Capítulo 15 - A Prova
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Sakura
- Oi, Sasori – atendi, fechando a porta atrás de mim, caminhando em direção a minha cama.
- Te atrapalho? – Ele perguntou, daquele jeito gentil.
Joguei minha mochila em cima da cama e sentei na borda, tirando os sapatos dos pés.
- Claro que não.
- Estou ligando para saber se você está bem. Fiquei preocupado com você ontem depois de... você sabe.
E naquele momento foi que percebi que aquele tempo todo que estive estudado com Sasuke eu havia me esquecido completamente do ocorrido na boate, e que agora infelizmente aquele fato estava assombrando-me novamente.
Umedeci os lábios, sentindo o peso em minhas costas e sabia que Sasori não tinha culpa por ter me lembrado daquela irritante lembrança e o fato de que o meu passado sempre estaria presente para me assombrar.
- Eu estou bem - forcei para que minha voz soasse o mais normal. – Não se preocupe.
- Desculpe não ter ligado antes, mas meu domingo foi bem agitado.
- Eu entendo, também estive bastante ocupada com os estudos.
Retirei o último sapado e caí de costas no colchão, segurando o celular no ouvido, fitando o teto. A agonia agitava-me por dentro, e as cenas de Yahiko e de seu olhar em mim me fazia roer as unhas. Eu sei que não tenho mais nada a ver com aquela organização, mas com aquele cara na cidade era melhor eu me prevenir. E por mais que eu tente fingir que era uma adolescente normal, o meu passado estava batendo a minha porta querendo entrar como uma avalanche naquela nova vida que estava levando em Konoha.
- Sakura? Você ainda está aí?
A voz de Sasori do outro lado da linha me arrancou de meus devaneios.
Pisquei algumas vezes antes de responder:
- Ahn... ah, sim. Desculpe. O que você estava dizendo?
- Que gostei muito da gente ontem se divertindo.
- Também gostei, foi divertido – sorri.
- A gente podia repetir... não numa boate, claro, mas em outro lugar.
- Outro lugar.
- Cinema no próximo final de semana?
- Final de semana? – E logo me lembrei das semanas de provas. – Final de semana não vai dar, desculpe. Estou em semanas de provas e tenho que cair de cara nos estudos se não acabo pegando uma recuperação... e sou nova na escola, é último ano do colegial e estamos no meio do ano letivo... acho que estou falando demais e você não deve está entendendo nada.
Sasori soltou uma risadinha do outro lado da linha.
- Eu entendo, Sakura, não se preocupe. – E soltei todo o ar dos meus pulmões. – Já fui aluno novo e sei o que é isso. Podemos deixar para uma próxima.
- Me desculpe, e espero que não fique chateado.
- Não estou chateado – e riu fraco. – Mas vou cobrar o meu passeio.
Sorri, mordendo o lábio.
- Ok.
E o silêncio incômodo começou, um escutando a respiração do outro.
- Ahn... está bem – ele começou quebrando aquele silêncio constrangedor. – Só liguei mesmo para saber se você estava bem.
- Você é muito gentil, obrigada pela preocupação - suspirei cansada. – E desculpe mais uma vez por recusar o convite.
- Está de boa, mas se quiser uma companhia num final de semana é só me ligar.
Apenas sorri novamente com seu bom humor.
- Vou pensar a respeito.
- Então tchau.
- Tchau.
Desliguei o celular deixando-o cair ao meu lado no colchão. Passei as mãos no rosto, sentindo a fadiga daquele dia de estudos e cansaço daquela minha vida de mentiras, imaginando quando iria finalmente ter paz.
. . .
- Acorda, Bela Adormecida!
Meus olhos se abriram de uma vez, assustada com a voz de Ino gritando enquanto batia as mãos próximo ao meu rosto. Remexi-me na cama e pisquei algumas vezes para o foco voltar a minha visão e enxergar a minha melhor amiga de pé ao lado da minha cama, já arrumada com o uniforme e puxava agora meu cobertor, descobrindo-me de uma vez.
- Ino... – resmunguei, puxando meu cobertor de volta para mim, mas sem sucesso. Bufei e me dei por vencida, sentando-me enquanto coçava os olhos. – O que faz aqui?
- Estou te acordando. Caso não notou, é segunda-feira e você vai ficar sem café da manhã se ficar nessa cama.
- Que horas são?
- Sete e vinte.
- Sete e vinte? - Meus olhos arregalaram e logo já estava de pé. - Não acredito!
- Bom dia, Sakura – a voz de Hinata soou enquanto ela saía arrumada de dentro do banheiro.
- Bom dia – murmurei correndo para o guarda-roupas. – Dormi demais.
Catei minhas roupas e entrei no banheiro, acho que levei uns dez minutos para entrar no quarto já com o uniforme. Ino estava sentada na minha cama conversando com Hinata que arrumava a sua mochila.
- E aí, pegou as suas coisas que eu mandei meu motorista trazer? – Ela perguntou, agora me fitando, eu estava de frente para o espelho amarrando meus cabelos num coque alto, mas não estava dando muito certo, pois vários fios caíam soltos por meu pescoço. Mas não dei muita importância para aquele detalhe, estava atrasada.
- Minha tia pegou para mim – respondi, pegando o corretivo de dentro do meu nécessaire. Virei-me para Ino e sorri. – Obrigada.
- Você está bem?
- Claro, porque não estaria?
- Você me pareceu nervosa na boate depois que aquele cara te abordou – respondeu Hinata que agora estava com toda a sua atenção em mim.
- Não se preocupe – sorri comprimido –, estou bem.
Ino deu de ombros.
- Se você diz – e pegou a minha mochila que estava no chão, colocando-a na cama. – E aí, estudou para a prova hoje? Eu estudei um pouco ontem e confesso que sei quase nada.
- Estudei com o Sasuke.
- Você estudou com o Sasuke? – Desviei meus olhos do espelho para Ino quando terminei de passar o corretivo em volta dos olhos.
- Sim.
- Caramba, te chamei para estudar comigo lá em casa e você preferiu estudar com o Sasuke?
Revirei os olhos com àquela crise de ciúmes de Ino, mas sabia que aquilo era puro drama.
- Fala sério, Ino. Você entende alguma coisa sobre física?
- Não, mas a gente podia juntar a minha burrice com a sua burrice e ver o que sai disso tudo.
Joguei um batom líquido nela que desviou facilmente enquanto ria com o que disse.
- A Sakura fez bem em ter estudado com o Sasuke, ele é um gênio – disse Hinata.
- Eu vi, ele ensina melhor que o professor – concordei, um pouco animada com a prova, pois tinha alguma noção das fórmulas agora.
- Poxa, se eu soubesse que estudaria com o Sasuke, eu tinha vindo para a escola ontem mesmo – resmungou Ino.
- Você deu mole – dei de ombros.
- Já que o Sasuke é tão inteligente assim, por que não convida ele para participar das competições acadêmicas? – Ino perguntou para Hinata.
- E você não pensa que não já convidamos?! Ele se recusa, diz que competição acadêmica é a mesma coisa do que suicídio social e que iria acabar com sua reputação.
- Reputação de galinha, não é? – Comentei, comprimindo os lábios uns nos outros para espalhar o brilho labial que acabei de passar.
- Com certeza.
Estava pronta. Fui até minha cama e arrumei minha mochila que estava uma bagunça.
- Agora mudando de assunto, como ficou a boate depois que saí? – Perguntei, pegando alguns livros e jogando lá dentro da mochila e depois fechei.
- Amiga, nem te conto – Ino se virou para mim e sentei ao seu lado para calçar minha meias e sapatos. – A Tenten e o Neji sumiram depois daquela cena deles na pista – e olhou para Hinata. – O Neji não comentou nada para você não, Hinata?
- É mais fácil o planeta terra explodir em mil pedacinhos do que Neji comentar alguma coisa amorosa comigo.
- Que horror – Ino fez uma careta. – Ainda fico imaginado como os dois podem ser tão unidos.
- Nós mantemos um dilema, ele não se mete na minha vida e eu não me meto na vida dele.
- Uau, é por uma dessas que agradeço por não ter irmãos.
- Que horror, Ino – terminei de calçar a última meia. – Eu penso diferente, eu queria ter irmãos, deve ser bem legar.
- Sakura, você não sabe o que está dizendo. – Hinata me olhou. – Irmãos são cruzes que você carrega para toda a vida. O Neji e a Hanabi me deixam maluca.
- Viu como eu tenho razão, Sakura!? – Ino ergueu as sobrancelhas, extremamente metida. – Agora mudando de assunto, o que está rolando entre você e o Sasori?
Calcei o primeiro pé e ergui os olhos para Ino.
- Não está acontecendo nada. Apenas nos encontramos na boate e nos divertimos, estava cansada de segurar vela.
- Você nem me contou que era amiga dele.
- Ino, eu apenas o conheci no dia do jogo e nos encontramos na boate, batemos um papo, dançamos e só.
- E, só, nada, o cara te defendeu com unhas e dentes, e ainda por cima é um gato. E cá entre nós amiga, ele está tão na sua.
Não respondi e comecei a calçar o último sapato.
- Os meninos o odeiam – disse Hinata. – Naruto e Sasuke nem se falam, tocar no nome Sasori e a ladainha logo começa.
- Mas por que essa rivalidade toda? Tudo por causa do jogo?
- Também, mas o Sasori já estudou aqui uns anos atrás, fazia parte do mesmo grupinho e aí aconteceu uns rolos e desentenderam e se odeiam até hoje.
Ino apenas revirou os olhos.
- Os meninos são tão infantis, brigam por besteira.
- Concordo.
- Estou pronta – me pus de pé, já arrumada e as duas também ficaram de pé.
- Então vamos para o refeitório, deve estar tudo cheio.
- Deve nada, está tudo cheio. – Hinata concluiu.
Saímos do quarto e demos de cara com a Tenten saindo do quarto a frente com um sorriso maior que o do Coringa.
- Bom dia amigas – e me abraçou, depois Ino e em seguida Hinata. – Bom dia sol. Bom dia paredes. Bom dia portas. Bom dia lixeiras. Bom dia...
- Tá, tá, tá bom Tenten. – Ino a interrompeu. – Que felicidade toda e essa? Deu pro Neji?
O sorriso largo de Tenten se abriu ainda mais, tive receio que partisse a cara ao medo.
Ela entrou no meio entre mim e Hinata e passou um braço em cada ombro nosso enquanto começamos a andar pelo corredor.
- Dei sim, Ino, dei muuuuuuuito – e depois gargalhou, jogando a cabeça para trás.
Paramos de andar e olhamos para ela, eu e Hinata se desvencilhamos de seus braços.
- O quê? – Dissemos em uníssonos, chocadas com a revelação safada de Tenten.
- Você foi para cama com o meu irmão? – Hinata estava igualmente chocada, mais do que a gente.
Tenten se recuperou de seu ataque de risos e nos fitou, fitou Hinata.
- Claaaaaaaro que não, cunhada, eu dei muitas bitoquinhas nele. – E depois suspirou. – Mas bem que ele queria o meu corpo, disse que pagaria até motel com hidromassagem e espelho no teto. Mas eu neguei.
- Espera aí – disse Ino, os olhos arregalados, incrédulos -, deixa ver se eu entendi direito. O Neji pediu para transar com você e você negou? Pensei que agarraria a oportunidade e abriria logo as pernas para ele.
Tenten franziu o cenho.
- Não é por que eu gosto dele que vou dar a minha goiaba na primeira oportunidade...
- Goiaba? – Perguntou Hinata, franzido o cenho. – Que goiaba, Tenten?
Tenten revirou os olhos.
- A piriquita, Hinata. Você não coloca o nome na sua piriquita não? O nome da minha é goiaba.
- Você é uma louca Tenten.
- Louca nada – e começamos a andar. – Vão me dizer que não colocam o nome na piriquita de vocês? É o quê? Inozinha? Sakurazinha? Hinatinha? Fala sério, sejam originais.
- Ainda me pergunto por que ainda ando com você.
- Por que você me ama, Ino.
Ino revirou os olhos.
- Mas continuando – e viramos o corredor que estava cheio –, não dei para ele por que eu sou uma mocinha culta e muito, mais muito difícil.
Nós três paramos de andar e olhamos para ela.
- Mocinha? – Disse Ino com as sobrancelhas erguidas.
- Culta? – Continuou Hinata na mesma incredulidade.
- E muito difícil? – Eu terminei, compartilhando da mesma expressão que as minhas duas amigas.
Nós três trocamos olhares significativos e foi questão de segundos para cairmos em gargalhadas, chamando a atenção de todos a nossa volta.
Tenten apenas bufou, cruzando os braços.
- Se eu me lembre bem – começou Ino abaixando o tom de voz devido aos olhares e ouvidos capitalizadores -, na primeira oportunidade você abriu as pernas para o Sasuke sem pensar duas vezes.
- Cala boca, Ino – e parou ao lado dela e deu um beliscão em seu braço.
- Ai!
- Quantas vezes eu tenho que dizer que isso é passado? Eu não sabia o que estava fazendo, então dá para você enterrar esse assunto ou está difícil? E para seu governo, eu sou muito difícil sim, ok?
Voltamos a caminhar e logo estávamos descendo as escadas.
- Conta outra Tenten, por que essa não está colando com a gente não – eu disse ainda rindo, e me sentindo pouco estranha com aquela conversa.
- Riem mesmo, por que estou sambando de alegria aqui e ninguém vai tirar isso de mim. O Neji me deseja por inteira e eu sei muito bem como vou fazer aquele potro se rastejar aos meus pés.
- E o que você vai fazer? – Hinata perguntou, e já estávamos caminhando para descer os próximos lances de escadas.
- A mesma coisa que a Sakura faz com o Sasuke.
- O quê? – Parei subitamente, quase engasgando com minha própria saliva. - O Sasuke e eu somos só amigos!
Que mania dessas pessoas verem coisas que não existiam.
Tenten parou também e se virou inteiramente para mim, a sua mão em meu ombro.
- Sakura querida, vou te dizer uma coisa – sua voz era séria. - Não existe amizades entre homens e mulheres, a não ser que um deles seja gay. Sempre vai ter um que vai te ver com outros olhos, vai ficar na friendzone esperando a oportunidade para atacar. O Sasuke te quer, querida, só um cego que não vê. Ele te quer de cima, de baixo, de lado e de canto. Ele só está preparando o terreno, te seduzindo com aquele canto de serpente e quando você menos imaginar... Pá! Estará peladinha debaixo dele.
Hinata e Ino riram baixinho comprimindo os lábios, tentando disfarçar a linha de raciocínio de Tenten.
- Aí que você se engana, Tenten – sorri convicta. – O Sasuke sabe que de mim só terá amizade, e ele respeita minha decisão.
- Pode até respeitar, mas pode crer que ele todo fofinho e perfeitinho com você não é de graça não, tá? Você está com uma amizade fixa nessa sua cabeça e está caindo na lábia dele que nem está percebendo, e quando se der conta, vai ser tarde por que já estará arregaçada de paixão, dando tudo que você tem para ele.
- Tenten! – Ino repreendeu.
- Que foi Ino, só estou dizendo a verdade que ninguém quer falar.
- A Tenten tem razão, Sakura.
Até você Hinata? Olhei para ela. Qual a parte do, amigos, aquelas meninas não entenderam? Poxa, era tão bizarro assim o Sasuke ter uma amiga sem segundas intenções? Ou eu que estava sendo cega e não enxergando o seu encanto de serpente para me seduzir?
Que droga!
Eu não posso pensar assim, eu havia prometido que daria uma chance para Sasuke e eu via a cada dia que ele estava levando a nossa amizade a sério. E eu gosto dele, confesso. Sasuke era mesmo um cara legal – ignorando o seu lado devasso – mas ele era gente boa. O chato era suportar insinuações que não existem em nosso relacionamento de amizade.
- Bom, vamos encerrar esse assunto por aqui – eu disse, e elas concordaram e voltamos a descer as escadas.
- Eu estou louca para ver a cara de bunda do Sai quando souber que o Neji está na palma da minha mão – Tenten bateu a mão na outra. - Ele vai ficar verde de inveja e vai morrer engasgado com a sua purpurina gay.
- Eu o vi quando estava chegado mais cedo – disse Hinata. – Falei com ele, mas ele me ignorou e passou por mim empinando o nariz.
- Ele está se roendo de inveja, aquela ameba desidratada – disse Tenten e chegamos ao térreo, indo em direção ao refeitório. – Sabia que ele me empurrou na pista de dança lá na The Night, me fazendo cair por cima do cabelinho?
- Cabelinho? – Perguntei, virando meu rosto para olhá-la, estava ao lado de Ino que estava ao meu lado.
- É lindo esse apelido que dei para o Neji, não é? – Ela sorriu. - Ai meninas, vocês sabiam que o cabelo dele é mais macio que o meu? Nem acreditei quando minhas mãos tocaram naquelas madeixas sedosas.
- O Neji usa Trêsseme, e vai uma semana ao seu cabelereiro particular fazer hidratação, sem contar a chapinha. Ele odeia quando aquela droga de cabelo fica com algum onduladinho, fica em tempo de ter um filho.
- Nossa, ele usa Trêsseme? – Tenten parecia surpresa, olhando para Hinata. – Que chique. Eu uso shampoo de peroba que a minha avó fabrica com as plantas delas. Acho que deve ser por isso que tenho pontas duplas.
- Você está falando daquele shampoo verde gosmento? - Questionou Ino para ela. – Aquele troço fede pior que gambá, Tenten. Não sei como o seu cabelo não caiu com aquele troço, sem contar o fedor que empesteia todo o banheiro quando você o usa.
Tenten ergueu as sobrancelhas.
- Ino, faz um favor para mim? Vá te catar.
Ino apenas revirou os olhos e logo já estávamos naquele refeitório lotado.
Digamos que ficamos mais de dez minutos na fila para pegar o nosso café da manhã, e depois fomos para a nossa mesa que estava vazia e nos sentamos.
Sai passou por nós com sua bandeja vazia, fingindo que não nos viu.
- Sai! – Ino tentou chamar sua atenção, mas a biba apenas ignorou, e empinou mais o nariz. – O que deu nele?
- Inveja – respondeu Tenten já abrindo a sua garrafinha de suco.
Não demorou muito para que os meninos aparecerem com suas bandejas. Sasuke sentou-se à minha frente e sorriu para mim, e retribui seu sorriso, comprimindo os meus lábios enquanto mastigava meu sanduíche. Desviei meus olhos para o meu lanche, sentindo novamente aqueles rebuliços dentro de mim.
- Vamos estudar hoje depois das aulas? – Ele perguntou, olhando para mim.
- Vamos – minha voz soou tranquila, e fiz o máximo para não deixar transparecer o quanto ele estava charmoso com aqueles cabelos úmidos e bagunçados
Ele sorriu novamente voltando sua atenção para aquela tigela de tomates picados que ele comia toda as manhãs. Senti ânsia no estômago quando o vi ele levar uma porção generosa na colher a boca.
Eca.
- Gaara, cadê o Neji? – Tenten perguntou
- Na diretoria resolvendo alguns assuntos do grêmio.
Tenten fez uma careta.
- A diretora tem que aliviar um pouco a carga de trabalho do Neji. Eu como a futura primeira dama do presidente do grêmio tenho que zelar pelo bem-estar do meu cabelinho.
- Você e o Neji estão juntos? – Naruto perguntou depois que engoliu um pedaço do seu pão com presunto.
- Quase isso, mas logo iremos compartilhar a mesma família Hyuuga.
Posso dizer que o restante do nosso café da manhã foi tranquilo, apesar de mil e uma ideias de Tenten sobre seu futuro com Neji.
Quando entramos na sala de aula, Ino reclamava que iria se dar mal na prova de física que seria naquele tempo.
- Ai, Sakura, você precisa me ajudar a me dar pistas.
- Ino, estou a algumas cadeiras atrás de você e numa outra fileira, acho que isso não vai rolar.
- Estou ferrada – ela resmungou, sentando em seu lugar.
Caminhei até a minha mesa e Sasuke estava sentado em seu lugar no canto, sentei ao seu lado.
- Nervosa?
- Mais ou menos – disse, retirando meu estojo de canetas para fora, e o fitei. – Tive um ótimo tutor no final de semana.
Ele ergueu as sobrancelhas para cima, fingindo surpresa.
- Foi mesmo? Posso saber quem foi?
Sorri, revirando os olhos.
- Um que é bem convencido e que se acha o último tomate da face da terra.
Ele riu e pegou meu estojo e o abriu, revirando as minhas canetas.
Abusado.
- O último tomate da face da terra.
E o professor entrou na sala mandando todos sentarem que iria entregar as provas.
Agarrei meu estojo de seu poder e só tirei uma caneta e um lápis com borracha e fechei novamente.
- Boa sorte, flor.
- Para você também, Sasuke.
. . .
Fiz a prova de física, e surpresa foi o que senti quando vi a facilidade que eu desenvolvia aquelas fórmulas. Tive um pouquinho de dificuldades em umas questões, pois havia esquecido umas fórmulas, mas depois de revirar toda a minha mente acabei por me lembrar. Não fui a primeira a terminar, Sasuke havia terminado havia muito tempo.
Peguei minhas coisas e entreguei a prova ao professor Kakashi, ele olhou minha prova e depois fez um sinal para eu poder sair.
Fiquei sentada nos degraus da escadaria dos dormitórios esperando as meninas. Ino apareceu, sentando ao meu lado dez minutos depois com uma cara nada boa.
- Que droga de prova era aquela? – Ela disse, indignada. – Aquilo era uma coisa de outro mundo.
- Você pode se ajuntar a mim e o Sasuke no próximo encontro estudantil. Ele é um ótimo tutor.
Ino resmungou e deitou a cabeça em meu ombro enquanto segurava a mochila contra o peito.
- Tenho certeza que pegarei uma recuperação.
Eu apenas a abracei de lado, dando um pouco de conforto de amiga.
- Me desculpe, Ino, não tinha como te ajudar.
- Eu sei – e fez biquinho, levantando a cabeça e ficamos em silêncio por alguns segundos até ela voltar a falar: - Sabe, eu fiquei aqui pensando – e a fitei. – E se por acaso você e o Sasuke começarem a namorar, nós poderíamos fazer programas de casais – e me olhou com seus olhos azuis brilhantes, o assunto da fiasca prova desaparecendo de sua mente. – O Gaara e eu, você e o Sasuke, a Hinata e o Naruto. Não seria legal? Ah, tem a Tenten e o Neji. Apesar daquela doideira da Tenten, eu torço para ela se acertar com o Neji.
Eu não entendia por que meu coração descontrolava nas batidas com a menção de Sasuke e eu sermos um casal, dava um frio no estômago e um pequeno desespero queria tomar conta de mim. Um desespero que eu não conseguia controlar, por que, por mais que eu mantenha em mente que Sasuke e eu somos apenas amigos, havia aqueles receios de que Tenten possa ter razão e eu está começando a me apaixonar por Sasuke.
E me apaixonar seria a última coisa que eu queria. E para isso eu teria que arrancar a pequena raíz de uma plantinha que estava tentando crescer em meu coração.
- Ino, entenda de uma vez por todas que Sasuke e eu somos apenas amigos. A.M.I.G.O.S. Não vai haver nada entre nós dois. Você mesma disse para me manter afastada dele.
- Eu sei o que eu disse, mas olhando para vocês dois e de como o Sasuke te trata como se fosse um cristal, dar para voltar atrás no que disse e torcer. E vocês dois ficam tão bem justos... ai amiga, estou shipando vocês dois e pronto, falei de uma vez.
Suspirei, cansada daquela conversa que não havia fim.
- Dá para você mudar de assunto?
- Ok – e ergueu as mãos para cima, rendida ao meu pedido. – Então que tal falarmos do tal Sasori? Eu vi vocês dançando, e estavam bem próximos.
Não estava afim de falar sobre meninos, mas Ino parecia que tinha quebrado a tecla.
- Ele é legal.
- Legal? Ele é um ruivo muito lindo – ela sorriu, e revirei os olhos. – Não sei o que faz para atrair tantos caras charmosos. Primeiro Sasuke, depois Sasori... posso incluir o Yahiko?
- Não me fale desse cara, pelo amor de Deus.
- Ok, me desculpe. – Ela se aproximou do meu rosto. – Mas convenhamos que mesmo que ele não valha nada e seja do tipo barra pesada, ele é lindo de morrer.
Olhei feio para ela, crispando os lábios.
- Tudo bem, não vou mais tocar no nome do Yahiko. Mas você está gostando dele?
- Dele quem?
- Do Sasori.
- Eu sei lá – cocei a cabeça, já impaciente com aquela conversa. – Ele é lindo, mas...
- Mas.
Bufei, revirando os olhos e ficando de pé.
- Eu não quero um namorado. E vamos parar de falar de garotos?
Ela sorriu, ficando de pé também.
- Então vamos falar de tortas?
- Fala sério.
. . .
Os dias se passaram que se transformaram em semanas e todo o tempo vago que tinha era dedicado a estudar para as provas e Sasuke havia se tornado um ótimo professor. Ele havia sacrificado um final de semana para me ajudar e a metade do outro, e eu só tinha que agradecer por sua generosidade. Ino e Naruto também se ajuntou a nós na segunda semana para receber um reforço daquele professor que Sasuke estava sendo.
Ele era um verdadeiro gênio.
E assim a temporada de provas haviam passado e agora estávamos todos aflitos de frente para o quadro de notas que havia no corredor, um passe para as férias de inverno que estava batendo na porta.
Sasuke estava ao meu lado enquanto eu olhava as minhas médias, e para a minha surpresa e felicidade total, oito e meio havia sido a minha menor nota.
- Ah meu Deus – não estava acreditando que física eu havia tirado nove, isso era quase um milagre.
- Suas notas estão ótimas, flor. Ficou em oitavo lugar – disse Sasuke sorrindo e me abraçando de lado.
- Eu não posso acreditar que tirei nove em física – sorri e o fitei, e depois voltei a olhar o quadro, vendo o nome dele lá no topo da lista com uma sequência de dez. – Você ficou em primeiro lugar.
E olhei para ele novamente que apenas piscou para mim, seus olhos brilhavam de animação e orgulho. Uma sensação embaraçosa me fez recuar um passo para trás, todo o meu corpo entrando em alerta.
- Obrigada, Sasuke, se não fosse por você acho que estaria chorando na recuperação. – Sorri e puxei a bainha de seu blazer.
Os olhos de Sasuke brilharam ainda mais e meu coração disparou, e estava prevendo o que ele iria fazer. Dei vários passos para o lado e me preparei para correr, mas ele foi mais rápido e me pegou no colo, sua mão por baixo das minhas pernas e a outra nas minhas costas, me fazendo soltar um gritinho, chamando a atenção de todos.
- Se afastem pessoal – ele dizia em voz alta enquanto começava a andar comigo em seus braços. – Afastem-se, pois, essa garota precisa de espaço para passar com esse cérebro gigantesco.
- Ah meu Deus Sasuke, me põe no chão – minha voz era escandalosa, uma de minhas mãos estava em volta de seu pescoço e a outra tampando a minha bunda. Todo mundo gargalhava com aquela brincadeira idiota dele. – A minha calcinha está aparecendo!
Ele me ajeitou mais em seu colo, fingindo que iria me deixar cair no chão e me fazendo segurar consequentemente seu pescoço com as minhas duas mãos, esquecendo da saia.
- Fique tranquila cérebro, ninguém vai ver nada – ele me pôs no chão e não perdi a oportunidade e comecei a socá-lo, no peito.
- Seu idiota, você quase me deixou cair!
- Estava brincando – ele disse sorrindo, e segurou as minhas duas mãos.
- Você gosta de me ver irritada – fiz biquinho, fingindo estar com raiva.
E novamente seus olhos brilharam e o sorriso malicioso brotava em sua boca.
Ah, não.
Ele soltou minhas mãos e eu dei alguns passos para trás.
- Para – eu disse e dei outro passo e ele deu outro para mais perto. – Eu não gosto dessa brincadeira, Sasuke.
Ele me ignorou e arregalei mais os olhos e dei as costas e comecei a correr pelo corredor e ele vinha logo atrás, e não demorou para que me alcançasse e me pegasse e colocasse em seu ombro como se eu fosse um saco de batatas.
- Sasuke, me solta! – Eu esperneava enquanto socava suas costas de leve, mas acabei gargalhando.
- Só lá embaixo, flor – e passou a mão na minha bunda, parando no final da bainha da minha saia.
- Sasuke, você está se aproveitando da situação, seu depravado.
- É isso aí, Uchiha!
Escutei alguém gritar de longe enquanto começávamos a descer as escadas, mas não vi quem era.
Sasuke desceu as escadas apressado, e eu agarrando as suas costas para não cair, e meus pés só alcançaram o chão quando chegamos ao refeitório.
Eu o empurrei e ele apenas piscou para mim.
