Nota da autora: Voltei das férias no Japão! ✈️Semana passada eu queria ter atualizado, mas ainda estava sofrendo com o jetlag, com muito cansaço e sono. A viagem de retorno não foi tão boa...😓

Espero que gostem dessa parte do passado. Bem, vocês sabem o que aconteceu entre eles, então vou tentar tornar interessante e bonito a parte do "passado e me concentrar nas novidades do "presente".

Vocês vão notar que o passado é mais focado no que aconteceu com a Rin e o presente tem mais momentos com o Sesshoumaru.

Obrigada a todos os comentários! ❤️ Por enquanto, os capítulos continuarão curtos... Passei um mal bocado escrevendo capítulos longos com apenas duas ou três pessoas comentando... 😅

Falando em comentários, espero que digam o que acharam dessa parte! O que acham da Rin do passado com o que já viram do presente?

Até sábado que vem com mais uma parte do "presente"! 😘

(P.S: Visitei três cidades que vão aparecer aqui na história... imaginem minha emoção escrevendo e vendo as coisas nas cidades que tinha antes só pesquisado e imaginado... Em breve vocês vão ler essas partes!)


De todo coração

Capítulo 6 – Passado

Parte III

Sentada em seiza diante da única mesinha que tinha, sozinha e em silêncio em casa, Rin terminava de fazer os últimos trabalhos antes do início das férias de verão.

Ao finalizar os ajustes de um figurino de acordo com o que o professor havia solicitado, ela deu um suspiro quase vitorioso e alongou os braços, virando o pescoço de um lado para o outro para diminuir a tensão que sentia na região depois de ficar muito tempo na mesma posição.

Pegou o telefone e tirou do modo silencioso – algo que sempre fazia quando precisava estudar –, recebendo, em poucos segundos, mensagens de colegas e de Sesshoumaru.

A primeira mensagem que leu foi, naturalmente, a dele:

Sesshoumaru: Quer sair mais tarde?

Deu um sorriso. Era semana de provas para ele também. Muito provavelmente Sesshoumaru estava tendo ótimos resultados no curso e não precisaria refazer trabalhos ou se preocupar com notas.

Em breve já seria a formatura dele, algo que ultimamente estava povoando a cabeça dela.

Rin: Terminei agora meu trabalho. Podemos sair quando você tiver tempo.

A resposta veio minutos depois:

Sesshoumaru: Vou passar aí com você.

Rin sequer perguntou para onde iria. Simplesmente respondeu com um ok e um emoji de coração, dando outro suspiro. A verdade era que estava cansada dos trabalhos da Escola Técnica e esperava que as férias de verão devolvessem as muitas horas de sono que ela tinha perdido durante o período de provas.

Logo depois viu outra mensagem que a interessou: o dono de um restaurante aceitou o currículo dela para trabalhar durante as férias de verão por dois turnos, época com maior número de turistas em Tokyo, e apenas meio expediente depois do início das aulas.

Aquilo significava que não voltaria para Kashima para visitar a família. O objetivo maior era ter um pouco mais de dinheiro para o próximo ano, incluindo os gastos com a formatura de Sesshoumaru, como roupa, presente e o dinheiro que deveria ir para o envelope, e ficar menos dependente do dinheiro dos pais.

Respondeu à mensagem de emprego e confirmou o dia e o horário que precisava se apresentar. O dinheiro seria muito bem-vindo.

Ao lembrar-se do evento, estendeu a mão para pegar o caderno de um projeto secreto: a roupa para a festa de formatura de Sesshoumaru. Um vestido que ela estava desenhando há algumas semanas, algo para aparecer apresentável quando estivesse em um evento importante com a família dele, quando conheceria o pai e a madrasta.

Passou dez minutos desenhando e colorindo algumas partes, pensando em qual tecido comprar e nos cortes, antes de voltar a fechar o caderno e guardá-lo.

Antes de sair, abriu uma gaveta e tirou de uma caixa de madeira um presente para Sesshoumaru.

o-o-o-o

— Eu acho que nunca vim aqui antes. – Rin falou a Sesshoumaru enquanto passeavam por Ginza, um dos distritos mais caros e sofisticados de Tokyo, com ruas cheias de lojas de grifes europeias e asiáticas.

Diferente das pessoas que estavam ali usando peças de vestuário extremamente caras, ela tinha optado por um vestido sem mangas na cor verde com flores em tons rosa e laranja que ia até os joelhos. Já ele usava um suéter com uma camisa por cima e calça social, as duas partes quase no mesmo tom do vestido dela como se estivessem combinando.

Com a mão direita entrelaçada com a dele e segurando um sorvete de melão com a outra, ela observava as lojas e os manequins, mas não com um olhar consumista: estava ali observando as combinações, as peças, os acessórios, as cores, os tipos de tecidos usados na estação.

— Eu sabia que iria gostar daqui. – ouviu Sesshoumaru falar quando ela mais uma vez parou na frente de outra grife, desta vez uma francesa. Ele tinha certeza de que a madrasta Izayoi tinha uma ou duas bolsas compradas ali.

— Ah... – ela corou e desfez o contato com ele por alguns segundos apenas para colocar o cabelo atrás da orelha – Não é que eu queira comprar, eu só estou observando.

— Eu sei. – ele falou enquanto a acompanhava, parando os dois na frente de uma loja para que ela visse o manequim, passado para outra vitrine quando ela parecia não achar interessante o que estava exposto.

— Ah! Antes que eu esqueça... – ela tirou do discreto bolso lateral do vestido alguma coisa pequena que dava para ela esconder dentro da mão fechada, abrindo-a na frente dele – Fiz para você.

Na palma da mão, tinha um amuleto em lilás e branco e detalhes quadriculados, algo pequeno que ele poderia carregar fácil e discretamente no bolso.

Franzindo a testa, ele trocou um olhar com ela, que tratou logo de explicar-se:

— É para o seu último ano. – ela começou a explicar com um sorriso tímido, voltando a andar para que ele não visse o rosto corado. Ela sempre agia daquela forma quando dava alguma coisa para ele – Para os seus estudos.

Sesshoumaru ficou em silêncio por alguns segundos, o que a deixou preocupada e com vontade de tomar de volta o que havia acabado de entregar:

— É só uma coisa que quis te dar hoje, não precisa aceitar se não acredita nessas coisas. – ela forçou um sorriso e olhou para outro lado, tentando disfarçar o leve constrangimento enquanto terminava o sorvete. Era a primeira vez que ele parecia estranho ao receber alguma coisa dela.

A resposta dele foi guardar o amuleto no bolso, e ela finalmente sentiu a expressão preocupada do rosto suavizar.

Os dois voltaram a andar juntos com as mãos entrelaçadas, com ele observando-a olhar curiosa algumas vitrines.

— Você não me falou ainda como foi a sua semana... – ela falou depois de alguns passos, terminando o sorvete – Foi tudo bem?

Sesshoumaru olhou-a de canto, apenas murmurando um "sim".

— E o que vai fazer nas férias? – ela quis saber – Vai viajar com a sua família?

Na hora que ele iria responder, ela soltou um "ah!" de surpresa e parou em frente a uma loja de tecidos, com várias amostras em exposição na vitrine.

— Vou ver uma coisa aqui! – ela soltou a mão dele e entrou na loja sem esperar pela resposta dele.

Cerca de quinze minutos se passaram e ele resolver entrar também, encontrando-a conversando e rindo com uma atendente de meia-idade usando um quimono azul escuro com estampa de flores brancas na parte de baixo.

— Ah... – ela arregalou os olhos ao vê-lo – Desculpe, já estou indo.

Rin virou-se para a senhora que a atendia e confirmou a compra com a cabeça, e ele viu quando a outra mulher se afastou com um tubo de tecido amarelo com brilho e foi para os fundos da loja.

— Nem percebi que estava demorando muito. – ela falou timidamente, balançando-se na ponta dos pés – Foi difícil escolher o que eu queria.

— Não tem problema. – ele respondeu sem tirar os olhos dela, notando como ela tinha voltado a olhar algumas amostras de tecido, estendendo um e outro para observar o tipo de tecido ou a estampa.

Não demorou muito para a atendente voltar com um embrulho de papel cuidadosamente fechado para proteger o conteúdo, um adesivo com o selo da loja enfeitando a parte de cima.

— Aqui está, senhorita. Tudo deu oito mil ienes. – ela estendeu com as duas mãos para entregar o produto para Rin, curvando o torso numa rápida reverência antes de indicar com as mãos o balcão – Poderia me acompanhar, por favor?

No balcão de vendas, Rin abriu a bolsa para tirar a carteira, mas parou ao ver Sesshoumaru estender a mão com uma nota de dez mil ienes para colocar no pratinho onde geralmente os clientes deveriam deixar as cédulas.

— Você não precisa... – Rin tentou pará-lo.

— Está tudo bem. – ele viu a atendente colocar no pequeno prato duas notas de mil ienes de troco – É presente.

Depois de segundos de surpresa, ela deu um sorriso. O tecido seria usado para fazer a roupa que queria usar na formatura dele.

— Obrigada. – ela ficou na ponta dos pés para beijar um lado do rosto dele na frente da atendente, que entregou a nota fiscal na mão dele evitando olhar aquele momento entre namorados.

Minutos depois, eles estavam novamente andando de mãos dadas na rua, com Rin segurando o pacote com o tecido na outra mão.

— E então... – ela continuou num tom mais casual – Você vai viajar com a sua família? Ou vai ficar treinando com o time? Tem um campeonato no final do ano, né?

Um momento de silêncio se passou e ele parou, ficando de frente para ela.

— Vou viajar, sim. – ele anunciou – Com o meu pai. Vamos para Hong Kong semana que vem. Vamos ficar 25 dias lá.

Por um momento, ela sentiu algo no peito – um misto de surpresa com a apreensão que tentou ignorar.

— Ah, é? – ela perguntou com um sorriso – Não sabia que estavam planejando isso. Ele decidiu agora?

— Ele está planejando tudo em cima da hora. – ele voltou a andar segurando a mão dela – Continua dizendo coisas sobre o meu papel na família.

— Isso significa que ele se importa com você e com o seu futuro. – ela deu outro sorriso e encostou-se no braço dele – Eu queria poder viajar também nessas férias...

— Você não vai viajar para Kashima? – ele franziu a testa.

— Oh... – ela escondeu o olhar discretamente com a franja – Arranjei um emprego. Vou trabalhar em um restaurante pequeno em Shinjuku.

Sesshoumaru parou de andar e, desta vez, quem estava surpreso era ele:

— Está precisando de dinheiro?

— Ah... – ela corou e tratou de explicar-se – Só quero juntar dinheiro para o final do ano. Só isso. Eu ganharia bem menos se passasse as férias em Kashima e arranjasse um arubaito lá.

Rin notou pelo canto dos olhos que ele continuava a observá-la com o semblante intrigado – ou, melhor dizendo, preocupado.

— O-O que foi? – ela quis saber.

— Se estiver precisando de alguma coisa, você pode me avisar, Rin. – ele falou.

— Obrigada. – ela deu outro beijo no rosto dele – Eu aviso sim.

Depois de mais alguns minutos andando em silêncio, ela perguntou:

— Isso significa que a gente não vai se ver na semana que vem?

A mão de Sesshoumaru apertou de leve a dela antes de responder:

— Não.

A resposta fez com que ela apertasse a mão dele de leve.

— Oh... – ela murmurou – Se eu soubesse, teria preparado um jantar ou feito algo pra você levar na viagem.

Sesshoumaru parou de repente e olhou para ela:

— Vamos então jantar e depois para o seu apartamento. – ele se convidou.

Com um sorriso, Rin confirmou com a cabeça.

o-o-o-o-o

Horas depois, na entrada interna do apartamento de Rin, onde normalmente ficavam os sapatos e casacos, ela, de roupão rosa, estava na ponta dos pés para beijá-lo, aproveitando os últimos instantes com ele antes de viajar.

Ao afastar o rosto, ela abriu os olhos e falou num sussurro quase já carregado de nostalgia:

— Vou sentir saudades.

— Você vai estar ocupada trabalhando. – ele tentou ser mais realista, ajeitando as mangas compridas do suéter – Mando uma mensagem sempre que puder de lá.

Rin deu um sorriso, ajeitando a gola da camisa externa com um leve amassado. O incômodo que sentiu quando ele deu a notícia nem a preocupava mais.

— Tá bom. – ela concordou – Vamos nos ver assim que você voltar, né?

— Claro que sim. – ele franziu a testa. Era a segunda vez que ele sentia que ela estava insegura sobre o retorno dele. A primeira foi quando ele havia dado a notícia, e agora...

— Tire fotos. – ela interrompeu o pensamento dele – Deve ser maravilhoso lá. Quero ver tudo. Ah, vou preparar um jantar bem gostoso também na sua volta.

Sesshoumaru abriu a porta e saiu do apartamento, deixando-a no genkan.

— Até a volta, Rin. – ele falou numa promessa. Ela ficou no mesmo local até vê-lo afastar-se até entrar no elevador parado naquele andar, acenando o tempo todo até as portas fecharem e ele desaparecer de vista.

Deu um suspiro e fechou a porta, alongando-se no pequeno corredor. O jantar havia sido maravilhoso no Kura e ele a levou para casa e ficou o máximo de tempo possível até ele precisar voltar.

Na pequena sala, começou a juntar as coisas que estavam no chão – as roupas que ele havia tirado e o futon com lençol amassado –, deixando tudo mais organizado para ela dormir em breve.

Ao colocar as roupas dobradas em cima da mesinha, os olhos fixaram no caderno com esboços da moda e no embrulho com o tecido que Sesshoumaru havia comprado para ela, colocado cuidadosamente ao lado.

Uma outra ideia surgiu e ela logo sentou-se confortavelmente em seiza no chão para continuar o projeto que havia imaginado, inspirada, talvez, pelo passeio que teve durante o dia: abriu o caderno e começou a colorir o croqui, apagar algumas coisas e desenhar por cima outras.

Em pouco tempo, ela tinha o modelo que queria usar para a festa de formatura de Sesshoumaru: um quimono formal com tecido externo em amarelo ouro, obi branco e faixa com bordados de flor de crisântemo.

Deu um sorriso diante do desenho. Sesshoumaru também iria gostar, com toda certeza.