Posso não viver para ver nossa glória

Mas me juntarei à luta com prazer,

E quando nossos filhos contarem nossa história,

Contarão a história desta noite.

~ Hamilton

Benjamin estava escrevendo freneticamente, e assim que acabava cada folha, ele amassava enfurecido e jogava e um cesto já cheio de bolas de papel, onde ela batia e caia no chão, juntos de outros papéis amassados.

O toque na porta fez seus sentimentos irem da raiva para o despertar da realidade.

O moreno entrou sem qualquer convite prévio ou cerimônia, o cabelo castanho escuros ligeiramente bagunçado sobre a testa enquanto dava uma mordida na maçã.

O olhar de Dylan foi direcionado a Benjamin como um lobo preste a atacar um cervo, enquanto os olhos do herdeiro estavam tão perdidos como uma criança em um labirinto.

O mais alto vestia roupas as quais pequenos detalhes o lembrou de Harry, assim como um lápis de olho contornando seus olhos escuros. Por um momento ele se questionou se aquilo não era outro de seus sonhos com a Ilha.

- Suponho que queira conversar comigo - a voz saiu rouca, como se tivesse saído das entranhas de um monstro. Ben fez sinal para o "filho" de Aladim se sentar em frente a ele.

- É sobre a Mal-

- Desista! - Ele foi curto e grosso. Ben ficou confuso por um momento. Antes que ele sibilasse um "como?" de quem não entendeu a razão, Dylan voltou a falar. - Quer tirar a Mal da Ilha? Não tem como, você acha que desde que que cheguei aqui eu não tenho feito nada? Acha que entrei naquele maldito conselho dos cidadãos unidos por qual razão? Durante quase dez anos eu tenho tentado tirar ela de lá!

Ben se calou enquanto ouvia, não conseguia tirar os olhos dele, por mais que quisesse chorar tais palavras. Ele cerrou os punhos.

Forte. Poderoso rei.

Benjamin se levantou, como se tivesse colocado toda força sobre seu punho ao se levantar.

- Dylan! - Ele abriu e fechou a porta numa batida.

Dylan se virou de maneira elegante e sua reação era calculada o suficiente para ter sido intencional todos os atos dentro do escritório.

- Benjamin, você teve coragem de ir para a Ilha e... Se relacionar... com a filha da Malévola, mas jamais terá coragem de enfrentar a reunião do conselho.

- Qual é o seu problema?

- Ben! A Mal já tem problemas demais, não precisava de você ter aparecido na vida dela dessa maneira!

- Eu só quero-

- Ajudá-la? Da mesma forma que seu pai ajudou os cidadãos Auradonianos prendendo os malfeitores na Ilha dos Perdidos?

Ele levantou, no seu limite, a mesa se movimentou com a força da batida de seu corpo e Dylan a segurou em uma batida forte com suas próprias mãos. Eles eram como a definição do cão e da raposa. Da mesma forma que Benjamin era totalmente domado e ensinado a caçar apenas por ser quem era. Dylan ainda carregava frutos podres da Ilha. Ele exalava sentimentos de vingança, um olhar mortal e cheio de ameaças. Ele nunca tinha medo de ninguém e nunca teria de Benjamin, que ao seu ver agora, já era um animal ferido, abatido por feras maiores. Benjamin era seu próprio inimigo, assim como o tempo era para ele.

- Eu vou tirar a Mal da Ilha, custe o que custar - Benjamin gritou.

- Como vai dar liberdade a alguém sendo que você não consegue a própria!

- Por que sente tanto ciúmes da Mal?! - Ben soltou, como uma flecha direto no alvo.

- A Mal é minha melhor amiga! Eu que deveria tirar ela de lá. Ben! Você tem todas as garotas aos seus pés, Mal é algo passageiro, sua diversão por garota má - Ele rosnou.

- Você realmente não me conhece, Dylan, fiz promessas e juras para Mal, já estamos destinados a ficarmos juntos.

Bela ainda estava paralisada com o que ouvia, as mãos na maçaneta, estava indecisa sobre como reagiria dali em diante, algumas informações ainda ecoava em sua mente. Quem era Mal? Audrey chegara no mesmo instante que Bela se virou, os olhos de tordo de Audrey com os de corsa de Bela. A princesa não podia negar que ouvia a discussão e se preocupou com o que Bela havia ouvido.

- Audrey... - Bela sussurrou. - Quem é Mal e o que a Ilha dos Perdidos tem haver?

Naquela mesma noite, Benjamin adoeceu, passou mal o suficiente ao ponto de vomitar e ficar febril.

Layla e Audrey passara a noite com ele. Bela ficou aflita e querendo cancelar a sua viagem que iria ocorrer no dia seguinte, mas as duas garotas a tranquilizaram, principalmente Audrey, que comentaria sobre Mal assim que a Rainha voltasse de sua viagem ao Reino.

Benjamim tremia ao ponto de sentir todos os seus ossos doerem como nunca. O médico já estava a caminho, enquanto isso Layla tentava baixar a febre com um pano úmido sobre a testa. Audrey deixava a janela aberta, deixando o cômodo arejado.

Assim que o médico chegou, o herdeiro foi levado para a ala médica do Castelo, feito os exames, mas ainda sem qualquer indício do que poderia ter causado aquele adoecimento. Remédios foram passados, mas se não baixasse, ele deveria retornar a ligar amanhã. Por quê podia ser tratar de emocional.

- Layla... você pode ficar com o Ben um momento? - a princesa pediu e a filha de Branca de Neve confirmou, sentando em uma poltrona ao lado dele e assistindo a série com a qual ele tentava se distrair no celular.

Bela estava quase imóvel na porta. A troca de olhares foi necessária, as duas caminharam até o escritório/biblioteca de Bela.

- Por favor - Bela ofereceu o sofá e, assim que Audrey sentou, ela se sentou ao lado da garota.

- Preciso que seja compreensiva antes de tudo... - Audrey estava com receio se deveria contar ou não, já que até para ela ainda era um completo choque.

- Audrey... somos amigas, certo? Neste momento está falando com Bela, mãe do Ben e sua amiga, vamos esquecer os títulos por um momento - ela deu um sorriso amarelo de canto, ainda preocupada com o filho.

Audrey suspirou.

- É que o assunto é bem complicado para deixar heranças familiares de canto... - Bela franziu o cenho. - Mal, a garota pela qual o seu filho está completamente apaixonado, é a Filha da Malévola... - Audrey tentou tomar cuidado com as palavras.

A xícara de chá que Bela havia pego da mesa de centro desabou de sua mão. Ainda em completo choque, piscou várias vezes antes de tentar pronunciar alguma palavra.

- Ele a conheceu quando foi para a Ilha... de acordo com o Ben, houve amor da parte dela também... Viveram algo realmente intenso, como um completo conto de fadas - uma lágrima escorreu dos olhos da princesa. - Estamos ajudando ele a conseguir que Mal e os amigos venha para Auradon de alguma forma.

- Audrey... - A rainha tentava voltar para a realidade. - Meu marido... o Adam, você sabe... ele não vai concordar-

- E por isso cabe a nós pelo menos fazer ele dar uma chance - Audrey sorriu de canto.

- Oh, Audrey - Bela tocou um lado do seu rosto. - Você seria uma Rainha perfeita.

- E eu vou ser - Audrey tocou as mãos de Bela ainda em seu rosto. - Só que do meu Reino - ambas nunca acharam que a tranquilidade poderia doer.

Quando Benjamin terminou o soro e a febre havia deixado de existir, ele tomou um banho na banheira, como se toda a sua angústia boiasse em um imenso mar sem começo ou fim. Ao sair, ele vestiu seu pijama de seda azul e se deitou. Nenhuma das garotas se deu ao luxo de ir para um quarto de hóspede, a cama do herdeiro era grande o suficiente para abrigar as duas. Ele deitou no canto direito, puxou a jaqueta debaixo do travesseiro e dormiu com a cabeça apoiada nela.

Layla que estava no meio, não quis questionar, mas tinha bons ouvidos para saber do que se tratava, porém preferiu manter a paz com a herdeira de Aurora pelo menos uma única noite. Ela se virou para o lado e conversou com Audrey até que as duas dormissem...

Já não era surpresa para ele que seus sonhos se resumia na Ilha. Ilha, doce Ilha...

Talvez ele não tivesse que estar pensando nela... Mas certamente não tinha como não pensar em outra coisa. Benjamin estava melhor, não totalmente, mas o suficiente para vestir o terno e ir para a reunião com os jornalistas.

Antes da viagem de seus pais, aproveitaram o momento para juntas ambas as ocasiões. E Benjamin novamente teria que falar sobre a Ilha. Audrey estava perfeitamente arrumada, usava sua escrivaninha para escrever algo em seu diário. Ele não quis interromper lá, e certamente a sua melhor amiga ainda dormia em sua cama, até que o último despertador de trinta tocava. Ela se levantou mau humorada.

- Bom dia, Layla - Audrey se virou, rindo para a de cabelos negros.

- Não enche, Audrey - sua voz saiu completamente sonolenta e simplesmente se dirigiu ao banheiro para se arrumar antes da reunião.

Todos prontos de aparência. Mentalmente todos desesperado. Audrey contou sobre a Layla, por mais que estivesse aflita a cada pessoa que contava, já que o problema não cabia a ela e principalmente nenhuma autorização para dar explicação sobre a vida alheia. E Layla simplesmente não compreendia que momento de sua vida perdeu a hora que Audrey começava a passar mais tempo com eles, de alguma forma aquilo incomodou lá no fundo. Mas nunca teve nenhum problema com a adolescente.

A família real estava reunida ao palco, o microfone na mesa real para que todos ouvissem atentamente. Os membros da realeza vestidos perfeitamente, a postura de maneira esplendorosa e disposto a responder qualquer pergunta.

Curtas perguntas foram feitas aos reis e muitas ao herdeiro, novamente sobre a sua viagem. Benjamin respondeu tudo com calma, e não foi tão difícil como a sua chegada que havia sido desorganizada.

Cada resposta lhe doía de todas as formas, e certamente a pior de todas veio em tona.

- Você fez alguma amizade na Ilha? - Uma das jornalistas jogou.

Benjamin sorriu completamente adoecido.

- Claro.

E a multidão se chocou com a resposta e uma onda de conversas e sussurros tomou conta da sala do Palácio real.

- Com filhos de vilões? - ela continuou a perguntar, todos prestando atenção na resposta.

Benjamin ia responder a verdade. Sentada na cadeira da frente, Audrey fitou o olhar do príncipe, assim como ele o dela, então seguiu o olhar para Layla, que pronunciou um não com os lábios.

Bela salvou.

- Com os filhos dos nobres - Bela aparentou estar orgulhosa.

E as perguntas continuaram, Ben sentia o corpo cada vez mais cansado.

Até que finalmente tudo acabou.

Com a saída do povo, seus pais também se foram. Adam se despediu em uma breve frase, e Bela lhe deu um beijo em sua testa.

- Tente ficar bem - sussurrou antes de partir.

A saída foi rápida, e assim que a grande porta foi fechada, ele se desabou no sofá. Sentiu um apertar em seus ombros, depois olhou para cima, vendo a amiga.

- Não conte... - Ele pediu. - Não posso falar a alguém daqui sobre eles... Não ainda e não dessa forma. - Ele voltou a tremer.

Audrey suspirou. - Eu sei... - seus olhos estavam tristes. - Layla vai dar um jeito...

Benjamin tomou um banho e vestiu o seu pijama, por mais que ainda tivesse sol do lado de fora do castelo, e permaneceu deitado. A jaqueta de Mal ainda permanecia em suas mãos.

- Posso? - Audrey sentou ao seu lado. E ele lhe entregou a jaqueta. Ela analisou com curiosidade e logo devolveu. - Não é muito o meu estilo, mas é linda. Ele sorriu e a olhou.

- Foi a filha da Rainha Má que fez, vocês poderiam ser ótimas amigas, assunto para a moda não iria faltar - ambos sorriram.

- O que a Layla foi fazer mesmo? - a pergunta foi certeira aos ouvidos da princesa. Ela tremeu por um instante. - Então...

A limusine parou na parte de South Sul. E Layla teve que se virar sem mapa ou qualquer senso de direção.

Após uma longa caminhada, longa mesmo, ela se apoiou em um portão, completamente cansada, até que uma alta buzina se fez presente e um xingar monstruoso.

O portão foi aberto e Layla escorreu para o lado, Cruella estava ainda mais vilanesca em sua vestimenta e ela simplesmente xingava alguém: imprestável, burro, ingrato. Entre outros termos cruéis o suficiente para não ser descrito ou falado.

Assim que ela saiu, a garota olhou pelo portão, encontrando um garoto um pouco mais baixo que ela limpando o carro, a camiseta básica branca e a pergunta preta, seu sapato era num tom de vermelho e certamente as sardas em seu rosto estava se destacando entre a água e a espuma que ele estava usando para limpar o carro vermelho de Cruella.

- Hey! - ela chamou. O garoto procurou a voz, confuso, quando ela finalmente apareceu totalmente no portão. - Sabe aonde posso encontrar Mal?

- Quem quer saber? - Uma voz suave veio de trás ela.

Ela se virou dando de cara com uma espécie de borrão. Roupas e capuz toda trabalhada no preto. A cor negra era como a magia e a escuridão que rodava a Ilha.

- É... - Aquilo poderia ser uma emboscada e Layla não pensou muito sobre.

Ela suspirou.

- Meu nome é Layla... eu venho de Auradon.

O menino de cabelos brancos e preto caminhou até ela.

- Allison - ela tirou o capuz relevando seus olhos castanhos, um olhar mortal e com toda certeza era óbvio que não estava feliz em ver alguém de Auradon novamente naquelas terras.

- Carlos De Vil - o garoto respondeu.

- É sobre o Ben - Layla conseguiu dizer.

Allison por um momento fechou os olhos e demorou uns segundos para abrir.

- Você deve ser a filha da Branca de Neve - Layla concordou com a cabeça. - O que quer com a Mal?

- Preciso que ela vá comigo para Auradon, somente hoje. Benjamin está muito doente emocionalmente, precisa dela...

Antes que Carlos pudesse falar algo. Allison falou.Ela não vai.

- Posso ao menos falar com ela?

- Não... - o brilho dos olhos castanhos dela mudou para uma luz mais sombria.

- Sabe que vou procurar até achá-la, não é?

- Sabe que posso fazer com que não retorne a Auradon, não é? - sim, aquilo foi uma ameaça da qual Layla não podia fazer nada porque a garota à sua frente estava certa.

- Tudo bem, se é assim que você quer - Layla deu de ombro. - Mas saiba que nosso futuro está em risco.

Layla voltou sozinha para a Limousine e retornou para Auradon. Chegou no momento que o sol se despedia e a lua estava preste a se posicionar no céu.

Quando chegou em Auradon, estava completamente cansada. Entrou no palácio principal, caminhou até o cinema onde os dois amigos se encontravam e, antes de entrar, respirou fundo para dar a péssima notícia.

Audrey e Ben se levantaram rápido, antes que Ben pudesse procurar por Mal, ela negou com a cabeça.

E ele desabou na poltrona, deixando as lágrimas descerem.

- Ela não vem... - as palavras de Layla foram cruéis até para os ouvidos de Audrey.

- Não tem mais jeito... Eu a perdi - Benjamin disse em um imenso choro.

Audrey buscou encomendar uma roupa a sigilo, era material de couro na cor rosa, ela usou um capuz por cima cobrindo os cabelos castanhos, não que aquele fosse seu estilo, mas era necessário para ir para a Ilha. Por Ben.

Ela estava arriscando tudo ali, principalmente a sua vida. Ela estava andando pelas ruas frias da Ilha, não soube exatamente aonde estava, mas entrou em um túnel. Ela estava próxima ao mar, havia um grande navio de uma tripulação de piratas e desde pequena ela sabia o quão bárbaros eles eram. Ela deu a volta, mas algo a segurou. Sentiu um gancho a segurar pelo pulso, ela puxou, e rasgou um pedaço do tecido.

- Quem é você? - a voz foi suave, surpreendendo-a.

- Procuro pela filha da Malévola - a voz quase não saiu, sua respiração estava acelerada.

- É de Auradon, não é? - Ele suspirou e ela confirmou.

-Harry!- O chamado veio do fundo, ele olhou para trás e logo voltou a olhar para a princesa.

- Na outra direção, vá depressa antes de acabe tombando em alguém com sede de vingança com Auradon... - Ele sussurrou e se virou.

- Eu sou... meu nome é Audrey - ela falou e sorriu de canto, levantando um pouco o olhar.

Os olhos dele encararam o seus. - Harry - Ele disse - Filho de Ganho e de Lady Tremaine. E, por fim, ele saiu dali.

Ela voltou, indo para a outra direção, passou por becos com pessoas que faziam ela tentar não entrar em pânico. Não levou nada para não ser roubada, a não ser seu colar de pássaro que sempre carregava, que hora outra ela o segurava, como se ele transmitisse proteção.

Ela chegou num grande local cheio de tentas. Observando cada pessoa, ela suspirou fundo, quanto tempo aquilo iria durar?

Ela passou pela feira e acabou indo parar em outra espécie de beco, sentou em uma das escadas para descansar. De longe, a Ilha parecia pequena, mas dentro dela, parecia tão grande quanto as pequenas cidades dos povos.

- Vai sair do meio do caminho ou vou ter que passar por cima de você? - A voz veio cheia de ameaças.

Audrey ergueu o olhar. E um suspiro tranquilo veio. Ela se levantou.

- Estava à sua procura!

Mal revirou os olhos.

- Agora todos estão à minha procura, nem nesta maldita Ilha eu tenho paz.

- Ben está muito doente, emocionalmente, está afetando muito a sua saúde. Ele precisa de você.

- Não estou a mercê da necessidade de ninguém.

- Olha... - Audrey suspirou, tentou não parecer trêmula. - Estou arriscando minha vida pela de Ben. Você não me conhece, então me deixe me apresentar... - Audrey tirou o capuz - Sou Audrey, filha da Aurora e de Philip. Não é como se eu desejasse ficar cara a cara com a filha da Malévola em seu território por nada. Eu amo muito o Ben, mas ele só ficará bem ao seu lado, eu... estou tentando fazer tudo que posso. Layla, a filha da Branca de Neve, veio aqui, procurar você antes...

A garota de cabelos cor de ameixa arqueou a sobrancelha, não soube de nenhuma procura.

Audrey tentou se lembrar do nome.

- A... Ally... Allison - ela pronunciou. - Layla conversou com ela, e ela deixou bem claro que você não queria nada e não estava disposta a nem conversar - Mal percebeu que tudo aquilo parecia doer mais na princesa do que em qualquer um deles.

Uma lágrima desceu pelas bochechas da princesa, seus olhos indicavam que mais delas estavam por vir, mais lágrimas pesadas e cruéis.

- Eu faço qualquer coisa que quiser, mas, por favor, vá ver o Ben, converse com ele...

Audrey fechou os olhos e tirou um colar que usava.

- Uma troca - ela ofereceu a Mal. - É algo importante para mim...

O objeto reluziu entre os dedos da filha da Malévola.

- Você ama ele, não é? - a voz saiu rouca dos lábios de Mal. Ela notou as bochechas da princesa corarem. Ela confirmou com a cabeça. - Mesmo ele amando outra, você arriscou sua vida, oferece seus bens, enfrenta traumas de família, apenas para o bem-estar dele - as palavras foram cruéis para ambas, mas principalmente para Audrey.

- Olhe, não soube desse encontro entre a garota e a Allison, e certamente isso é problema e dor de cabeça para outra hora. - Mal pegou as mãos de Audrey e colocou o colar entre os dedos da princesa. - Não é necessário o objeto, vou à Auradon, por sua valentia e coragem, mas não prometo que será o mesmo com Benjamin.

Mal certamente não esperava estar a caminho do tão sonhado por muitos, o reino de Auradon. Ela certamente não estava sequer olhando pela janela, não queria ver o mundo diferente do qual estava acostumada. Somente olhou quando a limusine, parou em frente à um castelo luxuoso, que aparentava ser revestida por ouro ou outro tipo de material raro. Ela desceu logo após a filha da Bela Adomercida. Quando entrou, foi no momento que Layla estava preste a subir as escadas. Por um momento, Mal se surpreendeu pela filha da Branca de Neve não estar em nenhum vestido ou algo do tipo, ela vestia até que roupas comuns. A boca da garota se abriu, mas logo se fechou, uma indecisão estava em seu olhar.

- Se te tranquiliza, nem sequer soube da sua aparição lá - a voz de Mal saiu rouca, até mesmo fria. Layla afirmou com a cabeça.

- Como ele está? - a voz de Audrey foi o oposto do tom de voz da Mal. Por sua vez, princesa sempre aparentava estar tranquila, sempre o que lhe foi ensinada para ser.

O olhar de Layla se esgueirou para o topo da escada.

- Ele piorou...

- Seus pais voltam na segunda... Esta semana ainda tem o baile de máscara. Mal podia jurar que a herdeira da Branca de Neve revirou os olhos.

- Outro, para variar - a sua voz parecia cansada.

- Esse é o último e certamente o mais importante - Audrey falava sério e Mal não podia perceber o quão treinada para governar aquelas terras ela foi. E algo dentro de Mal doeu, por mais que ela nem sequer parecia estar preocupada com Ben.

- Venha - Layla olhou por um momento para Mal e subiu as escadas. Mal a seguiu, mas suas pernas pareciam falhar cada vez mais, a cada degrau, algo dentro de si brilhou como da vez na Fortaleza Proibida.

Logos estavam as três paradas na porta do herdeiro da coroa.

- Estaremos lá embaixo, se precisar - a voz suave de Layla falou, a princesa ao seu lado concordou e as duas sumiram pelo corredor.

O coração de Mal batia intensamente, a sua mão já estava posicionada na maçaneta da porta. Em um suspiro, forçou-se a entrar. Ben estava de costas em sua cama. Mal andou lentamente em passos licenciosos.

Ela umedeceu os próprios lábios antes de chamá-lo.

- Ben... - a voz pareceu suave, cansada e certamente nada ameaçadora.

Mal não viu a maneira que ele franziu o cenho, pensando se tratar de um delírio pela forma como estava febril. Ela se virou, por mais doloroso que foi para seu corpo quase corpo.

Seus olhos se encheram de lágrimas. - Mal... - Seu nome saiu quase como uma oração, como se ele implorasse antes por ela. Ela andou até ele e se ajoelhou ao seu lado, tendo ainda um espaço vazio entre eles.

- Audrey foi me procurar até a Ilha. Ela me contou como você estava.

- Pensei que não queria me ver...

- Allison não me avisou sobre a ida de Layla, mas certamente em outras circunstâncias eu não viria... - foi cruel.- Apenas temos que aceitar que, acabou, somos separados por uma barreira, de vidas diferentes, e certamente status de vilã e príncipe é pesado. Devemos seguir o que nos foi ensinado desde o nascimento. - cada palavra doía como nunca, e foi necessário muito esforço para sair cada palavra.

Os olhos de Ben eram triste e certamente ele sabia que havia um pouco de verdade nas palavras de Mal.

- Estou disposto a mudar as regras - a voz saiu rouca, extremamente triste.

- Não é tão fácil... Ele fez força o suficiente para conseguir se sentar na cama. Mal se levantou e sentando ao seu lado. Os olhares foram duros um para o outro por um momento. Antes que Ben pegasse na mão de Mal.

- Desculpa...

- Pelo quê? - a pergunta foi inocente até.

- Por te amar intensamente, indo contra a tudo que nos foi ensinado... Mal... eu mudaria céus e terras por você. Nem que eu tivesse que me tornar vilão para ficar ao seu lado...

Mal tocou o rosto do garoto, sentindo a pele quente.

- Está delirando de febre.

- Se a sua imagem for um delírio, certamente vale a pena a dor sentida pela imagem - Ele deu um sorriso doído.

- Vamos começar com um banho agora, consegue ir até o banheiro? - Ele confirmou com a cabeça. - Espere um momento.

Ela entrou no banheiro e certamente se surpreendeu, o espaço era grande, com chuveiro, banheira, cadeiras, a pia era a grande e tinha uma porta que dava direto no closet.

Ela encheu a banheira, preferi evitar uma possível queda. Logo foi até ele e o ajudou a ir até o banheiro.

Saiu, indo atrás de alguma das princesas. Certamente não devia estar perambulando pelos corredores do Castelo. A sua roupa entregava muito suas origens.

Não encontrou nenhuma das, mas acabou dando de cara com Madame Salmovera.

Ela gelou, o pânico tomou conta de seu corpo e pensou em inúmeras desculpas e mentiras para se justificar de todos os modos, até que...

- Está tudo bem, eu sei quem é você, não se preocupe, somente eu estou no castelo. Audrey teve uma emergência de compromisso de seu reino, e Layla preferiu deixar vocês sozinhos - ela sorriu. Parecia uma boa mulher.

- Sabe me dizer se ele já se alimentou? - a pergunta foi suave e sincera. A Madame negou com a cabeça. - Ele está tomando banho no momento, teria como preparar algo? - Mal não sabia se a pergunta foi certa. Mas a mulher ficou feliz.

- Certamente, a sopa já está no forno - Mal tentou disfarçar a tranquilidade daquelas palavras. Mas deixou escapar o alívio. - Quer que eu leve até o quarto?

- Acho que vou tentar fazer ele descer... - Arrumarei a sala de jantar então.

Benjamin estava sentado na poltrona de seu closet já vestido, terminava de secar os cabelos no secador.

Mal aguardava no quarto dele. Sentada em frente à escrivaninha e certamente ficou tentada a abrir um diário que estava na gaveta abaixo.

Ben voltou para o quarto. Ele vestia uma camisa azul escura de manga longa e uma calça preta. A garoa começava a cair do lado de fora.

- Você vai descer e comer lá na sala de jantar - Mal o informou.

Ben não estava com fome e certamente seu estômago embrulhou só de imaginar, mas brincou e jurou que iria tentar come. Por Mal...

- Sim, senhora - Ele riu.

Calçou o chinelo e desceu, apoiado os braços nos de Mal.

- Audrey e Layla?

- Compromisso de emergência, e Layla simplesmente foi embora - Mal iria rir ao comparar com Allison, mas certamente um ódio iria ficar óbvio pela garota.

Mal não quis comer. Ben estava sentado em seu lugar de sempre, e Mal ao seu lado. Ele encarava o prato sem ânimo e aquilo doeu em Mal.

Ela segurou as mãos de Ben.

- Vamos, tente comer pelo menos um pouco - ela deu um meio sorriso. E bendito caldeirão, que sorriso lindo.

Ela soltou a sua mão, e a brisa fria tomou o lugar. Mas a surpresa veio, ela pegou a colher e o ofereceu na boca. Ela sorriu e ela revirou os olhos.

- Não se acostume.

Em conversas e risos, ele acabou por comer toda a sopa do prato.

- Viu? Deu tudo certo - ela sorriu. Mal parecia realmente feliz e aquilo aqueceu o coração dele.

- Podemos ver um filme agora - um pedido.

- Sabe que eu preciso ir - foi surpreendida com um trovão.

- Fique mais - os olhos de Ben se encheram d'água. - Pelo menos até meus pais voltarem.

Mal suspirou.

- Se prometer comer e tudo mais certinho.

- Com certeza - E Ben lhe roubou um beijo.

- Benjamin! - Mal o repreendeu.

- Mas... Mal...

- Não torne as coisas mais difícil...

- Eu te amo.

- Eu sei...

- Vamos para o cinema então? - Mal apenas concordou, e Ben não soube certamente se ela sabia o que de fato era.

Eles chegaram até a sala de cinema do Castelo, uma grande tela cobrindo toda a parede e havia grandes poltronas pretas luxuosas, também havia uma grande pipoqueira e máquinas de refrigerantes e doces.

Mal ficou boquiaberta, nunca realmente havia visto algo do tipo.

Eles pegaram o que iriam comer e foram até a poltrona da frente, que não necessariamente ficava colada na tela. A vista era perfeita mesmo. Ben pegou cobertor para eles.

Eles deitaram, Mal se apoiou no peito de Ben e os braços de ambos estavam juntos.

O filme escolhido foi 10 coisas que eu odeio em você. E certamente marcou naquela noite.

Quando acabou, eles colocaram a cinco passos de você, mas acabaram por dormir no início. Mal ali entre os braços dele.