O castelo aparentava ter sido construído exclusivamente para o herdeiro dar suas festas particulares.
Era mais aberto visualmente, em tons de branco e imensas janelas que parecia não ter começo ou fim, havia uma grande escadaria que começava em meio ao salão, como se a construção tivesse pensado numa entrada espetacular do anfitrião.
A decoração parecia cristal de vidro, imensos lustres cristalizados e até mesmo o sol aparentava se curvar e pedir permissão para entrar e iluminar os herdeiros ali presente.
Os garçons passavam com bandejas com aperitivos e bebidas – nada de álcool.
Os convidados chegavam na hora exata, todos com suas roupas caracteres.
Assim que Layla e Dylan entraram juntos, todos os olhares se voltaram para a dupla.
Ela estava de Héstia, com os cabelos ondulados, o vestido vermelho longo revelando suas costas nua e havia cordões e braceletes em ouro puro.
E ele, de Eros, um lenço branco rodeava seu corpo, fazendo alguns Xs, uma armadura de ombro estava presente, marrom e dourado, outra armadura envolvia sua cintura na mesma cor, por cima da bermuda branca. Nas armaduras havia pedras preciosas na cor vermelha, que refletia junto do vestido da parceira, os braceletes chegava próximo ao cotovelo e era do mesmo material da armadura. Atrás de uma das orelhas, havia uma folha dourada com rosas vermelhas, completando com o seu kit em ouro, o arco com detalhes de rosas vermelhas e a grande flecha que tinha a ponta reluzente.
Audrey chegou acompanhada de Chad, que estava de Narciso. Ben não se sentiu incomodado, tinha quase certeza disso ou preferia acreditar fielmente nisso.
O jovem principe da trindade de Auradon estava impecável e radiante. A faixa vermelha sobre o peitoral, a bermuda era branca combinando com o sapato, os cachos bem feitos e carregava consigo uma espécie de espelho mágico, parecia refletir o próprio como se tivesse uma áurea dourada. Ben realmente esperava que ele não tivesse pego "emprestado" do Museu de história cultural como da última vez com um objeto para a feira de ciência.
Benjamin estava incerto sobre Mal, e cada vez mais notava Audrey como uma possibilidade, ainda no salão festivo ele tinha os olhos completamente vidrados em Audrey, mas de nada adiantava os pensamentos irem até a filha da senhora das trevas.
O futuro rei devia admitir o quão patético estava sua fantasia aos seus olhos, que foi propriamente escolhida pelo seu estilista, que também foram escolhido pelos seus pais e propriamente por Auradon. Ele estava o próprio e tedioso Hércules.
Não se sabe se foi planejamento entre os costureiros, mas Audrey estava de Megara, e pelos deuses, como aquele figurino ficava perfeito nela, como se ela fosse a reencarnação da própria ser mitológica.
Ele chegou quase sorrateiro até a menina, deixou a taça que bebia em uma das bandejas que passava. Ele respirou fundo, seus olhos brilharam ao encarar a princesa, sabia que já havia visto ela inúmeras vezes, mas dessa vez, ele se sentiu diferente, sentiu como se todas as preces de Auradon sobre os dois fosse realizado como um conto de fada, porém, ela ainda não era Mal.
Uma sútil mão foi estendida, os olhares conectados, não foi preciso um convite propriamente dito, ela estendeu a mão, macia e lisa, sentiu cheiro de frutas vermelhas, como vento na primavera.
A música era suave e a pista estava com poucas pessoas ainda, mas quando o casal começou, outros tomaram a iniciativa.
Jake estava de Apolo, e havia muita coisa por atrás daquela imagem, os cabelos bagunçados de modo que o deixava ainda mais bonito, a coroa dourada encaixada perfeitamente em seus cabelos e uma faixa branca sobre o peito, havia consigo detalhes como o arco e a flecha do Deus pendurados, optou por uma calça mais social na cor branca com detalhes dourados, os sapatos eram brancos.
Ele descia da grande escadaria daquele castelo que provavelmente teria mais anos do que ele forçaria sua cabeça a contar, mas ele viu, a mais bela de todas, cabelos dourados que o lembrou a pureza e o ouro, os olhos como janelas feitas de esmeraldas, e a roupa era como as poesias de safo que carregavam história, porém, oh, temida Afrodite ela era.
O rosto, porém, desconhecido, mas ela propriamente tinha um convite, ele andou como um emir até ela que parou para observar os futuros reis de Auradon na pista.
- Combinação de casal super cafona, não acha?
Ela fez algo como um grunhido, ele diria até um rosnado.
- Aliás, eu sou Jake, filho da Elsa e...
- Acho impressionante como vocês Auradonianos não conseguem se apresentarem sem os títulos de seus pais – o tom foi autoritário o suficiente para deixar o garoto a sua frente indignado.
- Vocês Auradonianos? – repetiu em forma de pergunta, completamente confuso com o termo usado.
A música acabou e o casal parou de dançar, Mal já ia saindo, mas Jake a segurou pelo braço assim que outra música iniciou.
- Uma dança antes de você ir – ele afirmou autoritário.
- Não – ela sibilou.
- Como anfitrião da festa, é meu direito exigir uma dança com meus convidados – ele falava sério, Mal riu com escarnio.
- Só pode ser brincadeira – Mal revirou os olhos.
- Uma única dança é tudo que eu peço – ele encarava os seus olhos profundamente, como se os olhos azuis de si próprio, estivesse se afogando nos olhos esmeralda da loira a sua frente.
Ela revirou os olhos, e se aproximou mais ainda dele, apenas um fio, uma linha que o distanciava.
— Eu já disse que não – ela sibilou cheia de ameaças.
Ele torceu os lábios e segurou em seu pulso fortemente.
— Eu que mando aqui – seus olhos faiscaram como uma maré alta.
Mal deu um sorrisinho perverso. Seus olhos faiscaram como o fogo de uma lareira preste a se manifestar pelo ambiente.
Ela conheceu a figura que se aproximou, o loiro estava impecável em suas vestes de Narciso, se pela televisão ele parecia ser radiante, pessoalmente Chad Charming era o próprio brilho do sol.
- Prefiro dançar com ele – afirmou com o queixo erguido e um sorrisinho que com certeza o irritou. – Chad – chamou como se fossem íntimos. – Uma dança?
O herdeiro da Cinderela olhou para a ela e para o amigo, que ela não precisou virar para ver sua fúria.
- Claro – aceitou, ofereceu a mão que Mal segurou, e juntos foram para a pista dançar.
Mal notou já no meio de todos que dançar não era uma de suas qualidades, e percebeu que devia ter dado um soco no nariz de Jake do que uma dança com Chad.
- Jake consegue ser bem arrogante quando coloca algo em sua cabeça – falava Charming enquanto a guiava com a permissão dela, deixou visto não ter outra escolha.
- Só ele? – Mal falou com desde.
Chad riu de maneira sarcástica.
- Indireta para mim?
- Não era, de verdade, mas se a carapuça serviu... Pelo jeito, todos garotos de Auradon parece ser da mesma forma.
Ele a girou, fazendo a barra do vestido rodar num momento lindo.
- Mimados e arrogantes ou lindos e perversos as vezes? – ele riu.
- Ambos – confirmou deixando um risinho ser ouvido por ele.
- Nunca vi você antes, é daqui mesmo?
- Vocês falando assim, parece que conhece todos em Auradon – Mal revirou os olhos.
- Conhecemos todos de linhagem pura, como os da elite e de famílias reais. E os nobres mais próximos – admitiu.
- Digamos que só vim para a festa – ela se aproximou mais, quando ele envolveu a mão em sua cintura.
- Intercambista então? – ela confirmou com a cabeça – Entrou de penetra? – ele riu.
- Não, eu tenho o convite.
- Ótimo – afirmou a fazendo erguer uma das sobrancelhas.
- Conhece alguém daqui? – ele falou a girando novamente.
- Por que a pergunta? – será que ele sabia a verdade?
- Não sei, talvez seja por você ser bonita e nunca vista aqui, mas Ben está encarando você, de uma forma como... se tivessem algo – ele encarou seus olhos cor esmeralda. – Mas, se estivessem sidos amantes, ele me contaria, somos amigos.
Mal não sabia a razão, mas aquilo doeu um pouco nela.
A música acabou, e Chad ainda encarava a nos olhos, soltou sua cintura lentamente.
Ela aproveitou, para dar um passo para trás, pensando em uma maneira de sair dali.
- Antes de ir, você não me disse o seu nome – Mal o encarou nos olhos, não podia dizer seu nome, entregava muito.
Em uma pequena distração de um barulho vindo de um ponto, Chad se virou e Mal usou a oportunidade para sair.
No meio do caminho ela parou, olhou levemente para trás, viu Ben no grupo de amigos, ele aparentava estar feliz, ele a olhava discretamente. Mas por qual razão ele não foi até ela?
Benjamin era tudo que Mal realmente amava, ele era a sua parte boa, a parte que Mal sempre foi ensinada a esconder, ela queria apresentar ele para o mundo, queria ama-lo na mesma intensidade dos contos contados por ele durante a tempestade ao castelo da Ilha.
- Amar às vezes significa deixar partir – dissera Harry uma vez.
Talvez Mal devesse deixar Benjamin partir. Talvez ela devesse deixar as regras seguirem, os prisioneiros para sempre na Ilha, e os típicos heróis livres em Auradon.
Nesse curto devaneio, Mal não notou uma certa aproximação.
- Gostou de dançar com o filho da Cinderela? – Mal não soube se era ciúmes ou deboche.
- Porque você não foi impedir? – Ela quase o xingou.
- Chad já roubou o espetáculo de Jake, se eu o fizesse, aí sim ia chamar mais atenção – ele riu.
Mal semicerrou os olhos o encarando.
– Eu juro que na próxima vez que o Jake vir de graça, eu vou acertar um soco nele.
Ben riu.
– Você não faria isso – até que ele notou ela realmente séria – Ou faria?
Mal bufou.
- Não imaginei que viria – disse baixinho, de forma tímida.
- Bom... você me chamou... e enviou o convite – disse baixinho de volta.
- Você está linda – ele a olhou nos olhos – Como sempre.
- Valeu – agradeceu – Evie é maravilhosa, ela surtaria ao ver você.
Ele riu.
- Patético demais?
- Um pouco – admitiu segurando o riso. Mas logo ficou séria – Eu vi você com Audrey, quando cheguei – admitiu.
- Me desculpe pelo o que eu falei, conversei com Audrey, ou melhor, Chad falou...
Mal gelou.
- Ele sabe?
- Sim – confirmou. – Ele não falou nada? – Mal negou – Talvez não tenha lembrado, já que ele nunca te viu.
Mal pensou na forma que Chad parecia com um certo devaneio.
Foi logo após a dança de Audrey com o Ben, será que ele gostava dela?, pensou, mas não quis perguntar a Ben.
- Então... – Mal iniciou – Quer conversar sobre nós?
- Não quero ficar com ninguém além de você, Mal – suspirou. – Mas... eu não sei se irei conseguir – ele abaixou o rosto, Mal segurou seu rosto e ele fechou os olhos, ele sentia falta do toque dela, ele sentia falta dela todos os dias com ele.
- Compreendo que isso não cabe somente a nós – Mal segurou uma maldita lágrima que queria cair.
- Talvez demore, não quero te prender em mim – Mal não entendeu. – Eu não sei, estou confuso ao projeto e temo nunca te ver.
Mal suspirou fundo.
- Vamos dar tempo ao tempo, chegamos já tão longe – sorriu de canto, por mais que estivesse triste com aquelas palavras.
Ben a abraçou, sem se importar se algumas pessoas o encaravam.
Mal deixou uma lágrima sair.
- Não posso ficar muito tempo hoje – avisou – então vamos ser claros... – ela desfez o abraço, começou doer já ao pensar o que ia dizer.
Suspirou fundo para tomar coragem. Benjamin a olhava da mesma forma que fez no primeiro sonho que teve com ele.
- Vamos terminar aqui...
Sua boca abriu por um curto espaço, mas nada saiu.
- Vai ser melhor, assim você não se sente pressionado caso não dê certo e eu não... fique caso acabamos como no dia que não nos conhecíamos ainda – Ben deixou as lágrimas saírem.
- Mal... eu sinceramente não te entendo – cada palavra que saia, era uma força absurda que ele fazia. – Você veio aqui apenas para colocar um ponto final em nós?
Mal segurou nas mãos dele.
- Não veja como ponto final, Ben... Mas isso é necessário por enquanto.
Ben balançou a cabeça em estado de negação. E simplesmente foi saindo.
- Ben! – ela o chamou, segurando em seu braço.
- Você quer ir, vá, Mal, faça o que quiser, a vida é sua – ele quase gritou.
- Benjamin, só peço que entenda! – seus olhos se enchiam de lágrimas.
- Já entendi o suficiente – ele gritou, e Mal assim o soltou. Aquele foi o ponto final para ela que ele mencionou.
Ela virou e saiu, passando por entre as pessoas.
Jake apareceu e a segurou fortemente em seu braço.
Qual o problema dessa galera de Auradon?
Um soco foi dado rápido e ligeiro, o suficiente para um príncipe mimado nem sequer pensar, seu nariz sangrou deslizando pelos seus lábios, e uma maldita dor foi instalada como se estivesse quebrado.
Até que o murmúrio começou daqueles próximos que viram.
— Tenha um ótimo dia, alteza – ela falou com sarcasmo e deboche e saiu do salão, toda atenção vidrada na garota misteriosa, como se o anfitrião machucado não fosse nada, Mal ofuscara a festa sem saber, Mal ofuscara toda a atenção para si, menos a de Benjamin que já não estava mais no salão.
