Agradeço a todos que enviaram mensagens após a postagem do capítulo I. Vocês me motivam a continuar e me dão sugestões valiosas para o que vier a seguir. Continuem enviando mensagens.
Aqui vai mais um capítulo. Espero que gostem!
Cap. II – Comportamento estranho
"Mamãe!". Rachel correu até ela. "House e eu estamos fazendo animais com massa de modelar".
"Uau! É mesmo?".
"Ele fez um elefante de regime".
Cuddy sorriu e olhou para o namorado que pareceu constrangido, ele sempre ficava assim quando era pego em flagrante sendo um bom pai.
"E eu fiz uma girafa com pescoço pequeno". A menina continuou falando empolgada.
"Uma girafa?".
"Sabia que as girafas têm pescoço muito grande?".
"Sim, filha".
"House me mostrou".
"Sério?".
"Ele me mostrou tantos animais legais".
"Ok filha... Vejo que você está empolgada e acelerada". Cuddy disse enquanto deixava sua bolsa na mesa da cozinha.
"House sabe tudo!".
"Uau, mais uma fã!". Ela disse enquanto se aproximava para beijar o namorado.
"Eu faço isso com as mulheres dessa família".
Ela sorriu. "Sim, você faz".
"Exceto Arlene, claro. E Julia... Mas aí não são família, família...".
"Elas gostam de você, só são mais... difíceis". Cuddy respondeu.
"Por difícil você quer dizer: bruxas?".
Cuddy sorriu e olhou para a filha que a puxava pela mão.
"Venha ver os animais!".
"Rachel, mamãe chegou agora, vou me trocar e já vejo os animais. Tudo bem?".
"Não mãe, venha ver antes!".
"Ok...".
House tentou se distrair fazendo uma das coisas que mais gostava: ligou a televisão.
A menina prendeu a mãe por pelo menos dez minutos para explicar cada uma das obras de arte. Sempre exaltando House.
Depois correu para pegar seu brinquedo no quarto.
"Ela te ama realmente!". Cuddy falou se aproximando do sofá.
"Ela é uma criança".
"Ela é uma criança que te ama e te admira".
House corou. "Eu também te amo muito, sabia?". Cuddy complementou.
"Ok, o que há de errado?".
"Nada... eu sempre falo que te amo, é você que não me fala de volta...".
"Eu sabia que algo viria daí... era uma armadilha de coelho...".
"Coelho? Eles pulam e são orelhudos". Rachel apareceu dizendo para Cuddy e House rirem.
House brincando com Rachel aqueceu o coração de Cuddy e quase a encheu de coragem para contar a novidade, quase...
"Você demorou hoje!". House reclamou.
"Problemas...".
"Antes eu pensava que eu era o maior de seus problemas, mas agora vejo que não sou o principal, isso deveria me deixar enciumado?". Ele perguntou bem humorado enquanto a puxava para seu colo.
Cuddy riu sem vontade, pois sua mente estava longe... muito longe...
"Ei... esqueça os problemas agora".
"Difícil...".
"Eu vou te ajudar a relaxar". E ele começou a massagear as costas da namorada.
"Eu preciso trocar de roupa...". Cuddy se levantou bruscamente causando estranheza nele.
"Mamãe, eu e House fizemos um bolo enorme".
"Bolo?". Cuddy perguntou para a filha enquanto se dirigia ao quarto.
"Bolo de mentirinha, mas ele era gostoso e enorme!".
Cuddy riu e seguiu seu caminho para o quarto.
Uma luz de alerta piscou em House, algo estava acontecendo e ele descobriria o que era.
Cuddy tomou um banho demorado refletindo sobre as possibilidades. Seu corpo nunca reagiu bem a ideia de uma gestação, logo isso passaria e ela não devia se apegar ou mesmo incluir House nessa decepção. Na verdade, pra ele as coisas poderiam fluir sem intercorrências, sem stress em receber a notícia, sem stress por ter terminado a gestação. Mas como ela faria quando precisasse de cuidados médicos? Pois sim, o aborto espontâneo necessita de atenção médica, ela teria que ser atendida em outro hospital, afinal, ela não queria comentários no seu hospital. E House? O que ela diria para ele? Como justificaria sua ausência? E Rachel?
A água caia por seu corpo e ela notava as pequenas e sutis mudanças que já acontecerá, seus hormônios trabalhando para alojar um feto que nem vingaria... Isso era demais pra ela, então Cuddy caiu em um choro compulsivo.
House percebeu que ela demorava e foi procurá-la, entrou no quarto deles e notou que ela estava no banho, mas além da água que caia havia outro som, seria choro? O que seria isso? House não pensou, abriu a porta e entrou no banheiro, afinal, Cuddy e ele não tinham o hábito de trancar a porta quando estavam no banho, exceto se a coisa esquentasse e Rachel estivesse ainda dormindo.
"O que houve?".
Cuddy assustou ao vê-lo ali abrindo o box do banheiro.
"Eu estou tomando banho". Ela disse defensiamente.
"Banho de lágrimas?".
"Eu estou hormonal... É normal".
"Nunca vi você se banhar em lágrimas em nenhum dos seus ciclos, existe algo mais".
Ela olhou pra ele e ele estava tão bonito preocupado com ela. A feição dele era suave, olhos atentos, ela não resistiu e o puxou para um beijo. House retribuiu, mas tão logo terminou ele a encarou, sua camisa encharcada, seus cabelos molhados e sua mente confusa. "Me diz o que está acontecendo".
"Nada...".
"Eu te conheço, Cuddy. Não tente negar".
"Eu estou cansada".
Ele franziu a testa. "Você fala que eu sou ruim em comunicação, mas você não fica atrás".
Ela respirou fundo, ele tinha o direito de saber não tinha? Mas ela ainda não estava pronta, não havia se decidido. E ela também tinha direito de fazer as coisas no seu tempo.
"House, eu estou cansada apenas. Me dê um tempo, sei que vai passar".
Ele não acreditou em absolutamente nada, mas concordou relutante.
"Ok. Depois beba água para não desidratar. Devo ter algum isotônico...". Ele tentou ser irônico.
"Obrigada". Ela o ignorou e fechou o box.
Ele voltou para a sala com Rachel que brincava alheia a tudo. Mas ele ficou preocupado. Vários cenários passaram pela sua mente.
"House, olha meu desenho de pirata".
Rachel mostrou pra ele.
"Que legal, macaca". Ele respondeu sem ânimo.
"Eu não sou macaca!".
"Tudo bem, canguru!".
"Também não sou canguru". Rachel disse a palavra de forma errada e House achou graça.
"Ok, você é o que então?".
"Uma menina".
"Uh... Uma menina?...".
"SIM!".
"E eu sou o que?".
"Um menino grande!".
House riu. E ficou sério de repente. Ele pensou em como gostava de Rachel e daquela vida que construira há um ano. E se Cuddy quisesse terminar tudo? O que seria dele?
Um pânico tomou conta de House instantaneamente. Mas ela disse com todas as letras que o amava, mas o amor por si só seria suficiente? E será que ela disse isso como umas constatação de que o amava, mas mesmo assim teria que terminar tudo? Então ele se lembrou de como ela o apoiou quando ele teve a recaída após a cirurgia dela, e nada fazia sentido. Se ela não terminou com ele na ocasião, por que agora que ele estava se esforçando tanto?
Quando Cuddy saiu do banho ela estava com o semblante ótimo, caprichou na maquiagem e ninguém notaria que ela chorara há poucos minutos. Mas Cuddy não costumava se maquiar pra ficar em casa, então para House isso já era estranho.
"Filha, vamos jantar?".
"Eu farei o jantar hoje". House não pensou em nada além de mostrar pra ela que ele poderia ser um ótimo namorado.
"Sério?".
"Sim... O que desejam de cardápio?".
"Macarrão com queijo!". Rachel gritou. Ela estava nessa fase de querer comer uma ou duas coisas apenas.
"Rachel sinto muito, mas hoje teremos algo mais sofisticado. Eu vou ao supermercado para comprar o que preciso...".
Cuddy olhou pra ele com surpresa no semblante. "Você vai de livre e espontânea vontade ao supermercado?".
Ela se lembrou das brigas que tinham para ir ao supermercado, House odiava isso.
"Eu tenho uma perna ruim...".
"Não vamos demorar". Ela insista.
"Por que você quer que eu vá? Eu fico aqui e você demora o quanto quiser".
"Porque você é meu namorado".
"E daí? Namorados fazem muitas coisas juntos, mas ir ao supermercado não precisa ser uma delas".
"Ok, eu vou sozinha, mas não trarei cerveja e nenhum petisco".
"Você é malvada!".
"Você é egoísta".
E a discussão continuava geralmente nesse tom. As vezes ele cedia e a acompanhava emburrado, as vezes não...
Voltando ao presente...
"Eu vou comprar algumas coisas só...".
"Isso é sobre o que aconteceu antes?".
"Eu fazer o jantar não tem relação com você chorar como um bebê". Ele mentiu. "Só quero cozinhar hoje...".
"Ok...".
"Rachel, vamos comigo?".
"SIM! Oba!".
Agora Cuddy ficou ainda mais chocada.
"Você quer que Rachel vá com você ao supermercado?".
"Sim, dê um tempo pra você".
"House... não é porque eu... você sabe... que eu preciso ficar sozinha".
"Eu quero ir, mamãe! Por favor!". Rachel insistia.
"Você tem certeza, House? Ela é uma criança ativa, e você...".
"Tenho uma perna ruim?".
"Não é isso...".
"Você está certa, mas Rachel vai me ajudar, não vai?".
"SIM!". A menina concordou com um grito.
"Filha... Você não pode sair do lado de House, tudo bem?".
"SIM!".
"Ok, Rachel, não precisa gritar sempre...". Cuddy falou sorrindo.
E... os dois foram ao supermercado.
Cuddy ficou pensativa, House desconfiava de algo e queria provar pra ela que poderia ser um pai? Por que ele estava agindo tão estranho desde que a viu chorar no banho?
Para esquecer os pensamentos e sua "situação", Cuddy resolveu fazer ioga.
Já House estava as voltas com Rachel no supermercado. Ele havia aprendido a usar a cadeira de bebês para a menina quando começou a buscá-la na escola sempre que Cuddy não podia, quer dizer... sempre que ela não podia e que ele não arrumava uma desculpa para não ir. Mas recentemente ele havia tentado encontrar desculpas cada vez menos.
"House, posso pegar isso?". A menina queria pegar tudo o que via.
"Não".
"Por favor!".
"Rachel, se você se comportar eu deixo você escolher três coisas no final".
"Três assim?". A menina mostrou três dedos para ele.
"Sim. Três assim".
"Oba!".
"Então vamos procurar os champignon".
"O que é isso?".
"Cogumelos".
"O que é cogumelo?".
"É uma planta que tem um telhado".
A menina arregalou os olhos muito curiosa.
"Vou te mostrar!".
E não havia nada mais para prender a atenção dela, House conseguiu foco total da garotinha. Rachel gostou tanto do formato daqueles cogumelos que ela queria levar todos os tipos.
"Só precisamos desse, Rachel".
"Mas eu quero esse!".
"Então vai entrar na lista dos seus três desejos!". Ele avisou.
"Tá bom!".
Eles se entendiam, ele não a tratava como um bebê e Rachel gostava desse fato. Além de achar House engraçado e inteligente, 'ele sabe tudo de tudo', como ela falava para a mãe.
Ao final House conseguiu os ingredientes todos e atendeu o desejo de Rachel. Ela escolheu os cogumelos, uma pacote de biscoitos recheados e um pacote de balas molengas e meio nojentas.
"Bom que seja assim agora, pois quando você crescer vai pedir coisas muito mais caras para os homens...". House disse bem humorado.
Mas a menina não prestou atenção, tão distraída que estava com seus "presentes".
Voltaram pra casa e Cuddy esperava ansiosa.
"Como foi?".
"Tudo certo, ninguém morreu ou desapareceu no supermercado".
Ela olhou pra filha que estava com a boca cheia de balas. "Eu ganhei uma planta com telhado!".
"O quê?".
"Cogumelos! Rachel amou eles".
Cuddy não pode deixar de rir da filha com um pote de champignons na mão. "O que você pretende fazer com isso?".
"Brincar!".
"Oh...". Cuddy riu. "Mas não coma tanta bala antes do jantar!".
"House me deu".
"Não pra comer todas de uma vez e se sufocar". Ele se defendeu.
"Vamos tomar um banho enquanto House faz um jantar especial pra nós... não me pergunte porque". Cuddy disse tentando provocar House e ter algum entendimento sobre a atitude suspeita do namorado.
Mas ele ignorou e partiu com os ingredientes para a cozinha.
House fez sua mágica e em alguns minutos estava pronto um belo risoto ao molho funghi com gorgonzola.
"Voilà!". House disse enquanto servia os pratos.
"Uau! Isso parece ótimo!". Cuddy respondeu começando a salivar, a comida parecia realmente apetitosa.
"Espero que gostem, senhoritas".
"Esse arroz está sujo!". Rachel respondeu.
Cuddy sorriu. "Isso é risoto daqueles cogumelos".
"Sério?". A menina perguntou surpresa.
"Sim Rachel, espero que goste!". House falou colocando os talheres a mesa.
"Mas eu não queria comer eles". Rachel ficou sentida.
"Mas eles foram feitos pra serem comidos...". Cuddy tentou argumentar.
"Quem fez eles?".
House olhou para Cuddy.
"Deus". Ela respondeu.
"Uh...", a menina respondeu pensativa.
House não iria argumentar, não hoje.
"Vamos provar?". Ele se adiantou em dizer.
Cuddy quase teve um orgasmo com a primeira garfada. "Meu Deus, isso está divino!".
"Obrigado". Ele respondeu orgulhoso.
"Isso é perfeito! Por que você não cozinha mais pra nós?". Ela fez uma pergunta retórica. Em tanto tempo de relacionamento House cozinhou pouquíssimas vezes.
"Posso começar a fazer isso regularmente". Ele disse tentando agradar. Ok, ele gostava de cozinhar, mas o fato de precisar ir comprar ingredientes lhe dava uma enorme preguiça.
"Eu pago por isso! Sua comida ganha de muitos restaurantes com estrela Michelin".
Ele se surpreendeu e corou. Cuddy adorava esses raros momentos em que conseguia fazer o namorado corar.
"É verdade". Ela reafirmou só para que ele corasse ainda mais. "Isso é divino!".
"É bom!". A menina concordou. "Mas eu prefiro macarrão com queijo".
Todos riram.
"Ok, para acompanhar tenho algo especial". House se levantou e pegou um vinho renomado que havia comprado no caminho para casa.
"Oh não, House. Eu estou bem com o suco".
"Mas é um jantar especial e esse vinho combina perfeitamente".
"Não, obrigada". Ela sorriu e recusou.
"Tem certeza?".
"Sim, eu estou meio enjoada esses dias, não vai cair bem para o meu estomago".
House nem cogitou a hipótese de gravidez, talvez porque seu senso de observação estava perturbado com a possibilidade de Cuddy querer terminar o relacionamento, seu medo, pânico mesmo, o dominou e o cegou para todo o resto.
"Tudo bem". Ele ia guardar a garrafa.
"Mas você pode beber o vinho...".
"Vou guardar para outra ocasião em que possamos compartilhar".
"Tudo bem". Ela respondeu sem jeito e voltando a lembrar-se de seu estado atual.
O jantar foi agradável, ao final House havia comprado uma sobremesa holandesa que Cuddy devorou.
"Foi tudo ótimo! Obrigada!".
"Obrigada, Howse!". Rachel repetiu.
"Por nada!".
"Agora eu lavo os pratos". Cuddy ia se levantando.
"Não precisa. Você pode ir descansar que eu farei isso".
Cuddy estranhou, com certeza ele estava desconfiado, talvez agora estivesse muito certo já que ela recusara o vinho. Afinal, ele nunca queria lava a louça também.
"Ok...". Ela respondeu desconfiada.
"Sério Cuddy. Você e Rachel podem se divertir um pouco".
Ela e a menina sentaram na sala e começaram a brincar com um jogo de equilibrar as varetas. House focou na louça, mas seu pensamento estava longe. Algo estava errado e ele tinha que descobrir o que era.
Continua...
