Capítulo 15 - Bullying

Sasuke foi para escola hoje, para falar a verdade, nós chegamos juntos naquela sua monstruosa motocicleta reluzente. Confesso que já estava me acostumando andar na garupa enquanto me agarrava em torno dele como se eu fosse um carrapato, mas nada supera o conforto e a segurança de um automóvel que contém portas.

As aulas foram normais e passaram lentamente, com os professores questionando sobre as possíveis universidade que iriamos cursar. Eles alegavam para escolhermos três universidades para prestarmos vestibular, que estava se aproximando.

E por incrível que pareça, hoje eu não havia recebido um daqueles bilhetinhos odiosos que caía no chão toda vez que eu abria a porta do meu armário. E até agradeci mentalmente por isso, pois não queria que isso acontecesse com Sasuke ao meu lado.

Não mesmo.

O intervalo finalmente chegou e como sempre, eu fui junto de minhas duas escudeiras, Ino e Hinata. Depois de ontem eu me senti mais próxima de Hinata, contendo o mesmo sentimento de confiança que eu sentia com Ino. A cumplicidade era visível entre nós duas depois de compartilharmos nossos autos e baixos. Ficamos nós três no mesmo lugar de sempre, conversando banalidades até Sasuke aparecer com os meninos, e por incrível que pareça, Naruto não estava com eles e pude perceber o suspiro aliviado de Hinata.

Ficamos todos ali, conversando, quer dizer, Ino era que mais tagarelava, bolando passeios que incluísse todos ali. Sai concordava praticamente em tudo o que ela dizia, já Hinata dava preferência ao seu lanche, mas dava para perceber que ela não estava tão legal hoje. Ela tentava soar como se nada tivesse acontecido, mas podia se ver a mágoa em seus olhos. Neji estava com toda a sua atenção ao celular, sentado de um jeito que ficava meio que de costas para o grupo. E Sasuke permaneceu calado o tempo todo, o que era pouco estranho, pois ele só havia murmurado um oi baixo para mim, antes se sentar-se ao meu lado.

Não consegui evitar aquele sentimento de incômodo com sua postura, parecia que algo estava errado, para falar a verdade, o clima na rodinha de amigos que eu fazia parte estava tenso. Agora dava para perceber por que Ino estava tagarelando mais que o normal, ela estava tentando minimizar o clima estranho que havia ali, e eu estava completamente sem entender o que estava havendo.

Virei meu rosto para o lado e fitei Sasuke que estava calado enquanto comia seu sanduiche, fitando um ponto invisível na mesa, parecia perdido em devaneios.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, enquanto tocava o seu braço.

Seus olhos negros me fitaram, analisando cana detalhe de meu rosto.

- O que faz pensar que tem alguma coisa errada? – Ele me respondeu com outra pergunta.

Franzi o cenho.

- Você... está bem quieto.

Ele continuava a me fitar de um jeito que quisesse desvendar algo de mim, mas logo desviou seu olhar para frente. Senti um aperto no peito, e percebi que Ino não tagarelava mais, e me fitava de um jeito estranho.

Todos estavam estranhos.

- O que está acontecendo? – Perguntei aleatoriamente, fitando cada pessoa ali, focando meu olhar final em Sasuke.

Ele se levantou, fazendo meu corpo entrar em alerta por seu ato repentino. Me fitou por um segundo antes de sua voz soar:

- Preciso falar com você – e estendeu a mão para mim. – Venha.

E mesmo achando pouco estranha a sua atitude, eu segurei a sua mão, sentindo meu coração bater um pouco mais forte. Ele me guiou para um lugar um pouco mais afastados de nossos amigos, o suficiente para termos uma conversa privada, mas sem sair do campo de visão deles. Paramos ao lado de uma árvore e ele soltou a minha mão, e me fitava novamente.

- O que você queria me falar?

- Por que você não me contou que esse machucado – ele apontou para o corte coberto com um Band-Aid em minha testa – que você adquiriu foi numa briga com a Shion?

Meu corpo congelou.

- Como... como você sabe? – Minha voz soou baixinha, e dei um passo para trás.

- Isso não importa.

Levei a mão automaticamente até o curativo.

- Não foi nada demais... eu só me desequilibrei...

- Não minta para mim, Sakura. – Ele me interrompeu, sua voz saindo um pouco mais alta que o normal. Ele estava sério. – Sei que foi Shion que a empurrou e você bateu com a cabeça na pia.

Prendi a respiração, sentindo minha boca tremer, minhas mãos já temiam e segurei a barra da minha saia para disfarçar.

- Não... não precisa se preocupar, está tudo... tudo resolvido – eu gaguejava miseravelmente, tropeçando nas palavras por causa do nervosismo. Nunca reagia bem quando me colocavam contra parede, como Sasuke fazia agora.

- Resolvido? - Ele franziu mais as sobrancelhas negras, parecia muito irritado. – Não tem nada resolvido, Sakura.

Eu me sentia completamente acuada, e foi por isso que acabei levantando meu muro de proteção contra ele, entrando na defensiva.

- Isso é um assunto meu, sei muito bem como resolvê-lo.

Sasuke pareceu incrédulo com que eu disse.

- Pensei que você confiasse em mim.

- Mas eu confio em você – minha resposta soou rápida e desesperadora.

- Mas não é o que parece. – E pelo seu tom, ele parecia verdadeiramente magoado.

Não respondi, apenas desviei meus olhos para o lado, incapaz de encarar seu rosto e demostrar a minha imagem de fracasso. Pois era isso que eu era, uma fracassada.

- Está acontecendo mais alguma coisa que eu deva saber? – Sua voz soou novamente, me fazendo voltar atenção para seu rosto sério que não havia desviado os olhos por nenhum segundo de mim.

Aquela poderia ser a minha chance de me abrir de vez e contar a ele o que vinha acontecendo. A rejeição e o desconforto que eu sofria com suas fãs girl enlouquecidas que queria arrancar um pedaço de mim e dar para os cachorros. Mas algo dentro de mim me impediu de dizer. Eu simplesmente travei. Eu não queria ficar nas costas dele, Sasuke já fazia muito por mim, e a última coisa que eu queria era trazer mais problemas para ele. Eu podia lidar com aquilo, era só ignorar como eu já estava fazendo que tudo iria ficar bem.

Elas tinham que parar.

- Não. – Respondi, olhando um ponto qualquer naquele chão gramado.

- Sakura – e ele segurou meus dois braços, me fazendo fita-lo -, responda-me olhando nos meus olhos. Tem algo que eu deva saber?

E novamente eu me via naquele dilema, e Sasuke me pressionava. Eu poderia acabar de vez com aquilo, mas o medo falava mais alto, era mais forte do que eu. Se eu ficar calada, as coisas estariam de alguma forma em controle, e se Sasuke tiver consciência disso ele poderia reagir e seu fã clube ficaria mais furiosos comigo.

No fim, a única prejudicada no final seria eu.

- N-Não – e gaguejei, eu havia mentido para ele novamente.

Sasuke ficou ainda me olhando por um tempo antes de soltar meus braços e desviar seu corpo do meu e passar por mim com passos rápido, se afastando.

- Espere... - virei meu corpo para trás, fitando suas costas se afastando de mim, meu coração se despedaçava. Eu havia feito algo de errado. – Aonde você vai?

Ele parou, mas não se virou, preferiu manter as costas para mim.

- Vou para sala.

Engoli a seco.

- Mas..., mas o intervalo não acabou ainda.

E desta vez era virou somente o rosto para trás, e me fitou com seus olhos frios.

- Não aguento ver você mentindo para mim.

Sua resposta foi uma facada diretamente em meu coração, me deixando petrificada no local, enquanto o via se afastar mais e mais de mim até desaparecer do meu campo de visão.

Ele sabe.

Ele sabe de tudo.

Meus lábios tremiam, podia sentir meus olhos embaçados pelas primeiras lágrimas que surgiam, mas com muito custo consegui reprimi-las. Funguei a coriza, fechando os olhos com força, me sentindo a pessoa mais estupida do universo. Eu era uma idiota com minhas atitudes idiotas que me levou a uma situação constrangedoramente ruim. E agora Sasuke estava chateado comigo.

- Sakura.

Escutei a voz de Ino próxima, me fazendo abrir os olhos e fitá-la se aproximando de mim sozinha, a expressão preocupada.

Eu podia sentir uma raiva me consumindo por dentro a cada passo que ela dava para mais perto de mim.

Traidora.

Foi ela.

Senti minha boca franzir, e apertei minhas mãos em punho quando ela parou a minha frente.

- Você está bem, amiga?

- Por que você fez isso, Ino?

Ela uniu as sobrancelhas.

- Isso o quê, Sakura? – Sua voz era cautelosa, e isso me deu mais raiva ainda.

- Por que você contou para o Sasuke? – Minha voz saiu baixa e entredentes, eu estava me controlando. – Eu disse para você não contar nada.

- Sakura – ela deu um passo para frente, gesticulava com as mãos -, eu fiz isso para o seu próprio bem...

- Meu próprio bem? – A interrompi, minha voz soando dois décimos mais alto. – O Sasuke está com raiva de mim e a culpa é sua!

Seus olhos arregalaram com o meu excesso de fúria.

- O quê...

Não a deixei terminar, a interrompendo novamente:

- Ino, faz um favor? Não se meta na minha vida.

Dizendo isso eu passei por ela e saí correndo para longe, ainda escutando sua voz ficando para trás, me chamando.

. . .

Eu queria ir atrás de Sasuke e me desculpar por meu erro e minhas mentiras, mas como uma boa covarde que eu era, eu não fui. Apenas voltei para a minha sala e fiquei sentada no meu lugar com a cabeça baixa até o professor entrar na sala e começar as aulas. Posso dizer que não prestei atenção em nada do que ele disse, minha mente estava longe em devaneios, todos voltados para Sasuke. Eu não queria ficar brigada com ele, eu me sentia mal por isso. Eu tinha que resolver aquele problema, e arrancar aquele peso em meus ombros. Eu iria abrir o jogo e contar a verdade para Sasuke.

Depois que as aulas acabaram e o sinal do término soou, arrumei minhas coisas na mochila e saí da sala e fui direto ao corredor dos armários, deixaria alguns livros ali antes de esperar Sasuke ao lado de sua motocicleta. Estava fechando o armário quando fui abordada por um menino que deveria ter na faixa etária dos treze aos quatorze anos.

- Você é a Sakura, não é?

Franzi o cenho, achando estrando aquela abordagem repentina.

- Sim – segurei a alça da minha mochila.

- O Sasuke mandou avisá-la que está lhe esperando detrás do colégio.

- O Sasuke?

- Uhum – ele assentiu com a cabeça, aproximou seu rosto e sussurrou. – Ele tem uma surpresa para você, mas não diga que eu avisei.

- Ok.

O menino saiu correndo, se misturando com os aglomerados de alunos que zapeavam pelos corredores.

Voltei a percorrer os corredores, desviando de alguns corpos, meus passos haviam se apressado um pouco e não demorou para que eu estivesse do lado de fora. O tempo estava horrível e podia ouvir o som dos trovoes que cortavam o céu, não iria demorar muito para cair um temporal e eu nem havia trazido um guarda-chuva.

Dei a volta no prédio e logo já estava detrás do colégio que estava vazio, não havia nenhum sinal de Sasuke ali. Será que o menino havia me enganado? Avancei mais para frente, passando o olhar em todo o local, mas eu era a única alma viva ali...

Era isso o que eu achava até escutar uma voz nada conhecida e bem debochada soar atrás de mim:

- E não é que pegamos o pato?

Virei meu corpo para trás e pode ver um grupo de garotas saindo por detrás da pistaras, se aproximando de mim com sorrisos nem um pouco amigáveis.

Todo o meu corpo entrou em alerta.

O que era aquilo?

- Então a patinha está se achando por andar por aí com o nosso Sasuke – disse uma garota loira, eu já havia visto ela antes, era uma das líderes de torcida que estava falando com Sasuke uns tempos atrás.

- Com que direito você acha que pode sair por aí desfilando ao lado do Sasuke como se ele fosse seu? – Disse uma outra, chegando mais perto de mim, podia ver o rancor e a raiva em sua voz.

Meu coração batia acelerado, e dei vários passos para trás, eu tinha que sair dali.

- Isso não é da sua conta. – Senti minhas mãos tremerem, o medo começava a tomar conta de mim. – O Sasuke é meu namorado.

A garota loira que parecia ser a líder do resto começou a rir, fazendo as outras rirem também.

- Viu só meninas? – Seu tom era debochado. – Essa pata otária está se achando a princesa.

- Eu vou embora.

Fiz menção em dar as costas para aquelas malucas possessivas, mas dei de cara com três garotos barrando a minha passagem. Meu corpo congelou por um momento, e dei vários passos tropeços para trás e quase me desequilibrei. E o círculo se fechou ao meu redor.

- Nada disso, patinha, você não vai sair daqui até você souber como se faz uma torta de pato.

- Ahn?

Eu fitava todas aquelas pessoas que riam e debochavam de mim, sabia que nada de bom iria vir. Eu estava desesperada, tendei avançar e empurrar aquele círculo de pessoas, mas fui empurrada para trás e quase caí do não.

- Vocês sabem o que se leva para fazer uma torta de pato? – Perguntou a garota com um sorriso malvado na boca.

Não.

- Ovos – uma outra garota respondeu, e todos a minha volta ergueram um saquinho de papel a minha frente retirando ovos de dentro.

- O quê? – Senti meus olhos arregalarem, minha respiração acelerada enquanto meu corpo paralisou.

Isso não pode estar acontecendo.

E as cenas em minha memória se fez presente quando senti o primeiro ovo me atingir, seguido de segundo e do terceiro, e em poucos segundos eu era ovacionada por inteiros, sujando toda a minha roupa e meu cabelo.

Eu me encolhia toda, tampando meu rosto com o braço. Meu corpo estava praticamente paralisado, eu não conseguia reagir aquela cena de maldade, eu não consegui me defender. Apenas fechei meus olhos, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto sujo enquanto eu era atacada com uma chuva de ovos e farinha que me fez tossir por alguns segundos devido o pó que entrava em meu nariz.

Perdi a noção do tempo, eu só queria que aquilo parasse. Eu só me perguntava o que tinha feito de errado para merecer aquela humilhação, aquele ódio todo que tinham por mim. Minha mente estava nublada, eu queria morrer.

- Mas que porra...

Eu escutei uma voz de longe, mas não consegui identificar, a zoeira, as risadas eram grandes e altas.

- Larga isso, seu filho da puta.

Era a voz de Sasuke, eu podia escutar a voz de Ino e de Naruto. Aos poucos o círculo se abria enquanto escutava Ino berrar um monte de coisas. Aquela era a minha chance de fugir. E corri, corri com todas as minhas forças, minha visão estava embaçada pelas lágrimas, e eu chorava enquanto corria. Eu queria fugir para bem longe dali e de todos. Queria fugir e me socar num lugar aonde ninguém pudesse me encontrar.

Por quê?

Por que isso só acontecia comigo?

Por que as pessoas gostavam de descontar suas frustrações e sua raiva em mim?

Por quê?

Por um momento eu amaldiçoe-me por ter ido à escola hoje. Amaldiçoe-me por ter dado ouvidos ao garoto e ir direto para aquela armadilha. Amaldiçoe-me por ter aceitado ser a namorada do Sasuke.

Já era de prever que aquilo pudesse acontecer. Como eu fui burra por pensar que aquelas ameaças de ódio só ficariam nos papéis.

Burra.

Passei correndo por alguns alunos que iam embora, os deixando chocados com meu estado lamentável, e consegui atravessar os porões para a rua. Continuei correndo, sentindo os pingos grande da chuva que começava a cair, mas não me importei. Não me importava mais com nada, eu só queira que a aquela dor e aquela angustia que eu sentia em meu peito passasse. Mas ela não passava, só amentava a cada passo que eu dava, ficando mais intenso aquele sentimento ruim de rejeição.

Atravessei a rua correndo sem ao menos olhar para os lados, o que foi um erro, pois o som de buzina soou perto e num ato completamente no automático eu parei, vendo o carro se aproximando de mim. Fechei os olhos esperando pelo baque, mas o que senti foi um corpo me abraçando de repente e me empurrando com força para frente e caímos juntos no chão, rolando e ralando meus joelhos e minhas mãos.

Abri os olhos sentindo meu coração bater com força, percebendo estar na calçada do outro lado da rua e Sasuke caído ao meu lado, apoiando sua mão no chão para que ficasse sentando.

- Você quer morrer? – Ele questionou, meio com raiva, meio com medo, era isso que sua expressão demostrava.

Talvez seria melhor se eu morresse.

Desviei meus olhos para o lado, e mais lágrimas descia por meu rosto, enquanto ficava sentada, chorei mais. Senti Sasuke me abraçar enquanto os pingos de chuva ficavam mais e mais fortes.

- Sakura...

- Me solta – tentei me desvencilhar de seu abraço, meu estado era lamentável.

- Se acalma – e segurou os dois lados de meu rosto, retirando os vestígios de ovo escorrendo por meu rosto. E a chuva que agora caía sobre nós, só intensificava a meleca e o cheiro insuportável que eu estava.

- Me larga – e mais uma vez tentei me afastar dele, mas Sasuke me puxou e me abraçou, ignorando a sujeira que estava em meu corpo.

Apenas cedi aquele abraço e chorei mais ainda em seu ombro, mas não tive coragem de abraçá-lo de volta.

- O que fizeram com você – ele dizia, me apertando mais contra o seu corpo, ignorando a chuva que caía forte agora. – Por que não me disse o que estava acontecendo, Sakura?

- Eu não aguento mais – minha voz soava junto com o choro dolorido, eu me sentia cansada, quebrada emocionalmente. – Eu não consigo mais suportar ser o centro de tudo – eu jogava para fora todas as minhas frustrações, não aguentava mais guardá-las para mim. Eu sentia como se eu fosse explodir, e era isso que estava acontecendo e não conseguia mais controlar. – Eu não aguento todos apontando o dedo para mim. Eu não estou suportando mais ser zombada, humilhada, maltratada. Eu sou tão miserável assim para merecer todo esse ódio?

- Por Deus, Sakura, não! – Sasuke pareceu assustado, e me apertou mais. – Você não merece nada disso, a culpa disso tudo é minha. Me desculpe.

Ele não tinha nada que desculpar, a culpa era minha, e do que eu representava. Eu já deveria ter tido consciência dos prós e dos contras de ter um garoto daquela magnitude como namorado. Eu não o merecia.

- Acho melhor nós terminarmos.

- O quê? – Ele se afastou um pouco, segurando meus ombros e me fitando os olhos, sua expressão era assustada. – Por quê? Não!

- Eu não quero mais viver assim, com todos me perseguindo. – Passei a mão no meu rosto para poder enxergar melhor por causa da chuva. Eu estava completamente molhada e Sasuke não estava diferente de mim, e sua roupa suja com a meleca de ovos, água e farinha quando ele me abraçou.

- Sakura, por favor, não faça isso – e segurou os dois lados do meu rosto. – Eu gosto de você. Eu realmente gosto de você.

E em seguida me beijou. Apenas fechei os olhos, sentindo seus lábios molhados contra os meus fedorentos de ovo. Desvirei meu rosto para o lado, desvencilhando de sua boca.

- Vai ser melhor para nós dois.

- Não vai ser melhor nada – ele disse, puxando meu rosto para poder enxergá-lo. Eu chorei mais quando percebi o quando estava fazendo-o sofrer com minha decisão. – Me desculpe por você passar por tudo isso. Eu deveria ter sido mais atencioso, e prestado atenção com que acontecia com você. Mas juro que isso não vai ficar assim, esses abutres vão pagar por tudo que fizeram com você.

- Você não tem culpa de nada, Sasuke. O problema sou eu, você merece alguém melhor do que eu.

- Não – e me abraçou forte novamente -, por favor, Sakura, não faça isso. Eu juro que cuidarei melhor de você. Juro que a partir de hoje serei um namorado melhor...

- Você não precisa jurar nada, Sasuke. – Até por que, todos aqueles juramentos estavam me deixando mal. – Você é perfeito de mais para mim.

- Eu não sou perfeito, sua boba – e separou-se novamente para me fitar, e seus olhos estavam vermelhos, ele estava chorando. – Eu tenho muitos defeitos como todo mundo tem, e um deles é ser egoísta o suficiente por não permitir você ir. – Ele afagou o meu rosto e depois fungou, suas lágrimas se misturando com a chuva, assim como as minhas. – Eu te amo, Sakura Haruno, e não a nada que faça mudar isso. Nem mesmo um fã-clube idiota ou você com suas atitudes impulsivas. Eu gosto tanto de você, Sakura, que enfrento o que for para estar ao seu lado.

Todo o tido insegurança que eu sentia naquele momento havia evaporado, pelo menos a que se referia a ele.

- Ah, Sasuke... – jogue-me em seus braços e o abracei com todas as minhas forças e chorei mais ainda.

Sasuke é como um milagre em minha vida, um príncipe encantado na era contemporânea. Eu podia estar quebrada por dentro, meu ego e minha dignidade massacrada, mas a única coisa que eu tinha certeza era do amor de Sasuke por mim. Só o amor dele que me permitia levantar daquele chão molhado e seguir em frente. Só o amor dele que permitirá acordar de manhã e enxergar o sol. Pois naquele momento eu havia percebido que eu amo mais o Sasuke do que a mim mesma.