Capítulo 18 - A Volta

Na segunda-feira, acordei um pouco estranha, fisicamente, minha cabeça doía um pouco e meu corpo estava pouco trêmulo, mas mesmo assim eu estava mais calma que no dia anterior. Minha mãe levou-me ao psiquiatra que havia agendado ontem, depois que saí do hospital. O médico que havia me dado alta indicou que eu procurasse um para tratar a síndrome de pânico. Então me consultei com o psiquiatra e depois de minha mãe relatar a ele o que havia acontecido comigo, ele disse que devido ao impacto emocional eu havia adquirido aquela doença.

- Sente mais algo que queira dizer? – Ele me perguntou, fitando-me de solaio enquanto anotava algo em minha ficha.

- Eu sinto um pouco de tremor por dentro... e minha cabeça está doendo um pouco.

- Ok. – E anotou mais alguma coisa. – Então como eu disse, devido ao seu impacto emocional por causa do que você sofreu na sua escola, desencadeou um estado de estresse muito forte e trouxe à tona o problema.

- Mas isso tem cura, doutor? – Minha mãe perguntou, ela estava sentada ao meu lado na cadeira.

- Sim. – Ele respondeu e pegou um bloquinho de papel pequeno e retangular e começou a escrever. – Quando identificado costuma ser tratado com uma associação de psicoterapia e medicamentos. Irei passar um antidepressivo com efeito tranquilizante que evita o medo de futuros ataques e para controlar possíveis novas crises durante três meses – e depois destacou o papel azul e entregou para minha mãe. – Ele deverá ser tomado a noite, pois assim ela irá relaxar e acordar melhor no outro dia.

- Tudo bem.

E depois me fitou.

- E também indico psicoterapia com uma terapeuta, vai ser muito bom para você.

- Ela está com um horário marcado para hoje – mamãe respondeu por mim.

- Isso é bom

Depois que saímos da sala do psiquiatra, minha mãe me levou ao consultório da minha antiga psicóloga que também agia na área de psicoterapia. Mei foi muito gentil quando me viu, ela me abraçou e me elogiou, conduzindo-me até aquela marca regulável e aconchegante na cor preta para que eu me deitasse. Minha mãe havia ficado me esperando do lado de fora.

Era a segunda vez que eu me via naquele dilema. A primeira foi quando meu pai morreu, eu havia me fechado e me insolado de tudo e quando me permiti me abrir para novas amizades eu acabei sofrendo rejeição da parte de meus colegas que fingiam querer minha amizade. Eu fiquei mal, e a perda que sofria me fez isolar-me dentro do meu quarto. Lembro-me que mamãe havia me levado a força até o consultório de Mei e demorei umas quatro seções para que me render e me abrir aquela mulher o que acontecia dentro de mim e a rejeição que sofri na minha antiga escola.

Mas agora era diferente. Eu não dificultei nada, tanto para mim quanto para Mei, pois eu tinha medo de sentir aquilo que senti ontem. A sensação de morte era uma coisa assustadora, e evitava até pensar no assunto, mas eu tinha que relatar a Mei o ocorrido, assim como os acontecimentos de minha vida desde o dia em que ela havia me liberado das seções, dizendo que estava bem para uma vida saudável. Contei das minhas inseguranças. Contei do fato de ter acostumado ficar sozinha, assim como o fato de Sasuke ter entrado na minha vida. E contei das minhas novas amigas. Contei tudo.

- E você gosta desse Sasuke?

- Gosto. – Respondi, fitando um ponto invisível no teto branco. – Gosto muito dele... mas eu... as vezes penso o que ele viu em mim... não acho que tenho algo de especial.

- Ele viu uma garota inteligente e especial com planos para o futuro. – Ela me respondeu. - A pessoa não precisa ter um padrão de beleza para atrair um parceiro. A atração vem de um conjunto de características físicas, emocionais e psicologias, e que despertam o interesse e o desejo de alguém. Esse seu namorado pelo que você me relatou sente atração pelo que você é e está apaixonado por você.

Virei meu rosto para fitá-la.

- Você acha?

- Ele mesmo não disse isso a você?

- Várias vezes.

- Então, Sakura, o problema não é você e sim o padrão de beleza que você própria construiu em sua cabeça, e vamos trabalhar nisso em nossas futuras seções. Esse padrão de beleza está causando as suas inseguranças perante seu namoro e sua baixa autoestima, a timidez também é um fator que te atrasa e te faz colocar dentro de uma bolha protetora.

- Mas eu não me acho bonita.

- Não existe pessoas bonitas e nem pessoas feias. Existe pessoas com belezas diferentes, ninguém é igual a ninguém, cada pessoa tem um padrão, e o ideal e mais saudável é aceitar suas condições físicas. A beleza não está só no físico e sim em suas ações, como ser verdadeira, ser objetiva, saber escutar, ser sorridente, ser mais aberta e acima e tudo, andar de cabeça erguida.

- Falar é fácil.

- Boa. – Ela sorriu, com aquela calma que só ela tinha. - Falar é fácil. Mas tem que entender que todos nós, seres humanos, somos formados de defeitos e qualidades, o que torna cada ser humano único. Se há algo que pode ser transformado, deve ser mudado conforme seu desejo. Contudo, é importante aceitar aquilo que é nosso e que não pode ser mudado. Você tem que entender, Sakura, ninguém é igual a ninguém, sua referência é você mesmo! Caminhe rumo a uma vida mais tranquila e feliz. Se estiver autoconfiança e respeito por si própria conseguirá lidar melhor com os desafios da vida e buscar sem culpa nenhuma o direito de ser feliz.

Quando minha sessão chegou ao fim, minha mãe me esperava e sorriu calorosa para mim. Era quase hora do almoço, então ela resolveu almoçarmos num restaurante que ficava por perto. O nosso orçamento não era grande para esbanjarmos com regalias ou pequenos luxos, mas naquele momento mamãe queria me mimar e aceitei de bom agrado sua gentileza.

À tarde, deitada na minha cama, eu refleti por um tempo as coisas que Mei havia me dito, e por mais que suas palavras sejam encorajadoras, eu não estava cem por cento bem ou confortável para mudar, eu sentia medo da rejeição e do diferente.

Na terça-feira eu acordei melhor e mais disposta do que no dia anterior, fazia duas noites que não sonhava com nada e até achei melhor assim. Mamãe havia ido trabalhar e tomamos café justas antes de ela sair, e preocupada ela alegou que qualquer coisa era só ligar para ela. Aproveitei aquele dia para distrair minha mente e liguei o som e arrumei toda a casa na parte da manhã, confesso que não pensei nenhuma vez nos meus problemas.

A tarde depois de almoçar eu me joguei no sofá e fui ler meu livro que estava pela metade, fiquei a tarde toda o lendo e só parei quando vi que estava começando a anoitecer. Mamãe chegou quando estava preparando o nosso jantar, era notável a expressão animada dela por me ver uma não zumbir. Até cogitei algumas piadas, mas não era muito boa com piadas e mamãe sabia disso e ria da minha cara e eu só aproveitei e ri também.

Depois de jantarmos fomos para sala assistir novelas e opinar sobre a mocinha estar fazendo muito drama para não ficar com o mocinho. Por um momento eu lembrei de Sasuke, mas preferi deixar de lado e me focar somente em meu momento com minha mãe. Ela estava feliz por ver que eu estava melhorando. E eu acho que estava um pouco melhor.

Na quarta-feira eu pensei em voltar para o colégio, mas um friozinho de medo me fez recuar, não me sentia pronta para enfrentar todos. Evitava pensar o que poderia acontecer quando chegasse o dia para enfrentar tudo, por que sabia que iria me enterrar naquela minha cova profunda que era meus pensamentos obscuros.

E novamente eu me via sozinha a parte de dia, e confesso que estava entediada, por mais que eu estivesse com uma pontinha de medo, eu sentia saudade das minhas amigas, e de Sasuke. E aquela saudade desencadeou a vontade de ouvir a sua voz. Peguei meu celular que estava desligado desde sexta-feira passada dentro da mochila e o liguei. Havia muitas mensagens de texto de Ino, Hinata, Naruto, Neji, o namorado de Ino o Sai e uma de Sasuke. Minha caixa postal estava cheia também.

Fui para cima de minha cama e comecei a ver primeiro as mensagens, abri a de Sasuke.

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Espero que esteja tudo bem com vc.

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Era a única dele e o suficiente para fazer meu coração bater forte, abri as da Ino.

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Sakura, eu sei que deve estar mal, mas poderia me responder?

A diretora puniu aqueles idiotas.

Eu fui a sua casa, mas sua mãe disse que vc não estava bem. Melhoras.

Vc vai vir para a escola hj?

Eu sei que posso está sendo chata, mas está zangada comigo?

Desculpe novamente. Eu não fiz por mal ter contado ao Sasuke.

Oi, Sakura.

Olá, se estiver menos zangada comigo, poderia me mandar um oi?

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Eu me sentia uma péssima amiga, Ino se sentia culpada e achava que eu estava zangada com ela, mas na verdade eu não me sentia bem e tudo o que queria era ficar sozinha. Resolvi respondê-la.

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Oi, Ino, não estou zangada, só queria ficar um pouco sozinha. Me desculpe.

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Sim, eu era uma péssima amiga e péssima com as palavras, abri as mensagens de Hinata.

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Oi Sakura, sinto muito pelo que aconteceu com você, e espero do fundo do meu coração que esteja bem.

Não sei se a Ino te disse, mas as pessoas que fizeram isso com você, tiveram punições.

Olá, Sakura, tivemos na sua casa, mas acho que vc não estava tão bem assim, força amiga.

Oi, é um pouco tarde da noite, mas queria que soubesse que estou rezando por você.

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Eu podia sentia meus olhos marejados com a forma carinhosa daquelas meninas, e me senti péssima por deixá-las tão preocupadas comigo. Eu não queria, juro que eu não queria, mas foi inevitável, o jeito quebrado que eu sentia impossibilitava de tranquilizar aquelas pessoas que só agora eu via o quanto se importavam comigo e eu me sentia grata por tê-las ao meu lado com seus carinhos. Respondi Hinata.

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Desculpe sumir assim, mas não me sentia bem para falar, mas quero que saiba que estou melhorando e obrigada por todo esse carinho.

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Depois das mensagens era a vez da caixa postal, escutei as de Sasuke primeiro.

- Oi, Sakura... já estou em casa e só queria saber mesmo se você está bem. Fiquei pouco preocupado depois que saí da sua casa... Me liga.

- Oi... – a respiração dele estava ofegante. – Eu vi que você... você não ligou para mim, estou um pouco preocupado... você não me atende – meu coração acelerou quando ouvi sua voz baixa e pausava a cada frase. – Eu fui a escola e soube que... que puniram aqueles abutres que fizeram mal a você... – e ele reprimiu um pouco da tosse e fungou o nariz, murmurando um palavrão. – A tarde depois que eu... que eu sair da escola eu passo aí para te ver...

Fitei a tela do meu celular, meu coração batendo forte, eu estava preocupada com Sasuke, e a forma cansada que ele estava naquele áudio de gravação.

- Droga – resmunguei, procurando seu nome na lista e em seguida liguei para ele.

Seu telefone chamou várias vezes até cair na caixa postal. Liguei de novo e de novo até que resolvi deixar uma mensagem para ele.

- Oi... sou eu, a Sakura – eu estava com vergonha por não ter visto aquela ligação antes. – Desculpe, mas eu só vi a sua mensagem agora e suas ligações... estou com vergonha agora – e sorri nervosa mordendo o lábio, fitando algo na janela ao lado. – Eu estou melhor do antes, e você? Melhorou da possível gripe? Digo, eu ouvi a sua voz cansada e suas tosses, queria saber que está tudo bem. Me liga, juro que atenderei dessa vez.

Tola, era o que seu estava me sentindo naquele momento. Tola por cogitar a ideia de que ninguém se importaria caso eu desaparecesse para sempre. Minha mãe iria sofrer horrores por perder uma filha que ela tanto cuida. Minhas duas amigas iriam sofrer muito por perder uma nova amiga que elas haviam adotado com muito carinho. E Sasuke... bom, ele iria se culpar por não ter chagado a tempo de evitar tudo aquilo. E uma coisa eu havia percebido era que eu era importante para essas pessoas e eu não queria decepcionar nenhuma delas com minhas ações suicidas, principalmente Sasuke. Ele havia provado de todas as formas que gostava de mim e só agora eu percebi que eu não deveria o afastar com minhas inseguranças e sim aceitá-lo de uma vez por todas. Por que ele era meu, só meu e de mais ninguém.

Na quinta-feira acordei decidida a voltar para a escola. Não podia passar minha vida toda só fugindo como uma covarde, eu tinha que enfrentar aquela situação e seguir em frente. Eu me sentia bem mais calma do que os outros dias e sabia que era por causa do remédio que tomava todas as noites. Eu podia pensar com mais clareza nas coisas e agir. Claro que eu tinha aquele friozinho de medo circulando dentro de mim, mas era suportável agora. Não podia passar minha vida toda só dependendo dos outros ou vivendo de piedade ou pena, tinha que agir por mim mesma. Mas também não sentia à vontade em mudar, a mudança ainda me dava medo, eu só iria viver agora um dia de cada vez.

E pensando assim eu entrei na cozinha, já arrumada com o uniforme e pegando mamãe de surpresa quando sentei na mesa para tomar meu café da manhã.

- Você vai para escola?

- Não posso ficar sempre fugindo, não é? – Murmurei daquele tipo de humor preguiçoso que eu tinha todas as manhãs, pegando um pão e passando manteiga nele.

E antes de terminar de passar a manteiga no pão eu senti os braços de mamãe me rodearem num abraço desengonçado.

- Ah, querida, você não sabe o quanto eu estou feliz e aliviada que está retomando suas atividades.

- Mãe, a senhora está me machucando – reclamei, pois ela prensava meus braços contra minhas costelas e meu pão quase caiu de minha mão.

- Desculpe – e me soltou com um sorriso aberto de um canto a outro.

Sua aura estava iluminada enquanto colocava o leite no meu copo.

- Tá bom – murmurei sorrindo comprimido e pegando o copo que ela entregava para mim. – Obrigada.

Mamãe tagarelou enquanto tomávamos café e decretou que me acompanharia até a escola, mesmo eu resmungando que não precisava, mas ela insistiu e eu apenas aceitei. E de alguma forma eu me senti um pouco mais segura com ela ao meu lado. Despedi-me dela antes de atravessar os portões com um sorriso contido e dando as costas, respirando fundo adentrei o lugar que havia sido o meu pesadelo por uma semana.

Eu matinha a cabeça baixa enquanto caminhava pela trilha de concreto daquele grande pátio gramado, sentindo minhas mãos frias e trêmulas. Meu coração batia forte a cada passo que eu dava e ele acelerou mais quando fui pega de surpresa com um vulto e em seguida ser recepcionada com um abraço apertado fazendo-me dar vários passos para trás e quase fui ao chão com o impacto.

Quando ergui meus olhos eu só podia ver fios loiros e a voz de Ino se fez presente em seguida:

- Ah meu Deus, eu não acredito que você veio.

Levei alguns segundos para retribuir aquele abraço que havia acalmado o meu coração.

- Ino.

Ela se afastou de mim, me fitou com os olhos pouco marejados e sorriu abertamente segurando minhas duas mãos.

- Eu sinto muito, Sakura – e fechou os olhos –, muito, muito, muito mesmo – e depois os abriu. – Eu juro que eu não fiz por mal quando disse para o Sasuke o que estava acontecendo com você, eu juro que eu só queria te ajudar e você sabe...

- Ino – a interrompi, apertando mais as suas mãos e fazendo sua atenção focar em mim. – Tudo bem – e sorri –, eu não estou zangada com você. Eu que devo te pedir desculpas por ter agido como uma vaca. Eu sei que você só queria o meu bem.

Ela soltou minhas mãos e colou suas palmas e aproximou da boca, as sobrancelhas baixas.

- Eu juro que eu só queria seu bem mesmo.

- Eu sei disso...

- Sakura! - A voz de Hinata soando atrás de mim me interrompeu.

Virei meu rosto para trás e vi uma Hinata vindo até mim correndo, e não demorou para eu receber o segundo abraço impactante e Ino aproveitou e me abraçou por trás, me deixando no meio entre elas. Eu me sentia a pessoa mais sortuda do mundo por ter aquelas meninas que demostravam em público o quanto eu era especial, e elas também eram especiais para mim.

- Que bom que você veio.

- Obrigada.

E nos separamos, olhei para aquelas duas garotas e sabia que iria chorar, pois meus olhos estavam embaçados, e não consegui segurar as lágrimas. Elas me abraçaram novamente.

- Eu amo muito vocês – minha voz saiu chorosa e soluçante, aconchegada nos braços das pessoas que me amavam.

- Nós também te amamos, Sakura – disse Ino.

- E não sabe a falta que nos fez. – Hinata completou.

- Também senti falta de vocês – disse me separando e secando meus olhos com as costas das mãos enquanto fungava. As meninas também fungavam, elas tinham chorado comigo.

- Vamos para o banheiro – disse Ino de repente segurando-me pelo braço e me puxando em direção a escola.

- Mas temos aula agora – comentei, mas me deixando ser guiada, observando de relance que minha presença aos poucos estava sendo notada.

- Nós entramos na segunda aula, temos muito o que conversar.

- Vamos Sakura, nós te protegemos – completou Hinata, vindo atrás de mim e com suas mãos em meus ombros.

Eu não tinha como contestar, apenas segui aquelas duas meninas que era as minhas melhores amigas.

O banheiro estava vazio, Ino fez questão de trancar a porta para que não fossemos interrompidas e sentamos no chão ao lado do lavabo em forma de círculo. Coloquei minha mochila ao lado enquanto escutava os relatos do quanto elas estavam preocupadas comigo e pelo fato de não ter dado nenhum tipo de respostas as suas mensagens e ligações.

- Me desculpe, não estava me sentindo bem para falar com alguém – fui sincera, observando elas me olharem atentas. – Eu desliguei o celular.

- Eu percebi depois e ter mandado um monte de mensagens, pensei que estivesse com raiva de mim.

- Não estava com raiva de você, Ino, só não tinha cabeça para pensar e conversar, queria ficar sozinha.

- Eu imaginei – disse Hinata. – O que fizeram com você foi uma coisa bem ruim.

- Não queria falar sobre isso – balancei minha cabeça para os lados. – Eu só quero esquecer que aquele dia existiu.

- Tudo bem, nós respeitamos – disse Hinata.

- Só para você saber – começou Ino –, aqueles idiotas tiveram suas punições. Eu tive o prazer de deletar todos eles a diretora. Naruto foi comigo, ele estava junto de Sasuke quando uma menina do sexto ano disse a ele que estavam ovacionado você. Eu vi quando ele estava correndo com Naruto e fui atrás e depois... – ela pausou, abalançando a cabeça para os lados. – O Sasuke foi atrás de você e ficamos eu e Naruto xingando aqueles escrotos.

- A diretora deu três semanas de suspenção para cada um deles e chamou os pais de cada um para notificar o ocorrido – disse Hinata. – E na sexta-feira mesmo ela chamou toda a escola até o auditório e fez uma palestra sobre bullying e sobre o que aconteceu na quinta-feira. Ela ficou muito irritada.

- Eu agradeço de verdade tudo o que vocês fizeram por mim, juro que naquela hora eu não tive reação para nada.

- Eu imagino.

- E o Sasuke? Vocês sabem dele?

- Bom – começou Ino –, ele veio sexta... – e pausou, parecia pouco hesitante. - Olha, Sakura eu não comentei nada com você pelas mensagens para não a preocupar, mas o Sasuke não estava muito bem não.

Meu corpo paralisou, e eu me preparei para o pior.

- Como assim, Ino?

- Ele estava bem resfriado, usava máscara e não assistiu toda aula, foi para casa no meio da palestra. O irmão dele veio busca-lo e depois de sexta ele não veio mais.

- Ah meu Deus. – Levei as mãos a boca, sentia um aperto no peito. - Vocês não sabem de mais nada dele?

- Não – ela balançou a cabeça para os lados.

- Talvez o Naruto saiba – disse Hinata. - Ele foi na casa do Sasuke esses dias só que ele não diz nada para gente, só fala que ele está bem ruim, uma gripe muito forte.

Levei minhas duas mãos a cabeças, a culpa me corroía por dentro. Sasuke estava doente e era por minha causa, ele levou toda aquela chuva para ficar ao meu lado, até me salvou de um possível atropelamento.

- Você já ligou para ele? – Ino perguntou, cautelosa.

- Ele não me atende.

- Vá na casa dele.

Balancei a cabeça para os lados, sentindo novamente as lágrimas quererem escapar.

- Não sei o endereço.

- O Naruto sabe, é ele que está levando as anotações das aulas.

- Eu vou falar com o Naruto.

. . .

Entrei na segunda aula e como previsto eu recebi os olhares de todos, e o fato de ter chegado atrasada só contribuiu para aquela atenção exagerada em mim. Tentei ignorar aquele detalhe incomodante com todas as minhas forças, e caminhei com passos firmes até a mesa de Naruto que também me fitava. Estava aproveitando a sala sem professor para trocar uma palavra com ele.

- Sakura – ele pareceu surpreso em me ver, assim como Neji que sentava a sua frente.

- Naruto, você sabe algo sobre o Sasuke? – Minha voz era baixa quando perguntava sobre o meu namorado.

- Você está bem?

Apenas assenti com a cabeça e esperei ele responder a minha pergunta.

- Bom, ele está melhorando, pegou uma gripe muito forte.

- Você tem o endereço dele?

- Claro – respondeu sorrindo. – Na hora do intervalo eu te dou.

Assenti mais uma vez agradecida e fui para o meu lugar ao mesmo tempo que o professor de matemática entrou na sala. Ele veio até a minha mesa e perguntou se eu estava bem e eu disse que sim, e foi aí que percebi que todos os olhares que estavam em mim não eram debochados, eram de pena, e aquela atenção que as pessoas tinha comigo era sufocante, pior do que os olhares de desprezo.

Depois de mais duas aulas o sinal do intervalo tocou, fazendo todos os alunos saírem porta a fora as pressas. Eu continuei sentada em minha cadeira guardando minhas coisas calmamente quando percebi a presença de Naruto sentando na cadeira a minha frente com seu corpo virado para mim.

- Aqui – ele me entregou o papel com o endereço escrito.

- Obrigada.

- Olha, eu queria te dizer uma coisa, só não disse antes por que o Neji estava ouvindo e o Sasuke iria ficar muito puto comigo se todos souberem.

- O que é?

- O Sasuke esteve internado por dois dias.

Senti meus olhos arregalares, surpresos e meu coração parou algumas batidas com aquela notícia ruim.

- Ele... estava internado?

- Quem me contou foi o Itachi, irmão dele. – Naruto assentiu com a cabeça. – Ele disse que o Sasuke teve uma crise séria de bronquite e teve baixa oxigenação no sangue. Na sexta-feira ele veio para escola, mas estava bem ruim, eu acabei ligando para o irmão dele vir buscá-lo quando estávamos no auditório.

- Ah meu Deus, e como ele está, Naruto? – Eu já podia sentir minha boca tremer.

- Está melhorando – e sorriu cansado. - Sasuke é um cabeção, tem vergonha de dizer que é doente e gosta de se fazer de durão, mas ele está se recuperando. Só não está podendo vir para escola por causa das faltas de ar que tem de vez enquanto.

- A culpa é minha.

- Sua?

- Ele veio atrás de mim naquele dia e pegou toda aquela chuva – eu não aguentei e chorei baixinho.

- Ei, não chora – e tocou meu braço, seu rosto era desesperado. – Droga, não gosto de ver ninguém chorando.

- A culpa é minha.

- A culpa não é sua. Sasuke tem problemas respiratórios e se culpar não vai curá-lo – e me sacolejou levemente, trazendo minha tenção para ele. – Eu conheço aquele teme e sei que ele iria ficar se sentindo um bosta por sua saúde ser uma droga por vê-la chorar desse jeito. Tudo o que você pode fazer é ser forte e encorajá-lo a ficar bem. Ele está meio que para baixo por não poder vê-la e irritado por eu saber seu problema, e acho que vai ficar mais irritado por eu ter contado a você.

- Eu já sabia desse problema de saúde.

- Sabia? – Ele pareceu surpreso, apena assenti.

- Ele me contou.

Naruto sorriu.

- Ele gosta mesmo de você, garota, e sabe de uma coisa?

- O quê? – E funguei a coriza em meu nariz.

- O que vai deixar o Sasuke feliz e fazê-lo se recuperar mais rápido é ver você.

Não tive como não sorrir e agradeci por Naruto está sendo um amigo legal.

- Ok, vou vê-lo depois quando as aulas terminarem.

- Vai sim – e sorriu para mim.

- E Naruto, obrigada.

Ele apenas apertou o meu ombro.

- Não precisa agradecer, Sakura, você é uma garota incrível.