Selene era uma guerreira com um coração frio. Seu passado a tornara uma pessoa dura, sem muitas emoções. Ela havia visto guerras, lutas, batalhas sangrentas, e em cada uma delas ela saíra vitoriosa, mas nunca intacta. Ela tinha um olhar vazio, como se nada mais pudesse atingi-la. Não sorria com facilidade e raramente se envolvia com as pessoas à sua volta.

Mas havia uma coisa que Selene temia: o desconhecido. Ela não sabia o que viria depois da morte e isso a aterrorizava. No entanto, essa não era uma fraqueza que ela admitiria facilmente. Ela escondia esse medo atrás de sua frieza, nunca permitindo que ninguém a visse vulnerável.

Selene havia vivido mil anos. Nesse tempo, havia perdido muitos amigos, amantes e parentes, e isso a tornara uma pessoa solitária. Ela tinha aprendido a confiar em si mesma, nunca baixar a guarda, nunca se deixar ser levada pelas emoções. E ela sabia que, mesmo que morresse amanhã, sua alma renasceria em outro lugar.

Apesar disso, havia algo que estava começando a mudar dentro de Selene. Quando Eve, sua filha, nasceu, algo mudou dentro dela. Ela nunca havia experimentado o amor de mãe antes, e isso estava derretendo seu coração frio. Ela aprendeu a amar, a sentir novamente, a se abrir para as pessoas.

Eve havia trazido de volta uma parte de Selene que ela havia esquecido. O amor e a compaixão que ela havia deixado de lado, voltaram a florescer em seu coração. Selene percebeu que, mesmo depois de mil anos, ela ainda podia mudar, aprender, crescer. Ela percebeu que, mesmo depois de tanto tempo, a vida ainda podia surpreendê-la.

E assim, Selene continuou sua jornada. Ela não sabia o que o futuro reservava para ela, mas não tinha medo. Ela tinha vivido mil anos, mas estava pronta para viver outros mil. E, mesmo que morresse amanhã, ela não temeria a morte, pois já havia renascido muitas vezes antes.

Selene aprendeu que, por mais frio que seja o seu coração, o amor sempre pode derreter o gelo. Ela aprendeu que nunca é tarde demais para se transformar, para se reinventar. Ela aprendeu que o desconhecido pode ser assustador, mas também pode ser cheio de surpresas. E, acima de tudo, ela aprendeu que a vida é uma jornada e que, mesmo depois de mil anos, ainda há muito a ser descoberto.