Capítulo 21 - Almoço

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Eu não sabia se o frio que eu sentia em minha espinha era devido ao tempo muito ruim daquele sábado ou era devido eu estar de frente a porta da casa de Sasuke com o dedo na campainha para tocá-la. Mamãe estava ao meu lado, meio que ansiosa enquanto segurava uma torta de morango – especialidade dela –, murmurando se a família de meu namorado iria gostar. Eu não dizia nada para acalmá-la por que eu me via numa situação bem pior em nervos e minhas mãos trêmulas eram o sinal do meu nervosismo pleno.

Quando contei para minha mãe que a dona Mikoto havia convidado nós duas para um almoço no outro dia, mamãe ficou surpresa pelo convite e agitada por ser tarde para preparar algo para levar naquele almoço e não chegar com as mãos abanando. Jantamos aquela noite pensando o que levar e optamos por uma de suas tortas deliciosas que ela fazia. Ajudei mamãe naquela manhã a prepará-la e o aspecto era apetitoso.

- Tomara que não passamos vergonha com essa simples torta.

Apertei a campainha e depois olhei para minha mãe, seu rosto era pouco vermelho devido o frio.

- Garanto que todos irão gostar da sua torta.

- Você é minha filha, sua opinião é suspeita.

Comprimi os lábios num pequeno sorriso.

- Assim como a senhora é suspeita por dizer que estou bem nessa roupa, sabendo que estou parecendo um balão nesse monte de casacos.

- Você está linda – sorriu. – Você é linda, minha filha.

Desviei meus olhos para os meus pés e murmurei:

- Não exagere.

A porta se abriu e uma Mikoto apareceu com um sorriso hospitaleiro, olhando para nós duas com aquela gentileza de dar inveja.

- Oh, vocês chegaram – e abriu mais a porta para nos dar passagem. – Entrem, por favor. Aqui fora está congelante.

- Obrigada – disse mamãe, atravessando a porta depois de mim. – Muito prazer eu sou Mebuki, a mãe da Sakura.

- Muito prazer, Mebuki. – E cumprimentou mamãe com um encostar de bochechas. - Eu sou Mikoto, a mãe do Sasuke – e depois me fitou, me cumprimentando do mesmo modo. – Olá Sakura, que bom que veio.

- Olá, dona Mikoto.

- Ah, eu trouxe essa torta para vocês – e mamãe estendeu o embrulho e Mikoto pegou com um pequeno sorriso gentil nos lábios.

- Muito obrigada, adoro tortas. Ah, fiquem à vontade... - e o barulho nas escadas chamaram nossa atenção, era Sasuke e Itachi que desciam. – Ah, meninos – e fitou mamãe a seguir. – Mebuki esses são meus filhos. O Sasuke acho que conhece, é o meu caçula, e o outro é meu filho mais velho, Itachi.

Itachi passou na frente de Sasuke e cumprimentou minha mãe e depois a mim. Sasuke não demorou em cumprimentar minha mãe e logo em seguida segurar minha mão, depositando um beijo em minha testa. E era inevitável não sentir meu rosto esquentar com aquela demonstração, ainda mais quando se tinha plateia.

- A Sakura me disse que você estava doente – disse mamãe, fitando Sasuke. – Como está?

- Estou praticamente cem por cento, obrigado.

Mamãe sorriu aliviada.

- Que bom, que esteja bem.

- O Sasuke tem uns probleminhas respiratórios, e quando o tempo vira, acaba tendo crises – explicou a dona Mikoto.

- Entendo.

- Ah, vamos, a mesa está pronta, estava apenas esperando por vocês – dona Mikoto se aproximava da mesa retangular de seis cadeiras que ficava na sala de jantar que estava muito bem enfeitada. – Itachi, cadê o seu pai?

- Está lá em cima ao telefone.

- Vá logo chamar ele, não está vendo que nossas convidadas já estão aqui?

- Não precisa se preocupar, Mikoto – disse mamãe, a seguindo.

Itachi passou por nós, e subiu as escadas novamente.

- Você está linda – Sasuke sussurrou em meu ouvido quando não tinha ninguém mais nos olhando.

Quer dizer, minha mãe e sua mãe estavam distraídas falando sobre a torta de morango que iria ser a sobremesa daquele almoço.

Meu rosto se contorceu numa careta.

- Estou me sentindo um boneco de neve nesses casacos.

Sasuke sorriu, ficando a minha frente, me olhando.

- Quantos casaco você está? Cinco? – Seu tom era brincalhão.

- Três – respondi, observado as suas sobrancelhas erguerem para cima. Logo me expliquei: – Está frio lá fora.

- Imagino. Não quer pelo menos se livrar da metade, aqui dentro está mais quente.

Apenas assenti com a cabeça e já começando a tirar o casaco mais grosso, abrindo o zíper. Logo já me via livre ele, e Sasuke o pegou de minhas mãos e o pôs no sofá.

- Como você está?

- Estou bem – respondi, observando com mais calma o seu rosto com um aspecto mais saudável. – Acho que você também.

Sasuke sorriu, levando sua mão ao meu rosto e o afagou delicadamente, de um jeito que fazia meu coração bater mais rápido.

- Cem por cento melhor.

- Que bom – murmurei, sem desviar meus olhos dos seus.

Eu sentia que ele aproximava seu rosto para me beijar, mas logo recuou quando uma voz diferente por mim que soou alta e grossa, chamar nossa atenção:

- Olá, boa tarde.

Dei um passo para trás, afastando-me de Sasuke e fitei as escadas podendo ver um homem de estatura alta terminar de descer os degraus, vestido impecavelmente de suéter em tons escuros e calças de alfaiataria. Prendi a respiração pela expressão séria de seu rosto, apesar de um minúsculo sorriso no canto esquerdo de sua boca, mas isso não aliviava o ar de sério e exigente que exalava dele.

- Pai – disse Sasuke, e segurou minha mão gelada mais uma vez e me puxou para mais perto daquele homem que parou a nossa frente, me fitando de um jeito avaliador que me fez ter vontade de me esconder num cantinho. – Essa é a Sakura, a minha namorada.

- Então você é a famosa, Sakura.

Famosa?

O homem ainda me fitava enquanto sua mão grande estava estendida para mim.

- Muito prazer, sou Fugaku.

Tomei coragem e apertei aquela mão grande, e forcei um sorriso a se abrir em meu rosto enquanto empurrava as palavras para fora de minha boca:

- O p-prazer é meu, senhor Fugaku – minha voz soou baixinha, como eu era patética.

- Oh, querido – era a mãe de Sasuke que se aproximava com minha mãe ao seu lado. – Essa é a mãe de Sakura, Mebuki.

Os dois se cumprimentaram formalmente enquanto o pai de Sasuke elogiava uma beleza que via em mim que eu não compreendia. Sabia que eles só estavam sendo gentis comigo, pois eu mesma havia me olhado no espelho naquela manhã e constatado as olheiras em volta de meus olhos devido uma noite mal dormida diante do nervosismo de como seria aquele almoço de hoje.

E ali estava eu, conhecendo a família de Sasuke com ele próprio ao meu lado segurando a minha mão, me passando um pouco mais de confiança naquele entrelaçado de nossos dedos. Mas nem por isso me tirou aquela sensação de estar me sentindo um peixe fora d'água. Aquilo tudo era novo para mim. Por mais que eu me esforce para que nada saísse errado ou que os pais de meu namorado não me achassem uma alienígena, era difícil manter uma postura descontraída, pois na verdade eu queria sair correndo e me esconder em algum lugar. Mas eu não podia fazer isso, já havia dado o primeiro passo para uma mudança, não poderia mais voltar para aquela zona de conforto que eu vivia antes. A minha vida aos poucos estava mudando e eu tinha que me habituar as mudanças. Eu tinha que me abrir para as outras pessoas, por que só assim eu poderia evoluir para algo melhor.

E foi naquele momento - enquanto estávamos sentados na mesa provando as iguarias culinárias de minha futura sogra - que eu percebi que não queria voltar para aquela bolha que vivia antes de conhecer o Sasuke. Não queria mais viver naquela solidão que me enfiei depois de ter perdido a confiança nas pessoas. Eu havia descoberto que ninguém é igual a ninguém, e havia muitas pessoas boas. E eu havia conhecido algumas dessas pessoas que gostavam de mim de verdade e que eu tinha que dar valor a elas. E Sasuke era o principal da lista, eu gostava tanto daquele garoto que sobrepujava o gosto que eu sentia comigo mesma.

Sasuke havia se tornado o meu pilar de sustentação.

O almoço estava animado... quer dizer, minha mãe e dona Mikoto estavam animadas. As duas pareciam que já se conheciam a muito tempo pela troca de figurinhas que tinham. E o assunto principal era seus filhos, digo, eu e Sasuke. Mamãe que adorava conversar achou em dona Mikoto uma bela parceira, e posso dizer que era estranho ouvir as duas falando de mim como se eu não estivesse ali presente. Sasuke parecia tranquilo com tudo aquilo, só vez ou outra fazia uma careta diante a comentários indiretos de seu irmão, que era mais imperativo do que aparentava.

- A Sakura também é muito inteligente – disse mamãe, depois de ter tomado um pouco do seu suco. – Suas notas são ótimas, e agora caminhando para o fim do ano letivo está se dedicando muito para passar numa boa universidade.

- É mesmo? – O Senhor Fugaku me olhou. – Que carreira pretende seguir, mocinha?

Senti minhas bochechas esquentarem por ser o centro dos olhares.

- Medicina pediátrica – minha voz saiu baixinha.

- Medicina? – Questionou a senhora Mikoto. – Sasuke também pretende fazer medicina – e fitou seu filho. – Não é querido?

- Uhum.

- A Universidade de Tóquio tem o melhor curso de medicina do país – comentou Itachi, levando uma garfada de comida a boca.

- Vou prestar vestibular para ela no próximo mês – respondi, e observei que Sasuke me fitava.

- Já o Sasuke pretende entrar na Universidade de Oxford – disse dona Mikoto -, não é querido? Já fez a metade dos tramites que precisa.

Agora eu estava supressa com aquela revelação. Nós nunca havíamos conversado sobre universidades ou como seria a nossa vida acadêmica depois do colegial. E saber por sua mãe que ele pretende se graduar fora do país, assim tão de repente, havia me pegado desprevenida que nem percebi que havia prendido a respiração.

- Mãe, a senhora diz como se eu tivesse sido aceito, as coisas não são assim tão fáceis, principalmente para uma universidade de tal prestigio. – Em seguida Sasuke me fitou. – Também pretendo prestar vestibular para a Universidade de Tóquio.

- Mas a de Oxford é a melhor – disse seu pai.

- Mas é a que tenho menos chances de passar – ele respondeu.

Eu apenas abaixei meu olhar para o meu prato pela metade, sentindo que a fome havia ido embora.

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- Você está chateada? – Sasuke me perguntou depois que chegamos ao seu quarto para eu pegar o caderno de Ino e mais outro volume do seu mangá favorito que havia se tornado o meu favorito também.

Minha mãe ficou na sala conversando banalidades com a mãe de Sasuke, o senhor Fugaku estava num pequeno escritório falando ao telefone e Itachi... bom, não tinha o visto desde o almoço.

Parei no meio do seu quarto e olhei para ele.

- Por que eu estaria chateada?

- Sobre o que minha mãe disse naquela hora do almoço da Universidade de Oxford.

- Ah – pisquei algumas vezes e desviei meu olhar para a estampa de sua camiseta de mangas. – Eu não estou chateada.

Senti que ele se aproximava e sua mão tocou o meu queixo, me fazendo fitá-lo. Seus olhos negros e brilhantes me olhavam de um jeito que fez minhas pernas tremerem e meu coração acelerar gradativamente.

- Mas está quieta – ele murmurou, aproximando seu rosto do meu e me fazendo sentir o seu cheio bom de perfume.

- Eu sou quieta – minha voz também soou baixinha.

E como resposta aquele pequeno sorriso de lado escapou antes de ele colar as nossas bocas. E posso dizer que qualquer angustia do que o futuro nos reservava havia desaparecido, só nos restando o agora.

Sasuke estava aqui e seus lábios se movimentavam contra os meus, suas mãos em minha volta, me puxando para mais perto de si, e as minhas entrelaçadas em seu pescoço, deixando aquele momento mais íntimo.

Eu não imaginava que pudesse haver alguém que poderia se interessar por mim. Justo a mim, uma pessoa apagada e sem graça e nenhum pouco interessante. Eu não sabia o que se passava na cabeça de Sasuke por ter se interessado em minha pessoa, mas eu agradecia do fundo do meu coração por ele ter entrado em minha vida, por ele ter insistido em ficar ao meu lado e de eu poder conhecer a pessoa maravilhosa que ele era. Alguém especial que me fazia querer ser alguém melhor para estar à altura dele. Eu queria ser alguém diferente para ele não se arrepender mais tarde. Eu queria simplesmente não ser eu mesma, e sim uma Sakura que ele pudesse ter orgulho.

Eu o abracei forte depois que nos separamos, afundando o rosto em seu pescoço e aspirando mais o seu cheiro, enquanto apertava meus olhos fortemente. Tentando mandar embora aquela pequena angustia que estava em meu peito.

Sasuke também retribuía aquele abraço, depositando um beijo em meu ombro e logo a sua voz soou baixinha:

- O que foi?

- Nada – murmurei lentamente, abrindo os olhos devagar assim que senti que ele se afastava um pouco para me fitar com aqueles olhos cor de ônix. Como ele era lindo, meu coração acelerou mais. – É só que...

Senti minha garganta ficar seca e minhas bochechas ficarem vermelhas com a linha de pensamentos que me levava a meus sentimentos mais profundos.

- Só que, o quê?

Observei cada traço do contorno de seu rosto, de seus olhos, de seu nariz, de sua boca... e as palavras a seguir saiu tão levemente que só percebi depois de ter as dito a ele:

- Que eu amo você.

E vi quando o canto de sua boca se curvou novamente para cima e sua testa encostou a minha sem perder nenhuma vez o contato visual.

- Sakura, você é incrível – e me beijou. – Amo você também – e beijou a minha bochecha e depois a outra, me arrancando um sorriso embasbacado. – Eu gosto de ouvir a sua boca dizer que me ama.

- Eu te amo

Ele sorriu mais e depois me beijou de verdade mais uma vez, arrancando-me suspiros apaixonados, na mesma proporção que as borboletas circulavam o meu estômago.

As gargalhadas de nossas mães no andar debaixo nos fizermos nos separar e olhar para a porta aberta do seu quarto como se pudéssemos ver o que estava acontecendo.

- Acho que minha mãe e a sua mãe estão se dando bem. – Disse Sasuke, voltando a me olhar.

- A minha mãe adora conversar e ela encontrou na sua mãe uma ótima companheira.

- Aposto dez pratas que ela está falando da gente.

- Elas não estão só falando como sim a mamãe está contando a mãe de sua namorada a vez que você se trancou dentro da máquina de lavar enquanto estão vendo aquele seu álbum de fotografias. – A voz do Itachi soou na porta do quarto, atraindo a nossa atenção, tinha um sorriso zombeteiro na cara.

Desviei meus olhos do Itachi para Sasuke, segurando uma risada.

- Você se trancou dentro da máquina de lavar?

O rosto de Sasuke se contorceu em uma careta de desagrado.

- Eu só tinha três anos – o cenho franzido fitou seu irmão. – Como ela conseguiu aquele álbum? Eu havia escondido.

Itachi apenas subiu os ombros para cima com um sorriso suspeito.

- Você sabe como é a mamãe, umas chantagens aqui e umas promessas ali... eee eu não sou de ferro...

- Você contou – o tom de voz de Sasuke era sério, a boca franzida.

- O que eu posso fazer? Ela é a nossa mãe.

- Você prometeu.

Eu piscava algumas vezes, observando a briguinha infantil daqueles irmãos e percebendo o quanto a minha vida era solitária por ser filha única. Eu sempre quis ter um irmãozinho, mas as circunstâncias não conspiravam a meu favor. E confesso que senti um pouco de inveja de Sasuke ter alguém para poder perturbar e ser perturbado, parecia tão... divertido.

- O que tem nesse álbum de fotografias? – Perguntei, sentindo a minha curiosidade ser aguçada ao mesmo tempo tentando me enturmar naquela pequena implicância contra Sasuke.

- Não tem nada de interessante – Sasuke se virou para mim. – Apenas um monte de fotografias constrangedoras.

Itachi soltou uma pequena risada.

- Ai, ai, se você visse os tipos de fotos...

- Itachi.

- Que tipo de fotos? – Perguntei, e Sasuke me olhou incrédulo.

- Sakura, por favor, não dê trela para ele. – E depois olhou de cara feia para o irmão. – Itachi, sai daqui!

Itachi continuou, respondendo a minha pergunta:

- Ah, Sasuke de fraldas, Sasuke com o traseiro para fora, Sasuke sujo de terra, Sasuke dentro da privada...

- Itachi, cala a boca!

Nesse tempo eu já não controlava mais e acabei rindo, sentindo uma vontade absurda de ver essas fotos que minha mãe via lá na sala com dona Mikoto.

- Dentro da privada? – Perguntei entre as risadas.

Sasuke deu um tapa em sua testa e Itachi adentrou mais o quarto.

- Quando o Sasuke tinha dois anos foi fazer o número dois na privada...

- Itachi!

Itachi riu, e continuou:

- Ele esqueceu de descer a tampa e quando foi se sentar – bateu as costas de sua mão na palma da outra –, plaft, caiu com tudo lá dentro.

Era impossível não rir, eu podia imaginar toda a situação e Itachi narrando de um jeito comediante deixava tudo engraçado.

- Itachi sai do meu quarto agora! – Sasuke gritava, parecia estar vermelho de raiva, eu não conseguia ver direito, pois meus olhos estavam semicerrados e minha barriga doía de tanto que ria. – Sakura, pare de rir.

- Eu... não... con-sigo – e ri mais, sendo acompanhada por Itachi.

- Ele chorou muito...

Sasuke o empurrou para fora de seu quarto de um jeito brusco.

- Agora sai daqui, seu energúmeno.

- Espera, maninho, vamos jogar vídeo game...

E a porta se fechou na cara dele.

Continuei rindo por alguns segundos até consegui me controlar e observar meu namorado com as costas na porta com a cara emburrada e os braços cruzados.

- Me desculpa, mas não consegui evitar.

Sasuke bufou, se desencostando da porta e vindo até mim, descruzando os braços.

- Você não tem culpa de nada, Itachi apenas está se vingando.

- Por que ele se vingaria?

Ele parou a minha frente.

- Vamos dizer que fiz uma coisa parecida quando ele trouxe uma namorada para casa a uns anos atrás.

- Então você não é nenhum santo da história – conclui, observando seu rosto.

- Nunca disse que sou um santo, Sakura. – E segurou a minha mão. – E vai me dizer que nunca aprontou assim antes?

- Eu não tenho irmãos.

- E nem queira ter, são cansativos.

Minhas sobrancelhas ergueram-se para cima.

- Você é o caçula.

- Por isso mesmo, sofro bullying.

Acabei por rir baixinho e ele me acompanhou, soltando uma pequena risada abafada.

- Você fica muito linda quando sorri desse jeito – e tocou meu rosto com sua mão.

Comprimi os lábios e desviei meus olhos dos seus.

- Também gosto do seu sorriso.

- É mesmo?

Assenti com a cabeça, mordendo o lábio e a voz da senhora Mikoto soou lá embaixo, me chamando:

- Sakura!

Afastei-me de Sasuke dando um passo para trás, imaginando o que poderia ser. Acho que Sasuke também imaginava, pois, as suas sobrancelhas franziram.

- A sua mãe está me chamando.

- Eu sei – sua voz era mais baixa que um sussurro.

- Acho que ela vai me mostrar as suas fotos comprometedoras.

- Prometa que não vai me achar ridículo no final.

Comprimi um sorriso diante de seu pedido, ele parecia um menininho. Fofo.

- Você é maravilhoso, não pensaria o contrário.

A porta do quarto se abriu e Itachi apareceu com a cara sonsa, fingindo estar sério, pois o brilho no seu olhar denunciava a sua infantilidade.

- A mamãe está chamando vocês.

- Já ouvimos – ele respondeu, a boca crispada.

Itachi nos olhou uma última vez e saiu em direção as escadas, deixando a porta aberta.

- Prometo que farei o possível para não rir – disse, segurando a sua mão, atraindo a sua atenção para mim.

- Obrigado. Mas garanto a você que vou me vingar do Itachi. – E me puxou em direção a saída. – Vamos.

- Ok.

E descemos até a sala onde estava a fonte de seu desespero aberto no colo de sua mãe. Confesso que achei as fotos fofas e descobri que Itachi que fazia o estardalhaço para provocar o irmão. Mas diante disso tudo eu gostei de passar a tarde com a família Uchiha, eu e minha mãe fomos muito bem recebidas e ficamos muito bem à-vontade.

E isso só me deu mais certeza de que está com Sasuke sempre foi a coisa certa.