A filha da Malévola acordou com o barulho de pedras sendo arremessadas no vidro de sua janela, como se logo aquele vidro se quebraria com os choques das pedras contra eles. Se levantou irritada e marchou até a própria, abriu a janela vendo os amigos ali em baixo, ela fez um sinal com as mãos e expressões no rosto para que eles falassem o que queriam com ela. Mal já estava com problemas demais para ter paciência de lidar com Malévola reclamando e reclamando com ela. Os amigos fizeram sinal para ela descer. Mal fez sinal com a mão para que eles esperassem.

Mal se trocou rapidamente, pegou sua mochila e desceu pela sacada.

— O que vocês estão fazendo aqui tão cedo?! — Mal bocejou e se lembrou do que tinha combinado com Jay. Mas não era possível ele já ter contado para todo o mundo.

— Esqueci de falar sobre um trabalho que todos temos que fazer. — Jay revirou os olhos, estava claro que ele realmente estava sendo obrigado àquilo.

— Bom, você e o Ben faltaram no mesmo dia — Evie sorriu, um sorriso tão astuto quanto sedutor. Mal semicerrou os olhos, encarando a azulada.

— Então — disse Alisson. — Precisamos avisar o Auradoniano. — Todos olharam para a filha da Malévola

— Que foi? — perguntou a de cabelo roxo, confusa.

— Você sabe onde ele mora? — perguntou Carlos. Mal bufou.

— Sei — disse revirando os olhos.

— Eu disse — Evie sorriu vitoriosa.

— Então vamos? — perguntou Carlos.

— Vamos! — reclamou Mal.

Eles chegaram no castelo, Jay olhou de canto para Mal, ele sabia sobre a história de Dylan.

— Então, o que a gente faz? Grita chamando o nome dele? — Carlos perguntou.

Alisson deu de ombros.

— BEN!!! — ela gritou.

Minutos depois a visão de um príncipe sonolento, com os cabelos bagunçados de um jeito sedutor e sem camisa, dando vista a um abdômen definido, apareceu na sacada daquele castelo.

Evie tendo como vista um príncipe daquela maneira, acabou mordendo levemente o canto dos lábios.

Ben coçou os olhos e olhou para o grupo de adolescentes.

— Se arruma e desce aqui, tem trabalho pra fazer em Dragon Hall! — gritou Alisson. Ben fez sinal para eles esperarem.

Minutos depois…

— Que isso, Ben! Demorou mais que a Mal para se arrumar! — reclamou a de cabelos castanhos.

A escola estava morta como uma cidade fantasma naquela manhã de sábado. Apenas uma equipe de duendes estava lá para limpar os corredores e aparar a grama dos túmulos. Os seis jovens vilões adentraram o campus obscuro. Os corredores estavam cobertos de hera que parecia se multiplicar a cada segundo, esgueirando-se por retratos de vilões cujos nomes ninguém mais lembrava. Evie podia jurar que os olhos deles os seguiam enquanto o grupo passava.

Mal e Ben encaravam os demais, chegaram cedo demais.

Eles encontraram o Doutor Facilier em sua mesa, observando uma bola de cristal.

— Ora, se não é a minha aluna menos favorita — disse ele ao ver Mal. — Evie — ele confirmou com a cabeça, a de vestes azuis levantou a cabeça.

— Então… — iniciou Jay — Chegamos cedo demais.

— Sim — Doutor F. praticamente revirou os olhos. — Esses professores são tão incompetentes que nem ensinam vocês a chegarem atrasados e sim che-

— Consegue dar um jeito logo? — Mal estava sem paciência.

Ele pensou e pensou.

— Consigo, afinal, sou o diretor disso — ele esticou os braços e apontou para toda a sua sala.

— Precisamos entrar na biblioteca proibida — avisou Mal, cruzando os braços — No Ateneu.

— Ah, mas existe um motivo para se chamar biblioteca proibida: os alunos estão proibidos de entrar — disse ele com ar severo.

Mal pulou na mesa do Doutor Facilier, tão folgada quanto o gato Lúcifer de Tremaine.

— Então, sobre isso… — disse ela, tirando do bolso da jaqueta um pacote de cartas de tarô. — Ingresso?

O Doutor F. pegou algumas cartas e as segurou contra a luz de sua luminária.

— Os Arcanos Maiores. Impressionante. — ele colocou o tarô no bolso e observou os quatro alunos à sua frente.

— O que exatamente querem procurar na biblioteca?

Mal deitou a cabeça e fez um bico, que até podia ser considerado fofo, por ser filha da Senhora das Trevas.

— Vamos saber quando encontrarmos — todos dali sorriram maleficamente, menos o garoto de Auradon que não entendia a regra daquele jogo.

A aranha gigante que guardava a porta se moveu tão dócil como um gato quando Doutor Facilier acariciou sua barriga. A porta para a Biblioteca dos Segredos Proibidos se abriu com um ruído baixo e o diretor os conduziu.

Estantes cheias e vacilantes abrigavam livros esfarrapados, úmidos e de capa de couro, cobertos com uma poeira de 20 anos de idade, assim como provetas e frascos cheios de líquidos e poções estranhas. Enquanto o Doutor Facilier passava pelos corredores sombrios, movendo-se pelas fileiras de prateleiras e murmurando baixinho, eles só conseguiam enxergar a luz fraca de sua vela, que lançava suas sombras pelas paredes do local.

— É melhor nos separarmos, assim podemos acabar logo com isso. — falou Mal, mais soando como uma ordem do que uma proposta.

— Carlos e Evie podem vasculhar o laboratório de química, Harry e eu o ateliê de artes, Jay pode dar uma olhada nas tumbas enquanto você e Ben ficam aqui — propôs Alisson.

Mal somente confirmou com a cabeça enquanto encarava o nada.

Após deixarem o Doutor Facilier em seu escritório, Evie seguiu Carlos até o laboratório de química. O pensamento da de cabelo azul focava em Harry e Alisson sozinhos. Ela sabia que a garota o amava, Evie não queria perder o garoto e afinal, ela era bonita, sem nenhum defeito. Uma típica princesa Auradoniana. Quem não amaria? E tudo que Evie queria, ela conseguia. Alisson era somente uma pedra com musgo em meio a ela e Harry.

— Evie… está tudo bem? — Evie revirou os olhos, vendo uma expressão de preocupação na face do amigo. — Já faz um bom tempo que você está sentada só mexendo nesses tubos… — ela apenas confirmou com a cabeça, antes de fechar a gaveta, viu um frasco que tinha um papel colado escrito em latim, sorrindo vitoriosa pegou-o e colocou em sua bolsa.

— Já volto! — disse saindo da sala, deixando um Carlos confuso, ele negou com a cabeça com um risinho sobre os lábios e voltou a folhear os papéis que estavam na caixa em sua frente.

Harry e Alisson procuravam alguma pista no ateliê de artes, ou como diria o professor, a sala de artefatos mágicos.

— Harry, posso te perguntar uma coisa? — disse Alisson abrindo uma gaveta que continha purpurina e folhas secas.

— Claro — ele abria os armários da parede.

— Você gosta da Evie? — ele franziu o cenho com aquela pergunta tão repentina.

— Claro — ele se virou olhando para Alisson — Ela é minha amiga. Por quê? — voltou a encarar as folhagens.

— Eu quis dizer, se você ama ela…?

Harry não entendia o porquê daquela conversa. Amar é um sentimento extremamente forte para uma ilha repleta de vilões.

— Por que o interesse? Ciúmes? — ele sorriu de canto.

— Claro que não, não somos nada pra eu ter algo do tipo com você. — ela foi fria, mas realmente nenhum deles tinha nada além do desejo de vingança. Vilões não amam, vilões não tem amigos, apenas lacaios. A única coisa que importa para os filhos dos vilões era o orgulho de uma força maior, o orgulho de seus próprios pais...

— O que exatamente estamos procurando? — perguntou Ben olhando entre os livros nas prateleiras.

— Alguma pista. — disse Mal subindo em uma cômoda e mexendo numa velha prateleira ali em cima.

— E como sabemos se é uma pista se não sabemos o que realmente procuramos? — ele olhou para Mal.

— Só procurar alguma coisa que pareça uma pista — Mal abriu um livro e encontrou um mapa. — Achei! — disse se virando. Ben conseguiu pegar ela antes que atingisse o chão, ele prensou seu corpo na estante e o livro deslizou sob os dedos de Mal, caindo no chão.

— Eu avisei pra ter cuidado! — Ben sussurrou.

— Eu não sigo ordens suas — Mal o respondeu.

— Devia, meus avisos poderiam salvar sua vida — Mal soltou um risinho.

— Você não manda em mim, eu mando em você.

— Não manda não.

— Mando sim!

— Prove! — ordenou Mal aproximando o seu rosto de Ben.

— Já disse que você não manda em mim.

— Você é uma garota teimosa — Mal sorriu — E malvada — Mal acariciou os cabelos de Ben.

— Por que acha essas coisas? — sussurrou.

— Você me provoca… — sussurrou de volta.

— Eu não sei do que está falando.

— Você sabe sim… — Mal aproximou seus lábios de Ben.

— Seja sincero, principezinho, eu que mando em você! — Mal deslizou sua mão pelo rosto do rapaz. — Beije-me — ordenou Mal.

E foi isso que Benjamin fez, a beijou.