Nota da autora: Olá de novo! Temos aqui mais uma parte do presente! Ficou bem grande, daí decidir dividir em duas partes! Eu estou me divertindo muito escrevendo essa parte do presente, principalmente as gêmeas! 😁
Obrigada pelos comentários do capítulo passado: Isa Raissa, Yuki e 05csomoragnes11 😙❤️
Acho que no próximo capítulo já teremos uma história com capa e tudo. Gaby já me mandou o rascunho e está lindo! ❤️❤️❤️
Espero que gostem deste capítulo. Comentem, por favor!
Beijos e até a próxima!
De todo coração
Capítulo 9: Presente
Parte V
Hiromi Hakudoushi andava mais uma vez apressado pelos corredores de um dos prédios do conglomerado Taisho, olhando de vez em quando o relógio. Se o elevador atrasasse, ele teria que ouvir mais uma vez a voz irritada de Sesshoumaru reclamando de tudo.
Ao chegar no andar desejado, ele sinalizou para Ayame à distância apenas com a mão direita para ligar para a sala de Sesshoumaru e avisar sobre a chegada dele. Foi um gesto rápido apenas imitando um telefone; no outro segundo ela já discava o ramal da sala do chefe para ouvir:
— Ele quer esperar dar dois minutos para atrasar de novo? – Sesshoumaru perguntou do outro lado da linha, obviamente para os dois ouvirem ao mesmo tempo.
A secretária nem precisou indicar o caminho – Hakudoushi foi direto para as grandes portas duplas e abriu apenas uma delas. Na outra mão tinha a pasta executiva de couro que sempre carregava com todos os documentos que precisava para o dia.
— Não estou atrasado. – ele anunciou num tom quase de comemoração – Bom dia, Sesshoumaru-sama.
Sentado à mesa, estava Sesshoumaru com uma aura irritada.
E Hakudoushi sabia o motivo: depois do encontro com Rin, na semana anterior, houve um "silêncio" por parte dela para responder aos pedidos de revisão dos documentos e assinaturas que faltavam – incluindo o acordo para visitação. Ela simplesmente não respondia mais aos e-mails dele ou os de Sesshoumaru pelo principal meio de contato que ela havia solicitado.
— Não me parece que Nakashima-san seja o tipo de pessoa que não cumpre a própria parte em acordos. Ela deve estar com algum problema. – Hakudoushi sugeriu ao sentar-se na cadeira de visitante – Se ela não responder hoje, amanhã eu tento ligar num horário que ela esteja em casa. No final de semana ela vai para Chiba para as filhas dela.
Sesshoumaru estreitou o olhar.
— Com as suas filhas. De vocês dois. – ele se corrigiu.
Sentado de lado na cadeira presidencial, Sesshoumaru olhava de soslaio para o advogado, visivelmente irritado ainda, depois desviou para um ponto aleatório da sala.
— E por que você não liga para ela? – o outro perguntou.
Novamente, ele olhou de soslaio para Hakudoushi de forma quase ameaçadora.
— É melhor do que aparecer na casa e as suas filhas baterem a porta na sua cara.
— Elas fizeram isso com você, foi? – Sesshoumaru perguntou.
O breve silêncio de Hakudoushi respondeu tudo.
— Bem... – ele continuou – É evidente que ela não quer contato desnecessário com você, mas Nakashima-san me parece ser uma pessoa razoável e quer muito que você e as gêmeas se deem bem, então não faz sentido ela simplesmente parar de responder. Acho que deve ter acontecido alguma coisa. Talvez tenha tido alguma emergência com a família em Chiba.
— A família dela mora em Kashima. – ele falou.
Hakudoushi pigarreou educadamente.
— Ela foi muito enfática ao dizer que a família e os amigos moram em Chiba.
Sesshoumaru continuou pensativo. Teria acontecido alguma coisa em todos esses anos para a família e Rin terem que se mudar para Chiba? Talvez ela tivesse em mente dar uma educação melhor para as gêmeas, tirando-as de uma cidade pequena demais.
E pensando em educação... Ele sequer havia perguntado sobre a formatura dela ou sobre...
— De qualquer maneira, parece-me que o encontro com as gêmeas está cancelado amanhã. – Hakudoushi o interrompeu e o fez esquecer por um momento sobre o que pensava.
— Fique de prontidão. – ele avisou – Vou resolver essa situação hoje.
— ... Certo. – Hakudoushi concordou meio hesitante.
— Mudando um pouco de assunto... – Sesshoumaru mudou de posição, desta vez girando a cadeira para apoiar os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos entrelaçadas – Fez o que eu pedi a respeito daquela empresa?
— Ah! – Hakudoushi abriu a pasta de couro e tirou um arquivo volumoso para entregar – Está tudo aí. Amanhã começo a tratar da segunda empresa.
Um pequeno sorriso malicioso de Sesshoumaru tranquilizou o advogado.
o-o-o-o-o-o
Sesshoumaru conseguiu encontrar uma vaga para estacionar o carro na frente do pequeno edifício onde Rin morava – notando apenas uma janela com luz fracamente acesa.
Franziu a testa. Era como se todo mundo já estivesse dormindo no horário que as pessoas normalmente jantam.
Subiu as escadas e tocou a campainha.
Minutos depois, a porta se abriu e as gêmeas apareceram de conjunto de pijamas de microfibra. Towa vestia um azul claro e Setsuna um lilás, ambos com um dragão de duas cabeças bordado na frente.
— Boa noite, senhor Sesshoumaru. – elas falaram ao mesmo tempo num tom baixo, a luz do genkan fraca e que mal iluminava o rosto delas.
Os olhos dele notaram imediatamente a acomodação da sala: um sofá que ele havia visto na primeira visita transformado em cama e alguém dormindo de costas para quem estava parado na porta.
— Mamãe tá dormindo. – Towa falou num tom calmo e baixo.
— Ela tá doente. – Setsuna sussurrou.
— "Doente"? – ele franziu a testa e olhou novamente para o corpo deitado no sofá-cama. A coberta quente, usada geralmente em invernos, cobria até os ombros e ele só conseguia ver o cabelo dela.
Fez menção de entrar na casa, quase passando direto pelas gêmeas, mas elas impediram que avançasse.
— Você não pode entrar aqui. – elas falaram ao mesmo tempo num tom de aviso.
Por um momento, ele observou os pequenos rostos sérios e olhares irritados. Era como se elas fossem dois pequenos cães de guarda do apartamento.
Cada vez mais ele notava o quão eram parecidas com ele.
Apoiou um joelho no chão para ficar na mesma altura delas, encarando-as mais seriamente.
— Estou preocupado com ela. Ela não deu mais notícias. Preciso saber se ela está bem.
Setsuna aproximou o rosto de Towa e a irmã mais velha apenas a observou de canto. Depois concordou com a cabeça.
— Espera aqui. – Setsuna avisou. Towa ficou parada na porta como se pudesse impedir que um homem daquele tamanho entrasse na casa.
A gêmea mais nova correu até Rin e subiu na cama, sentando-se em seiza para tocar no ombro da mãe e sacudindo-a de leve até que despertasse.
— Hmm... – Rin murmurou e, em seguida, estendeu a mão para tocar o rosto da filha, acariciando-o – O que foi, meu amor...?
Sesshoumaru viu Setsuna aproximar o rosto para falar algo e Rin começar a levantar o torso da cama para sentar-se.
Depois olhou por cima do ombro esquerdo, alarmada com a presença dele ali. Da porta ele conseguia ver de relance o rosto dela vermelho de febre e o ombro nu com apenas uma fina alça da camisola de algodão descendo pelo braço.
Setsuna então levantou-se e voltou para a porta.
— Espera. – ela falou e, em seguida, Towa fechou a porta.
Do lado de fora, ele conseguiu ouvir a movimentação no apartamento, as luzes se acedendo e a noite de sono dos moradores acabar.
Minutos depois, a porta abriu e Towa apareceu novamente.
— Por favor, tire o sapato. – ela falou naquele tom de criança repetindo e explicando a um adulto sobre alguma regra criada como se a pessoa já não soubesse.
Ao entrar, ele notou a cama vazia e Rin voltando para sala do que ele achava ser o quarto das gêmeas. Ela usava agora um conjunto de pijama de algodão em azul claro e tinha os cabelos soltos, o rosto pálido, os olhos fundos como se estivesse sem energia.
— Hmm... – a voz saiu fraca e arranhada, a garganta forçando o trabalho de produzir algum som – Desculpe o sumiço. Peguei chuva semana passada e fiquei doente.
— Você podia ter me avisado, Rin. – ele falou num tom de aviso.
Rin tossiu contra a mão e o ignorou por alguns segundos.
— Mamãe... – no outro segundo, Setsuna estava ao lado dela segurando um lenço.
— Obrigada, meu amor... – ela aceitou a gentileza e tossiu mais uma vez contra o tecido – Vocês duas podem ir para o quarto.
As gêmeas ficaram paradas perto dela, desconfiadas.
— Podem ir, ele não vai ficar muito tempo. – ela avisou – Quero que já estejam dormindo quando eu terminar aqui.
— Tááá! – as duas falaram ao mesmo tempo, dando as mãos para voltarem para o quarto, mas ainda assim lançando um olhar desconfiado para Sesshoumaru por cima do ombro.
Quando ficaram sozinhos, Rin cruzou os braços como se quisesse se proteger do frio e dos calafrios provocados pela gripe.
— Sei que já acertamos antes de ter um encontro com elas às sextas-feiras, mas gostaria de adiar tudo até semana que vem. – tossiu de novo contra o tecido – Estarei melhor para preparar um jantar para vocês três.
Sesshoumaru nada falou, ainda sério no olhar, e ela deu um sorriso fraco para continuar:
— Eu ia avisar amanhã. – ela tossiu mais uma vez, abafando o som com o lenço – Ia pra escola acessar meus e-mails.
— Você vai trabalhar desse jeito? – ele estava incrédulo.
— Não... – ela esfregou os olhos de cansaço – Eu queria só mandar uma mensagem pra Hakudoushi-sama para deixar tudo para outra semana. Vou assinar os documentos que faltam também.
— Você não tem um computador aqui pra fazer isso?
Rin deu um suspiro cansado ao responder:
— Não, não tenho. – o tom era seco, final. Pareceu por um momento que ela não queria falar sobre aquilo.
— Podia ter me ligado, Rin. – ele insistiu.
— Eu estava sem voz. – a garganta falhou e as últimas palavras saíram quase sussurradas – Desculpe, eu fico assim quando pego um pouco de chuva. Fiquei sem forças para me levantar.
— Você comeu alguma coisa agora?
Rin suspirou e deu um sorriso fraco.
— Comi um pouco. As meninas já sabem cozinhar e fizeram a maior parte da comida. Não se preocupe que semana que vem eu vou cozinhar enquanto vocês conversam.
Os dois encontraram os olhares: ela, pequena, erguia o rosto para encontrar o dele, alto, olhando para baixo.
O silêncio entre eles permaneceu até Sesshoumaru começar a falar:
— Pensei que não iria me evitar por causa delas.
Rin manteve o rosto sério e nada comentou. Antigamente, bastava eles trocarem olhares para entenderem o que cada um queria dizer, mas agora...
— Achei que queria que nós tivéssemos contato. – ele continuou – Foi por isso que quis fazer o que era certo por meio de advogados. O dinheiro é só uma parte da compensação.
— Eu falei para Hakudoushi-sama que você não nos deve nada. – ela mantinha o rosto sereno, sem qualquer sinal de raiva ou rancor – Acho mais importante que conheça Towa e Setsuna. Elas não têm nada a ver com o que houve entre nós.
... parecia que os dois não queriam ler as respostas no rosto um do outro.
— Mas não precisa sair da sala quando eu estiver com elas.
Rin deu um pequeno sorriso e uniu as mãos em frente ao corpo numa posição quase humilde, como se quisesse mostrar que ela não guardava rancores:
— Vocês precisam se conhecer. Você disse que estava disposto a conhecê-las. Vou intermediar e ficar por perto. Acho que vai ficar mais confortável para nós quatro dessa maneira.
Novamente se encararam: ela, pequena, erguia o rosto para encontrar o dele, alto, olhando para baixo.
— Falei naquele dia que elas são muito especiais. – Rin ainda mantinha um sorriso fraco – Tenho certeza de que vai gostar de ter contato com elas.
Os dois mantiveram os olhares um no outro até desistirem ao mesmo tempo, virando o rosto para lados opostos para finalmente encerrar aquele assunto de vez.
— Então está sem computador? – ele quis saber.
— Hmm... Sim. – ela tossiu de novo – Não tenho mais. Uso só o computador da escola.
— Preciso ter mais contato com elas, Rin. – ele falou num tom quase de exigência – Pelo menos por telefone para elas me avisarem sobre situações como essa.
— Towa-chan tem celular.
— Setsuna não tem?
— Hmm... Não. Não pude comprar dois. – ela desviou o olhar para um canto para evitar encontrar o dele – Quando vier aquele pagamento, vou comprar um para Setsuna-chan. Acho que vai ficar melhor para vocês conversarem sem precisar ligar diretamente para mim.
Rin sentiu que ele queria falar alguma coisa e sabia exatamente o que seria. Quando estavam juntos, tinha sido ele quem havia sugerido...
— Amanhã vou resolver essa situação do celular. – ele falou e interrompeu o pensamento dela, virando-se para ir embora – Venho aqui com Hakudoushi no final da tarde.
— Eu prefiro...
— Eu insisto. – ele lançou um olhar para ela por cima do ombro.
Rin calou-se e deu um suspiro profundo e cansado. Não queria discutir por conta de coisas tão simples... Estava sentindo o corpo tão cansado que tudo o que queria era voltar para a cama e continuar dormindo. Não tinha forças nem para completar o pensamento anterior. No passado...
Sesshoumaru desceu o degrau do genkan e calçou os sapatos.
— Até amanhã, Rin.
... tinha sido ele quem queria cortar o contato com ela.
— Boa noite, Sesshoumaru. – ela falou e o viu abrir a porta e ir embora.
o-o-o-o-o
Cerca de duas horas depois de Sesshoumaru ir embora, Rin ainda tentava dormir quando ouviu novamente a campainha tocar. Ignorou uma vez, cobrindo-se com o lençol.
Na segunda vez que a campainha tocou, quase cinco minutos depois, ela precisou se levantar, receando que o barulho acordasse as filhas e incomodasse os vizinhos.
Pelo olho mágico, ela viu um homem alto demais, talvez mais do que Sesshoumaru, parado na frente da porta segurando uma pasta. Usava um casaco branco que lembrava um jaleco e uma insígnia de identificação de uma empresa que ela conhecia.
— Médicos em domicílio, o quê...? – ela destrancou a porta e abriu uma fresta.
— Nakashima-san? – ele começou – Meu nome é Satou Jinenji, sou médico da Home Doctors. Sesshoumaru-sama pediu que eu viesse visitá-la.
Rin abriu totalmente a porta e ficou na entrada da casa, e ele notou que ela tinha apenas um lenço jogado por cima dos ombros e um conjunto de pijama de tecido leve.
— É melhor que não ficar do lado de fora. – ele aconselhou.
— Ah... – ela piscou. Parecia que ainda tentava processar o que ele havia dito.
Sesshoumaru pediu para um médico cuidar dela.
— Boa noite... – ela abraçou-se para se proteger do clima da noite – Desculpe, eu não estava esperando sua vinda. Ele não me falou nada.
Jinenji continuou olhando para ela até dar um sorriso. Ela parecia fazer força para falar.
— Posso entrar? É melhor eu cuidar de você aí dentro.
Rin ficou imóvel por alguns segundos, até que deixou os lábios curvarem em um sorriso e deu passagem para o médico entrar.
