O Castelo De Aço


"Puxa. Vejam só isso." Exclamou Aranea perante a majestosa construção que ela e seus companheiros presenciar na hora que adentraram no lugar. Era algo de tirar o fôlego.

Um imenso e monumental castelo se encontrava dentro da montanha, ou melhor, do vulcão se julgar pela grande cratera bem acima e sendo a única fonte de luz no local. Era toda brilhante e reluzente, alcançando grandes proporções em altura e comprimento, repleto de torres e muros. Tinha um tom azulado metálico refletindo a luz dos sóis, tornando o ambiente normalmente escuro bem claro, o suficiente para não ter tochas. Seu aspecto dava a ver que tinha sido feito de uma única e gigantesca peça de aço maciço.

"Pessoal. Estão vendo só? Um castelo inteiro no interior da montanha, digo, do vulcão, se o buraco lá em cima for uma cratera."

"Só sendo cego pra não ver tamanha construção, Erik. Digo, sem ofender, Toph." Desculpou-se Suki com sua amiga. A dominadora de terra só deu de ombros e sorriu pra amiga.

"Não dá a impressão de que ele é feito de metal?"

"Pode estar mais certa do que imagina, Sheila. Vamos lá." Falou Zuko ao liderar o caminho. Todos foram em seu encalço.


Chegando na base do castelo, dentro do poço sem água, Aang colou o ouvido na parede e deu uma batidinha. Uma ecoada e bastou pro dobrador de ar saber o que era.

"Gente. É aço. O exterior do castelo todo é de aço."

"Tem toda razão, careca. Posso notar só de pisar. Ele é inteiramente feito de aço puro."

"Impressionante, Toph e Aang. Seus talentos de dobra são fabulosos." Hank disse com orgulho dos amigos.

"Mas como pode ter um negócio assim? Verdade que já nos deparamos com coisas pra lá de esquisitas no Reino, mas duvido que tenha algo que se iguale a tal."

"Posso apostar numa teoria, Presto." Nellie respondeu. "Se recordam da história que o Mestre dos Magos nos contou pouco depois de termos perdido a Teia de Wilbax?"

Na memória do grupo inteiro, bateu a história contada por seu mentor sobre o Castelo de Aço, uma construção exuberante feita toda de aço obtido pela raça de répteis humanoides, os trogloditas, fascinados mais pelo aço do que por ouro e diversos metais valiosos e joias caras. Por séculos, clãs de trogloditas viveram pilhando e saqueando todo aço que podiam para um ambicioso projeto: um castelo feito todo do melhor e mais resistente aço. Geração por geração, século por século de árduo e estressante trabalho trouxeram sua recompensa, levando a finalização da fortaleza no alto da montanha. Contudo, os trogloditas nunca foram bons em cálculos e acertos geográficos e a prova disso foi que o castelo começou a afundar, já que tinha sido construído em cima de um vulcão extinto em lugar de uma montanha, levando sua queda total e inevitável pra dentro da terra, causando a morte de muitos trogloditas, incluindo seus líderes e quem haviam escolhido como seu rei. Os que ficaram, pensando que tinham perdido tudo e lamentando o fracasso de seu legado, foram embora e se dividiram em clãs novamente. O castelo permaneceu desaparecido e esquecido como se jamais fosse verdadeiro...até este momento.

"Este então...é o castelo de aço? É mais impressionante do que o Mestre dos Magos nos contou." Admirou-se Katara, deslizando a mão na parede metálica, sem perceber por onde ia até bater o pé em algo. Ao baixar o rosto para ver, tomou um baita susto ao se deparar com um par de pés ossudos saindo debaixo da construção.

"Ai, minha nossa. Isto é o que acho...?" Bobby viu bem a ossada que tinha assustado sua amiga da Tribo da Água e deu de ombros. "Agora vejo de onde tiraram O Mágico de Oz. Só saber agora onde estão os sapatinhos de rubi."

Evidentemente, Sheila passou um olhar sério para o seu irmão, embora no fundo precisasse concordar com a indireta.

"Posso apostar que muitos trogloditas ficaram abaixo do castelo quando ele caiu. Bem, sentiram o peso de sua obra." Disse Tex, buscando descontrair o momento.

"Está mais do que evidente que as bruxas descobriram o castelo aqui e sabendo que ele era tratado como uma simples lenda, fizeram daqui o seu esconderijo." Concluiu Sokka.

"E descobriu essa explicação sozinho, meu caro Sokka?"

"Não toda, Erik, pois o que acham que é aquilo bem ali no topo da cratera? Macacos voadores?" Vendo aonde Sokka indicou, o grupo avistou diversos vultos bem acima, deixando claro serem algumas bruxas. Sem esperar pra saber se tinham sido vistos ou não, os heróis foram pro único lugar fora de vista, a ponte levadiça bem à esquerda. Assim que se refugiaram, Toph e Erik desceram seus amigos pra baixo da terra, cobrindo o buraco para não serem achados, restando uma fresta pra verem e respirarem.

Se mantendo quietos e imóveis pra evitar serem localizados, buscaram escutar tudo que vinha de cima e pelo som de pouso, várias bruxas desceram pela ponte, rindo e gargalhando com toda perversidade. Buscando por uma visão mais prática do que rolava, Presto conjurou um telescópio dobrável e passou-o pela fresta, dando a Gatlios uma chance de ver o que tinha fora. As bruxas eram bem deformadas e tão horrendas quanto aquelas que invadiram N'York, exaltando pura maldade só pelas suas risadas nefastas. Uma delas batem no portão e esperou até uma abertura ser exposta.

"Diga a senha." Disse quem atendeu.

"Meu mundo." E a porta abriu, permitindo a entrada. Gatlios contou o que tinha visto e escutado.

"Isso está com mais cara do Mágico de Oz a cada minuto. Ao menos, sei que não estamos no Kansas." Observou Diana, parando pra ponderar um minuto. "Curioso. Não sei por que quando cito essa frase, ela parece soar bem comigo."

"Precisa me contar mais sobre essa história. Parece legal, e não é qualquer assunto que me atrai." Citou Joy.

"Com gosto te contarei a história, amiga, depois de ajeitarmos a bagunça. Turma, hora da ideia." Prosseguiu a acrobata. Aang sentiu ter uma ideia.

"Eu sei. Nos disfarçando de bruxas. Tática manjada, mas em geral, dá certo."

Hank ascendeu com a opinião de seu amigo Avatar e Presto agiu, trazendo do chapéu uma imensidão de roupas, chapéus e utensílios usados por bruxas, ao menos, do que bruxas geralmente usariam em livros e filmes.

"Bruxas se vestem assim mesmo?" Quis saber Suki ao segurar um traje preto como da Bruxa Má do Oeste.

"Dos contos e filmes que vimos até hoje, mais ou menos." A espiã trajava uma túnica roxa combinando com um chapéu de fivela.

"Vem, Uni. De novo, vamos compartilhar um disfarce." Bobby ergueu sua mascote, a pondo em seus ombros e colocando o capuz de seu disfarce em cima dela. Foi um tanto difícil, mas resolveram.


Depois de se vestirem adequadamente, levando também algumas vassouras pra complementar as aparências, saíram do buraco e foram pra ponte. Os rostos de Zuko, Tex e das irmãs aranhoides ficaram parcialmente expostos, pois devido a seus sinais faciais incomuns, iria facilitar a entrada no castelo. Na porta, o xerife espacial tratou de chamar, sendo logo atendido.

"Diga a senha."

"Meu mundo." Disse Tex ao falar com sotaque estridente. A portinhola fechou e não houve resposta por instantes, mas logo o portão se abriu, dando passagem ao novo grupo de 'bruxas'. A guarda deu um olhar sinistro, como se desconfiasse deles, mas não passou de uma impressão rápida pois logo retomou sua ocupação.

Uma vez dentro do castelo, bem como do lado de fora, o interior era feito de aço em cada canto, em cada fresta. De fato, nada jamais visto no Reino, na Terra ou no mundo de Avatar era como aquela construção bem feita.

"Devo contar, os trogloditas são bem engenhosos quanto a trabalhar com aço. Cada detalhe de cada aposento é incrível. Prova que nem todos os seres deste mundo vivem só de brigar e pilhar. Se se concentrassem mais em construir pra realeza, por exemplo, estariam feitos na vida." Sheila citou, maravilhada pela arquitetura do castelo.

"Pena que não tenhamos tempo para admirar ou explorar o local. Precisamos salvar Nei e obter o Punho de Quil-Mand-Dur. A propósito, alguém sabe pra onde devemos ir?" A questão de Katara atraiu os olhares do grupo, mas logo puderam resolver a questão quando um novo grupo de bruxas entrou e sem demora, se esconderam num aposento antes de serem vistos. Após o grupo passar, rindo e discutindo sobre o grande acontecimento daquela reunião, Hank, Aang, Gatlios e todos as seguiram, indo cada vez mais a fundo no interior da fortaleza secreta do vulcão.


O caminho ia cada vez mais para baixo, abrangendo por um túnel iluminado por tochas. Era como se a caminhada não possuísse um fim, levando a uma trilha eterna, pensamento este afastado imediatamente ao avistarem o fim do túnel e vozes falando e rindo de modo maldoso e perverso. O local era uma gigantesca câmara subterrânea e pela quantia de escadas e entradas, dava acesso a todo o castelo. Provavelmente, seria um tipo de abrigo caso houvesse algum ataque inimigo e serviria de refúgio para organizar a defesa ou aguardar pelo pior.

A quantia de bruxas reunidas lá era surpreendente. As que atacaram a cidade nem chegavam perto das demais ocupantes do local, havendo mais variação em aparências horrendas como verrugas e bolotas pelo corpo inteiro, chifres, dentes demasiados grandes, mãos enormes, pernas disformes, olhos desproporcionais, corcundas, pele arranhada, podridão ocular, sem cabelo, falta de dedos nos pés, narizes pontudos e torcidos, cheiro de carne podre e sujeira, mais de um membro, algumas com uma cabeça menor ao lado da maior, gêmeas siamesas e toda sorte de formas provenientes dos piores pesadelos.

Claro que em meio a tantas aberrações e deformidades exaltando tamanha maldade como jamais havia se reunido no Reino, vários do grupo se sentiam perturbados e um tanto apavorados. Uni, sendo uma filhote, tremia diante de tanto mal, precisando que seu amigo bárbaro a afagasse a toda hora e evitar que fugisse. Erik havia ficado mais valente, mas sentia bastante nervosismo, bem como Aang, pois embora fosse o Avatar, ainda tinha o medo normal de um jovem de sua idade, sendo amparado por sua namorada da Tribo da Água. Tex, em seus tempos de fora-da-lei, presenciou diversos perigos e apuros, se deparando com monstros e abominações, mas aquela reunião de tantas criaturas malignas só se igualava com a presença de seu ex-mestre, Stampede, o qual era uma força de puro mal poucas vezes vista por alguém e que viveu pra contar. Mas aquilo não o impediria de resgatar sua filha. Aranea tentava fingir, mas o medo e pavor lhe tomavam o coração, apenas suportando aquilo com suas irmãs e amigos, em particular Zuko e Diana, lhe segurando a mão em apoio.

O som de um gongo ecoou pela câmara, atraindo cada figura presente no local, inclusive os heróis, e descendo na parte superior da câmara, montada de modo a se assimilar a um tipo de palanque, uma imensa bruxa com quase dois metros de altura veio numa vassoura enorme como um tronco. Era toda enrugada, dedos terminados com unhas afiadas como de um texugo e vestindo um manto cinza que cobria seu corpo tomado por pontas afiadas, como parecendo se descrever por baixo do manto. Levantando sua mão, duas bruxas menores que ela foram empurrando algo como uma pequena carroça coberta por um pano negro pra cima do palanque, parando no meio dele junto da grande bruxa.

"SALVE A GRANDE RAINHA BRUXA. SALVE A GRANDE RAINHA BRUXA." Berraram todas as bruxas na mesma hora, criando um som ensurdecedor. Evitando dar bandeira, os aventureiros gritaram juntos para disfarçarem sua presença. Os berros se deram por mais de um minuto e após isso, a rainha levantou a mão num gesto de cessar.

"Eu agradeço, irmãs de todas as partes conhecidas e desconhecidas do Reino, por aceitarem o chamado e se reunirem aqui, no castelo de aço, o qual todos pensam ser só uma lenda...até que o encontrei e fiz dele nosso covil secreto, para o qual convoquei esta reunião de sumária importância." Parando um instante para respirar, a rainha retomou a palavra. "Como sabem, das diversas adversidades que encontramos a cada dia, de aventureiros impertinentes a magos bonzinhos que tentam impedir nossas atividades maldosas, nada se iguala aos seres mais asquerosos com quem já nos deparamos, os gargoyles."

"Uau. Não imaginei que gargoyles fossem tão populares, especialmente para com as bruxas." Toph falou de braços cruzados, achando graça daquilo.

"Toph. Foco, por favor." Pediu Nellie ao seu lado, mas reconhecendo no fundo que sua amiga tinha razão.

"Gargoyles," Foi dizendo novamente a rainha. "são um estorvo de marca maior. De todas as criaturas que nós, bruxas, enfrentamos, os gargoyles se mostram os mais irritantes, sendo imunes a boa parte de nossos poderes e magia e defendendo em geral os humanos. Não compreendo a razão de protegerem formas de vida tão fracas e vulgares em lugar de se juntarem a gente. Bem, não faz diferença agora, porque finalmente encontrei um feitiço que aprisionou os gargoyles em suas formas inofensivas de estátuas e humanos e se deu graças a isto." Um alçapão se abriu e de dentro dele, se viu um artefato incrustado na forma de um cetro cuja ponta era de uma joia alaranjada esculpida como um punho fechado. "Lhe apresento, minhas irmãs, o lendário Punho de Quil-Mand-Dur."

"Pessoal. Veja ali. É ele, a chave pra nossa casa." Sokka quis apontar pro objeto, mas Zuko lhe baixou o braço.

"Ei, sossega, Sokka. Quer entregar todos nós?"

"Puxa, me desculpa. Foi emoção das fortes."

"A gente entende como se sente, Sokka, mas precisamos ficar calmos." O ranger falou ao olhar pro seu amigo, entendendo o entusiasmo dele e sabendo como desejava reagir igual, mas era hora de silêncio e cautela.

"Por meio do Punho de Quil-Mand-Dur, pude canalizar o feitiço que prendeu os gargoyles em seu estado atual, mas somente se o cetro ficar aqui sem ser tocado por nós ou nenhum gargoyle for danificado ou ferido por uma bruxa, do contrário, eles serão soltos. Entretanto, achei um modo de manter o efeito permanente, e ele está aqui." A rainha tirou o pano da carroça, expondo diante de todos uma menina esguia de cabelo roxo e longas orelhas, maiores do que de qualquer elfo. Ela se encontrava amarrada e pelos olhos vermelhos, parecia ter chorado muito nas últimas horas.

"Contemplem, minhas irmãs, aquela cujo nome significa 'humana que não é humana'."


Em meio a multidão de bruxas, onde os heróis tinham se juntado, Tex cerrava os punhos em fúria e Gatlios pôde notar tal reação. Hank, Diana, Aang e todos puderam ver a raiva e a tensão tomando o xerife de N'York, notando entender o que era aquilo.

"Tex. Parece nervoso. Seria por acaso...?"

"Adivinhou, Suki. É minha filhinha, meu floquinho ali em cima. Minha querida Nei. Se eu pego essas carniceiras..."

"Tex, por favor." Aang lhe tocou no ombro. "Compreendo seu estado emocional, mas controle a ira ou isso porá tudo abaixo."

"Aang tem toda razão, xerife. Vamos salvá-la, mas tente ficar calmo. Agir de cabeça quente não irá nos levar a nada." O cavaleiro falou para Tex, esperando diminuir a tensão e por milagre, o homem se acalmou, sem tirar sua filha da sua vista. "A gente vai achar um jeito, prometemos."

"S-Sim, claro. Estou calmo agora. Aguente, minha coelhinha. Papai vai te salvar e te levar de volta pra mamãe." Ele falou bem baixo, evitando chamar atenção indesejada.


"Foquem, minhas leais servas irmãs. Quando esta criança for sacrificada e sua energia, absorvida pelo Punho, tornará o feitiço permanente e uma vez que isso se der, destruiremos todos os gargoyles. Com a ajuda do Punho de Quil-Mand-Dur, todos se curvarão perante às bruxas e o Reino será nosso. Até o Vingador e Tiamat cairão diante de nossa glória."

"Tá de brinca? Ela tá querendo ser a nova Vingadora?" Bobby se espantou pelo que tinha escutado. "Não conseguem pensar em originalidade? Kelek quis fazer isso com os chifres dos unicórnios, inclusive com o de Uni, e escorregou feio."

"Sim, me recordo, e ainda me lembro daquela piadinha infame do Presto de me deixar preso no feitiço de cristal de Kelek por pensar que 'tudo era mais calmo e tranquilo sem mim'. Não foi, Presto?" Perguntou Erik meio de mau humor ao se lembrar do dia. Toph segurou o mago pela manga.

"Ei, isso aí é sério, seu tonto? Ia deixar Erik naquele jeito mesmo?"

"N-Não, não, Toph. Foi só uma brincadeirinha sem graça. Não falei de verdade, eu juro."

Analisando bem a tonalidade de voz do jovem mago, a bandida cega ponderou por um instante e o largou, mas sem esquecer de passar uma expressão bem dura, o fazendo entender a indireta.

"Gente, foquem lá em cima." Disse Suki.


"Em pouco tempo, nada nos impedirá de tomar o destino em nossas mãos. Devemos logo iniciar o ritual. IRMÃS ESCOLHIDAS, MOSTREM SEUS AMULETOS CERIMÔNIAIS." E 12 bruxas no meio da multidão levantaram o braço, exibindo um amuleto de ouro com símbolos místicos entalhados. Por sorte, uma delas tinha ficado por perto dos heróis, lhes permitindo ver atentamente a peça. "As irmãs que detêm os amuletos devem vir à mim e se preparar para o ritual em 30 minutos. Todas se reúnam depois desse tempo para assistirem a cerimônia de sacrifício. Até lá, podem se dispersar."

Devagar, o aglomerado de bruxas foi saindo da câmara, tomando várias direções pelo castelo de aço. Os aventureiros, a Equipe Avatar, as aranhoides e os habitantes de N'York ficaram entre os últimos a sair.

"Nossa. Já era hora de darem um intervalo. Ficar no meio de tanta bruxa estava me dando nos nervos." Gatlios disse, esfregando o suor da testa.

"Sem contar a coleção de odores. Cara, mais um pouco e eu teria botado os bofes pra fora." Citou Katara um tanto enjoada.

"Querem focar no trabalho? Vimos que minha Nei está lá em cima e bem assustada. Não sou, naturalmente, louco de ir até lá resgatá-la sem um plano. Portanto, se alguém tem um que possamos seguir..."

"Me bateu um agora, Tex." Respondeu Hank. "Se formos atrás das bruxas escolhidas e tomarmos seu lugar no ritual, conseguiremos resgatar Nei. Bastam sabermos quais outras dessas velhacas tem os amuletos."

"E como vamos fazer, Hank? Com apenas meia hora pra buscar entre centenas delas, vai ser como procurar uma agulha num palheiro." Disse Diana, mas logo algo lhe trouxe a atenção. Era Uni, gesticulando numa direção.

"Béééé. Béééé."

"Que foi, Uni? Descobriu algo?" Perguntou Joy. A pequena unicórnio apontou o chifre pra uma das bruxas que ainda não tinha saído. Notaram algo brilhando em sua mão e de longe, repararam ser um dos amuletos dourados. A aranhoide de cabelo azul soube o que ela quis falar. "Uni, você consegue perceber quem está com os amuletos?" Nova confirmação.

"Legal. Uni consegue farejar o poder dos amuletos. Garota, você é bem esperta." Zuko acariciou a crina dela.

Com essa nova descoberta, o grupo tratou de agir e depressa, indo para onde sua mascote equina indicava e seguindo as bruxas portadoras dos amuletos antes do tempo se esgotar.


Uma bruxa verde de queixo largo ajeitava o longo cabelo, pois diferente de algumas companheiras, gostava de cuidar do visual. De tão concentrada no seu trato, mal notou outra bruxa chegando perto dela.

"Sim? Quer alguma coisa?"

"Err...claro. A rainha deseja lhe falar. Não sei direito, mas é algo sobre o ritual. Ela está ali." Apontou com o dedo para um salão à direita com a porta semiaberta. A bruxa verde sentiu-se relutante, mas não convinha desobedecer uma ordem da rainha e resolver ver.

O lugar era escuro e só tinha a luz de fora para iluminar. A bruxa verde verificou o local com sua companheira, mas sem sinal algum da rainha.

"Ei, não estou vendo sua majestade aqui. Está certa de que...?" CRASH - uma pancada bem dada com uma pedra, cortesia de Toph, botou a feiticeira a nocaute. O grupo entrou no salão onde acharam-na caída, junto com Erik e Toph.

"Bons truques nunca saem de moda, não importa o quão velhos eles sejam." Disse Erik com orgulho, segurando a bandida cega pelo ombro.

"Bom trabalho, pessoal. Temos um, faltam 11." Aang tomou o amuleto dourado enquanto Sheila e Aranea tiravam a túnica da bruxa verde, sentindo um certo nojo devido ao cheiro exaltado dela.


Minutos depois, mais duas bruxas discutiam sobre poções e encantos quando ouviram algo adiante. Indo investigar, notaram que era um filhote de unicórnio.

"Ei, aquilo é um unicórnio. Como será que veio parar aqui?"

"Sei lá, mas não convêm perder tão rara oportunidade. Um chifre desses é um ingrediente extremamente valioso." E vendo que sua companheira tinha razão, foram as duas na caçada ao unicórnio.

Tão logo dobraram um corredor, viram que o animal havia desaparecido. Sem entender bem, apenas se entreolharam.

"Estranho. Sumiu como que virado em fumaça. Era um unicórnio o que vimos?"

"Sei que era. Meu faro é bom da conta e posso sentir o cheiro dele ainda fresco. Talvez esteja..." E de trás da cortina da janela, dois golpes ligeiros atingiram as bruxas, as jogando no frio chão de metal. Saindo do esconderijo da cortina, Diana e Suki recolheram suas armas.

"Duas a preço de uma. Um ótimo negócio." Comentou a acrobata.

"Por isso que gosto de você, Diana. Sabe se expressar muito bem." Disse sua companheira guerreira.

Os demais saíram dos esconderijos e se juntaram às moças, pegando mais dois amuletos e tomando os trajes das feiticeiras desmaiadas.


30 minutos depois, as bruxas se juntaram novamente no salão, prontas pra presenciar o tão esperado ritual prometido por sua rainha. Bem na frente do grande palanque, parte do grupo ficou em posição, esperando a hora certa de agir.

De cima do palanque, a grande rainha bruxa e suas asseclas, mais as doze escolhidas portadoras dos amuletos e a jovem Nei tomada por prantos constantes, tomou seu lugar bem à vista de todos os presentes. O Punho de Quil-Mand-Dur foi de novo erguido, sendo visto e brilhando como uma estrela do céu.

"Chegou a hora, irmãs. Nosso momento de triunfo se achega. Em breve, o poder total será nosso. Eliminaremos os sórdidos gargoyles, atacaremos o Reino em massa e nos colocaremos como senhoras absolutas desta terra. Nem mesmo o Mestre dos Magos, o Vingador ou Tiamat nos deterão. Escolhidas, mostrem os amuletos." A mando da rainha, as 12 bruxas cujos rostos permaneciam ocultos tiraram das túnicas os amuletos místicos de ouro, apontando-os na direção da rainha. A grotesca líder sacou um punhal do cinto, levando a cativa pra perto do cetro. "Não se preocupe. Um instante de dor e tudo terminará. não se sente honrada em fazer parte de algo tão glorioso?" Disse a rainha como que zombando de Nei.

"Não vai vencer. Meu pai vai te dar uma lição." Nei disse sem chorar.

"Seu pai? SEU PAI?" A rainha encarou a ameaça um tanto brava, mas um sorriso malvado lhe veio à face, caindo numa gargalhada. "Ha, ha, ha, ha, ha, ha. Acredita nisso? Pobrezinha. Entenda de uma vez, você não significa nada pros humanos. Nem humana você é. Eles jamais perderiam tempo com algo tão anormal quanto você. Se fosse em outras circunstâncias, a faria uma de nós, mas certos sacrifícios são precisos. Acredite, nenhum humano quer uma aberração do seu tipo. Você não tem pai, nem mãe, nem nada. Aceite seu destino e já." A rainha desceu com grande velocidade o punhal sobre Nei, fechando os olhos e esperar que tudo aquilo terminasse.

Mas o que veio rápido foi um tiro de fogo verde que alvejou a maligna rainha, acertando seu braço, causando-lhe uma forte queimação e uma terrível dor. As bruxas reunidas mal acreditavam no que havia se dado.

"AHHHH, MEU BRAÇO. Quem ousou me atacar?"

"Fui eu, sua besta infernal." Respondeu Tex, retirando seu disfarce de bruxa escolhida e manuseando sua arma recém-disparada. "Como se atreve a dizer tais mentiras pra minha filhinha, além de sequestrá-la e usá-la de sacrifício? Vou te deixar como torrada queimada e arrancar sua língua pra pendurá-la como troféu."

"Papai, você veio. Oh, papai." Nei disse alegremente ao ver o homem que a adotou em sua família.

"É claro, minha fadinha. Nem o pior dos castigos me impediria de vir aqui te salvar." Tex abraçou sua filha adotiva, cortando a corda que a prendia.

"Seu intruso desgraçado. Não pense que sairá vivo daqui." Ameaçou a rainha bruxa. "Pensa que pode nos enfrentar sozinho?"

"Ele não está só, asquerosa." Erik se revelou ao tirar sua túnica, bem como Gatlios, Hank, Katara, Joy, Aranea, Diana, Sokka, Toph, Presto e Suki. Bobby, Uni, Nellie, Zuko e Aang se revelam em meio a multidão de bruxas. Sheila, por outro lado, não é vista em canto algum.

"Está terminado, rainha horrorosa. Seu plano de virar uma nova Vingadora foi descarga abaixo." Falou Zuko com coragem, desferindo uma imensa chama contra as bruxas, afastando-as do palanque.

"Crianças nojentas. Acham que irão vencer? Estamos em número relativamente maior, sem contar que temos o Punho de Quil-Mand-Dur a nosso mercê."

"Sério, dona rainha? E cadê esse todo poderoso cetro que não vejo nem com meus óculos?" Presto perguntou num gesto de aspas, indicando a ausência do cetro mágico.

Não compreendendo as palavras do mago de verde, a rainha bruxa se virou e tomada por um violento choque, viu que o cetro havia sumido. "Não. Não pode. Onde está o Punho? ONDE ELE ESTÁ?"

"Por acaso, fala disto aqui?" Sheila perguntou ao retirar seu capuz e voltar a ficar visível, exibindo num sorriso malicioso o cetro mágico em sua mão.

"Não, o cetro não. Tem ideia, sua pirralha, do que você fez?"

"Com toda certeza, 'majestade', ela entende e estou percebendo isso nos meus ossos." Gatlios replicou com a bruxa enquanto algo parecia mudar em seu corpo. A túnica foi se rasgando, exibindo um crescimento anormal em seu corpo, adquirindo uma tonalidade roxa clara, similar a de uma pedra, em sua pele. Nas costas, um grande para de asas iguais a de morcegos cresceu, partindo mais uma parte de sua roupa. Suas pernas aumentaram e se dobraram como as de felinos, adquirindo esporas e garras nos calcanhares. Nos dedos, garras afiadas se desenvolveram nos dedos e a cabeça teve orelhas pontudas e pequenos chifres. Retirando o que sobrou do traje, o outrora humano Gatlios se revelou como era na realidade: um gargoyle.

"Agora, sim. Nada como recobrar meu eu."

"Caramba. Gatlios, você é...um gargoyle também?" Aang disse bem espantado. "Bem que reparei na energia que veio pra você quando Sheila pegou o cetro."

"Isso aí, Aang. Como meus irmãos e irmãs de raça, fiquei preso também em minha outra forma por causa do feitiço das bruxas e se não me engano, algo semelhante está se dando na cidade."


De volta a N'York, o povo da cidade está um tanto preocupado desde que Tex e Gatlios partiram com os jovens salvadores da cidade para encontrarem Nei. Appa busca se manter calmo e descontraído com as crianças que simpatizaram com ele, brincando com sua pelugem e comendo algumas frutas que Shylei lhe oferecia.

De repente, algo começou a se dar. Um dos gargoyles petrificado se remexeu e numa efeito explosivo, sua pele de rocha se partiu, revelando a figura de um gargoyle idoso, portando uma espada curvada. Nesse mesmo intervalo, muitos outros gargoyles despertaram de seu sono de pedra, assim como vários que perderam a aparência humana, retomando sua real natureza.

"Ahhh. Já era hora de poder me mexer. Quanto tempo se passou?" Perguntou o gargoyle idoso, diante da população humana de N'York, aliviados e contentes que seus amigos gargoyles retornaram.

"Duhson. Duhson." Veio Eliza's, companheira de Gatlios, na direção do velho gargoyle. "Graças aos céus que o feitiço foi quebrado."

"Feitiço, você disse, minha filha?"

"Sim, Duhson. As bruxas jogaram um feitiço para prender os gargoyles, tanto na forma de pedra quanto humana, pra atacarem a aldeia. Nei, filha de Tex, foi sequestrada e Tex, junto com Gatlios e um grupo de jovens aventureiros partiram pro Vale da Desgraça para buscá-la."

"O Vale da Desgraça? Não percamos um minuto sequer. Iremos lá buscá-los e dar um fim definitivo nas bruxas. Oh, claro. Quem é aquele?" Duhson avistou Appa.

"Ele é Appa, um dos mascotes dos heróis. Ficou aqui por ser muito grande e..." Mas Eliza's nem conseguiu terminar, sendo que o gigantesco bisão voador pressentiu algo no ar, como se seus amigos corressem perigo. Sem aviso, se afastou das crianças, algumas regressadas ao seu estado gargoyle, e voou na direção do vale além da cidade. "Deve estar indo atrás dos amigos."

"Então, na cola dele. Avante, companheiros. Temos uma terra pra proteger e amigos que necessitam de auxílio." Duhson ergueu sua espada para liderar o caminho, tendo muito outros gargoyles na retaguarda e vários humanos armados com porretes, machados e outras armas os acompanhando para o combate.

Continua...