Capítulo 20 - Férias
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Sasuke
Eu não tinha ideia até aonde ia o meu nível de basbaquice até aquela situação do jardim. A minha atitude com Sakura havia sido idiota, até por que, ser carinhoso não fazia muito o meu estilo. Mas algo em mim me fazia sentir diferente quando estava perto dela. E naquele momento... o nosso momento, eu me sentia como se tivesse ganho na loteria.
Definitivamente eu era um imbecil.
Depois do episódio no jardim, Sakura e eu voltamos as boas novamente e assim tudo havia voltado ao seu devido lugar e eu me sentia mais em paz, de certa forma. Os últimos dois dias na escola foram tranquilos, e logo o final de semana - trazendo o primeiro dia das férias - chegou para a minha felicidade e da população do colégio. Duas semanas longe desse presídio, eu não poderia querer algo melhor.
- O Neji é um vacilão do caralho. – Naruto reclamava enquanto jogava suas roupas de qualquer jeito dentro da mochila enquanto segurava o celular com a outra mão, digitando algo.
Eu estava vestindo minha calça quando olhei de relance para ele.
- O que aconteceu?
- Ele não vai à casa de praia com a gente.
- E o que eu tenho haver com isso? – Abotoei a calça e afivelava o cinto, dando pouco importância ao que Naruto dizia. Para mim tanto faz se Neji iria ou não, contanto que Sakura fosse, o resto era só o resto.
Naruto olhou para mim com o cenho franzido.
- Porra, Sasuke, se o Neji não for, como a Hinata vai poder ir? Esqueceu que o pai dela não me deixa sozinho com ela?
Por um momento eu havia me esquecido daquele pequeno detalhe que havia um Q de importância. Pois se Hinata não fosse a essa viagem, Naruto não iria achar graça para poder ir também e isso resultaria em adeus as férias na casa de praia, e adeus passar duas semanas vivendo no mesmo teto que a flor de cerejeira. E eu estava mesmo afim de ir a esse passeio, pois não estava com saco para ficar em casa com meu pai e meu avô me enchendo o saco ou meu irmão que completamente iria ficar mofando no sofá maratonando Cavaleiros do Zodíaco pela octogésima vez.
- E agora? – Perguntei, meu tom de voz com mais interesse agora.
- Eu não sei - ele deu de ombros. - Vou falar com ele lá embaixo.
- Hm.
Terminamos de nos arrumar e saímos do quarto para a muvucada que estava nos corredores do dormitório. Os alunos estavam numa correria, todos querendo meter o pé e curtir as semanas de descanso.
Tive o vislumbre da bicha louca do Sai sair de seu quarto puxando uma mala roxa de rodinhas. Ele estava parecendo um satanás de rabo com aquela blusa vermelha colada no corpo.
Pelo amor de Deus, aquilo era a visão do inferno.
- Que caralhos é isso? – Naruto resmungou ao meu lado, seus olhos na mesma rota que os meus.
- E eu lá sei.
E como se os nossos olhos fosse alguma espécie de ímã, logo a atenção daquela gazela focou na gente e parou no corredor para nos esperar. Senti meu rosto se contorcer numa careta com o sorriso que aquela ameba girl abria para gente... especialmente para mim.
Eca.
- Que roupa é essa, Sai? – Naruto foi logo perguntando, tentava inutilmente prender a risada.
- Ui, bofe, você gostou? – Seu sorriso era de partir a cara ao meio. Logo em seguida deu uma voltinha, sentindo-se a Madona da vez. – Ganhei da minha Best Ino.
Naruto não comentou mais e ficou sério, ele sabia que puxar conversa com Sai iria trazer ele para perto de nós. E andar com Sai era a mesma coisa do que querer chamar atenção, pois discrição era uma coisa que não constava no dicionário daquele projeto de Lady Gaga.
Ignorei os dois e comecei a seguir o meu caminho. Não iria ficar ali, eu tinha mais o que fazer. Naruto logo começou a me seguir e aquele troço também veio atrás de nós, falando que nem uma gralha.
Chegamos lá embaixo e estava o maior tumulto no estacionamento, os alunos estavam todos querendo sair de uma vez como se ficar na escola fosse a pior coisa do mundo. E eu entendo, pois sentia a mesma sensação.
As meninas soltavam sorrisinhos e tchauzinhos para mim. Tolas. Limitei-me apenas em um discreto sorriso de lado, e elas como garotas patéticas se derreteram e pularam, soltando gritinhos de felicidade.
Eu era foda, fazer o quê?
Logo mais à frente vi Neji parado em frente ao seu Hilux Preto. Sua irmã mais nova, Hanabi, estava gritando ao celular, aquela menina era uma histérica.
- Hinata, todos os finais de semana é esse inferno! - Ela gritava enquanto caminhava de um lado para o outro. - Eu estou perdendo as minhas férias... você está descendo o caralho, sua quenga. É quenga mesmo! Hinata! Droga, essa imunda desligou.
- Onde ela está? - Perguntou Neji girando as chaves do carro no ar.
- Ela disse que está vindo - ela bufou, e depois nos fitou se aproximando.
- Menina, desse jeito você vai enfartar antes da hora – a voz de Sai soou ao nosso lado.
A garota apenas revirou os olhos e logo em seguida sorriu para mim. Aquela estava doidinha para me dar, mas não iria mexer com ela, não estava afim de ter problemas com Neji e muito menos com o pai daquela garota. Longe de mim. E para não ser indelicado eu apenas abri um pequeno sorriso discreto e fui para perto de Gaara que estava encostado em seu carro enquanto roía as unhas.
- E aí, cara.
- Fala Brow – respondeu depois de cuspir um pedaço de unha.
Notei que as meninas não estavam ali. Nós tínhamos combinado de nos encontrar no estacionamento para discutir os últimos detalhes da viagem. Resolvemos viajar na segunda-feira à tarde e teríamos o final de semana para organizar nossas coisas, só precisávamos ver o ponto de encontro e o horário certo, ainda mais agora depois que Neji alegou não ir mais.
Ao longe notei as meninas se aproximando, todas as quatro. Sakura ria e algo dentro de mim se aqueceu. Ela estava muito bonita naquele vestido azul-escuro com estampas e aquele coturno preto. Eu adorava seu estilo, achava bem original, principalmente aqueles seus cabelos cor-de-rosa que estavam presos em um rabo de cavalo, e seus pulsos cheios de pulseiras. Ela trazia sua mochila no ombro esquerdo e segurava o celular na mão direita.
Escutei uma risada ao meu lado, olhei para Gaara que balançava a cabeça para os lados com uma expressão debochada.
- Nem disfarça que está afim da garota.
- Fica na sua, idiota.
Ele desencostou do carro e me olhou antes de se encontrar com a namorada que estava próxima.
- Mesmo tendo consciência de que você pode ferrar para o meu lado, estou achando divertido ver você de quatro por uma garota.
- Vai se foder! – Ralhei entredentes, arrancando uma risada dele que saiu de perto de mim e abraçou a Ino.
Idiota.
- Até que fim, Hinata – a voz da maluca da Hanabi soou irônica. Acho que a única normal daquela família Hyuuga era só a namorada do Naruto. - Eu fiquei mofando aqui, perdendo quase toda as minhas férias.
- Hanabi, também não é para tanto – Hinata respondeu enquanto se aproximava de Naruto que beijou sua cabeça.
- Oi – a voz de Sakura soou ao meu lado.
Seu cheiro doce e suave me deixou desnorteando, sorri como um babaca.
- Está bonita, flor.
- Obrigada - ela sorriu, voltando sua atenção para Neji que começou a falar:
- Então gente, eu falei com o Naruto e não vou para a casa de praia.
- Como assim, Neji? – Hinata questionou, o fitando pouco desesperada. – Sabe que o papai não vai me deixar ir sozinha!
- Neji, você precisa ir, aquela praia não vai ser tão divertida sem você por lá - agora foi Sai quem disse. Tenten deu um tapa em sua cabeça, o fazendo virar seu rosto com um fogo nos olhos. - Você ficou maluca, sua imunda?
A maluca franziu o cenho se pondo ao lado de seu amado.
- Isso é para você deixar de ser sirigaito.
- Pessoal, foco! – Naruto chamou atenção e logo em seguida fitou Neji. – Então cara, como fica a nossa situação?
- Calma, mano, vocês não me deixaram explicar direito. Bom, eu decidi ir para um outro lugar nessas férias e fazer uma surpresa para uma pessoa – e fitou Tenten de relance. – Mas isso não vai ser possível agora, pois ela vai acabar ficando sabendo.
Tenten franziu novamente o cenho, as mãos nos quadris.
- Que pessoa é essa, Neji? Já está querendo me trair?
- Ei, não é nada disso, meu jatobazinho – as mãos dele estavam esticadas com as palmas para frente de Tenten, o rosto pouco nervoso. – Eu só desisti da viagem para ir com você a casa dos seus avós. Bom, se não for problema, é claro.
Era incrível como aquela maluca mudou da água para o vinho e sua cara de brava dera lugar a uma expressão descrente, a boca aberta, para depois um sorriso largo se abrir.
Revirei os olhos.
A louca se jogou no Neji e o abraçou de um jeito como se quisesse fundir seu corpo com o dele.
- Own, Neji, você é tão fofo – e em seguida o beijou.
Apenas escutei um resmungo de Sai e o fitei. Ele olhava o casal com uma careta no rosto. Essa gazela só podia estar doente se pensou que teria alguma chance com Neji, o cara era espada.
- Eu só quero saber como vai ficar a minha situação diante disso – Hinata comentou com os braços cruzados fitando o casal com a boca crispada.
Ino tocou seu braço.
- Iremos dar um jeito, amiga.
- Gente, dá para vocês se resolverem logo, pois eu quero curtir as minhas férias! – A irmã mais nova de Neji gritou, estava vermelha de raiva.
- Então, Naruto – começou Neji, ignorando a histerisse da irmã -, quando eu for me encontrar com a Tenten eu levo a Hinata ao ponto de encontro. Papai nem vai saber, pois irei sair junto com ela.
- Ah, se for assim tudo bem – Naruto sorriu com a solução do cunhado.
E só uma mula mesmo para não entender que o plano de Neji tinha muitas falhas e chances de o pai da mina sacar a mentira do filho.
- Mas Neji, o papai vai acabar sacando que você não vai à casa de praia e vai acabar me proibindo.
Hinata como sempre era o cérebro daquela relação, e seus argumentos pareceu fazer Naruto perceber as falhas do plano.
Neji apenas sorriu confiante, seu dedo esticado para cima.
- Aí você se engana, maninha. O velho não vai ficar sabendo do meu desvio de viagem, para ele eu ainda irei a praia.
- Entendi.
- Você não confia em seu irmão mais velho, não?
- Não – a resposta era curta e grossa. Ai. – E aliás, esse título de irmão mais velho não cola entre a gente, pois você veio ao mundo apenas dois minutos a minha frente.
- O que me faz carregar o título – e sorriu convencido. – Admita, mesmo por dois minutos eu ainda sou o mais velho.
- Na boa, a pior coisa que tem é depender desses dois para ir embora – disse Hanabi, impaciente. – Não vejo a hora de ter idade e tirar minha carteira de motorista para nunca mais depender dessas duas toupeiras.
Neji apenas revirou os olhos e Hinata bufou.
Marcamos o horário e o ponto de encontro. Naruto ficou encarregado de ser o motorista e passaria na minha casa e depois pegaria Hinata e depois a Sakura em seu apartamento. Gaara pegaria Ino em sua casa e depois o Sai. E estando tudo certo nos despedimos e cada um foi para seu lugar. Ofereci uma carona para a flor em minha moto, mas ela recusou, dizendo que estava esperando a bruxa da tia dela. Então o que me sobrou foi passar a perna em minha Yamaha estacionada e fui embora.
. . .
Estacionei a moto em frente a porta da minha casa. Fazia duas semanas que não via o pessoal devido ter ficado os finais de semana na escola estudando para as provas com a flor, estava com um pouco de saudade do povão. Desci da moto e retirei o capacete, deixando apoiado no banco. Subi os quatro degraus da escada e logo já abria a porta e a fechava atrás de mim.
Franzi um pouco as sobrancelhas por tudo estar quieto e silencioso.
Estranho.
- Olha o que temos aqui!
Virei meu rosto na direção que dava para a cozinha encontrando Shisui vindo com um sorriso babaca no rosto e um pacote de biscoito recheado na mão. Estava usando roupas formais cheio de farelo de biscoito.
Criança.
- Fala aí, Shisui – o cumprimentei tirando a mochila das costas e a jogando no sofá.
- Pirralho, tem semanas que não o vejo e é só isso que você fala para mim? – Ele questionou enquanto se aproximava com um drama falsamente fingido. – Cadê a sua emoção por me ver? Cadê o meu abraço?
Apenas revirei os olhos e tentei me desviar dele, sem sucesso.
- Sai para lá.
E foi questão de segundos para logo ser amassado por aquele abraço apertado de urso, arrancando todo o ar dos meus pulmões e fazendo os meus ossos estralarem. O cara só cheirava a biscoito.
- Nem ligar para a família você presta – ele continuou a falar, e eu já sentia meus olhos saltarem para fora da minha cara. – Não foi a educação que nós demos a você.
- Shi-su-i, você está... me... matando – minha voz saiu entrecortada e com dificuldade, mal conseguia mexer meus braços.
Ele me soltou e pude respirar melhor.
- Foi mal, menininho.
- Cadê o pessoal?
Shisui levou mais outro biscoito a boca e respondeu com ela cheia:
- O papai está lá em cima pegando uns papéis para levar a empresa. O vovô está no escritório falando ao telefone e o Itachi está dormindo até agora, aquele preguiçoso.
- Hm – e fui em direção a cozinha, sentindo que Shisui me seguia. – E o que você está fazendo aqui?
- Valeu por se preocupar com seu irmão favorito.
Eu apenas revirei os olhos como resposta e abri a geladeira agarrando uma jarra de água.
Shisui continuou, seus olhos observando eu pegar o copo e o encher de água:
- O meu apartamento está com um problema na encanação interna e até tudo ficar nos conformes vou viver aqui por uns dias.
- Hm – e levei o copo a boca e tomei tudo em dois grandes goles.
- E como vai à escola?
- Na mesma. Entrei de férias hoje.
Shisui ergueu as sobrancelhas e levou outro biscoito a boca.
- Sério? Também queria ter a sua vida fácil, ser adulto é cansativo. Mas e como vai as coisas por lá? Algo de interessante?
- E o que você quer saber?
- Ah... você sabe. Mulher. Tem muitas gostosas por lá?
- Por aí.
Ele sorriu cafajeste.
- Lembro da minha época, havia muitas garotas bonitas doidinhas por mim – em seguida seu rosto se transformou numa careta. – Bom, havia uma bolsista baranga que me detestava e que fazia questão de fazer a minha vida num inferno – e soltou uma risada pelo nariz. – A garota era tão pirada que a apelidaram de Shizune sapatão, ela ficava uma fera. Ai, ai, bons tempos.
Shizune?
Não quis dar muita trela para meu irmão e resolvi sair da cozinha e o imbecil veio em meu encalço. Era por isso que eu detestava ficar em casa, e como eu era o caçula daquela família, todos adoravam pegar no meu pé.
- Acho que qualquer dia desses farei uma visitinha na sua escola.
Parei e virei meu rosto bruscamente para trás.
- O que você vai fazer na minha escola? Não tem nada para você lá.
- Calma – e levantou as mãos para cima, e sorriu debochadamente. – Por que está nervoso?
- Eu não estou nervoso!
Na boa, de todos os meus irmãos o mais fofoqueiro era o Shisui, tudo para ele era motivo de zoação. Itachi também era bem fofoqueiro, mas conseguia ser discreto, e em compensação era o mais filho da mãe. Já o Obito era o mais reservado e sério de nós quatro, mas era o rei do coração partido. Até hoje me lembro da polémica de uma garota que gritava em nossa porta que estava grávida de um filho dele. Na época eu só tinha apenas sete anos e não entendia muito bem do ocorrido. A única coisa que sei era que a garota disse depois de um tempo que não estava mais grávida e sumiu do mapa. O fato era que todos os irmãos Uchiha era um bando de FDP. Está no sangue. E era por isso que não podia deixar passar pela cabeça de Shisui a possibilidade de eu estar gostando de uma garota, pois sabia que iria virar a chacota da vez.
- O que está acontecendo por aqui? – A voz grossa e autoritária de meu avô Madara livrou-me dos questionamentos de Shisui. Ele olhou para mim. – Sasuke, não sabia que já havia chegado.
- Oi vovô, eu acabei de chegar.
Em seguida seus olhos avaliadores pousaram em Shisui e seu cenho franziu levemente.
- E o que você ainda está fazendo aqui? Não deveria estar na empresa?
- Estou esperando o papai.
- E aonde seu pai está?
- Já estou descendo - a voz do meu pai soou nas escadas. Ele estava vestido formalmente que nem o Shisui. Ele olhou para mim. – Sasuke, já chegou?
Ele veio até mim e me abraçou.
- Fiquei com saudades – ele disse, se afastando de mim e pôs a mão em meu ombro. – Itachi disse que ficaria o final de semana para estudar para as provas. Estou orgulhoso que leva a escola a sério. Sempre se esforçando, e suas notas estão ótimas, recebi seu boletim por e-mail ontem. Parabéns.
Não era preciso dizer que me inflei orgulhoso por saber que tinha uma boa imagem com meu velho. Era por esse motivo que eu não podia deixar meu pai saber que eu estava a um passo de ser expulso da escola. Eu era o orgulho da família.
- Valeu, pai.
Shisui revirou os olhos.
- Já que todos já viram e mataram a saudade da raspa do tacho, não acha que está ficando tarde para ir à empresa, pai?
- E você não acha que está grandinho o suficiente para bancar o filho ciumento não, Shisui? – Vovô rebateu humorado e papai gargalhou.
- Eu não estou com ciúmes – e o babaca do meu irmão cruzou os braços e fez bico. – Só não quero chegar atrasado, lembre-se que teremos uma reunião às dez e meia.
- Ok, ok.
- Ah, pai – o chamei quando ele já caminhava em direção a porta, mas parou para me fitar. – Eu só queria adiantar que irei viajar nessas férias com o pessoal.
- Você vai viajar? Para aonde e quando?
- Irei na segunda depois do meio-dia, vamos ficar na casa de praia dos pais do Naruto.
- Quando chegar conversaremos a respeito – disse meu pai.
- Ok.
E logo em seguida vi os dois saírem e fecharem as portas só restando eu e meu avô Madara que franziu o cenho de repente.
- Aonde está o Itachi?
- Shisui disse que ainda está dormindo.
- Aquele moleque me prometeu está as sete em ponto para me ajudar com a pia da cozinha.
Sorri de lado já caminhando em direção as escadas.
- Não se preocupe, vovô, terei o prazer de acordá-lo – e subi as escadas correndo, me preparando para infernizar a manhã do meu irmão mais velho e deixar aquele dia mais feliz para mim.
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Depois de um final de semana barulhento e com noites na sala de jogos curtindo uma boa partida de sinuca, segunda chegou com um tempo não muito bom. Passei a manhã toda arrumando minha mochila para duas semanas na praia, e depois do almoço eu escutei a buzina soar do lado de fora e sabia que era Naruto. Ele morava a dois quarteirões distante de mim e a sua primeira parada iria ser na minha casa.
Agarrei a mochila que havia deixado no sofá e fui falar com meu avô que estava enfiado naquele escritório.
- Vô, já estou indo – disse com uma cabeça para dentro do escritório, o vendo com o telefone na mão.
Vovô ergueu os olhos para mim.
- Juízo, rapaz.
Apenas sorri como resposta e fechei a porta e fui em direção a porta e a abri, podia ver o carro de Naruto estacionado na rua. Abri a porta e me sentei no banco do carona, deixando a mochila nos meus pés.
Naruto estava debruçado no volante enquanto falava ao telefone:
- Tudo bem... eu sei onde é porra... vou dar o burro vai ser um soco nessa sua cara feia. – Naruto franziu o cenho e revirei os olhos, colocando o cinto. – A Hinata não tem culpa de ter você como irmão... tá, tá. Já estou saindo da casa do Sasuke e daqui a uns dez minutos chego aí. Falou.
Ele desligou e ligou o carro.
- O que aconteceu?
- O babaca do Neji. Ele vai esperar a gente na estrada da avenida principal com a Hinata, de lá ele vai para a casa da maníaca macumbeira.
- Hm.
Ele me olhou de lado, mas logo voltou a atenção para a estrada.
- Você tem o endereço da flor?
Senti o meu cenho franzir no mesmo instante e virei meu rosto para o seu lado. O que porra esse idiota acabou de dizer?
- Que intimidade é essa para chamar a Sakura de flor? Quer levar um murro?
E a gargalhada de Naruto ecoou pelo carro, me deixando mais puto com sua ousadia. Era só o que faltava agora ouvir meu melhor amigo chamar a Sakura daquele jeito. Era um absurdo! Eu sou o único que posso chamá-la assim e não iria permitir que qualquer outro idiota a apelidasse ou usasse o meu apelido para chamá-la.
- Mano, você é tão previsível em demonstrar o seu ciúme por pequenos detalhes.
- Eu não estou com ciúmes – minha voz saiu entredentes. – Eu só não admito que apelidem desse jeito.
- Mas você a apelidou.
Bufei, virei meu rosto para frente.
- É diferente. Eu posso e você não.
Naruto riu mais um pouco, balançou a cabeça para os lados.
- Brow, você está fodidamente caído por essa garota – e me olhou rapidamente. – Estão comentando por aí que você e a Sakura estavam se agarrando no jardim da escola.
Engasguei com a minha própria saliva, os olhos levemente arregalados.
Virei-me para Naruto.
- O quê? Quem te falou isso?
Não podia acreditar que estava novamente na boca do povo e agora a Sakura estava envolvida. Eu tinha consciência de que ela iria ficar puta comigo por conta dessas fofocas.
Merda.
- Sasuke, essas coisas não se contam, você escuta. Os corredores são a fonte, cara. – E depois riu pelo nariz. – Estavam dizendo que você estava parecendo um gatinho meloso.
Senti meu rosto se contorcer numa careta.
- Isso é um absurdo!
- Agora me fala a verdade, vocês estavam se agarrando no jardim?
- Claro que não – franzi o cenho. – Eu só fui me desculpar por ter sido um babaca com ela.
As sobrancelhas de Naruto ergueram para cima.
- Você se desculpando? – E sorriu de lado, debochadamente. – Essa é nova.
Bufei cruzando os braços e me afundando no banco.
Naruto entrou numa avenida pouco movimentada e mais a frente encontramos o carro de Neji estacionado. Ele estava de pé nos esperando ao lado de Hinata que assim que nos viu se despediu do irmão e veio até nós. Saltei do banco do carona com minha mochila e peguei a mala da Hinata e a guardei no porta-malas. Me sentei no banco de trás deixando meu lugar para a namorada do meu amigo. Agora só faltava a Sakura.
Naruto seguiu para o apartamento aonde Sakura morava com a diretora peituda. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela:
FLOR?
Esperei pelos contáveis três minutos para ela me responder:
OI. JÁ ESTÁ VINDO?
ESTOU A CAMINHO COM NARUTO E HINATA. DAQUI A CINCO MINUTOS ESTAREMOS AÍ.
OK. VOU ESTÁ ESPERANDO NA FRENTE DO PRÉDIO.
Eu iria mandar um emotion de coração, mas me segurei, lembrando do que Naruto disse: Gatinho meloso.
Que merda! Aonde fica a minha moral?
Suspirei, ainda fitando as últimas mensagens que troquei com ela. Eu tinha que controlar mais os meus impulsos. Não podia ficar agindo como um cachorrinho como estava fazendo nesses últimos dias. Eu tinha consciência de que quando estava perto da Sakura eu mudava completamente, eu fazia coisas, falava coisas que eu jamais faria antes de conhecê-la. Eu me sentia completamente confuso e a Sakura me confundia ainda mais. Ela havia entrado em minha vida sem eu ao menos esperar e de uma hora para outra tudo havia virado de cabeça para baixo.
Eu já não me reconhecia mais.
Cinco minutos depois Naruto chegou ao endereço de Sakura, e ela estava aonde ela disse que estaria, sua pequena mala de rodinhas ao seu lado. Saí do carro e a ajudei no porta-malas e logo nos acomodamos no banco de trás.
Olhei para ela e sorri, e ela também sorriu para mim.
. . .
Quando chegamos na casa de praia era quase nove da noite. Pegamos um engarrafamento monstro e paramos numa lanchonete para comermos também o que atrasou a nossa chegada. Sakura e Hinata conversaram o caminho todo sem se preocupar pelas horas gastas no trânsito. Naruto entrava na conversa vez ou outra e soltava comentários estúpidos que arrancava a risada das duas. E eu apenas fiquei na minha curtindo músicas em minha playlist com a cabeça apoiada no ombro da flor. Ela não ligava, nós tínhamos tanta intimidade que isso era comum entre a gente.
- Ah, finalmente – disse Ino adentrando a casa e tirando seus sapatos e se jogando no sofá. – Eu já não estava mais suportando aquele carro.
- Não sei como você consegue ficar sentada depois de horas sentada no carro, Ino. – Comentou Sakura se sentando ao lado da amiga
Ino revirou os olhos e a empurrou.
- Olha quem fala.
Naruto largou suas coisas no chão mesmo.
- Nunca imaginei que pegaríamos aquele trânsito caótico.
- Foi um acidente – comentou Gaara -, um carro se chocou com uma carreta.
- A viagem já começou ruim – murmurou Sai com uma expressão sebosa enquanto se jogava no outro sofá.
Hinata bocejou alto.
- Tudo o que quero agora é um banho e dormir.
- Quantos quartos tem aqui, Naruto? – Sakura perguntou, se ajeitando no sofá.
- Quatro.
- Eu vou dormir com o Gaara – declarou a loira e logo em seguida piscou para o meu amigo que estava ao meu lado, arrancando um sorriso besta dele.
Comprimi meus lábios e desviei meus olhos para o lado, com a atenção na mochila que depositava no sofá aonde a gazela estava sentada. Estava com uma sensação de que algo bom estava para acontecer para mim. Senti meu interior se contrair com aquela adrenalina surreal.
Naruto sorriu e olhou para a namorada.
- Você quer dividir o quarto comigo, Hinata?
Ela apenas assentiu como resposta, o rosto levemente corado.
Olhei pelo canto do olho para Sakura que agora parecia desconfortável com a situação posta. Dois quartos e sabia que um desses dois era de solteiro e nem fudendo dividiria a cama com a gazela. Era claro que fiquei quieto na minha e não opinei em nada, eu não iria ter a culpa se eu e Sakura pararmos no mesmo quarto, o que era bem provável.
- Já que só tem mais dois quartos, vou ficar com um e Sai e Sasuke divide o outro.
Meu corpo congelou e me virei para flor na mesma hora, incrédulo com sua decisão.
- O quê?
- Por mim tudo bem.
Olhei para aquela gazela que sorria abertamente e piscava para mim.
Sai para lá, assombração!
Apontei para o projeto de Madona e olhei para a Sakura, o cenho franzido.
- Eu não vou dormir com essa criatura do espaço!
- Ei! – E a criatura ficou de pé, as mãos no quadril, ofendido.
Foda-se.
Sakura me fitava com o cenho franzido e ficou de pé também.
- Só tem dois quartos.
- Ah, um dos quartos a cama é de solteiro – Naruto lembrou daquele detalhe.
- Nem morto irei dividir a mesma cama com esse troço.
- Olha aqui, seu príncipe dos canalhas, o que você tem de gostoso você tem de cavalo. – Aquela ameba me olhava ainda com as mãos nos quadris.
Que nojo.
Olhei para o pessoal voltando a apontar para aquele estrupício.
- Eu não vou dormir com ele!
- Agora quem não quer dormir com você Uchiha-gostoso, sou eu. – Em seguida olhou para Sakura. – Raxa, me desculpe, mas vou ficar com o quarto de solteiro. Nem morta e enterrada irei dormir na mesma cama que esse ser gostoso e trevosos Uchiha.
Agora sim ele estava falando a minha língua.
Sakura o fitou, incrédula.
- O quê? Não! Nem pensar. O quarto de solteiro é meu.
- Queridinha, o seu bofe está ali, então durma com ele.
- Sai, na boa, a minha mão está coçando para enfiar na sua cara. – Sakura o ameaçou, estava claramente nervosa, a sua veia estava sobressaindo no meio da testa.
Ino se levantou e tocou no braço dela.
- Amiga, não é melhor você dormir com o Sasuke?
- Claro que não!
- O que tem de mal nós dois dormindo juntos, Sakura? Garanto que não sou nenhum bicho papão.
Sakura me fitou pasma, mas logo desviou os olhos para o lado, suas bochechas levemente rosadas.
Ela estava com vergonha de mim?
- Não a mal algum – murmurou. – Só não acho certo.
O que eu tinha que fazer para que essa única oportunidade virasse realidade?
