃO FALOU QUE ELE ESTAVA BEM?" Retrucou a filha mais velha.

"Ele pediu pra não falar." Leni disse inocentemente. "Um pouco depois daquela luz ter sumido..."


Flashback

Quando a imensa luz gerada pela destruição da Armadura dos Antepassados despareceu, Leni se mantinha ao lado de seu irmão desfalecido e numa virada rápida para ver Link, qual foi a surpresa ao vê-lo de olhos abertos e completamente vivo, não parecendo ter sofrido nada.

"Link, você acordou. Acordou. Mas como...?"

"Longa história, depois eu conto. Cadê todo mundo?" Leni falou bem depressa. "Me faz um favor, Leni. Não conta pra ninguém que eu recobrei a consciência. Eles precisam aprender uma lição. Me promete?"

A segunda irmã mais velha dos Louder jurou com promessa do dedinho.

Fim do flashback


"Daí, precisei esperar ele contar. Tinha prometido à ele não dizer nada."

"Filho, é tão bom que esteja de volta pra nós." Rita veio pra junto dele e o tomou nos braços, parecendo niná-lo. Seu pai fez igual, embora as irmãs se mostrassem relutantes em chegar perto. "M-Mas...como foi que...?"

"Se deu quando a luz da armadura explodiu."


Flashback

Eu parecia um fantasma flutuando, sentindo que devia partir pro outro mundo, porém, me veio uma voz estranha na mente e ao me dar conta, era como um vulto diante de mim, dizendo que não era minha hora de partir e antes de me dar conta, fui jogado pra dentro do meu corpo.

Ao acordar com Leni junto de mim, pedi que não dissesse nada, que eu resolveria toda a situação. Assim que Elejay se foi, decidi que era hora de botar os pingos nos is.

Fim do flashback


"E aqui estou. Sentiram saudades?" Link perguntou bem despreocupado. Era evidente o que sua família tinha no coração e apesar de estarem felizes com seu retorno, não se conformava com que ele tinha lhe feito passar.

"Não estou entendendo. Por que de tudo isso? Pra que nos deixar nessa aflição angustiante?"

"Quer a verdade, pai?" O garoto formou uma expressão séria e firme. "Pra lhes dar uma boa lição. Viram o que deu quando deixaram bobagens como superstições de sorte e azar falarem mais alto que o bom senso? A cidade quase foi destroçada, eu por pouco não parti pro além e os aventureiros perderam a oportunidade de voltarem pra casa deles."

"Sim, você literalmente está certo, Link. Devíamos ser uma família de verdade e não um bando de malucos dependentes de sorte e besteiras pra nos dar sucesso. Sei que fomos uns idiotas, mas tem como nos perdoar? Se fizer isso, vamos manter nossas promessas. Cada uma delas."

"Diz, Lori, sobre: privacidade, escolha na hora de participar, um tempo pra mim e etc.?" Todos balançaram a cabeça num 'sim', entendendo que haviam aprendido a lição e que tudo seria diferente dali por diante. "Então os perdoo, mas que nunca mais isso aconteça. De acordo?"

"SIM." Todos falaram juntos, indo pra perto do seu irmão num abraço coletivo. A bebê Louder era quem mais parecia feliz por seu irmão estar bem e de volta.

"Ti amo, Lin-koln." Ela falou, dizendo o nome completo dele. Foi uma comoção geral, algo natural quando a caçula Louder dizia algo.

"Ei, acabei de pensar." Lana falou como tendo uma luz em sua mente se acendendo. "Já que Link tá aqui conosco, não seria melhor um de nós correr até Lynn e contar...?"

"Não, deixa ela ir." Lori tratou de falar. "Foi por culpa dela que essa bagunça começou. Quem sabe, viajando por aí, ela aprenda a ser uma pessoa mais sensata e caso ela volte logo, diremos que Link veio a nós depois que ela se foi. Literalmente, não será uma mentira."

"Ah, sim. A entidade que me mandou de volta disse que a Espada de Erling está sabendo de minha situação, e contou que irá orientá-la em sua 'busca' por mim."

"Dá pra entender como tudo se encaixa agora." Analisou Lisa.

"Mas e aí? Quem topa entrar no Festival da Boa Sorte? Fico feliz que a lição foi aprendida e bem escrita, mas não convêm desperdiçarmos nosso tempo em família enquanto estivermos juntos. Quem vem comigo?"

Nem precisou ninguém falar nada sobre a sugestão de Linkoln. Ele, os pais, as irmãs e seu melhor amigo correram pra festa que se iniciava, focando em novos dias cheios de amor e confiança fraternais, livres de bobagens e superstições sem valor, ao passo que os jovens aventureiros prosseguem em mais uma nova jornada na busca pelo caminho de casa.

FIM.


Escrever contos não é coisa fácil e há dias em que não se tem muita vontade de prosseguir, mas quando se começa um trabalho, não convêm deixar pela metade. Ao ver tantos contos no site que ficaram inacabados e diversos deles muitos bons, resolvi que meu sistema não será assim. Posso demorar, mas eu concluo meus contos.

Dentre as curiosidades e referências, estou destacando a Espada de Erling, presente no arcade D&D Shadow Over Mystara, além das 3 espadas mágicas que Nellie, Joy e Aranea agora empunham e num ponto mais sútil envolvendo a divisão delas entre as irmãs, o clássico filme 'Os Bárbaros'.

O descanso do grupo numa praia me pareceu o ponto certo pra abrir a história, me recordando da estadia da Equipe Avatar na casa de férias da ilha Ember.

Na primeira ideia, Link não teria despertado e seu espírito seguiria vagando pelo Reino com sua irmã na procura, mas achei que ele voltando à vida pra dar uma lição em sua família seria bem mais interessante.

E logo, logo, estarei trabalhando no Livro 3.

'Tudo como dantes no quartel de Abrantes'. Me pareceu o título adequado pro capítulo, ao menos pro desfecho que mudou pela metade, se compreendem o significado da expressão.