Por alguma razão, nenhum dos descendentes de vilões ficou surpreso que, mesmo um dia depois do regresso da busca pelo Olho do Dragão, nada voltou ao normal ainda. Os duendes haviam, de fato, espalhado a notícia por todos os lugares possíveis — que, em todo caso, não eram muitos, considerando que estavam em uma ilha inerte no meio do mar — e a cada momento se sentiam mais estúpidos por terem confiado — nem que apenas um pouco — naquelas criaturinhas inconvenientes.

Confiar em alguém em um lugar onde se vivia apenas os piores dos piores poderia ser considerado um dos sete pecados capitais, e até mesmo o monarca que vivia naquele lugar há pouco tempo sabia disso.

O jovem príncipe chegava a acreditar que durante todo o percurso até a escola de estudos inclinados à maldade, as conversas giravam em torno — apenas — dos rumores de "uma filha do mal fazendo um ato de bravura para outra filha do mal". E não tinha ideia de como lidar com isso. Mas sabia que não era o único incomodado.

Ainda assim, quando seus pés tocaram a área cheia de fissuras e ar congelante, exatamente onde o colégio Dragon Hall estava localizado, ele não esperava ser o principal alvo entre eles a ser saudado com olhares discretos — ou não tão discretos — de seus colegas. Não tinha, de longe, nenhuma ideia do que estava acontecendo, mas algo dentro de seu interior dizia que tinha pouco a ver com a busca mortal que ele havia se metido por uma certa púrpura.

Tentou ignorar, na medida do possível, os olhares que recebeu, porém era quase impossível. Percebeu quando um ser vivo fez uma careta para ele e rosnou; seus dentes amarelos se somando ao mau hálito de quem nunca escovava os dentes fez seu estômago revirar, mas lutou contra a vontade de vomitar. Então, outro deu as costas para ele; pôde ver que estava sussurrando coisas quase inaudíveis, possivelmente maldições, e engoliu em seco.

Não percebeu quando o de ascendência árabe se inclinou em sua direção, mas reconheceu a voz baixa — e um pouco rouca — assim que entraram em seus canais auditivos:

— Você matou alguém esta noite e nós não sabemos ou…

— Não, não! — seus olhos se arregalaram instantaneamente com a suposição. — Eu não matei ninguém — reforçou.

— Então você deveria dizer isso a eles — veio a voz do descendente de Cruella.

Imediatamente deslocou seu olhar para Mal, uma pergunta silenciosa se ela sabia o motivo de tantos olhares focados nele. Sua mãe era Malévola, a governanta daquele pedaço de terra flutuante, afinal; ela deveria saber algo.

No entanto, ele mal conseguiu esconder sua expressão de pavor quando ela deu de ombros e Evie deu-lhe um olhar quase solidário.

Naquela manhã, ela tinha apenas a companhia dos quatro. Sabia que Harry estava na companhia de seu pai, o Capitão Gancho — ou assim ele ouviu. Mas não tinha visto Alison desde o dia anterior, quando o levou misteriosamente para o Porto dos Duendes. Mesmo assim, ele sabia que não deveria se preocupar, a garota tendia a desaparecer e reaparecer apenas quando lhe convinha.

— Receio que não tenha sido uma boa ideia vir à escola hoje…

Não estava errado. E se soubesse o que estava por vir, sequer pensaria em deixar o lugar onde se abrigara há algum tempo, naquele dia, mas a sorte não estava a seu favor.

Algo surgiu na sua frente tão rápido que ele teve que dar um passo para trás para não esbarrar na figura tão esguia quanto si; ficou surpreso por não ter causado uma reação em cadeia atrás de si mesmo. Anthony Stromboli bloqueava seu caminho. O sorriso em seus lábios poderia ser considerado muito amigável, mas a forma como suas sobrancelhas estavam contraídas, quase como um sinal de raiva, o deixava um pouco assustado.

Claro, ele não iria admitir aquilo em voz alta, de qualquer maneira.

— Parece que nosso querido novato resolveu nos dar o ar de sua ilustre presença hoje. Como você está, Benny?

Em sua opinião, parecia muito bizarro ouvi-lo — especialmente considerando que a única vez que se falaram, com o mínimo de palavras, fora na festa no salão do inferno — daquela forma.

— Estou bem, cara. E você? — fez-se de desentendido; quase pode ouvir alguém bufando por perto e o jovem à sua frente rindo. — O quê?

— Alguém o informou de como recebemos os calouros nesta escola?

— Deveriam? — replicou.

— Ah, Benny, você quase me pegou com isso — havia um "Q" de deboche no tom do moreno, mas ele preferiu ignorar; pelo canto do olho, procurava a melhor rota de fuga, algo lhe dizia que logo se arrependeria de ter ficado para que o confronto se desenrolasse. — Serei o mais direto possível: você chegou na nossa escola e se enturmou, como se fosse um de nós. Mas agora é hora de sua prova de fogo – e posso dizer que não sou o único a achar isso.

Ele franziu a testa.

Prova de fogo?

— Eu — ouviu-o continuar — Anthony Stromboli, para defender a honra de todos os herdeiros dos vilões, o desafio para um joguinho, Benny.

A primeira aula foi num completo silêncio, até que na segunda aula, Ben quebrou o silêncio.

— O que é prova de fogo? – perguntou para Carlos.

— Para garotos como Anthony, é uma empolgante corrida entre os garotos jovens da Ilha, mas não é uma corridinha qualquer. Eles têm de atravessar o Caminhos da Floresta. Diz a lenda que a floresta muda os caminhos, por isso o nome. Tem que chegar até os portões da suposta entrada para o mundo de Jack. Mas! De olhos vendados e mãos amarradas às costas. O primeiro que chegar até o portão seria o defensor da Ilha ou algo relacionado. – Carlos encarou os olhos de Bem — Serei sincero com você, se nem os da Ilha conseguem sequer saírem vivos, acredita que tem chance?

Benjamin ficou pensativo durante o restante daquela aula até o intervalo.

No intervalo, Mal chegou à mesa de maneira bruta.

— A corrida é durante a noite, vamos treinar, agora. – Ninguém se impôs ou contrariou a garota.

Eles foram andando até o início da Floresta.

— É aqui – avisou Jay e deu um forte tapa nas costas de Ben.

— Pratica algum esporte? – perguntou Mal.

— Eu jogo Tourney e prático esgrima.

— E vai ajudar – disse Mal enquanto amarrava as mãos deles atrás das costas.

— Vai ser sem venda até você se acostumar.

Jay ia seguir ele, guiando praticamente.

— Jay vai à frente, tente seguir ele sem perdê-lo de vista.

A lua já estava quase alcançando o ponto certo, o monarca já estava vendado, ele corria se desviando das árvores, até que caiu num antigo buraco de córrego.

— Ben! Acorda para a vida! – Jay gritou — Ninguém mandou aceitar um convite direto para a morte.

— Relaxa, Jay – O filho do Jafar ajudava o príncipe a se levantar. — Só por que sou príncipe, não significa que eu vou quebrar ao meio! – Jay lhe tirou a faixa do rosto. — Quantas vezes errei esse pulo?

— Cinco.

— Tentarei de novo.

— Não. Já está tarde. Você precisa descansar antes da corrida. – Jay desamarrou a faixa do pulso do garoto. — Você tem certeza que ainda quer participar dessa corrida?

— Eu não passei por tudo isso para perder. Já quebrei todas as tradições do meu reino mesmo. Não há mais volta. Preciso ganhar do filho dos bonecos ventríloquos.

Jay riu.

— Boa, vamos nessa. E não precisa se preocupar, qualquer quebra de lei, eu intervenho. Mas tenha foco!

— De olhos fechados?

— Tem perna para quê? Se tem sensibilidade, não precisa de visão para saber o que está a sua frente! É como a regra de ouro.

— Quem tem o ouro, dita as regras – completou o príncipe.

Benjamin estava de frente a entrada da Floresta, roupas de couro azul, a mesma de quando foi para a Fortaleza.

Mal amarrava firme as suas mãos nas costas.

— Lembre-se, ele fará qualquer coisa para ganhar.

— Eu também – Ben falou encarando os olhos de Mal.

— Está consciente que isso pode custar a sua vida?

— Só porque pode não significa que vai – sussurrou para a garota.

— Eu só não te dou um soco agora porque você precisa estar inteiro para a corrida. Então, má sorte – desejou de modo tradicional da ilha.

— Que o melhor ganhe – Anthony chegou com a sua, gangue.

Mal colocou a faixa nos olhos de Ben.

— Tem certeza que quer fazer isso?

— Um príncipe iria para a ilha por vontade própria? – Ambos riram.

Os dois já estavam em posição para correr.

— Prontos! – Jay gritou. — Ao som da corneta!

Assim que o instrumento foi tocado pelo filho de Jafar. A corrida se iniciou.

Anthony já derrubou o príncipe, chutando a sua perna. Logo ele se levantou e seguiu. O garoto de cabelos negros caiu após bater a cabeça num imenso galho. Enquanto o príncipe tropeçava numa pedra na grande descida e seguiu rolando por ela. Os dois voltaram a estar lado a lado.

Percebendo que estava numa armadilha, Ben se virou para encarar Anthony. Agora que se tratava de um confronto individual, ele se sentia mais confiante para lidar com o garoto mais jovem. Todos tinham ouvido falar da fantástica habilidade de Anthony corpo à corpo.

Decidindo que o ataque seria a melhor defesa, Ben deu um passou à frente e preparou-se para dar um golpe no Mestre das marionetes. O herdeiro acertou a cabeça do menor com a própria, ficou um pouco tonto, mas esperou que tivesse afetado mais o inimigo do que ele. Logo o golpe tentou acertar o príncipe que desviou dos dois golpes seguintes de Anthony, ao bloquear o novo ataque do garoto, escorregou numa pedra polida lhe rasgando a panturrilha. Não havia nenhuma escapatória para cada ferimento, então tentou se concentrar na corrida e em provocar seu adversário.

Quando Ben tentou levantar, caiu com um golpe de Anthony. Antes de Ben atingir novamente o chão, ele devolveu o golpe, fazendo o de cabelo negro bater a cabeça na árvore, causando-lhe muita dor. Ele sentiu o sangue escorrer por suas bochechas, sendo acompanhado por um grito agonizante. Levantou o mais rápido possível, ficou parado, sentindo o tempo, talvez um sinal para correr novamente.

Ben se desviava das árvores finas, enquanto um furioso Anthony tentava o alcançar. O monarca conseguiu parar e se desviar de outra árvore, por pouco não bateu. Anthony o passou, pulando pelo lago seco. Benjamin pulou, por pouco não caiu, mas quase comeu a terra.

A mão de Anthony latejava. Mas até mesmo pior do que a dor da ferida em sua cabeça, era o medo de perder para um príncipe de Auradon, a certeza de que Benjamin iria ganhar e os cidadãos da Ilha iria lhe castigar sem piedade, com esses pensamentos, Anthony acelerou passando pelo o de cabelos castanhos e assim esperou pacientemente até que Ben o alcançou e então fez um repentino movimento para a frente.

Um sorriso se espalhou no rosto do de cabelos negros. Ele deu um pulo para a frente, novamente golpeando Ben, mas desta vez caindo em cima do futuro rei. Eles estavam quase chegando no portão da casa de Jack.

Ben bateu com força com as costas no chão, tentou escapar do castigo impiedoso do garoto da ilha, mas o próprio, de maneira bruta, chutou o estômago do príncipe, que gemeu pela dor. Pulou passando por cima de Ben, que se virou, chutando o joelho de Stromboli de cavalo e caiu com os joelhos no chão. Ben se levantou rápido. Sabendo que logo seria golpeado mais uma vez. Ele começou a se afastar, tentando escapar enquanto Anthony se levantava.

— Dê mais um passo e você conhecerá as trevas – O jovem da ilha ameaçou. Tentando usar o mesmo tom de voz calmo e ameaçador da filha da Malévola.

Com essa fala, Anthony foi para cima de Ben como um touro. O monarca desviou-se, fazendo novamente o garoto cair. Ben pulou pisando nas costas do garoto e chegou até o portão, sentiu o ferro enferrujado sobre seu rosto que bateu em cheio.

O som da corneta finalizou a corrida.

Ben havia acabado de tomar banho e Mal lhe ajudava com uns ferimentos, com um pequeno kit de emergência que o garoto trouxe de sua terra natal. Logo após. Eles caminhavam até o jardim secreto da Ilha. Quando Mal e Ben sumiram após a corrida, os amigos não se preocuparam tanto.

De maneira silenciosa, eles entraram no jardim e sentaram entre as flores verdes.

— Sabe que podia ter morrido? – Mal citou.

— Eu poderia ao vir pra cá – debochou levando um leve soco no ombro. — Ai.

— Eu fiquei preocupada – confessou.

— É... Eu também – se virou encarando Mal.

Mal o olhou.

— Fico feliz que tenha provado o seu valor aqui – soltou um sorriso meio amarelado.

— Queria ficar aqui – Ben baixou o seu olhar.

— Não seja trouxa, Ben! A Ilha não é tão boa assim.

— Ela pode até não ser a mais perfeita, ou melhor que o meu país de origem, mas é nela que tem você. Eu ficaria aqui por você, mas... ir seria melhor, para tirar vocês daqui.

Mal sorriu.

— Você tem um coração muito bom, Ben, acho que é a coisa que mais admiro em você.

— Acha? – Ele sorriu e foi surpreendido com um beijo. O toque de suas mãos tocaram as bochechas do herdeiro e sua outra mão foi de encontro a nuca dele. Ben puxou Mal pela cintura para o seu colo. E assim eles caíram na cama de flores, sorrindo e permaneceram ali abraçados. Como se aquele fosse seu último momento juntos.

Ainda de madrugada, quando Benjamin deixou Mal em sua casa, ele caminhou pelos becos noturnos, já estava se acostumando com certas sensações. Mas se assustou quando um gancho o puxou.

— Droga, Harry! – reclamou.

— Nós marcamos para nós encontrarmos no Peixe e Fritas da Úrsula, e como você ganhou de Anthony, a festa é sua.

— Sério? – Ben ficou feliz. — Vamos então?

— Gosto assim! – o garoto do gancho riu.

Então os dois caminharam até o Peixes e Fritas da Úrsula. Então Benjamin se lembrou do episódio do roubo, travou no caminho em frente ao restaurante.

— É... Harry... acho que é melhor eu voltar – o filho de Tremaine não entendeu até o garoto contar o ocorrido o que provocou uma risada histórica do filho do vilão.

— Qual é a graça?

— BenBen! – Harry voltou a postura, mas com um ar cômico. — Estamos já Ilha – o lembrou — Aqui todo mundo rouba todo mundo. Agora, deixa seu lado certinho para lá e vamos nos divertir – disse empurrando os de veste azul para dentro do trabalho da vilã da pequena sereia.

Quando o Auradoniano entrou, ele se sentiu em Auradon, todos os olhares estavam nele.

Logo canecas foram erguidas e gritos soaram, como quando Gaston chegava em seu bar.

Mas, na mesa do fundo, uma gangue que Ben se lembrava perfeitamente. Uma, Gil e outros que não tinha tanta importância na Ilha. O olhar da herdeira da Úrsula parecia queimar nele.

Quando o relógio marcava beirando as três da manhã. A que ele menos esperava chegou em sua mesa.

— Benjamin, né? – Ele olhou para a morena e confirmou com a cabeça.

— Sabe que aqui não é o seu lugar? – Ela tirou Harry Hook do seu lugar e sentou aonde ele antes estava.

— Aqui onde? – ele se fez de desentendido e bebeu da sua caneca.

— Na Ilha, é óbvio – Ela tomou da caneca dele e bebeu.

— E por que acha isso? – ele enfrentou. Quando ela devolveu a caneca, ele negou agora que a mesma tinha colocado a boca.

— Você não serve para a ralé – ela riu, como se tivesse ganho um torneio.

— Pelo jeito você também não, a final, nunca conseguiu que sua gangue fosse tão respeitada como a da filha da Malévola – neste momento, estabeleceu-se um silêncio no ar. — Sabemos que independente da região da Ilha, é Mal que usa a coroa.

— Como é que é? — O garoto estava sendo bem afrontoso. A estava desafiando na casa dela. — Você tem noção de quem eu sou?

— Acredito que não seja de tão importância. Apesar que mesmo de Auradon, eu roubei você e a sua gangue em um outro dia passado – ele sorriu, seus olhos encaravam o da morena. — Sua presença não é de grande impacto para eu temer.

Uma cerrou os dentes e o punho.

— What's my name? – Ela gritou.

— Uma! – as pessoas daquela região gritaram.

— Acho que eu conheço isso – Carlos sussurrou para Jay, que segurava o riso diante a tudo aquilo — Melhor chamar reforço...

— Não – o de gorro estava se divertir realmente com aquilo — Ben não precisa que Mal o salve a toda hora. Deixa ele, a final, ele que procurou.

— Mal vai adorar saber o que o príncipe provocou – Harry apareceu entre eles gargalhando. Mas logo foi saindo.

— Aonde você vai? – Jay perguntou.

— Colocar lenha na fogueira, é óbvio – disse ele indo até Uma.

— Realmente andar com piratas está deixando você maluco! – ele gritou para que o outro rapaz pudesse ouvir.

Quando a cantoria acabou, Uma desceu da bancada, com uma espada, indo até o príncipe.

— Huh, vamos começar essa festa. Eu juro, tenho um coração frio. Não há como negociar. Eu não estou aqui para debater! – Ela pareceu estar iniciando outra cantoria.

Ela se aproximou ainda mais de Ben, invadindo o seu espaço, por pouco não sentou em seu colo, a espada parecia ir cada vez mais ao encontro de sua mandíbula, mas ela colocou o objeto afiado em sua mão.

— Você precisa de alguma motivação? Basta olhar para o seu rosto e perguntar a si mesmo, quanto tempo acha que eu vou ter paciência?

Um dos piratas jogou uma espada, que a garota pegou no ar, sorrindo. Ela apontou o objeto cortante para ele, desafiando-o.

— Eu vou jogar ele da prancha e deixar que ele nada com os tubarões! Ou quem sabe ser devorado!

Ben se levantou em um ato só.

— Agora, vamos ser inteligentes. Embora isso seja difícil para você. Ninguém aqui tem que se machucar. – Ele deu um passo a frente, ela não revidou. Os corpos ficaram quase colados. — Então não tente me intimidar. Sua casca é muito pior do que sua mordida. Quem é o mais malvado de todos? – ele ajeitou a espada em sua mão, segurando firme. — Acho que vamos descobrir esta noite!

— Tudo bem, olhe. Isso não é uma conversa. É uma situação de vida ou morte. – Ela bateu o próprio corpo contra o dele. — Vamos lá! Faça sua jornada! Paz ou guerra, isso é com você. – Ela se afastou, pareceu chamar mais pessoas. Ben não percebeu quando Jay, Carlos e Harry se aproximaram atrás dele. Mas lá estava o trio. — Seu tempo está acabando. Você deveria calar a boca. Vamos lá! Olho por olho! Estamos preparados para defender nosso território. Levantem suas espadas! Para cima – ela e o pessoal que mais frequentava aquele lugar fizeram o que ela mandou. O ato da espada no ar, indicava uma pancadaria da qual não acabaria sem um vencedor. — O bicho vai pegar!

E assim começou uma grande briga, mesas e cadeiras derrubadas, corpos sobre a mesa, ainda lutando com a espada, segurando para que o seu adversário não machucasse seu rosto. Ben e Uma por pouco não estava saindo para fora do estabelecimento que mais parecia uma taberna. Os corpos de todos ali envolvidos estavam começando a cansar, menos o dos dois ali, que iniciaram tudo. Golpes envolvidos as espadas, pés e mãos. Ben era ótimo com espadas, tinha uma espécie de jogo do tipo em Auradon, sabia os truques, sabia o modo de avançar com a raiva e o momento de acalmar. Já Uma parecia que sentia que o príncipe iria desistir em breve.

Um golpe bem imprevisto e novo fez Uma cair. Ela tentou acertá-lo com um chute. Mas ele se desviou. Mas um fora da briga se intrometeu, fazendo a briga não ser tão justa, mas ali era e sempre seria a Ilha dos Perdidos.

Uma se levantou, tomando o lugar do outro rapaz a se intrometer. Forçou a espada contra o pescoço do garoto. Um movimento sequer poderia o degolar.

— Qual é o meu nome? – Ela gritou, fazendo os outros que lutavam pararem para ver o que acontecia ali.

Carlos tentou intervir, mas foi segurado, Harry se preocupou e Jay nem sequer ligou. Apenas sorria, sabia o quão avançado o príncipe estava desde a sua chegada.

— Diga agora! – ela gritou novamente.

— Camarão! – ele gritou. Ela não esperava por aquela resposta, aquilo a deixou distraída o suficiente para ele a empurrar contra a mesa ali ao lado. A espada de Ben cortou a sua bochecha, fazendo-a sangrar o suficiente para ter provas contra a sua derrota.

Ela respirou fundo, esticou sua mão, um ato um tanto inesperado.

O garoto puritano encarou o ato, a dúvida se aquilo seria mais um golpe o fez vacilar. Ainda com receio, sua mão foi de encontro com o dele, num forte aperto. Ela tinha que admitir, admitiu para si mesmo o quão ele era bom naquilo, por mais que ele fosse um príncipe de Auradon, talvez ele não fosse tão fresco assim.

Mas ainda assim, ao levantar e ir saindo, ela o golpeou na barriga, usando o próprio cotovelo. E saiu de lá, antes que sua mãe começasse a gritar de maneira histérica pela destruição do seu local de trabalho.

Ben sorriu. Com tudo aquilo, ele finalmente se sentia parte da Ilha, que ali era o seu povo. Por mais que seus pais insistiam em dizer o contrário.