Capítulo 3 - Colegas de Classe

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Sakura

Ino e eu mantínhamos uma conversa banal enquanto nós caminhávamos pelos arredores do colégio. Eu tentava manter a atenção focada nos seus relatos sobre os últimos acontecimentos de sua vida nesse tempo que estivemos separadas, mas a rota de meus pensamentos desviava-se para o incidente no corredor da diretoria. Especialmente para o garoto moreno de olhos negros vestido com roupas de jogador.

Não comentei para Ino sobre esse pequeno detalhe, até por que, não achei importante. Mas eu não pude deixar de me sentir surpresa comigo mesma por ter ficado dois segundos encantada com aquele garoto.

Ele era bonito demais!

Mas o encanto havia acabado em dez segundos, e eu logo caí em si quando percebi ele aproximando seu rosto do meu, como se eu fosse uma garota fácil. Odiei-me naquela hora por meu coração idiota ter disparado nas batidas e eu ter ficado nervosa e atrapalhada. Mas ele havia me pego de surpresa, certo?

E foi ali, naquele momento que eu saquei, que além de bonito, o garoto do corredor possuía um charme extremamente cafajeste. Era notável o olhar malicioso e o sorriso galante que ele lançava para mim, ele tinha pinta de safado. Sem contar que era folgado o suficiente para colocar apelidinhos idiota em mim como se tivéssemos algum tipo de intimidade. Eu podia sentir o cheiro de confusão que ele exalava, e de confusão eu queria distância.

Aquele garoto era encrenca.

A noite havia caído, e o restinho daquela tarde passou voando. Ino foi atenciosa e paciente o suficiente para me mostrar tudo com muita calma; as salas de aula, a ala de estudos, a biblioteca enorme, o auditório, o salão de teatro, a sala de música, a sala do jornal, o laboratório de química, a sala do grêmio, as duas quadras de esporte, a piscina enorme, a cantina que ficava do lado de fora com cadeiras em volta de mesas redondas, o jardim extenso, o campo de futebol e entre outras coisas.

Eu estava realmente impressionada com o tamanho da escola, era o quadruplo de tamanho da minha antiga. E eu torcia internamente para que o restante do meu ano escolar fosse mais calmo do que começou.

Eu já estava cansada por andar tanto, meus pés doíam dentro dos meus coturnos marrons, mas logo fizemos a nossa última parada no refeitório. Minha barriga roncava, fazia horas que eu havia comido alguma coisa, e faltava alguns minutos para às oito da noite, hora em que o sinal tocaria para o jantar.

O local estava quase vazio, a não ser por alguns alunos sentados naquelas mesas redondas, comendo. Fomos até o balcão e fizemos os nossos pratos e sentamos numa daquelas mesas redondas e começamos a comer.

Conforme o tempo passava o refeitório ficava mais movimentado, pessoas desconhecidas por mim passavam por todos os cantos, preenchendo os lugares vazios, e a maioria me fitavam, curiosos. Eu estava detestando isso, odiava ser o centro das atenções, não tinha experiências boas quando isso acontecia.

- Que cara é essa? - A voz de Ino fez com que eu a fitasse, ela estava sentada de frente para mim.

Remexi-me desconfortável na cadeira e abaixei o meu olhar para o meu prato.

- Esse povo fica me olhando como se eu fosse uma atração bizarra de circo - ergui o olhar para ela. - É agoniante, odeio isso.

Ino riu baixinho, levando um pedaço de batata espetado no garfo a boca.

- Você queria o quê? Entrou na escola faltando poucas semanas para as férias de inverno. E além do mais, não é todo dia que uma garota de cabelos cor-de-rosa entra nessa escola. Você chama muita atenção, sabia?

Suspirei, levando o garfo enrolado de macarrão a boca. Eu tinha que admitir que o molho branco do macarrão estava delicioso.

- Já começo a me arrepender de ter colocado essa cor - murmurei.

- Até que ficou legal, a cor contrastou com a sua pele e destacou os seus olhos. Uma verdadeira garota rosada.

Ergui as sobrancelhas.

- Garota rosada?

- Sim - sorriu, totalmente sabichona. - Não tem as garotas loiras, morenas e ruivas? Você tem cabelos rosa, então é rosada.

- Bem original.

- Acabei de criar - em seguida piscou para mim. - E aí, está ansiosa para amanhã?

- Mais ou menos. Ainda nem tirei as minhas roupas da mala, e você me prometeu que iria me ajudar.

- Eu sempre cumpro as minhas promessas, Amore.

- Sei - dei um gole da minha água.

- Voltando; amanhã irei te apresentar ao pessoal, você vai adorar, e é claro o meu amor, né. - Ela sorriu toda derretida, podia ver os coraçõezinhos saindo de seus olhos. Ino realmente estava apaixonada.

- Se eles forem mais como a Hinata e menos como aquela garota de coques, vai ser tudo bem.

Ino gargalhou, chamando atenção para nós, mas ela estava alheia a esse detalhe.

- Não liga para a Tenten não, àquela lá caiu da cama quando era bebê. Ela só perde nas bizarrices para o Sai. Tirando os dois, o restante do pessoal é "normal". - Ela fez aspas com os dedos e automaticamente meu cenho franziu.

- Quem é Sai? - Perguntei, tentando desviar a rota dos meus pensamentos para os possíveis amigos malucos que Ino havia feito nessa escola.

- Sai é o viado mais viado da face da terra, e a criatura que você não pode viver sem a amizade dele, se não é considerada inimiga.

- Uau.

- Mas diante disso, são tudo gente boa.

- Assim espero - murmurei para mim mesma.

Saímos do refeitório depois que terminamos de comer, eu queria desesperadamente ficar fora da linha visual daquele povo que me olhava como se eu fosse um ser de outro mundo.

Entramos no meu quarto dando de cara com a Hinata sentada em sua cama com um monte de livros e cadernos ao seu redor, estudando.

- Oh, menina estudiosa, não vai jantar não? - Perguntou Ino, caminhando em direção a minha cama.

Hinata ergueu o olhar para nós, seu rosto com todo o contraste redondo devido ao seu cabelo preso num coque alto. Vestia um pijama lilás com estampa de florzinha.

- Estou sem fome, comi muitas besteiras no lanche da tarde.

- Hm. - Ino murmurou, sentando em minha cama.

Os olhos claros de minha colega de quarto focaram agora em mim.

- Gostou do tour pela escola, Sakura?

- Sim. - Sorri, colocando as folhas e a chave do armário em cima da mesinha ao lado da minha cama. - Ino me mostrou tudo...

- Quase tudo - ela me interrompeu.

Revirei os olhos.

- Quase tudo, mas foi o suficiente por hoje. - Peguei a minha mala e coloquei em cima da minha cama, e a abri. - Essa escola é enorme.

Hinata sorriu e voltou sua atenção ao caderno, começando a escrever. Comecei a tirar as minhas roupas da mala para a cama.

- Já sabe em qual grupo você vai ficar? - Ino perguntou, levantando-se da cama e indo ao guarda-roupas e abrindo a parte vazia, tirou os cabides de acrílico e voltando com eles nas mãos.

- Não pensei ainda, aquela lista de grupos é enorme. - Ergui meu olhar para o seu rosto e peguei alguns cabides de sua mão. - Eu tenho quanto tempo para me decidir?

- Sei lá. - Ino deu de ombros e virou sua cabeça para o lado. - Você sabe me dizer quanto tempo a Sakura tem para decidir um grupo, Hinata?

Hinata tirou sua atenção do caderno e fitou Ino.

- Não sei - em seguida mordeu o lábio rapidamente. - Mas acho que quanto mais rápido melhor, estamos no meio do ano e a maioria dos grupos estão fechados.

- Sem problemas, eu vejo isso amanhã então. - Eu disse, levando uns cabides com roupas para a minha parte do guarda-roupas.

- Se você quiser eu posso falar com a Karin e te encaixo no grupo de líderes de torcida.

Virei minha cabeça e fitei Ino, ela sorria.

- Ino, olhe bem para mim e ver se eu tenho cara de que perde tempo pulando com um par de pompom e gritando como uma histérica!?

- Ei, animar torcida não tem nada a ver com histeria. - Suas sobrancelhas loiras franziram. - E por acaso você está insinuando que é idiotice ser líder?

- Eu não disse que é idiotice, eu só disse que eu não gosto disso, não é a minha praia, e você sabe disso mais do que ninguém.

- Vocês duas estão brigando ou é impressão minha? - Perguntou Hinata, com a cabeça tombada para o lado, com uma expressão confusa.

- Relaxa Hina, nós só estamos conversando, né Sakura?

- Com certeza. – Sorri, e pisquei para ela.

Minha amizade com a Ino era sempre assim, nós falávamos alto uma com a outra quase que sempre, e para quem não conhecia como nossa amizade funcionava, pensa que brigamos o tempo todo, mas na verdade tudo não passa de uma brincadeira de melhores amigas.

Hinata apenas franziu levemente suas sobrancelhas.

- Ah.

Naquela hora a porta do quarto foi aberta num rompante e aquela garota de coques apareceu, a tal da Tenten.

- Olha só, você está aí. - Ela olhava para Ino, enquanto fechava a porta e adentrava o quarto com muita intimidade.

- Está me procurando? - Questionou Ino, encabidando as minhas roupas.

- Claro, né - em seguida parou ao lado de Hinata e a abraçou. - Hinatinha meu amor, que saudades.

- Tenten... você está me machucando... - a coitada de Hinata tentava se soltar a todo o custo daquele abraço de urso que Tenten dava nela.

- Ah, desculpa. - Tenten se afastou, sorrindo amarelo e apertou as bochechas dela com as mãos. - Você é muito fofa!

- Tenten...

- Tenten deixa a Hinata em paz. - Ino a repreendeu, e Tenten parou de importunar a garota, focando seu olhar apertado para ela, mas não demorou muito, pois logo eu era o alvo de sua atenção.

- Oi amiga. - O sorriso era quase de partir a cara ao meio, e acenava com a mão para mim.

- Oi. - Eu tentei sorrir, mas o que saiu estava mais para uma careta devido ao excesso de animação exagerada.

- Viu, Hina, temos amiga nova agora.

- Eu já sei, Tenten. - Respondeu Hinata, sua expressão irritada, passando a mão nas bochechas.

- O que vocês estão fazendo? - Tenten perguntou, se aproximando de minha cama bagunçada com coisas minhas, totalmente curiosa.

- Estou ajudando a Sakura a arrumar as coisas dela. - Respondeu Ino, me entregando mais roupas encabidadas para eu colocar no guarda-roupas.

- Que legal, também quero ajudar. - Ela foi logo metendo a mão na minha mala e tirando as minhas outras coisas para fora.

- Obrigada, e acho. - Murmurei meio que aérea aquela espontaneidade de Tenten.

- Adoro mexer nas coisas dos outros, é mais interessante do que as minhas.

- Credo Tenten, você falando assim parece que tem inveja das coisas dos outros. - Disse Ino.

Tenten franziu o cenho.

- Fique você sabendo, Ino, que eu não tenho inveja de ninguém. Eu só gosto de mexer em coisas diferentes.

- Aff. - Ino revirou os olhos. - O que você quer comigo?

A pergunta de Ino pareceu enterrar uma possível discursão, fazendo Tenten abrir mais os olhos e tomar uma expressão afobada.

- Viado, você não sabe o bafão que o Sai me contou que aconteceu aqui hoje na escola.

- Bafo? - Ino parou o que estava fazendo, dando mais atenção para Tenten. - Por acaso é aquele bafo que você foi procurar saber com o Sai naquela hora?

Tenten sorriu.

- Esse mesmo.

- Então conta, criatura, eu acabei esquecendo disso mostrando a escola para a Sakura.

Ino puxou Tenten pela mão, fazendo-a sentar-se ao seu lado na minha cama. Apenas ergui meu olhar para Hinata, observando ela atenta a fofoca da vez.

- O professor Ibiki pegou o Sasuke transando com a Shion dentro do armário do zelador. Chupa essa. - Tenten sorria como se estivesse encontrado a cura para o câncer, depois de ter soltado a bomba.

- O quê? - Ino e Hinata disseram em uníssonos, os olhos arregalados e a expressão surpresa no rosto.

Eu não tinha a mínima ideia de quem era quem ali, não conhecia ninguém, mas pela expressão das meninas, isso estava parecendo que havia acontecido um apocalipse zumbir. Mas colocando em conta, e pelo que eu saiba, ser pego por um professor transando dentro de armários era uma coisa grave e que leva a suspensão ou até mesmo expulsão, ainda mais o KHS que eu havia percebido que era rígido o bastante. Sabia que a minha tia não haveria deixar isso barato.

- A Shion? - Questionou Hinata, ainda surpresa com a revelação.

- Uhum. - Tenten assentiu. - E tudo indica que alguém os dedurou, pois, o professor Ibiki foi direto para o armário com uma cara séria e os pegou no manda ver.

- Estou passada. - Ino fitava um ponto qualquer no chão, estava com a mesma expressão que Hinata. Soltou uma risada debochada. - Shion se fazia de puritana e agora passar por um escândalo desse, que vergonha.

- Puritana não sei de onde - Tenten revirou os olhos -, aquela lá é mais rodada do que pneu de trator. Só tem a cara de santa, por que o resto...

- Como o Sai soube disso tudo? - Ino perguntou, voltando sua atenção para ela.

- Ele estava passando no momento quando o professor abriu o armário, e pegou os dois. - Ela aproximou mais de Ino. - Sai disse que a perna da Shion estava no ombro do Sasuke e ele...

- Para! - Gritou Hinata, tampando os ouvidos com as mãos, o rosto levemente vermelho. - Me poupe os detalhes, por favor!

- Hinata tem razão - disse Ino, fazendo uma careta -, não tenho interesse em saber disso.

Tenten franziu o cenho.

- As bonitas não querem saber os detalhes, mas eu tive que ficar lá escutando a situação detalhada que o Sai me contava sem poder atrapalhar, senão eu não estaria aqui contando para as bonitas. Vocês sabem que o Sai é desses.

- Mas poupe esses detalhes sórdidos, né Tenten, tenha dó. - Ino revirou os olhos.

- Tudo bem. - Ela se deu por vencida. - Mas agora eu daria tudo para saber se a diretora sabe disso, ou não.

- Acho que ela sabe. - Me pronunciei pela primeira vez, lembrando-me da situação de hoje mais cedo

As três me olharam interessadas.

- Ela sabe? - Tenten perguntou.

- Como você sabe disso, Sakura? - Agora foi Ino que perguntou.

- Foi quanto eu estava chegando na escola com a minha tia e a Shizune estava nervosa e falou.

- Espera! - Pediu Tenten com o cenho franzido, apontou o dedo para mim. - Você é a sobrinha da diretora Tsunade?

- Sou.

Seus olhos arregalaram.

- Uau, agora eu estou surpresa, que bafo.

- Eu também estou surpresa. - Disse Hinata.

- Olha, sem ofensas - começou Tenten -, mas a sua tia é assustadora.

- Tenten! - Repreendeu Hinata.

Apenas sorri.

- A minha tia tem aquele jeito de durona, mas ela é bem legal.

- Só se for para você.

- Cala a boca, Tenten. - Reclamou Ino, franzindo as sobrancelhas, em seguida me fitou. - Como foi a reação da Tsunade, Sakura?

- Ela ficou muito irritada, e disse algo sobre "quando pensa ter se livrado de um, fica o outro para atormentá-la", algo assim.

- Ela deve estar se referindo ao Itachi, o irmão mais velho do Sasuke. - Explicou Tenten. - Eu me lembro dele, era pior que o Sasuke... bom, acho que os dois está no mesmo patamar.

- Mas deixando isso de lado, a diretora sabe do ocorrido e eles estão ferrados. - Disse Ino.

- Quando eu estava saindo da sala da minha tia, uma garota loira entrou.

- É a Shion - disse Ino -, eu vi ela subindo as escadas com aquela cara de sonsa.

- Será que a diretora expulsou eles? - Perguntou Hinata.

- Expulsar eu acho que não, até por que o Sasuke é o capitão do time e o jogo é na semana que vem, ela deve ter dado uma suspensão nos dois. - Disse Ino, voltando a encabidar as minhas roupas.

- Mas bem feito para eles e principalmente para o Sasuke, ele está precisando levar um susto para deixar de ser canalha, aquele idiota nojento e estúpido.

- Nossa, quanto rancor. - Comentei, fitando Tenten que estava esculachando o garoto.

- É por que você não conhece a peça, Sakura. - Ela disse. - Sasuke Uchiha é o cara mais galinha e canalha da face da terra.

- O Sasuke pode ter os seus desfeitos, que são muitos, mas ele é bem legal, Tenten. - Hinata se manifestou em defesa do tal Sasuke.

- Legal só se for na sua cabeça, Hina, o Sasuke não vale nada.

- Você o julga só pelos seus defeitos, não revendo as qualidades, isso não é justo, ele é um cara legal.

Tenten se levantou da minha cama e sentou na ponta da cama de Hinata.

- Hinatinha meu amor, pare de ficar defendendo aquele demônio. Sasuke não é flor que se cheire, ele não vale nem uma moeda de três centavos. Ele é um verdadeiro vadio pegador, e só falta isso - ela fez uma pequena abertura entre o dedo polegar e o indicador - para ele pegar as tias da cantina.

- Como você é exagerada, Tenten. - Disse Ino, fazendo a outra voltar sua atenção para si.

- Exagerada nada, eu soube que ele tem um caderno de capa preta que ele coloca todos os nomes das garotas que ele passou o rodo, e as que ele pretende pegar.

- E com certeza o seu nome deve estar na lista de já pegadas, né? - A voz de Ino era totalmente debochada.

- Ino, por que você tem que ser tão narja? Não me lembre disso, é passado. Até hoje eu me arrependo de ter ficado alguma vez com aquele ser.

- Se eu me lembre bem, você que ficava atrás dele. - Retrucou Hinata, para a infelicidade de Tenten.

- Hinatinha você está tão venenosa hoje, sabia? E pare de ficar dando uma de advogada do capeta.

- Eu não estou defendendo ninguém, Tenten, só estou lembrando os fatos.

- Então não me lembre, é uma página da minha vida que eu quero apagar. - Disse Tenten. - Você devia prestar atenção no Naruto, pois soube que ele também possuía um caderno preto.

- O currículo desse tal Sasuke é enorme. - Comentei, agachada de frente o criado-mudo, arrumando.

- Você não viu nada ainda, Sakura. - Comentou Ino e Tenten continuou:

- E fique esperta, Sakura, você é novata e bonita, não vai demorar para que o Sasuke caia matando em cima de você. E um concelho - ela levantou um dedo -, não ceda para ele. Ele vai tentar de todas as formas te seduzir com aquele olhar quarenta e três, e aquele sorriso colgate luminus white de molhar calcinha, e aquele cheiro de perfume de macho no cio. - Ela ficou a minha frente e colocou as duas mãos no meu ombro e fitou os meus olhos. - E mesmo o seu interior pedindo para você ceder aos encantos de sereio dele, você tem que ser forte. E não dê o seu condenado.

- Condenado? - Não foi só a minha voz que soou confusa, mas o de Ino ao mesmo tempo que a minha, perguntando o que diabos era condenado.

Tenten se afastou, sentando no chão, ao meu lado.

- A piriquita gente. É só isso que o Sasuke quer das garotas, só a piriquita e nada mais.

- Tenten, sério, você se superou nesse seu vocabulário. Você é ridícula.

- Oxi, Ino, vai te catar. Eu estou dando concelhos para a minha best Sakura para não ter o nome dela no caderno preto. E, além, do mais, esse era o termo que a minha mãe dizia para mim "Tenten tenha juízo e não dê o seu condenado antes do tempo, por que você é mocinha de família".

- Mocinha é Hinata, coloco minha mão no fogo por ela. Já você...

- Eu o que, Ino? - Questionou Tenten, agora ficando de pé com as mãos na cintura.

- Nada. - Ino deu de ombros.

- Começou agora termina.

- Tudo bem, sei que você pagou cem pratas para o Sai tirar a sua virgindade, para quando transar com o Sasuke ser com muito prazer.

Arregalei meus olhos e fitei Tenten, ela estava com uma expressão surpresa com a revelação de Ino. Meu Deus, até eu estava surpresa. Quem seria louco o suficiente em pagar alguém para tirar a própria virgindade, que é uma coisa tão íntima e importante para uma garota? Essa garota é piradona.

- Quem te falou isso, Ino? De onde você tirou esse absurdo?

- Ninguém me falou nada, eu mesma escutei você e o Sai discutindo isso perto das arquibancadas. E, aliás, vocês dois não são nada discretos e fala alto pra caramba, e não duvido nada se a escola toda esteja sabendo.

- Você é uma cobra, Ino - acusou Tenten. - Uma narja, uma serpente jararaca.

- Espera, esse Sai não é gay? - Perguntei, lembrando-me de que Ino havia me dito que esse Sai era o gay mais gay.

- Sim.

Tentei formular uma lógica cabível para aquela doideira toda e dizer algo, mas preferi ficar quieta.

- Naruto nunca me disse algo sobre esse caderno preto. - Comentou Hinata baixinho, fitando algo na cama, alheia a conversa estranha que rolava naquele quarto. Em seguida ergueu a cabeça. - Você não está inventando isso não, né Tenten?

- Inventando o quê?

- Sobre Naruto ter um caderno desses.

- É claro que eu não estou inventando. Esqueceu que o seu Narutinho era da mesma laia que o Sasuke?

Hinata franziu o cenho.

- Mas de qualquer forma, a Sakura sabe lidar com esse tipo de cara. - Disse Ino em minha defesa, ela me conhecia bem.

- Bom, se a Sakura se garante, e se considera blindada contra Sasukisse, tudo bem. - Ela levantou o dedo, me olhando. - Mas lembre-se, não dê o seu condenado para ele.

. . .

O som chato do despertador soava alto, me fazendo sair do mundo dos sonhos. Remexi-me entre os lençóis quentinhos, pedindo internamente para que alguém acabasse com aquele som irritante, mas para a minha felicidade, acabou.

Voltei a dormir, escutando alguns sons baixos de passos pelo quarto, mas não dei importância. Não sei quanto tempo passou, mas acordei novamente com a voz de Hinata:

- Sakura, acorda, senão você vai acabar se atrasando e perdendo a hora do café.

- Hm - remexi-me na cama e abri os olhos lentamente, vi Hinata enrolada na toalha, de frente para o guarda-roupas. - Que horas são?

- Seis e meia.

Resolvi deixar a preguiça de lado e me levantei daquela cama preguiçosa e comecei a agir, antes que me atrasasse no meu primeiro dia de aula numa terça-feira e no meio do ano.

Fui para o banheiro, e fiz a minha higiene matinal, tirei minhas roupas e entrei no box. A água quente levava embora o sono e a preguiça que eu sentia.

Alguns minutos depois saí do box e me enrolei na toalha. Entrei no quarto encontrando Hinata já vestida com o uniforme. Ela sorriu para mim antes de voltar para o banheiro.

Vesti minha lingerie, e depois o uniforme, a saia plissada preta, a camisa branca de botões e um emblema da escola colado no bolso que localizava no peito direito, o lenço preto no pescoço e o blazer. Sentei-me na cama para calçar as meias 3/4 e os sapatos preto de boneca.

O barulho do secador que vinha do banheiro soou pelo quarto, enquanto eu penteava os meus cabelos. Fiz uma maquiagem básica como; rímel, lápis e batom marrom. Eu já estava pronta.

Hinata entrou no quarto com o cabelo arrumado.

- Dormiu bem? - Ela perguntou.

- Como uma pedra.

- Meninas, cheguei! - A voz da Ino soou de repente, abrindo a porta do nosso quarto e entrando, já arrumada com o seu uniforme.

- Bom dia, Ino.

- Nossa, estás muy bonita. - Ela sorriu para mim. - Como se sente usando uniforme de escola pela primeira vez na sua vida?

- Um pinguim.

Ela gargalhou e Hinata me olhou.

- Você nunca usou uniforme de escola, Sakura?

Balancei minha cabeça para os lados, negando.

- Não, na minha outra escola os alunos iam com roupas normais.

- Ah.

- Meninas, andam logo por que eu estou morrendo de fome.

- Não comeu ontem não, Ino? - Perguntei, arrumando a minha mochila.

- Comi, mas ando com muita fome esses dias, acho que deve ser a minha menstruação que está para vir.

- Cadê a Tenten? - Perguntou Hinata.

- Se arrumando, ela acabou de acordar.

- Hm.

Terminei de arrumar a minha mochila e deixei no quarto e saí junto com Ino e Hinata.

Diferente de ontem, a escola estava bem movimentada, os alunos zapeavam pelos corredores, e o falatório era grande.

Entramos no refeitório cheio e fomos enfrentar uma fila enorme. Quase dez minutos depois conseguimos fazer o nosso pedido e fomos para uma pequena mesa redonda de cinco lugares que ficava no canto afastado, e nos sentamos.

E novamente eu era o alvo das atenções.

- Isso aqui está parecendo o primeiro dia de aula. - Comentou Hinata.

- Não vejo a hora dessa semana passar para que eu deixe de ser o assunto do momento. - Falei, dando minha atenção para o meu suco de manga e o meu sanduíche de frango.

- Espere umas cinco semanas para poder respirar melhor.

Ergui meu olhar para Ino, e Hinata riu baixinho.

- Isso é brincadeira, né?

- Não Sakura, o que a Ino disse é a mais pura verdade.

- Eu mesma quando vim para cá, eles ficaram falando de mim por um mês inteiro. - Disse Ino.

- Nossa - resmunguei.

- Não liga para eles não, Sakura, o que entrar por um ouvido, faça sair pelo outro.

- Obrigada, Hinata - sorri, ela era realmente muito fofa.

- Olá minhas best friend! - A voz escandalosa de Tenten soou alta, chamando mais atenção para a nossa mesa. Ela sentou-se ao lado de Hinata, depositando a bandeja em cima da mesa.

Com ela estava um garoto alto e branquelo. Os olhos eram pretos e os cabelos também, que estavam partidos para o lado, a franja com as pontas platinadas. Era bonitinho.

- Bom dia, Sai. - Cumprimentou Ino.

Ele depositou a bandeja na mesa e sentou-se ao meu lado.

- Bom dia - em seguida ele me olhou, e depois fitou as meninas. - Quanta falta de educação não me apresentar a garota nova.

- Calma, Sai, você acabou de chegar. - Disse Hinata.

- E vão esperar para me apresentar quando eu sair? - Ele a fitou com uma cara extremamente sebosa.

- Ei, não precisa ficar zangado, eu sou a Sakura. - Eu disse, tentando apaziguar uma possível confusão.

Ele me olhou.

- Eu sei, Sakura Haruno, a sobrinha da diretora.

- Como você sabe quem ela é? - Tenten perguntou.

- Filha, a população masculina desse colégio está toda no cio, e só fala da garota "gostosa" do cabelo cor-de-rosa. - Ele respondeu, fazendo aspas no gostosa.

- Ah.

- E, aliás, raxa - ele me fitou -, amei o seu cabelo, um arraaaaso.

- Obrigada - sorri comprimido.

- Sakura - chamou Ino -, este é o Sai.

- O nosso amore - completou Tenten, agarrando seu braço.

- Sai para lá desgraça, fica me agarrando como se eu fosse um pedaço de carne.

- Credo Sai, você é muito cruel. - Resmungou Tenten se afastando dele e fazendo biquinho.

- Chega né gente, vocês vão acabar assustando a Sakura, finjam que são pessoas normais pelo menos.

- Eu sou complemente normal, Ino. - Disse Sai revirando os olhos e começando a comer.

Ri baixinho, não tinha como não achar graça naquela doideira toda.

Depois de tomarmos o café, saímos do refeitório, deixando Tenten e Sai para trás e fomos para os dormitórios pegar as nossas mochilas. Não demorou para descemos as escadas do dormitório enquanto conversávamos banalidades. Mas fomos abordadas por Shizune vindo em nossa direção.

- Bom dia meninas.

- Bom dia - a respondemos em uníssonos.

Em seguida a atenção de Shizune focou em mim.

- Sakura você poderia me acompanhar até a secretaria para pegar uma declaração de transferência para apresentar aos professores? Eu me esqueci de te dar ontem.

- Ah, claro - sorri.

- Nós vamos com você, Sakura. - Disse Ino, e Shizune a fitou.

- Negativo, as duas para a sala, o sinal já vai tocar. Vamos, Sakura.

- Nos vemos na sala - disse Hinata.

Apenas assenti e segui Shizune em direção contrária que as meninas. Não demorou para chegarmos na secretaria e pegar um cartãozinho de apresentação. O sinal já havia tocado, e eu já tinha ideia de que iria chegar atrasada.

Droga!

Shizune me acompanhou até a minha sala, os corredores estavam vazios e paramos em frente à porta de madeira com um quadrado de vidro e uma plaquinha de metal escrito: 3° Ano.

Eu podia ver pelo vidro da porta o professor em pé, de frente para a turma, falando. Eu não pude evitar aquele frio no estômago e o nervosismo tomando conta. Odiava primeiros dias de aula.

Shizune bateu na porta, e em seguida abriu.

- Com licença professor Kakashi, mas só vim trazer uma aluna nova.

- Pois não, Shizune, mande-a entrar.

Shizune deu espaço para mim, e caminhei passando por ela, mantendo meu olhar somente para frente, segurando firme a alça de minha mochila.

Escutei a porta sendo fechada e a voz do professor de cabelos prateados soou:

- Aluna nova, já me informaram sobre a senhorita. - Ele disse, seus olhos pretos e pequenos, me fitando. - Apresente-se por favor.

Suspirei fundo e virei meu corpo para a turma, erguendo minha cabeça para cima, fitando os alunos sentados em duplas, todos olhando para mim. Localizei Ino que sentava ao lado de Hinata, elas sorriam para mim.

- Eu me chamo Sakura Haruno, sou de Osaka e estou animada em terminar o ano letivo em KHS.

- Então senhorita Haruno - começou o professor, me fazendo olhá-lo -, sou Kakashi Hatake, professor de física e seja bem-vinda a nossa instituição.

- Obrigada - abri um sorriso comprimido.

- Pode se sentar naquela cadeira vazia ali. - Ele apontou para o lugar vago no final da fileira que ficava na janela, e pelo incrível que parece, era ao lado do garoto do corredor.

Como o mundo era pequeno.

Antes de ir para o meu novo lugar, entreguei o cartãozinho de transferência para o professor e caminhei para o meu lugar. Sentei-me na cadeira, ignorando o olhar do garoto que me encarava.

O professor começou a escrever a matéria no quadro, tirei meu caderno e as canetas para fora.

- Acho que o destino está querendo nos unir - a voz do garoto soou baixa, quebrando o silêncio que fazia naquela sala.

- Essa é a cantada mais escrota que eu já ouvi. - Respondi também baixinho, sem o olhar, abrindo meu caderno e começando escrever a lição.

Escutei ele soltar uma pequena risada anasalada.

- Eu posso pensar numa cantada melhor se você quiser.

- Dispenso.

- Sabia que é feio falar sem olhar para a pessoa?

Fechei os meus olhos por um segundo, parando a esfera de tinta da caneta no papel. Aquele garoto estava começando a me irritar com aquele papo furado que eu detesto.

- Estou tentando estudar e você está me atrapalhando.

- Só estou tentando ser simpático - ele retrucou.

- Você está sendo chato, isso sim.

- Você é uma flor de cerejeira muito nervosa, sabia?

Parei de escrever e virei minha cabeça para ele e o fitei. Seus olhos negros me fitavam, e uma de suas sobrancelhas estava arqueada enquanto os seus lábios estavam levemente franzidos, reprimindo um sorriso que estava querendo escapar.

- Eu tenho nome, sabia?

- Você pode falar para mim?

Meu cenho franziu, e engoli um xigamento que eu queria dizer a ele. Garoto petulante.

- Você já sabe, pare de se fazer de idiota.

Agora ele sorriu, um sorriso lindo demais para o meu gosto, aproximou seu rosto para perto do meu, me fazendo automaticamente inclinar meu corpo para trás.

Mas o que...

- Mas eu quero ouvir o seu nome saindo de sua boca novamente, só para mim.

Meus olhos arregalaram e novamente meu coração acelerou quando eu sentia o cheiro amadeirado de seu perfume.

- Você está ultrapassando o meu espaço pessoal - empurrei seu corpo para trás com a minha mão esquerda. - Dá para você me dar licença, ou quer que eu reclame de você com o professor?

- Opa - ele se ajeitou em seu lugar -, também não é para tanto.

- Então me deixe em paz. - Ralhei com a voz saindo entredentes, meus olhos apertados e a boca franzida.

- A conversa aí atrás está boa, não é? - A voz do professor soou alta, olhando para o fundão, apenas abaixei minha cabeça rapidamente e amaldiçoei internamente aquele garoto. - Se quiserem conversar, conversem lá fora.

Como ninguém não disse nada e a sala estava em silêncio, o professor voltou sua atenção para o quadro.

- Viu só o que você fez? - Ralhei baixinho, o fitando de rabo de olho.

- Relaxa flor, ele não viu a gente.

Não o respondi, e resolvi ignorá-lo, e foi assim as aulas toda até o sinal do intervalo tocar.

Ajuntei as minhas coisas rapidamente na mochila e peguei o dinheiro do lanche e saí da sala com passos rápidos, sem olhar para trás.

- Sakura, espera! - A voz de Ino soou alta, me fazendo parar bruscamente, fazendo com que ela me alcançasse. - Você saiu da sala como uma bala, nem me esperou.

- Aquele garoto conseguiu me irritar, quanto mais longe dele melhor. - Disse voltando a caminhar, com Ino me seguindo agora.

- Acho que foi meio que azar você se sentar ao lado do Sasuke.

Parei de andar e olhei para Ino, surpresa.

- Aquele garoto é o tal Sasuke pegador que vocês estavam falando ontem?

Ela sorriu, debochada.

- O próprio.

Bufei, inconformada por eu ser abençoada com dom do azar.

- Parece que eu vou ter que aturá-lo daqui para frente. - Murmurei, voltando a andar.

- E parece que você está na mira de caça dele, olha que legal? - Ela riu, achando graça da minha situação lamentável.

- Bela amiga você é. - Disse, meu tom saindo zangado.

- Só estou brincando.

- Hm - franzi os lábios. - Ele que não se meta comigo.

Eu nunca errava uma teoria, e eu sabia que desde a primeira vez que eu o vi, eu percebi que ele era encrenca. E agora eu tinha que ter cautela, pois eu estava na mira de ataque de Sasuke, ou como eu o conhecia antes de saber quem ele era, o garoto do corredor.