Ah, Deus, que o amor fosse como uma flor ou uma flama, Que a vida fosse como dar nome àquilo que chama, Que a morte não fosse mais lamentável que o desejo, Que tudo isso não fosse feito da mesma trama!

— Algernon Charles Swinburne, "Laus Veneris"

A Fortaleza Proibida fazia jus a seu nome. Uma vez que os sete aventureiros tinham passado pelas pesadas portas de carvalho, era quase impossível distinguir a escuridão das sombras do mundo fora do castelo das sombras do mundo dentro dele. De qualquer forma, era escuro de um jeito intimidador, e quanto mais longe o grupo ia, mais os suspiros nervosos daqueles descendentes ecoavam pelas câmaras fantasmagóricas e abandonadas.

Jay lamentou não ter vestido algo mais quente do que sua jaqueta de couro. Ben estava com a sensação de que a qualquer momento poderia morrer congelado, por mais quente que sua roupa fosse em comparação com a dos amigos. Allison se agarrou em Harry para se esquentar. Os lábios de Mal estavam ficando azuis, a respiração de Carlos se convertia em pequenas nuvens conforme ele falava, e os dedos de Evie pareciam picolés quando Jay pegava neles (uma vez ou duas, e apenas para se esquentar). Estava mais frio lá dentro do que em Dragon Hall, e não havia nenhuma chance de esquentar. Não havia lenha nas lareiras e nenhum aquecedor para eles poderem ligar.

— Isso é que é vida moderna no Castelo – Suspirou Evie. — Trocar uma grande e fria prisão por outra.

Mal acenou com a cabeça, concordando. Jay chegou a pensar que até a loja de quinquilharias de seu pai parecia mais aconchegante que aquele lugar, mas não fez nenhum comentário a respeito.

Em cada corredor, uma névoa densa pairava sobre o chão de mármore preto.

— Tem que ser sobre isso. A névoa não faz isso – Disse Mal.

Carlos assentiu.

— A energia refratada parece mais forte aqui. Acho que estamos mais perto da fonte do que nunca.

Quando o garoto disse isso, um vento gelado passou por eles, assoviando pelos vitrais quebrados acima. Cada passo que davam reverberava nas paredes.

Até Jay, o mestre dos ladrões, estava intimidado demais para tentar pegar qualquer coisa, e pela primeira vez manteve as mãos quietas.

Ben parou no meio do caminho, uma placa na parede parecia reluzir.

Os vilões não têm amigos, nem os filhos deles. Não quando você encara a questão de maneira objetiva.

— O que é aquilo? – Perguntou Jay, apontando. Luzes verdes tremeluziam pelas vidraças quebradas, mas ele não conseguia distinguir de onde vinham.

— É o que eu estou rastreando – Respondeu Carlos. — A mesma energia eletromagnética. Está maluca – Ele apontou com a cabeça para as luzes em sua caixa. — Está fortaleza definitivamente foi exposta a algo que deixou uma carga residual...

— Você quer dizer um enceramento? – Ben pareceu curioso com a magia.

Carlos encolheu.

— Isso também.

— Então, depois de todos esses anos, este lugar ainda está brilhando com luz própria? – Evie parecia maravilhada.

— Legal – Disse Allie.

Mal deu de ombros.

— Em outras palavras, estamos chegando perto do Olho de Dragão.

— Sim – Disse Ben. Assim como o resto do grupo, ele sabia o que todo mundo na ilha e no reino também sabia: que uma luz verde sinistra só podia representar certa pessoa terrível.

E provavelmente fazia Mal se lembrar de sua casa.

Os corredores levavam a mais corredores até que eles chegaram a salões escuros cheios de retratos emoldurados coberto por teias de aranha e pó.

— É uma galeria – Disse Evie, se esgueirando para ver as paredes nas sombras. — Todo castelo tem uma.

— Mal, para com isso... – Gritou Jay, olhando para trás e dando um pulo. Mal se virou e deu um tapinha no ombro dele. Ela estava bem na frente do garoto.

— Oi? Eu não estou atrás de você. Estou aqui.

— Caramba. Achei que era você naquele retrato – Ele apontou.

— Não sou eu. É minha mãe – Disse Mal com um suspiro.

— Nossa, você se parece mesmo com ela, sabia? – Disse Jay.

— Vocês duas podiam ser irmãs gêmeas – Harry concordou.

— Isso, meus amigos, chama-se genética – Disse Carlos, e recebeu um cascudo de Allison.

— Sabemos, De Vil, não somos tão burros.

— Uau, obrigada. Eu me pareço com minha mãe? Exatamente o que toda garota quer ouvir – Respondeu Mal. Mas Jay sabia a verdade. O que Mal queria mais que tudo era ser como sua mãe.

Exatamentecomo ela, pensava Ben. Tão má e poderosa quanto ela.

Era o mínimo necessário para alguém como Malévola ao menos notá-la, e Ben sabia que essa galeria só estava fazendo Mal desejar isso mais do que nunca.

— Tá, e agora? – Perguntou ela, como se quisesse mudar de assunto.

Ben olhou em volta. Diante deles havia quatro corredores levando a partes diferentes da fortaleza.

Uma corrente de ar putrefato vinha de cada um dos corredores, e Ben podia jurar que tinha ouvido um gemido distante. Mas ele sabia que era apenas o vento que se deslocava pelas passagens, ou pelo menos desejou que fosse. Jay acendeu um fósforo da caixa que estava em seu bolso, murmurando um "uni-duni-tê".

— Que científico – Disse Carlos, revirando os olhos.

— Você tem o seu jeito, eu tenho o meu. Por ali – Disse Jay, apontando para o corredor à sua frente. Na mesma hora, o vento soprou na direção deles pela passagem, trazendo consigo um cheiro fétido de algo podre ou morto.

O vento apagou o fósforo.

— Tem certeza disso? – Perguntou Mal.

— É claro que não. É por isso que eu disse uni-duni-tê! Todos os corredores parecem iguais – Disse Jay.

Ben entrou pela passagem sem esperar por ninguém. Era a primeira regra para arrombar um castelo. Você nunca se deixa atingir. Aja sempre como se soubesse o que esta fazendo.

Ben sentia que a Fortaleza estava brincando com eles, oferecendo escolhas quando, na verdade, ia dar tudo no mesmo lugar. Era hora de tomar a frente de novo.

— Não, espere – Mal segurou o braço de Ben, o fazendo olhar para ela. — Você não sabe para onde está indo – Os olhos verdes de Mal se concentrou no olhar de Ben, e ele a olhava diferente das vezes que encarou. — Carlos, verifique a sua caixa-radar-coisa – Disse Mal.

Carlos colocou a caixa na intersecção. Ela soltou um barulho.

— Muito bem, acho que talvez Jay esteja certo.

Eles seguiram Ben pelo corredor escuro. Jay estava inquieto, assim como Mal, e às vezes ambos trocavam olhares reprimidos. Algo estava errado em Bem, e eles sabiam perfeitamente isso.

Allison falava algo baixinho com Carlos, enquanto Harry e Evie trocavam meros carinhos mãos.

Carlos carregava a caixa, que não parava de apitar, o som ecoando pelas paredes rochosas. Ela os guiou por uma escadaria fria e úmida, e a cada degrau estavam mais imersos na escuridão profunda. O ar parecia mais gelado e silencioso, e nesse silêncio mortal ecoou um ruído distante, como se fossem ossos batendo em pedra ou correntes sendo arrastadas.

— Isso é reconfortante – Comentou Allison.

Ela se lembrou perfeitamente da morte de sua mãe, fechou os olhos por um momento, como se o acontecimento da floresta obscura pudesse voltar em frente aos seus olhos.

— O calabouço – Disse Mal. — Vocês devem ter ouvido falar do local onde minha mãe prendeu o apaixonado príncipe Philip.

Os olhos de se arregalaram de admiração. Provavelmente era a história mais famosa de Auradon, pensou Ben.

— Malévola ia trancá-lo aqui embaixo por 100 anos, certo? Isso teria sido divertido – Evie brincou sorrindo. Carlos olhou à sua volta.

— Ela quase conseguiu, não é? Mal assentiu.

— Se não fosse por aquele trio de fadinhas hipócritas, intrometidas e desgraçadas – Ela suspirou. — Fim da cena. Entra a Ilha dos Perdidos.

Benjamin sentiu um aperto, a imagem da princesa Audrey em agonia lhe veio à mente. Ele já não fazia ideia de quanto tempo estava na ilha, viu a imagem de dias no calendário se passando à sua vista. Sentiu a respiração prender, algo estava estranho com ele, algo o estava fazendo querer sair imediatamente daquela fortaleza, daquela ilha. Como se Mal e os amigos daquelas terras tivessem deixado de existir ou apenas fosse apenas ninguém em suas emoções.

— Não sei vocês, mas parece que estamos aqui há 100 anos. – Ben sussurrou incrédulo.

— Vamos logo com isso – Disse Jay. Ele estava mais alerta do que havia estado o dia todo, pois sabia que tinha um trabalho a fazer.

Era hora de botar a mão na massa. Harry encontrou uma porta para o calabouço, e Carlos segurou a caixa, ouvindo o som.

— É por aqui.

Ele seguiu à frente do grupo com a caixa, enquanto Ben, Mal, e Alison e Harry desciam os degraus lentamente agarrando-se as paredes, um ajudando o outro. Não havia corrimão, o piso estava coberto de músculo negro, e parecia que eles estavam pisando em alguma coisa viva e molhada enquanto cada passo ecoava na escuridão.

— De repente todo aquele rio de lama parece uma maravilha – Disse Evie. — Fala sério – Disse Allison.

Mal não disse nada. Ela não conseguia. Estava distraída demais. Até o musgo tinha o cheiro de sua mãe.

O musgo ficava mais espesso conforme eles iam descendo para o calabouço. Havia camadas e mais camadas de teias de aranha, uma grande tapeçaria criada pelos aracnídeos e abandonada há muito tempo. A cada passo que o grupo dava, cortinas de teias eram rasgadas, abrindo o caminho. Todos eles estavam quietos, silenciados pela ameaça constante no ar. Apenas os passos produzem um barulho suave na escuridão.

— Aqui? – Perguntou Mal, parando na frente de uma porta de madeira apodrecida e sem algumas dobradiças. Quando a jovem encostou-se a ela, o batente ruiu, e a madeira se chocou contra o chão. Até as pesadas dobradiças de ferro que sustentavam a porta despencaram sobre as pedras e a madeira, produzindo um estrondo terrível.

— Talvez seja melhor a gente não tocar em nada – Disse Carlos, observando o aparelho em suas mãos.

Mal revirou os olhos.

— Tarde demais.

— Acho que sim – Disse Carlos. Jay torcia para que Carlos acertasse, para que a caixa estivesse guiando o grupo ao Olho de Dragão.

Ele nem queria imaginar o que Mal faria como podre coitado se não estivesse. E o próprio Jay queria acabar logo com aquilo.

Mal acenou, e Ben tirou do caminho o que restara da porta. Quando eles entraram, ele não pôde deixar de notar que os restos da porta e do batente pareciam com uma boca de pantera, e eles estavam passando por suas mandíbulas, direto para a garganta da fera.

— Algum de vocês percebeu...

— Cale a boca – Disse Evie, tensa. Todos eles viram a mesma coisa, o que não era bom sinal. Provavelmente era por isso que ninguém queria falar do assunto.

Os setes entraram. A sala era inacreditavelmente escura. Não havia nem mesmo uma rajada de luz, um brilho de alguma janela distante ou uma tocha. Bem tateou procurando pela parede por algo que se guiar.

— Talvez seja melhor a gente achar uma lanterna ou algo assim nos bolsos do Jay antes de encostar em... – Tentou avisar Harry, mas era tarde demais.

Ben bateu em alguma coisa com mão, e de repente a sala se encheu de sons ensurdecedores de metal e pedra colidindo, rangendo e trincando.

Logo em seguida, tão de repente quanto o que havia acabado de acontecer, a sala despencou como um elevador quebrado. Eles foram banhados por uma luz fortíssima, um brilho que emanava de todos os cantos da sala. O esplendor azul cristalino preencheu suas vistas, e antes que eles pudessem perceber o que estava acontecendo, o chão se abriu ao meio, dividindo o grupo em dois grupos.

Enquanto Ben, Mal e Evie e Harry deslizavam por cristais quebrados que por pouco não perfuravam-lhe a pele. Jay, Carlos e Allison simplesmente rolaram por um buraco escuro cheio de teias de aranhas e havia um eco perturbado sem sentido algum. Evie deu um grito. Mal começou a se debater. Carlos soltou a caixa. Jay tentava se segurar em algo. Allison tentava ter alguma concentração para teletransportar. Ben ouvia coisas sem sentido, e isso o estava enlouquecendo. Não era um calabouço, era umacaverna.

A queda teve fim em um lago quase congelado. Carlos gritou, como se o acontecimento anterior pudesse voltar. Os dois grupos pararam no mesmo lugar, só pareceu ter consequências diferentes, já que enquanto uns estavam com pequenos cristais azuis grudados no couro da roupa quase o rasgando, os outros estavam quase banhado em teias.

A caverna era fria, mas iluminada pela cor azul que os cristais pareciam refletir.

A herança de um rei, pensou Ben se levantando. É o que isso é.

Evie se levantou se apoiando em Harry. Apesar de o lago não ser fundo, o chão dele parecia gelo.

— O que é isso? Onde estamos? – Allison estava maravilhada com o que via.

Jay parecia estar se recuperando de tudo o que aconteceu.

— Posso garantir que este lugar não faz parte do castelo da minha mãe – Disse Mal com ironia, enquanto arrumava sua franja púrpura que estava colada em sua testa por conta do lago.

— Mais resíduos do buraco da barreira? – Perguntou Harry ao lado de Evie.

Jay assentiu, indo ao lado do Bem.

— Pode ser. Não tem outra explicação.

— Ei! – Ben parecia estar assustado, como se estivesse acabado de acordar após um pesadelo. — Onde está a máquina? – Indagou ele a Carlos, olhando em volta. Ele parecia nervoso, quase em pânico.

Carlos correu até algo flutuando naquele lago. Pegou sua máquina e água desceu pelos vãos como uma cachoeira.

— Ainda está funcionando? – Mal engoliu em seco.

— Não sei... Não está mais apitando. É como se tivesse perdido o sinal ou algo assim.

— Devemos seguir sem isso então – Ben olhava em volta, procurando uma saída ou algo relacionado.

— Então encontre de novo! Ou concerte-a! – Gritou Mal.

— Vou encontrar, vou encontrar... Me dá um segundo. Você não faz ideia do que a água pode fazer com a placa mãe...

Eram seus sonhos se tornando realidade... – Uma voz ditava quase como uma serpente. — O que ele sempre esperou... – Ben estava começando a ficar zonzo, como se estivesse num gira-gira em sua infância. — O PARAÍSO NA TERRA! – Ouve um grito, como se fosse Hades ditando as regras.

Era...Era... – a voz da serpente voltou. Será a de Mogli? – pensou Ben. — Isso explicaria muito a porta ser dentro da boca de uma pantera.

— Melhor nos dividimos para buscar alguma saída.

O grupo confirmou com a cabeça, se separam em dois grupos e foram para lados diversos.

— O ar daqui parece estar acabando... – Evie sussurrou, sentia-se sufocando.

— Está mais frio também – Mal se abraçou para se esquentar, não se surpreendia se começasse a nevar ali.

Mal sentiu um calor a mais sobre os ombros, olhou para o lado encarando Ben e seu maldito sorriso encantador.

— Você vai acabar congelando.

— Não estou com frio... – Ele voltou a percorrer o seu olhar para as paredes de cristais.

— Impossível! – Evie encostou sua mão no braço de Ben, sentindo como se a pele dele estivesse flamejando. Ela ficou boquiaberta. — Algo está errado...

— Com toda certeza – Ele, caminho, ignorando-a.

Evie olhou para Harry e o mesmo a encarou, logo ambos viraram para ver Mal, que estava completamente confusa.

Eles chegaram até uma parede completa por gelo.

— Parece que tem algo escrito por de trás da água congelada – Ben tentava ver, mas era praticamente impossível entender assim, as letras estavam embaçadas. — Acha que consegue quebrar com o seu gancho, Harry?

Ben o encarou e o herdeiro de Gancho deu de ombros e começou a perfurar o gelo. Ben foi tirando os vestígios do que ia quebrando. Evie se abraçou em Mal para tentar conseguir algum calor novamente.

Já não tinha gelo nas letras e os quatro puderam ler perfeitamente.

— Digam qual é o enigma do Príncipe – Leram em uníssono. — O quê?! – Trocaram olhares confusos.

Ben se calou novamente, pensando.

— O enigma do Príncipe... – Pensava Harry em voz alta.

Mal se agachou na neve. Algo, ou melhor, uma luz, passou por seus olhos, tinha uma placa dourada, com algo meio que sem sentido escrito. As letras eram perfuradas, a luz estava vindo do outro lado da parede, o qual aparentava estar quente.

— Gente... – Mal chamou a atenção dos demais.

Ben se agachou ao lado, Mal leu: beijos de cinza.

— Quê? – Harry estava confuso, assim como o grupo.

— Tem outro aqui – Evie falou.

Quase ao lado da outra placa. Ben se aproximou lendo: alma quebrada.

— Okay, tô começando a ficar com medo disso.

Mal se levantou junto com Evie procurando outras pistas.

— Vejam! – Gritou Mal.

— Olhos de Inocentes – Evie leu.

Harry bufou procurando mais.

— Tá. Aqui está escrito: coração que mente. Ué, tá parecendo uma indireta para cada um.

— HARRY! – Mal o reprendeu.

— Ele pode estar certo... de alguma forma – Ben pensava em voz alta. — Se cada frase que lemos representasse algo nosso e que fixou como uma cicatriz?

— O enigma do Príncipe acabou de fazer total sentido para mim agora, não é nada fácil entender você, Ben. Mal riu.

— Haha! Muito engraçado – Ben revirou os olhos. — Eu só não curtir essa fortaleza – O príncipe sussurrou, por que aquele lugar o estava fazendo se lembrar da Princesa Audrey?

— Acho isso péssimo, porque o castelo é da sua sogra e- — Mal atingiu uma bola de neve em cheio no rosto do filho de Tremaine.

Evie riu disfarçadamente.

— Harry de certa forma pode estar certo, só que vocês precisam lembrar. Beijo de cinza pode se remeter ao nosso primeiro beijo naquela chuva, não somente o céu estava nublado, mas o local também – Ele encarava Mal.

Evie ficou boquiaberta.

— Você poderia ter me contado, Mal!

— Ah, pronto! Já vai surtar! – Mal segurou para não revirar os olhos. — Não era tão impor- – Evie colocou a sua mão tampando a boca de Mal.

— Shiu, não diga nada agora, depois conversamos com mais calma. Harry riu.

— Alma quebrada... Talvez eu não seja tão puro como Auradon pensa. – Ben parecia decepcionado consigo mesmo. Mal tocou o seu ombro, ela ainda vestia a jaqueta dele.

— Você é um excelente príncipe – Ben a olhou e sorriu. — É fresco igual.

— Eu não sou fresco – Riu.

— É sim – Mal piscou e sorriu de canto.

— Bom... Agora, olhos de inocentes e coração que mente é com vocês... – Ben disse e virou olhando para Harry e Evie.

— Como nós vamos sair daqui... – Evie suspirou.

— Parece que precisamos resolver o enigma do príncipe...

— A forma que vocês desviam do assunto de vocês é encantador. – Mal debochou. — Ben, você veio aqui para estudar nós, não tem algo a mais que possa contar?

— Oi? – Evie a encarou.

— Longa história – Mal bufou.

— Bom, eu venho tirando fotos também, mas não acho que seja isso... – Ben deitou na neve, ele ainda sentia seu corpo quente como o verão.

— Você se cobra demais – Mal se sentou na neve acariciando seus cabelos.

— Não é fácil ser herdeiro do trono... – Ele suspirou. — Não ser rude e nem fácil demais. Não ser grosso, mas tendo firmeza e blá, blá, blá. Eu só queria que o mundo fosse melhor. Não queria deixar vocês – Sua mão se entrelaçou na de Mal.

— Você precisa mesmo? – Harry se aquietou.

— Bom... É o meu reino, mas acho que consigo transformar.

— O enigma do príncipe não tem uma resposta certa, aparentemente, parece algo para você se aliviar da tensão, meio que não somente você, mas todos nós... – Evie sorriu se canto, sentia o ar começar a voltar ao normal.

— Por que cristais? – Harry perguntou. Ben estava deitando na neve com Mal acariciando seus cabelos, Evie deitou com a cabeça no colo de Harry, que havia se sentado no resíduo gelado.

— Cristais são sensíveis, quebradiços, mas belos e contam histórias, como contos. – Benjamin se sentou. — Essa sala não está aqui por acaso, isto não é mágica, é lógica, uma charada. A maioria dos grandes príncipes/reis não tem um pingo de lógica – Ben se lembrou de seu amigo Chad, o herdeiro de Cinderela e do Encantado — Ficariam presos aqui para sempre.

— Ou seja... – Mal estava um pouco confusa.

— A coroa não faz de você um príncipe.

Mal riu. — E o que faz?

Ben desenvolveu o riso.

— Isso também, mas acho que para ser um ganhador desse status, tem que merecer. No início da nossa conversa nessa parte em especial da sala, citei certas coisas. Admitimos algo em voz alta. O enigma do príncipe pode ser em especial para mim, mas vocês estão aqui por algum motivo, fazem parte disso mais do que imaginam.

— Talvez esteja certo, Ben, eu tenho que deixar certas coisas que minha mãe me ensinou de lado e seguir o que acredito, nem que seja pela primeira e última vez – Ben enxergou Audrey nas palavras de Evie.

— Talvez eu também estivesse confuso ou mentindo para mim mesmo do que realmente sinto.

— Então que tal um novo recomeço, mais real e autêntico? – Ele sorriu para Evie, lhe oferecendo a mão.

— Se isso for o pedido que imagino ser, mas em suas palavras de metade gancho e metade Tremaine, Harry, eu super aceito. – Ela estendeu a sua mão na dele, e o próprio beijou as costas de sua mão.

Os pedaços de gelo que ainda estavam na parede simplesmente explodiram ficando como o pozinho azul do reino das fadas, os quatros se encantaram com tamanha beleza.

Ben estivera certo, não era apenas uma coroa que fazia um rei, mas também a união dos povos. E ele faria de tudo para levar aquela aventura com ele aonde quer que fosse.

Logo o azul foi tomado pelo amarelo, aquilo não era luz como Mal imaginou. Era... Areia?