Capítulo 5 - Atormentando

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Sakura

Na quarta-feira eu havia acordado um pouco mais cedo, assim como Hinata, e juntas fomos para o refeitório tomar nosso café e evitar a superlotação em filas se esperássemos para depois. Nós mantenhamos um diálogo bem legal, era fácil conversar com ela, e pouco difícil de encontrá-la depois que o sinal do término das aulas tocava, ela sumia. Ino disse que ela ia todos os dias para a biblioteca estudar para as olimpíadas de matemática que estava se aproximando. E por falar em olimpíadas, soube também que em poucos dias teria o campeonato da intercolegial de futebol, e pelo incrível que pareça, Sasuke era o capitão.

E por falar no diabo, esse parecia ter sido mandado, um tipo de punição que caiu na minha vida para me fazer pagar por meus pecados. Um verdadeiro tormento. Não sei qual era dele de ter cismado comigo, ele mal me conhece para sair por aí dando-me cantadas escrotas como se tivéssemos algum tipo de intimidade ou como se eu desse trela. A única coisa que eu queria para minha vida agora era esse tipo de atenção de um garoto. Eu tinha problemas demais na minha vida para querer um bônus extra. Mas para o meu alívio repentino ele não me perturbou depois de nossa "troca" de palavras... quer dizer, depois de eu o mandar pro inferno.

Não vi Ino e muito menos Tenten no refeitório, e depois de termos tomado nosso café, Hinata e eu optamos por ir para sala, não sem antes de passarmos no quarto para pegarmos nossas mochilas. A sala de aula estava praticamente vazia quando entramos, se não fosse pelas quatro pessoas sentadas espalhadas e um garoto gordinho desenhando algo no quadro.

Fui direto para o meu canto, observando o lado esquerdo da mesa vazio, agradeci internamente aqueles minutinhos de paz. Hinata deixou suas coisas umas duas cadeiras a frente da fileira do meio aonde sentava junto com Ino, e depois veio até mim, sentando-se na ponta da minha parte da mesa. Debatemos dos possíveis grupos que eu poderia entrar, depois de comentar minha dificuldade de encontrar algum que me identificasse. Ela até sugeriu eu tentar entrar no grêmio estudantil na qual seu irmão gêmeo era o presidente, mas logo descartei por não ser boa para isso e muito menos ter paciência de resolver problemas de alunos. E assim resolvemos mudar de assunto.

A cada minuto chegava alunos e a sala começava a encher, e não tardou para que ouvíssemos a voz escandalosa de Tenten que acabara de chegar, com um sorriso enorme no rosto:

- Cheguei nessa porra! – Ela caminhava praticamente sambando até o seu lugar do outro lado da sala. Jogou sua mochila na mesa e veio até nós enquanto desembrulhava uma bala e colocava na boca. – Ué, deu formiga no colchão de vocês, foi?

- Bom dia, Tenten – cumprimentei, e ela apenas piscou para mim.

- Apenas acordamos cedo – respondeu Hinata.

- Hm – ela disse. - Eu não vejo a hora do final de semana chegar para me ver livre dessa escola.

- Cadê a Ino? – Perguntei a ela.

- Ela estava vindo comigo, mas acabou encontrando o boy dela e ficou para trás.

- Ah.

Tenten voltou sua atenção para frente, agora observando o garoto gordinho desenhando uma coisa não identificada e em seguida foi até ele.

- Que droga você está desenhando aí, Chouji? – Ela perguntou parando ao seu lado.

- Tenten é tão doida – murmurou Hinata para depois suspirar.

- Ela é sempre assim?

Hinata me fitou.

- Ela é pior.

Acabamos por rir juntas, observando ela brigando com o garoto gordinho que descobrir se chamar Chouji. Voltamos novamente ao assunto do campeonato de matemática e o quanto ela estava tensa por causa da escola ser uma das mais prestigiosas.

Ino finalmente atravessou o portal e sorriu assim que nos viu.

- Bom dia, minhas flores – disse enquanto caminhava para seu lugar, deixando suas coisas ao lado das coisas de Hinata e vindo aonde nós estávamos.

- Bom dia, Ino.

- Bom dia, porquinha – sorri, a provocando.

Ino apertou os olhos para mim, franzido a boca.

- Sem gracinhas, dona Sakura.

Apenas pisquei para ela como resposta.

- É aí, o que as princesas estão fofocando? - Ela sentou-se na parte da mesa que pertencia a Sasuke e Hinata virou seu corpo para ficar de frente para ela.

- Estávamos falando sobre a maratona de matemática - respondeu Hinata.

- Ela está nervosa - completei.

- Não sei por que, você é bem inteligente, com certeza vai trazer aquele troféu para escola como fez ano passado. - Respondeu Ino, com uma certeza de dar inveja.

- Mas acontece, Ino, que esse ano iremos competir com a Ousai Academy, e essa é a melhor escola de Tóquio. Ouvi dizer que eles têm uma sala só de troféus que ganharam com as olimpíadas. Estou com medo de errar e ser um estorvo para todos.

Ino pós a mão em seu ombro.

- Hinata, você é uma das alunas mais inteligente da escola, nós confiamos em sua potencialidade. E não estou falando isso por que sou sua amiga, falo por que sei que você consegue.

- Ino...

- A Ino tem razão - disse, forçando ainda mais àquela onda de positividade, atraindo os olhos de Hinata para mim. - E ela não diz da boca para fora, como você deve saber, essa loira é bem sincera.

Ino sorriu para mim.

Hinata suspirou, e sorriu cansada.

- Obrigada meninas, eu me sinto bem melhor agora.

- Estamos com você, pequeno cupcake de morango.

Hinata franziu o cenho.

- Cupcake?

- Sim. Você é um doce como um cupcake.

- De morango – terminei, apontando o dedo para ela.

Hinata soltou pequena e risadinhas.

- Vocês duas são demais.

Eu e Ino apenas nos entreolhamos e rimos.

- Chouji isso aqui que é uma bunda de verdade, não essa porcaria que você está fazendo!

Nós três olhamos para frente aonde Tenten apontava para seu desenho de uma bunda bem grande que acabava de fazer.

- Para de gritar sua louca! - Disse o tal de Chouji, colocando as mãos nos ouvidos, fazendo pouco caso do desenho dela.

- Alguém já deu os remédios da Tenten? - Perguntou Hinata.

– Essa daí nem tarja preta resolve mais. - Respondeu Ino. - Não sei porque ainda não enlouqueci dividindo o mesmo teto que ela.

Eu apenas ri baixinho, balançando a cabeça para os lados. Aquela Tenten era mesmo pirada.

Engajamos em outro assunto qualquer, enquanto eu pegava meu celular da mochila e rindo do mico que o namorado de Hinata havia pagado quando foi visitar os pais dela. Ergui minha cabeça para olhar Hinata enquanto ainda ria, e eu pude ver um trio de garotas entrando na sala, uma de cabelos pretos, outra loira e a do meio ruiva. Depois de uma terça-feira conturbada como primeiro dia de aula para mim, só hoje eu prestava atenção nos meus colegas.

A garota ruiva se aproximava da nossa mesa, seus olhos castanhos avermelhados por trás dos óculos com armação vermelha estavam com a atenção em nós, quer dizer, em mim. A saia do seu uniforme era um pouco mais curta do que o padrão, deixando mais amostra as suas pernas longas. A blusa branca estava por cima da saia com os três primeiros botões aberto, o lenço sem o broche estava solto nos ombros. Ela era bonita e bem alta, e o seu cabelo de tonalidade vermelha só a deixava com o ar mais soberana.

- Ino – sua voz soou fria, desviando os olhos de mim para minha amiga.

Ino uniu as sobrancelhas, o sorriso morrendo aos poucos de sua boca.

- O que foi Karin? Aconteceu alguma coisa?

- Hoje tem treino depois das aulas.

- Tá.

Os olhos da tal Karin desviaram novamente para mim, ela parecia arrogante enquanto me fitava.

- Você é a Sakura, né?

Eu conhecia aquele tom, e era o tom com aquela pitada de deboche que eu detestava. Odiava quando alguém fazia aquele tipo de pergunta, fingindo não saber quem era a pessoa. Eu sabia que ela sabia quem eu era, pois havia me apresentado para a turma na aula de física, e agora ela estava tentando bancar a superior para cima de mim. Dizem que a primeira impressão é a que fica, então, minha primeira impressão dessa Karin foi a pior. Não gostei dela.

- Sou – respondi, apertando levemente meus olhos, segurando a minha bola para não soar debochado e acabar em confusão. E confusão era a última coisa que eu queria arrumar aqui.

Ela curvou o canto de sua boca minimamente para cima.

- É bom saber – disse, dando as costas e voltado para frente, se sentando numa das carteiras no meio.

Soltei uma risada irônica e fitei Ino.

- Não entendi agora? Qual é dessa garota?

- Você está sentada aqui – respondeu Ino como se fosse óbvio.

Arqueei as sobrancelhas.

- O que isso tem haver?

- A Karin e o Sasuke tem um rolo, nada sério, e o fato de você está sentada ao lado dele, creio eu que ela está tentando marcar território.

Coloquei o celular na mesa e fitei Ino, agora incrédula.

- Tá de sacanagem? – Era só o que me faltava. – Agora além de aturar aquele idiota eu tenho que aturar a ficante ciumenta dele?

- A Karin não banca a ciumenta, ela só gosta de mostrar quem é que manda.

Bufei, ignorando o comentário de Ino. Peguei meu celular novamente e fui abrir o Instagram.

- Não liga para ela não, Sakura – Hinata se pronunciou.

- O que a quenga da Karin queria aqui? – Perguntou Tenten com a voz mais baixa que o normal, aparecendo a nossa frente.

- Ela veio informar que hoje tem treino depois da aula – respondeu Ino.

- E precisava ela vir aqui?

- Ela quis marcar território com a Sakura, já que ela está sentada ao lado do Sasuke – respondeu Hinata.

Tenten ergueu as sobrancelhas, fazendo uma careta.

- Que merda, então temos que dar um relatório completo para Sakura.

- Que relatório? – Perguntei.

- O relatório dessa vaca.

- Hm.

- Então vamos lá – começou Ino, se aproximando mais de mim, sua voz saindo baixinha. – Karin Uzumaki, capitã das líderes de torcida.

- Prima de segundo grau do meu namorado Naruto – completou Hinata.

- A parte podre da família, você quis dizer, né Hinatinha? – Disse Tenten a fitando por breves segundos antes de focar em mim novamente. – Insuportável, vadia, e mais conhecida como O Estepe do Sasuke.

Ino fez barulho com a boca enquanto prendia uma risada.

- Uau. Tenten acho que você pegou estado agora. Estepe?

- E não é, Ino? – Tenten a fitava como se fosse óbvio. – O Sasuke só pega ela quando não tem mais ninguém para pegar, e coloca ela para escanteio quando acha algo novo para se divertir. – E me fitou em seguida. – E você minha querida amiga, é o novo brinquedinho desse sereio.

- Eu não sou nenhum objeto para ser considerada um brinquedo – rebati, franzindo o cenho.

- Então vai dizer isso para ele.

- Pode ter certeza que a Sakura vai fazer ele cair na real – respondeu Ino em minha defesa.

- Isso aqui é o clube da Luluzinha? – A voz do Naruto soou enquanto ele aparecia e beijava Hinata no rosto.

- Só confidências de garotas – respondeu Ino, sorrindo para seu namorado que havia chegado junto de Naruto.

- E posso saber o que é? – Perguntou Gaara.

Ino saltou da mesa, ficando a sua frente e enlaçando o pescoço dele com seus braços.

- Isso é um segredo – em seguida beijou seus lábios.

Apenas desviei meus olhos para o celular, prestando atenção nas conversas.

- Eca, quanto mel – reclamou Tenten.

- Então vá para outro lugar – respondeu Ino.

- Você viu o Sai, Naruto?

- Ali ele vindo com o Neji. – Ele apontou em direção a porta.

- O que ele pensa que está fazendo perto do meu homem? – Sua voz saiu afobada enquanto suas mãos estavam na cintura, o corpo todo virado para frente.

- Que eu saiba, você e meu irmão não tem nada.

Ergui meus olhos ao mesmo tempo que Tenten virava para Hinata com uma determinação absurda em seus olhos.

- Ainda, cunhada, ainda – disse. – Vou acabar com essa putaria agora – e marchou para frente.

- Louca – resmungou Gaara.

Sasuke apareceu e atrás dele um homem que deduzi ser o professor. Voltei minha atenção novamente para meu celular, pedindo internamente para aquele tormento me deixasse em paz hoje.

- Fala aí Sasuke, tá atrasado – disse Gaara, se afastando da minha mesa junto com Ino e os outros, para em seguida ouvir o som das palmas das mãos se batendo em cumprimento.

- Fala, Brow – ele respondeu, se aproximando e sentando na sua cadeira ao meu lado, jogando a mochila em cima da mesa.

- Todos em seus lugares – disse o professor, sentando-se na sua cadeira lá na frente.

- Bom dia, flor de cerejeira – meu tormento começou, sua voz soando rouca e baixa, perto o bastante para sentir seu cheiro amadeirado.

Apenas ignorei seu olhar queimando minha pele e o fato do meu coração idiota ter descompassado nas batidas com aquela aproximação. Guardei meu celular e tirei minhas coisas da mochila, assim como o cartão de transferência. Me levantei da cadeira e fui até a mesa do professor, ignorando também alguns olhares em mim, e de uma certa ruiva esnobe também.

O professor ergueu sua atenção para mim.

- Você deve ser a aluna nova.

- Sou Sakura Haruno, e vim trazer o cartão – estendi o cartão branco e retangular para ele.

- Ah, sim – e pegou de minhas mãos. – Seja bem-vinda, Sakura. Eu sou Asuma Sarutobi, professor de história.

- Obrigada.

- Agora sente-se que no final da aula entrego seu cartão.

Apenas assenti com a cabeça, concordando e fui para o meu lugar, fingindo não ver o olhar de Sasuke em mim.

- Não vai falar comigo? – Ele insistiu e eu não disse nada. Estava disposta a ignorá-lo de agora em diante para ver se ele se mancava, e percebesse que eu não estava para brincadeiras com ele.

- Alunos, abram o livro na página 123 – a voz do professor de história soou, enquanto ele se punha de pé e ia para o meio da sala.

Aquilo foi a deixa para que Sasuke me deixasse em paz, por hora, acho que ele deveria ter se mancado. No final da aula de história, o professor entregou meu cartão de transferência e em seguida fez seu comunicado:

- Bom, alunos, vou passar um trabalho para ser entregue na sexta-feira da semana que vem. Vocês têm uma semana e meia para fazer com mais calma, e vai ser como uma revisão para a prova que está por vir. – Os alunos começaram a reclamar e o falatório começou. – Silêncio. O trabalho é em dupla, excepcionalmente seu colega ao lado.

O quê? Eu vou fazer dupla com Sasuke? Isso só pode ser pegadinha.

- Admita – disse Sasuke -, o destino está conspirando ao nosso favor, flor.

- Conspirando uma ova. - Dessa vez era impossível o ignorar, virei meu rosto e o fitei com aquele sorriso cafajeste colado na cara. – Isso está mais para um pesadelo.

Ele ergueu as sobrancelhas.

- É tão ruim assim fazer um trabalho comigo?

- Sim, pelo fato de você ser insuportável.

Ficamos alguns segundos nos encarando, me fazendo esquecer que estávamos na sala de aula.

- O casal aí atrás pode ficar quieto e prestar atenção na explicação do trabalho? – A voz censurada do professor Asuma chamou nossa atenção, me fazendo olhar para frente, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas. – O tema é A Crise do Capitalismo, valendo quatro pontos.

. . .

Mais tarde naquele dia eu estava sozinha na lanchonete que ficava do outro lado da escola, fazendo um lanche da tarde. Ino e Tenten estavam no treino das líderes e Hinata sumida na biblioteca, só me restando como companhia a folha de grupos que analisava pela octogésima vez algum que eu conseguisse me encaixar.

- Olá Pink Hair – disse Sai aparecendo de repente com suas roupas normais, puxando a cadeira e sentando-se a minha frente.

Abri um sorriso que parecia mais como uma careta.

- Ahn, não dá para vocês do colégio parar de me colocar apelidinhos!?

Ele se debruçou para frente colocando seu copo de suco para o lado.

- Fofa, você tem cabelos cor-de-rosa, o que posso dizer? – E piscou. – Estou pensando em trocar a cor das minhas mechas de platinados para uma rosa pink. O que você acha?

- Você vai ficar... fofa – sorri, tentando imaginar Sai com mechas cor-de-rosa.

- Eu sei, raxa – e sorriu todo convencido, colocando a boca no canudo de seu suco, dando um gole. – O que está fazendo sozinha aqui?

Ergui a folha de grupos para ele.

- Estou tentando ver qual grupo eu me encaixo.

- Hm. E encontrou algum?

- Infelizmente não – suspirei, pegando um biscoito recheado e pondo na boca, ofereci o pacote para ele – Quer?

Ele não hesitou em pegar o pacote de biscoito.

- O Shino da nossa sala faz trabalho na rádio da escola e soube que estão precisando de gente para cobrir algumas horas.

- A rádio?

- É – e pôs um biscoito na boca, devolvendo o pacote para mim. – A rádio Konoha – ele apontou o dedo para cima. – Está ouvindo essa música?

Prestei atenção na música, era Katy Perry.

- Estou.

- É a rádio da escola, fofa.

- Nossa, eu não sabia – estava pouco surpresa. – Pensei que fosse uma outra rádio qualquer.

- Não. A rádio faz um monte de coisas, reporta notícias, faz sorteios, fala com o ouvinte pelo telefone, dá recados, essas coisas. Acho que você vai gostar, eu mesmo já fiz parte do grupo só que não deu muito certo.

- Por quê?

- Vamos dizer que eles não suportaram todo o meu brilho e glamour, e eu fui obrigado a sair e acabei entrando na banda da escola.

- Ah – e fitei a folha, procurando o grupo de rádio. Era a vigésima sexta da lista. – Acho que vou tentar.

Sai sorriu.

- Vai sim, raxa. – Pegou outro biscoito do meu pacote. – Agora mudando de assunto, me conte o motivo que fez o bofe escândalo do Sasuke ficar na tua cola que nem cachorro no cio?

Eu apenas revirei os olhos, e suspirei.

- Vocês falam do Sasuke como se ele fosse um Deus, mas no final ele não passa de um babaca convencido.

- Você está brincando? Sasuke Uchiha é o sonho de consumo erótico de toda mulher ou LGBT dessa face da terra. Ele parece que foi esculpido por anjos. Se ele gostasse da mesma fruta que eu, não pensaria duas vezes em me jogar em cima dele e nadar naquelas ondas de músculos de sua barriga.

Eu tentei, juro que tentei, mas não consegui aguentar prender a risada e acabei caindo na gargalhada.

- Sai você é hilário.

Sai apenas ergueu o canto de sua boca para cima, totalmente convencido.

- E eu estou errado? Você que é uma sortuda, além de bonita tem um bofe daqueles na sua cola. Mas se caso for tentar cair de boca nos gominhos da barriga dele, vai ter que tomar um pouco de cuidado, pois além de lindo e tesudo, Sasuke não é flor que se cheire.

Parei de rir e olhei para Sai com mais convicção.

- Eu não quero nada com ele.

- Então diga para ele com todas as letras, pois o bofe não entendeu ainda.

Sorri, me levantando da cadeira.

- Agradeço pelo conselho.

- De nada, se quiser mais, sou todo ouvidos.

- Obrigada. Agora vou ver se consigo entrar na rádio.

- Vai sim, fica entre a sala do jornal e a sala de teatro.

- Valeu – sorri mais e fui embora.

. . .

Depois de me perder umas duas vezes pelo colégio e pedir informação a uma menina do oitavo ano eu finalmente consegui achar a sala da rádio. Era uma sala pequena com vários equipamentos como eu podia ver pela parede de vidro o garoto de cabelos espetados usando óculos escuros sentado numa cadeira giratória. Dei umas batidas com os dedos e consegui chamar sua atenção para mim que logo se levantou e foi até a porta de madeira que estava fechada que logo foi aberta.

Abri o meu melhor sorriso, sentindo-me um pouco nervosa quando o garoto saiu para fora e me fitou de cima a baixo.

- Oi... eu sou a Sakura e soube que tem uma vaga aqui na rádio e eu queria saber se tem como eu fazer parte do grupo.

- Sakura Haruno, a sobrinha da diretora e a nova distração do Uchiha – e sorriu.

Franzi o cenho.

- O quê?

Ele aproximou seu rosto para perto do meu e sussurrou:

- Notícia quente dos nossos colegas ali – apontou para uma porta ao lado que havia uma plaquinha metálica escrito: JORNAL. – Você será capa dessa quinta-feira, estão se prepare para os paparazzi.

- Isso é uma brincadeira? – Senti meu corpo todo tenso de repente.

O garoto gargalhou, dando um passo para trás.

- Sim, só a questão dos paparazzi, mas você ser a capa dessa quinta-feira é verdade.

Pisquei algumas vezes, incrédula.

- Não sei o que dizer.

- Relaxa, você se acostuma – sorriu mais e estendeu a mão para mim. – Shino Aburame, sou o diretor chefe da rádio.

Apertei a sua mão e ele continuou:

- Então Sakura, você tem disponibilidade para dez minutos do intervalo todos os dias e as duas da tarde e as oito da noite? São as horas vagas que precisamos para por nossos programas no ar.

- Claro.

- Na hora do intervalo temos um programa Falo Porque Posso, é uma programação onde damos recados, fazemos declarações... essas coisas. Nós recebemos por e-mail e anotamos e aí você falará nos intervalos. E quando terminar é só selecionar a playlist e só, está liberada. As duas da tarde é a programação normal, você ficaria aqui atendendo o telefone enquanto coloca as músicas selecionadas, vai ter alguém aqui lhe ajudando, a Karui. E às oito da noite é uma programação de meia hora aonde você será ajudante do Kiba e renderá a Moegi.

Assenti com a cabeça.

- Ok.

- Então estamos de acordo?

- Estamos.

Ele sorriu.

- Então bem vida ao grupo A Rádio de Konoha.

- Obrigada – sorri.

- Você começa amanhã, quando o sinal do intervalo tocar você venha direto para cá que iremos falar os últimos detalhes.

- Tudo bem, amanhã estarei aqui.

Me despedi de Shino, e fui embora mais aliviada de ter conseguido entrar em um grupo e imaginando como eu se sairia. Estava tão absorta em pensamentos que acabei por esbarrar em alguém e quase fui ao chão se a pessoa não tivesse segurado o meu braço.

- Ah meu Deus, me desculpe – disse rapidamente, conseguindo meu equilíbrio e erguendo minha cabeça para cima, dando de cara com a pessoa que eu menos esperava.

Tantos alunos aqui na escola e eu fui me esbarrar justamente com o Sasuke, ninguém merece.

- Mais cuidado, flor – ele sorriu.

- Eu terei – respondi me soltando de sua mão e me preparando para fugir dali, mas Sasuke foi rápido e empatou minha fuga ficando a minha frente. Franzi as sobrancelhas. – O que você quer?

- Calma – ele ergueu as mãos para cima, em sinal de defesa. – Não vou te morder.

Revirei os olhos.

- Me deixe em paz.

Tentei contornar seu corpo para ir embora dali, mas Sasuke como sendo um belo de um insistente irritante agarrou meu pulso. Virei-me para ele, fazendo questão de mostrar o quando eu estava irritada enquanto puxava meu pulso.

- Está com raiva de mim? – Seu rosto era sério agora.

- O que você acha? – Respondi, extremamente estressada. – Você passa o tempo todo me atormentando com suas brincadeirinhas sem graças e quer que eu fique de boa? Vai se foder.

- Me desculpe por isso – e por um segundo eu pude ver sinceridade em seus olhos. – Não quero causar problemas para você, flor de cerejeira.

- Pare de me chamar desse jeito – ralhei, franzindo mais o cenho -, não te dei intimidade para isso.

- O seu problema é só comigo ou com todos os garotos que chegam perto de você?

Sorri ironicamente.

- Com certeza é só com você.

Desta vez o sorriso malicioso apareceu em seu rosto.

- Você é a primeira garota que me odeia antes de ir para cama comigo.

- Será por que você é um idiota convencido que se acha o bonzão? – Não medi esforços na ironia.

Tudo que eu queria naquele momento era socar a cara bonita dele só para arrancar aquele sorrisinho nojento e irritante de sua boca.

- Eu não me acho, eu sou.

Eu o fitei, incrédula e ele continuou:

- E aliás, como pode me desprezar assim se você nunca experimentou o que eu tenho para dá – e deu dois passo para mais perto. – Garanto que você está perdendo muita coisa.

Empurrei seu peito com as minhas duas mãos, fazendo-o dar três passos para trás.

- Me deixe em paz ou eu...

Não consegui terminar a frase, a adrenalina começava a percorrer meu corpo. Eu estava numa vida nova e não podia me permitir agir novamente como uma delinquente.

- Ou você o quê?

- Esquece. – Virei meu rosto para o lado, prendendo a vontade que eu sentia de socá-lo até cair inconsciente.

- Seja lá o que você esteja em mente, podemos discutir a respeito.

- Você é um doente.

- Doente por você.

Sorri sarcasticamente, e o fitei.

- É perca de tempo discutir com você. – Suspirei. – Só me deixe em paz, pelo amor de Deus.

Sasuke ficou me encarando por um tempo, e aos poucos aquele sorrisinho irritante sumia de sua boca.

- Tudo bem, não vou te perturbar mais. – Em seguida o canto de sua boca ergueu-se novamente para cima. – Não agora.

Franzi minha boca e dei as costas e saí correndo, irritada o suficiente para respirar o mesmo ar que aquele cretino do Sasuke Uchiha.