Uma História De Origem E Redenção


Os jovens aventureiros partiram de N'York, mas deixando Appa pra cuidar de tudo, embora Aang não fosse muito a favor, pois poderiam ir voando pro covil das bruxas, contudo, Erik explicou que como Appa era muito grande e tão visível quanto uma pedra de carvão no meio da neve, as bruxas teriam uma boa chance de avistá-lo e estragar o elemento surpresa. Por incrível, o grupo concordou com a afirmação do cavaleiro, e realmente a discrição era essencial nessa missão.

Passando pelo bosque e adentrando numa região mais árida, onde eram poucos os seres capazes de viver lá e por tal, o local perfeito para as bruxas viverem, os heróis, Gatlios e o xerife Tex seguiam sua misteriosa guia, Niz, indo pela perniciosa região, cheia de tudo que traz jus ao seu nome, o Vale da Desgraça. Era em boa parte escasso em vegetação e sua fauna era composta basicamente em escorpiões, insetos, aranhas, serpentes e demais seres adaptados às regiões secas e desoladas. Havia rumores de que goblins, gnolls e gigantes das colinas viviam por aqueles lados e dessa forma, o grupo todo se mantinha em prontidão caso houvesse um ataque. Felizmente, nenhum ataque ocorreu no começo da viagem.

Questionada pela escolha da trilha, Niz falou que era o caminho mais curto e uma vez que ninguém em seu juízo perfeito adentraria naquela região, eram uma vantagem a mais sobre as bruxas, embora algo naquela mulher despertasse desconfiança em Uni e não era a primeira vez que a pequena equina de um chifre sentia tal agouro em relação a uma pessoa.

Para descontrair um pouco e ignorar as preocupações momentaneamente, Hank, Aang e seus amigos contaram pros habitantes de N'York sobre de onde vinham, o que os trouxe ao Reino e as peripécias e as aventuras vividas desde sua chegada, não omitindo é claro as inúmeras ocasiões em que enfrentaram o Vingador para evitar o roubo de suas armas e o derrotaram. Gatlios e Tex ficaram impressionados como aquelas crianças obtiveram tamanho sucesso e vitórias contra o mais temido feiticeiro que aquela mundo já havia conhecido. Niz só deu de ombros, não se mostrando muito interessada.

"Preciso dizer, crianças. Não imaginei que pudessem viver tamanhas confusões e bater de frente com tantos bandidos, vilões e monstros. Até me recorda um pouco do que vivi antes de cair neste planeta."

"Sim, o senhor falou disso." Katara o olhou bem admirada. "Seria incômodo nos contar sobre de onde o senhor veio, xerife? Claro, se preferir não contar nada, entendemos."

"Não, não me incomodo, minha filha, não é segredo algum, já que todos em N'York sabem. Só peço que não me julguem antes de eu contar tudo."

"Mas por que motivo o julgaríamos? Há pessoas que causaram grandes erros em suas vidas e buscaram se redimir. Sei por minha experiência de vida." Zuko falou.

"Pode contar tudo. Iremos ouvir e ponderar." Disse Diana, mostrando ser simpática com o homem de pele roxa.

"Está certo, crianças. Lá vai." Tex respirou fundo pra falar.


Flashback

"Muitos anos atrás, vivia em outro planeta. Tinha uma vida pacífica e feliz junto com meus pais, irmã e a mulher que amava, Ursula. Eu amava Ursula de todo coração e queria lhe dar uma vida digna, mas não éramos muito endinheirados. Um dia, soube da descoberta de um metal extremamente valioso chamado Kerium. Não havia material mais valioso do que ele em toda galáxia."

Fim do flashback


"Kerium? Me desculpe, senhor, mas..." Tex interrompeu Bobby.

"Não há por que me chamar de senhor. Só Tex, por favor."

"Certo, Tex. Como eu dizia, nunca soubemos da existência desse tal Kerium. Toph, Sokka. Já ouviram falar?"

"Não. Honestamente nunca ouvi falar, mas se é metal, talvez fosse interessante dominá-lo."

"Também nunca soube, ou ao menos, não sei dizer. Como ele é?"

"Ele é vermelho e bem brilhante, lembrando fragmentos de estrelas. Ele é bem cobiçado por suas inúmeras propriedades, de combustível de naves à uso medicinal, incluindo no tratamento de cegueira."

"Ele pode se usado pra tratar cegos? Fascinante. Se ao menos ele existisse na Terra..." Sheila disse um tanto melancólica, uma vez que a cegueira é um dos maiores problemas que a medicina da Terra tem é de criar tratamentos para a falta de visão, seja causada por acidentes ou doenças. "Aang. Não sabe dizer se o Kerium existe no seu mundo? Afinal, você tem mais de 100 anos e quem sabe no seu tempo..."

"Sendo honesto, jamais ouvi falar desse mineral, nem na minha época. Só se meu mundo for no mesmo sistema solar do seu, Tex."

"Seu mundo é iluminado por 3 sóis vermelhos?" Uma negativa do Avatar. "Então, não é na mesma galáxia."

"Ei, eu gostaria de saber o resto da história." Hank se pronunciou. "Por favor, Tex, prossiga."

"Obrigado, Hank. Onde parei? Ah, sim..."

"Ao saber da corrida do Kerium, resolvi ir atrás da minha parte. Deixei meu mundo, disposto a voltar muito rico e dar uma vida mais digna pra minha família e poder me casar. Ursula me pediu pra não ir, mas acabei ignorando...e foi uma decisão da qual me arrependo."

O xerife deu uma pausa, esfregando um pouco o rosto. Parecia estar um tanto cabisbaixo. Aranea veio pra perto dele.

"Ei, Tex. Tudo bem? Se é difícil demais pra contar..."

"Oh, não. Nada demais. Estou bem, juro. Bem..."


Flashback

"Saí de meu planeta e parti determinado a enriquecer com o Kerium. Chegando ao planeta onde se achava a maior quantia dele já explorada, conheci um homem, Angus, e nos tornamos sócios e bons amigos. Arrumamos uma boa localidade de mineração e iniciamos o trabalho. Obtivemos uma grande quantia de Kerium, mais do que sonhava achar, como um sonho se realizando, mas num momento de fraqueza, fui controlado pela ganância. Decidi ficar com todo o Kerium e num ato vergonhoso...traí Angus, o prendendo e decidido a ficar com todo o Kerium. Sem hesitar, peguei nossa nave carregada de Kerium e fugi."

Fim do flashback


Era chocante a expressão nos rostos dos heróis, exceto de Gatlios por já conhecer esse fato, não aceitando como aquele homem que prezava a justiça e empenhado em resgatar sua filha adotiva tenha cometido um ato tão traiçoeiro e ainda com um amigo. Porém, antes de alguém dizer algo, Aang se adiantou.

"Gente. Sei o que pode estar passando em suas cabeças, mas entramos em acordo de ouvir toda a história de Tex. Claro, uma traição é algo de revirar o estômago, mas é importante ouvir antes de julgar. Creio que vocês devem saber disso, certo, Hank?"

"Bem, Aang, você tem razão. Uma traição não é algo fácil de lidar, independente dos motivos, mas estou certo de que Tex aprendeu com isso, não é?"

"Sim, rapaz, aprendi e a duras penas..."


Flashback

"Quando tentei fugir com a nave de Kerium, por azar bati num rochedo e o motor terminou bem danificado. Comecei a cair sem controle e bati mais forte do que um estouro de boiada numa construção reforçada. A nave explodiu e fui jogado longe. Não sei como escapei vivo, mas era certeza de que acabaria ali mesmo, mas alguém tinha outros planos pra mim."

Fim do flashback


"Quer dizer que alguém te salvou? Não dá pra crer depois do que aprontou." Respondeu Joy.

"Joy, seja sensível." Replicou a aranhoide ruiva à sua irmã, mas Tex não pareceu aborrecido pelo comentário.


Flashback

"Bem, acabei sendo salvo, mas se soubesse o que viria, ia desejar ter morrido. Quem me salvou foi Stampede, um demoníaco ser, o último da extinta raça dos broncossauros que ambicionava ser poderoso e ter o controle do planeta. Aproveitando-se de minha má índole, ele me trouxe de volta como seu servo, me dotando de grandes poderes e me pondo na liderança de um bando fora-da-lei pra cumprir sua ambição de dominar o planeta e de minha parte, roubar todo o Kerium que pudesse. Devo ressaltar que trabalhar pra Stampede foi um pesadelo contínuo, mas tentei ignorar. Entretanto, meus planos sofreram interferência de um homem, o delegado Bravestarr, uma tremenda pedra em minha bota, ele e seu bando de 'anjinhos' batendo de frente contra minha quadrilha. Segui com minha desagradável missão por vários anos o enfrentando sem trégua, sem descanso e sem mudar...até aquele Natal."

Fim do flashback


"Natal? Vocês tem Natal?" Erik mal conteve a surpresa. "Mas pode essa? Pensei que só lá na Terra tivéssemos esse feriado. Acho que os mundos de sua galáxia tem muito em comum conosco. Será que você não é do futuro e por tal, o Natal tenha virado costume em outros mundos? Isso explicaria sua tecnologia e até a similaridade do seu traje com os cowboys que existiram na Terra há mais de um século. Poder ser que seu mundo de origem até seja a Terra no futuro."

"Bom, isso até pode ter alguma lógica." Presto disse intrigado.

"Hmmm. É bem capaz, não sei dizer com precisão. Eu não dou muita bola pra esse tipo de detalhe. Bem, onde parei...? Ah, sim..."


Flashback

"Stampede deu a ideia de atacarmos Fort Kerium, a principal cidade e maior concentração de mineração de Kerium da região durante o Natal, mas algo me aconteceu. Tive uma visão do meu passado, presente e até de um possível e terrível futuro caso o ataque fosse bem sucedido e nessa visão, vi Ursula, minha ex, visitando Fort Kerium. Por mais malvado e ganancioso que tenha me tornado, não podia deixar que algo ruim acontecesse com Ursula. Mesmo me arriscando a ser severamente punido ou pior, fiquei um pouco pra trás e dei um tiro pro ar, visto de longe do Fort, dando a entender o que estava rolando. Graças ao meu esforço, o ataque falhou e Fort Kerium foi salvo, inclusive Ursula. Evidente que não tornei a vê-la, mas saber que ela estava sã e salva já foi um grande presente de Natal, pra mim e para ela."

Fim do flashback


"Isso é tão romântico." Sheila não conteve a emoção ao escutar o que Tex tinha dito. "E tão nobre e altruísta. Mesmo se tornando um homem tão mau, ainda manteve no coração um mínimo de humanidade e amor, e basta só uma pitada de tais sentimentos pra bater de frente contra uma tonelada de maldade."

"É, eu vejo que foi um ato honroso e por tal, tem meu respeito, Tex. Mas não acho que seu mestre tenha compartilhado tal sentimento." Disse Zuko.

"E de fato, aconteceu assim mesmo. Por causa da minha fraqueza, ao ponto de vista dele, Stampede ficou uma fera comigo e como punição, perdi meus poderes e terminei banido de nossa base, o Hexágono. Não demorou muito pra ser encontrado por Bravestarr e capturado, mas se querem saber, foi a melhor coisa que se deu comigo. Preferi ir preso do que aguentar o velho chifre de metal mais um dia e apesar de ter sido julgado culpado e sentenciado à prisão perpétua num planeta-penal, nunca me sento mais feliz e livre em toda minha segunda vida. Contudo, o destino parece ser cheio de planos pra mim."

"Foi? O que veio depois?" Perguntou Diana.

"Tão logo a nave-cela partiu e deixou o planeta, vários quilômetros adiante, demos com o azar de sermos pegos por uma chuva de meteoros e dos grandes. Tentamos nos desviar, mas as rochas eram um exagero de enormes, batendo na nave até arrebentá-la de vez, caindo em um planeta próximo; este aqui. O impacto foi bem feio, mais do que aquele que sobrevivi quando tentei roubar o Kerium e fui o único que escapou, um tanto irônico, sendo que só tinha eu de vivo na nave."

"Deixa eu adivinhar. Era uma nave-robô, acertei?"

"Em cheio, Diana. Foi assim..."


Flashback

"Saí dos escombros e perdi a consciência. Quando acordei, temi que tudo não tivesse passado de um sonho e que ainda era escravo de Stampede, mas o destino foi gentil comigo desta vez. Havia uma mulher cuidando de mim e tratando meus machucados. Seu nome era Shylei, uma excelente curandeira, bem estudada em magia de cura. Ela me contou que seu povo buscava uma nova moradia e durante a viagem, avistaram minha nave. Me encontraram e me acolheram, dando-me de comer e cuidando da minha saúde. Quando me recuperei, lhes contei minha história e que agora era meu desejo recomeçar minha vida do zero. Foram tão amáveis e se compadecendo de mim, me convidaram para ir junto deles. Sem outras opções, eu aceitei e durante a jornada, pude me aproximar de Shylei e senti estar gostando dela como gostei um dia de Ursula, e ela retribuiu o sentimento. 3 dias depois, sofremos uma emboscada de bandidos que exigiram todas nossas posses e comida. Vi que tinha de fazer algo e saindo da carroça tão sorrateiramente quando uma serpente, tomando toda precaução para não ser visto, me esgueirei nas costas de um dos bandidos e tomei sua arma."


Tex exibiu sua besta mágica, a girando como um bastão.


"Tão logo peguei a besta, num rápido saque desarmei os vermes, os colocando a minha mercê. Tomando suas armas mágicas, pusemos os cães pra correr como os ratos que eram e de tanta pressa, largaram boa parte de seus saques anteriores, o que incluía joias, ouro e um bem peculiar. Notei haver uma caixa que tinha caído do cavalo de um deles e vendo de perto, era uma jaula e dentro, uma menininha de largas orelhas, maiores do que qualquer elfo. Ela se mostrou amedrontada, mas a tirei de lá e a confortei. Ela contou ser também de outro mundo e que talvez fosse a única de sua espécie, não sabendo de mais nada exceto que foi pega pelos criminosos que resolveram usá-la como mercadoria. Ela também não recordava de seu real nome, embora repetisse uma palavra: Nei. Parecendo uma palavra bem bonita, Resolvemos lhe dar esse nome e ela gostou muito. A trouxemos conosco e ela se apegou bastante à mim e Shylei. Após uma exaustiva viagem de quase um mês, descobrimos a região pouco depois do Bosque da Coruja Prateada e fixamos nossa moradia. Ao chegarmos, em gratidão por ter salvo o povo, o chefe me nomeou como xerife, crente de que eu faria um bom trabalho. Todos deram apoio a ideia e fiquei feliz por essa nova chance. Para dar o passo definitivo, declarei meu amor por Shylei e a pedi em casamento. Ela aceitou de bom grado e nos casamos naquela semana e tão logo viramos um casal, adotamos Nei como nossa filha e ela ficou radiante por nos ter como pais. Começamos a construir N'York e graças ao meu conhecimento, pude dar uns acréscimos mais modernos à cidade. Tenho até um projeto pra transformar a cidade num base de defesa similar a Fort Kerium em andamento. Levará um tempo, mas logo ela será um lugar bem seguro. Algum tempo depois, sofremos os primeiros ataques das bruxas e a chegada dos gargoyles para equilibrar tudo. De resto, é somente historia."

Fim do flashback


Os heróis mal tinham como se expressar após todo o relato. Tex foi um homem cuja vida sofreu reviravoltas sem parar, indo de um simples fazendeiro à xerife, passando por fora-da-lei e diversas ocasiões em que ficou cara-a-acara com a morte muitas vezes e escapou por um fio. O que o destino não é capaz quando escolhe alguém pra subir e descer em todos os sentidos e após uma série de escolhas boas e más, por fim encontrar seu lugar no mundo.

Não precisavam nem questionar ou ponderar sobre essa mudança no homem de pele roxa, vendo que ele tinha escolhido ficar do lado certo. Uni tinha tirado a prova ao vir perto de Tex e ganhar dele um afago, já que como unicórnio, possuía um instinto especial em ver se alguém era bom ou mau e ao ver dela, o xerife era um homem de grande bem. Entretanto, o mesmo não parecia vir de Niz, levando Uni a jogar uma suspeita sobre ela. Aang via o desconforto de Uni e sentia algo incorreto, mas não havia muito o que fazer, pois a estranha guia era a única pista possível, não somente pra encontrar o Punho de Quil-Mand-Dur e achar o caminho para casa, como também de resgatar Nei, sequestrada pelas bruxas por razões desconhecidas.


Depois de uma hora e meia de caminhada, claro, necessitando de algumas mudanças no percurso devido a deslizamentos e buracos criados por erosão, mas nada que uns toques de dobra de terra do cavaleiro e da bandida cega não dessem conta, o corajoso grupo e seus companheiros deram de cara com um rio fluindo para baixo. Zin explicou que agora era preciso seguir o trecho do rio. Sem ver alternativas, foram na cola de sua guia encapuzada, ainda sentindo haver algo errado naquilo tudo.

Em poucos minutos, a paisagem árida e seca foi dando lugar a uma mais úmida e cheia de plantas, sendo reconhecida como um pântano, virando um alívio para todos após enfrentarem um horrível dia de calor, bem mais intenso do que vários outros vividos num mundo iluminado por 4 sóis.

"Ufa. Nada como uma mudança de cenário. Por mais que minha espécie aprecie um solzinho, nem nós somos de ferro." Disse Nellie, esfregando a mão na testa pra limpar o suor.

"Nisso estou contigo, amiga. Pântanos podem não ser os lugares mais convidativos, mas isto é melhor do que uma terra seca e arrasada." Sheila concordou.

Prosseguindo pelo caminho beirando o rio, tudo parecia bem normal, sem repercussões ou encrencas à vista, o que na realidade era preocupante demais, já que momentos de paz não eram muito prolongados no Reino, ao menos, pela vasta experiência de vida dos jovens. Até seus amigos da Equipe Avatar e as irmãs aranhoides viam como tudo estava bastante quieto.

"Turma. Não querendo ser um pé-frio, mas notam como tudo está calmo demais? Geralmente, não se passa mais do que um dia sem toparmos com algum problema dos bem cabeludos." Sokka falou aos amigos.

"É, Sokka, por mais que deseje um dia de paz, está muito tranquilo pro meu gosto."

"Bem, Katara, o jeito é tirar proveito o máximo que der. Claro que se algo rolar..." Joy se posicionou pra sacar sua espada ao mínimo movimento.

"Não sei quanto a vocês, mas me bateu uma sede e como temos um rio de água corrente aqui..." Presto pegou seu cantil na cintura e dirigiu-se pro rio. Seus companheiros viram ser uma boa ideia e foram pra perto da água. Contudo, algo pareceu bater na mente de Uni, relinchando como se sentisse algo anormal.

"Bééééé. Bééééé." Uni se agitava, apontando na direção do rio.

"Ei, Uni. Tem algo de errado?" Perguntou Gatlios, entendendo como unicórnio são sensíveis a certas situações.

"Eu responderia que ela tem medo da própria sombra, mas como ela mostrou ter um tipo de sexto sentido às vezes..."

"Ela não é a única, Erik. Pressinto algo por aqui." O Avatar manteve seu bastão posicionado.

"Tomara que não dê as caras antes de eu encher o cantil e..." Porém, assim que Presto esticou o braço pra dentro do rio, um tentáculo cinzento como de um polvo saiu da água e agarrou o mago, tentando puxá-lo.

"AAAAH. SOCORRO, SOCORRO."

Vendo o amigo em perigo, trataram de agir. Erik, Zuko, Tex, Diana e Joy o pegaram, enquanto Sokka, Bobby, Suki e vários outros iam golpeando o horrendo membro, obtendo sucesso após um minuto de luta. Presto sentiu-se seguro ao ser puxado para trás.

"Caramba. Por pouco não viro um canhoto." O mago massageou seu braço liberto. Parecia que tudo tinha passado, mas a água foi borbulhando e num grande jorro como de um gêiser, uma horrível massa cinza saiu do rio, apresentando 2 tentáculos, 3 bocarras e várias hastes com grandes olhos, rastejando pra fora d'água. A maioria sabia o que era aquilo e não era uma boa recordação.

"Ah, não. Um criador das profundezas. Não nos faltava nada pra azarar o dia." Erik ficou de alerta com seu escudo, evitando fugir de medo.

"Eu aposto que não é o mais amistoso dos seres daqui." Zuko se posicionou pra lançar seu fogo.

"Ganhou a aposta, Zuko. Da última vez que nos deparamos com um treco desses, por um triz não viramos lanche da tarde." Diana disse ao seu amigo da Nação da Fogo, entendendo com perfeição o que havia enfrentado na ocasião.

A imensa forma viva saiu de vez da água e foi avançando contra os aventureiros, esticando os tentáculos e as imensas bocarras em sua direção, desejoso de fazer uma boa refeição naquele dia. Hank, Tex e Zuko abriram fogo contra o monstro, o atordoando momentaneamente. Aqueles que podiam usar ataques físicos como golpes de armas e dominação de terra iam tentando bater no criador das profundezas, mas evitando muita aproximação, pois o monstro podia paralisar ao toque e isso lhe renderia uma refeição caprichada, algo desagradável ao pensamento deles.

"Urghh. Tomem cuidado, pessoal. Não vão acabar na barriga dele, ou seja lá onde ele aloja a comida. Ele pode criar cópias de qualquer ser que devore, sem contar seus próprios recursos mágicos." Avisou Gatlios ao trazer Niz para um canto seguro, indo depois de espada em punho auxiliar seus companheiros de viagem e seu amigo xerife.

O criador não é das feras mais fáceis de enfrentar, não só por seus poderes, mas devido a sua visão múltipla, capaz de enxergar com mais precisão do que um beholder. Somado isso ao seu poder paralisador, era um páreo duro de roer. O Vingador mesmo veria dificuldades num confronto com tal aberração.

Sokka, Suki, Bobby, Diana e as aranhoides iam desviando os golpes de mordidas com suas armas impactantes e afiadas, sendo que o fogo, o gelo e o raio das espadas mágicas pareciam eficazes, ao passo que as dobras de terra do Avatar, do cavaleiro e da bandida cega iam segurando com firmeza os tentáculos pegajosos, mas não tardava para escaparem devido a serem muito úmidos e escorregadios.

"Turma, precisamos de uma nova abordagem. Por mais que façamos danos, ele logo se regenera e com tanto olho espalhado no corpo dele, seria mais fácil brigar de noite pra ofuscar sua visão." Comentou a espiã ruiva. Presto sentiu como se uma ideia lhe batesse no crânio.

"Aí, pessoal. Acho que sei o que fazer. Fiquem atrás de mim que vou deixar tudo às escuras." Obedecendo ao pedido do mago, todos se afastaram da criatura e o jovem mago de cabelo castanho puxou seu chapéu. "Aquilo que é seu, tudo que é meu. Uma grande fumaça que deixe o ambiente num breu." E uma espessa nuvem de fumaça negra foi cuspida do chapéu, indo contra o monstro. Era tão grossa que nada se via, escurecendo o campo de visão do criador das profundezas. Nenhum de seus inúmeros olhos era capaz de perceber nada ao redor.

"Magnífico, Presto. Com essa fumaceira toda, ele tá totalmente perdido."

"Mas não por muito tempo, Katara, pois ele tem magia de percepção e temos de agir ligeiro. Toph, faz o favor de jogá-lo de volta no rio?"

"Com prazer, Presto. É uma pesca grande demais pra levar." Fechando os olhos pra captar o máximo de sua dobra de terra, Toph golpeou o chão furiosamente, erguendo mais adiante um imenso pilar bem embaixo do monstro perdido no escuro, dando um impulso tão poderoso que o jogou como uma bola de baseball rebatida, indo bem pro céu. Todos viram atônitos o lançamento feito para bem longe e escutaram um estrondo de algo caindo com força no rio, tão intenso que bastante água subiu e desceu. Com a ameaça derrotada, a fumaça foi dissipada por Hank num impulso de dobra de ar.

"Agora sim. Nada como um ambiente limpo." Disse o ranger, batendo as mãos em satisfação. "Presto, seu plano foi demais."

"Ah, não foi nada, Hank. Afinal, o que sobe, deve descer, inclusive imensas massas grotescas vindas dos pesadelos."

"Excelente estratégia, garoto." Tex lhe cumprimentou com um sorriso. "Nem eu bolaria melhor, mesmo no meu tempo de fora-da-lei."

"Eu tiro o chapéu. Jamais soube de algo assim pra dar um sumiço num monstro, principalmente quando o monstro é um criador das profundezas." Admirou-se o vice-líder de N'York.

"Nem tente imitar. Nossas performances são exclusivas. É como meu estilo de saltos e cambalhotas, ninguém copia...bom, exceto a minha amiga Katara, uma vez que compartilhei meu talento com ela." Respondeu Diana, segurando a mão da sua amiga da Tribo da Água. "Mas sei que ela vai criar seu estilo próprio."

"Isso aí, amiga, assim como sei que vai imaginar manobras legais de dobra de água."

"Com licença." Niz surgiu no meio do grupo. "Peço perdão pela intromissão, mas acredito que sua missão está longe de terminar. Dessa maneira, se desejarem ainda me seguir..."

Niz estava certa. Derrotar o criador das profundezas foi importante, mas nem era o ponto principal da jornada e agora que o caminho se via livre de novo, voltaram a percorre o leito do rio para adentrar mais fundo o interior do pântano.


Exceto pela infestação de insetos, algumas cobras e plantas vivas que se defendem ao toque, a travessia pelo pântano não representou maiores dilemas aos heróis. Bastou umas pancadas, vários cortes e um boa dose de inseticida fornecido por Presto para tirar os incômodos e prosseguir pela beirada do rio, chegando por fim a encosta de uma colina e a um túnel onde o rio segue com mais rapidez. Niz se virou pro grupo

"Certo, meus amigos. Cá estamos. O covil das bruxas é lá dentro. Basta continuarem no caminho do rio que encontrarão o esconderijo delas. Devo ficar aqui."

"Ficar? Que quer dizer com 'ficar'?" Joy perguntou com suspeita.

"Quer dizer isso mesmo. Falei que os guiaria até as bruxas e o fiz, nunca falei que iria ajudá-los contra elas. Agora, está em suas mãos."

"Hmmm. Tá me cheirando a malandragem aqui. E quem garante que nos trouxe pro lugar certo?" Suki também perguntou com desconfiança. "Toph? Ela tá falando a verdade?"

"Sim, por mais estranho que possa ser. Sabem que ninguém mente comigo por perto."

"Vamos lá, gente." Hank tomou a liderança. "Se ela não deseja ir, não podemos obrigá-la. Afinal, estamos no lugar certo. Agradecemos, Niz. Logo voltaremos. Vai desejar ser paga agora?"

"Sem pressa, ranger. Cumpram sua missão que depois nos acertaremos. Vou ficar aqui esperando." Niz sentou-se num toco de árvore para descansar.

Não havendo mais escolhas no momento, os heróis pegaram para ir dentro do túnel, indo na direção da água corrente. Bobby e Uni foram por ultimo, mas sem ser notado na hora pelo bárbaro, a pequena unicórnio passou um olhar duro pra misteriosa guia, fingindo não ter visto. Deixada sozinha, Niz liberou um sorriso maldoso em seu rosto semi-humano oculto pelo capuz, verificando algo grande dentro do rio que entrou na caverna, perseguindo silenciosamente os corajosos aventureiros.

Continua...