-Lucas! - a voz irritada e alta de Natan gritou pelo corredor da escola, ecoando aos ouvidos de quem passava, inclusive o dono daquele nome, fazendo questão de fugir do irmão mais velho.
Era mais uma manhã na vida de Natan Suli, mas ainda assim, a raiva que ele sentia cada vez que Lucas aprontava alguma coisa, era sempre a mesma. Cansado de vivenciar a mesma situação mais uma vez, ele apenas suspirou alto e passou uma mão sobre o rosto.
-Hum, deixa eu adivinhar? - sua irmã, Karla, a segunda mais velha da família, surgiu de repente, mas no momento menos propício - o Lucas aprontou de novo.
-O céu é azul, então sim, foi o que ele fez - ele deu de ombros, completamente cético de que o irmão um dia criaria juízo e pararia de dar trabalho.
-Natan, eu preciso que você venha a minha sala - o diretor Clodoaldo apareceu atrás dos dois como uma assombração, repentino e sorrateiro.
-Sim, senhor - como um aluno exemplar e muito mais ajuizado que o irmão, ele foi até a sala do diretor encontrando justamente o dito cujo irmão, bem vigiado pela inspetora Cláudia.
-Ah então é aí que você tava - o mais velho murmurou rapidamente, Lucas apenas respondeu com uma careta presunçosa.
A reação dos dois irmãos foi a mesma ao ouvirem o diretor se aproximar e se sentar na frente deles. Ficaram calados, com os ombros retraídos, apenas esperando a repreensão que certamente viria.
-Eu acho que você sabe porque está aqui, Lucas, não sabe? - questionou Clodoaldo.
-Eu não sei senhor - ele tentou desviar do assunto.
-Tem certeza? Quer falar alguma coisa, Natan? - ele se voltou para o mais velho.
-Se o senhor tá falando da bomba de mal cheiro no último jogo de interclasse, eu não estava com o Lucas nessa hora - o garoto tentou se defender - eu fui ajudar a Tainara a procurar uma pulseira perdida.
-E a Tainara pode confirmar essa história? - o diretor ainda se mostrava cético.
-Acho que sim - Natan engoliu em seco.
-E você, Lucas? Quer mesmo que eu acredite que não foi você que jogou a meia fedorenta no meio do jogo com a intenção de atrapalhar os colegas? - ele se voltou para o mais novo.
-Quer saber de uma coisa? - Lucas ergueu o queixo de forma orgulhosa, o que seu irmão considerou altamente perigoso - eu fiz isso sim, eu quis me vingar porque eles sempre pegaram no meu pé, eu tinha que fazer alguma coisa.
-Acha mesmo que vingança é o melhor caminho nesse caso? - Clodoaldo esperou uma resposta - você deveria ter pedido ajuda de uma professora.
-Isso não adianta muito quando não gostam de você - Lucas resmungou.
-Muito bem, eu não tenho outra alternativa, vou ligar pros seus pais - resolveu o diretor - vocês não vão sair daqui até eles chegarem.
-O que? Não, não chama minha mãe, diretor, ela vai me matar! - Lucas se mostrou desesperado.
-É capaz dela matar nós dois - Natan acrescentou.
-Tem certeza? Você é o queridinho dela, até parece que você ia levar algum castigo - o mais novo cruzou os braços, trocando o sentimento de medo por indignação.
-È a terceira vez do ano que ela vem aqui, é capaz dela nem querer saber muito do que aconteceu e deixar nós dois de castigo - Natan imaginou que isso era bem provável de acontecer.
-Se acalmem, meninos, eu vou esclarecer o que aconteceu - o diretor se viu na responsabilidade de acalmar os nervos.
A ligação para Natália foi feita pela secretaria da escola, e ao ver o contato da escola no celular, só houve uma palavra em que ela pensou: Lucas.
-Boa tarde, é a Natalia - ela tentou se manter calma, mas já ficando nervosa antes mesmo de saber do que se tratava - ah sim, sim, eu acho que sim, estou a caminho, obrigada.
Respirando fundo, ela avisou ao diretor do hospital em que trabalhava que teria que ir embora por causa de uma emergência familiar. Já que seu expediente já estava acabando, ela foi liberada. Não demorou muito para que chegasse à escola dos filhos.
Quando a porta da diretoria se abriu, Natan e Lucas se sentiram paralisados de medo. A mãe deles era uma mulher amorosa, mas podia se transformar numa verdadeira fera caso julgasse necessário.
-Olá, Natália, boa tarde - Clodoaldo a cumprimentou - fique à vontade, por favor.
-Obrigada, eu tenho uma ideia do que se trata tudo isso - ela olhou feio para Lucas - mas pode me contar o que aconteceu.
-Bom, o Lucas confessou que jogou uma bomba de mau cheiro durante um jogo de futebol da escola - o diretor explicou - Natan disse que não estava com o irmão nesse momento e que estava com a Tainara e que ela mesma pode confirmar a história.
-Eu conheço meus filhos, diretor, e sei que Natan não mentiria sobre isso - ela respondeu, mortalmente séria - não se preocupe, conversarei com o Lucas quando chegarmos em casa. Você disse a verdade também, não foi, Lucas?
-Depois que perguntaram não tinha mais como eu mentir - ele deu de ombros, uma atitude que sua mãe já esperava.
-Bom, os meninos estão liberados para ir embora, mas antes, vejo necessário como uma medida disciplinar uma suspensão para o Lucas, o que ele fez foi totalmente inaceitável - Clodoaldo declarou como um ultimato.
-Eu entendo o que está fazendo, só me deixa triste que tenha chegado a esse ponto - Natalia mostrou sua frustração.
Lucas voltou ao desespero, mas entendendo que não podia fazer mais nada. Sua mãe apenas assinou sua suspensão e chamou Lucas para ir embora.
-Seu pai busca vocês três mais tarde - ela prometeu a Natan.
O mais velho apenas assentiu, e falando baixinho, desejou boa sorte ao irmão mais novo, seja lá qual fosse a punição que tivesse que enfrentar da mãe.
A/N.: E aí, gente? Aqui estou eu, mais uma vez, com uma fic de Avatar. Bom, a inspiração principal pra essa história foi os constantes vídeos de uma rede vizinha colocando os Sully em situações tipicamente de família brasileira. Então por que não escrever uma história sobre isso? E aqui estamos! Uma curiosidade é que eu pensei em escrever um resuminho sobre as adaptações em relação aos filmes e o nome dos personagens, mas achei mais interessante vocês irem descobrindo conforme vão lendo. Bom, obrigada por lerem e boa diversão! Nos vemos aos sábados por aqui.
