Capítulo 24 - Natal
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As férias de inverno finalmente chegaram, e com ela o clima natalino e o inverno com todo o seu vigor. Posso dizer que a preguiça tentava me dominar toda vez que eu pensava em sair de casa para o meu trabalho de meio período na loja de doces da dona Chiyo, mas fiz um esforço para enfrentar todo aquele frio. E claro que na véspera de Natal não foi diferente, principalmente por ter caído numa sexta-feira.
A loja de doces naquela tarde estava agitada - o que era se der esperar numa véspera de Natal - onde todos procuravam presentes e doces para presentear a pessoa que gosta.
Dona Chiyo preparou aventais especiais de estilo natalino com direito aquele chapéu de feltro vermelho com a borda branca e felpuda, assim como o pompom da mesma cor na ponta. A loja estava toda enfeitava com luzes pisca-pisca na entrada e no interior com festões verdes e bolas vermelhas e douradas, sem deixar de lado a pequena árvore de Natal no balcão do caixa. Claro que preparamos tudo na segunda-feira daquela semana que também havia sido meu último dia de aula daquele trimestre.
A dona Chiyo nesse tempo preparava doces especiais em formatos natalinos na cozinha. Tenten e eu nos dobrávamos entre ajudá-la com a fornalhas na cozinha e atendendo os clientes. Gaara também estava trabalhando muito com os descarregamentos e quando terminava rendia uma de nós duas para ajudar a dona Chiyo. Para falar a verdade, estava trabalhando por três naquela loja, mas estava feliz por ser Natal. E além de ser uma data comemorativa que animava as pessoas, eu estava animada por que os últimos dias haviam sido bons – apesar de terem sido cheio por causa das provas.
Eu sentia uma coisa boa invadir meu interior, querendo transbordar para fora, e eu sabia que Sasuke e minhas amigas, Ino e Hinata eram os principais componentes dessa felicidade.
Depois do encontro de casais semanas atrás – que havia sido maravilhosa –, não tivemos tanto tempo assim por causa das provas e testes, mas combinamos de sairmos em grupo. Sasuke havia ido a minha casa algumas vezes para estudarmos juntos e foi maravilhoso. Eu sinto que a cada dia que passa meus sentimentos por ele só multiplica de tamanho. Eu sentia que não conseguia mais enxergar a minha sem Sasuke e o bem que ele fazia para mim. Meu mundo cinza se pintava em cores brilhantes quando ele estava presente.
E sim, eu o amava mais do que qualquer coisa nesse mundo.
Eu o amava mais do que a mim mesma.
Mamãe havia planejado de fazer uma ceia nessa véspera de Natal e eu havia convidado Sasuke, mas ele não havia dado uma resposta concreta se iria ou não. Ele ficaria de me buscar no trabalho hoje, e eu estava meio receosa por ele sair naquela friagem toda por causa de seu problema de saúde. Ontem mesmo eu havia percebido ele cansado quando nos falamos por ligação, mas o teimoso cismou de vir me buscar assim mesmo. Já havia mandado uma mensagem que não viesse, mas ele insistiu. E agora faltava poucos minutos para o meu expediente terminar.
Eu estava organizando algumas prateleiras e repondo algumas embalagens de doces que Gaara havia trago da cozinha. A loja havia acessado o movimento, o que agradeci a Deus, pois já estava morrendo de cansada. O silêncio reinava no local e o cheio de biscoitos caseiros quentinhos invadia tudo, me fazendo olhar para as vidraças a neve cair lá fora.
Daqui a pouco terei que enfrentar aquele frio, pensei, o rosto se contorcendo numa careta.
- Sakura.
- Hm?
Virei meu corpo para trás encontrando Gaara a minha frente, seu rosto pouco vermelho por causa do esforço que deveria estar fazendo com as caixas pesadas lá no fundo da loja.
- É... – Coçou a bochechas com o dedo indicador e desviou o olhar para o lado. - Eu... – e me fitou, erguendo uma pequena sacolinha de papel cor-de-rosa com estampas de pequenos flocos de neve na cor creme.
Meus olhos saíram da sacolinha para seu rosto e o pequeno corar havia ficado mais denso.
Franzi o cenho e dei um passo para trás.
- O que é isso?
- É para você – sua voz saiu mais rápida que o normal. – Feliz Natal.
E foi inevitável a surpresa em meu rosto com seu gesto. Podia sentir as minhas bochechas ficarem quentes de vergonha, pois eu não tinha nada para retribuir seu gesto. Eu não havia pensado em dar um presente de Natal, ele era apenas um colega de trabalho, assim como Tenten. Não tínhamos uma amizade concreta como eu tinha com Ino e Hinata que me permitia presenteá-las, apenas nos dávamos bem e só. Um código de funcionários para que tornasse o ambiente confortável para se trabalhar. Mas agora o vendo a minha frente com aquela sacolinha parda guardando algo que ele havia comprado para mim, me deixou extremamente sem graça.
- Gaara... Ahn – mordi o canto de minha boca e balancei a cabeça para os lados -, eu... eu não comprei nada para você.
E um sorriso comprimindo os lábios se fez presente em seu rosto.
- Eu não me importo. – E balançou a sacolinha na minha frente. – Por favor, aceite.
Pisquei algumas vezes meio que atordoada e acabei por aceitar.
Sentindo seus olhos focados em mim, eu abri a sacola e tirei de dentro um pequeno globo natalino com uma árvore delicada toda formada em pequenas estrelinhas brilhosas dentro dele. A base era dourada e havia o meu nome entalhado nela com um Feliz Natal abaixo dele.
Não era preciso dizer que fiquei encantada com aquele pequeno objeto, ainda mais quando o balancei e a neve branca e os brilhos subiram para cima como plumas e começou a descer lentamente, deixando o enfeite deslumbrante.
- Gaara... é muito lindo – ergui meus olhos para ele e sorri.
Ele agora sorria para mim e tocou o globo na minha mão, fazendo a neve subir mais uma vez.
- É uma forma de agradecer o quanto você foi legal comigo.
- Não precisava, mas obrigada.
- De nada. – Houve uma pequena pausa antes de ele continuar: - Então, eu...
Gaara próprio se interrompeu quando o barulho do sino que indicava que havia chegado um cliente soou. Ele não hesitou em me contornar e atender o cliente que havia chegado. Apenas fiquei de costas, olhando o meu presente e balançando mais uma vez, observando aquele espetáculo de neve e brilho descendo por cima da delicada árvore.
- Ah, olá, como posso ajudá-lo?
- Não quero ajuda. – Aquela voz. - Apenas vim buscar a minha namorada.
Virei-me para trás e encontrei Sasuke de frente para Gaara com a atenção em mim. Ele estava bem agasalhado e seu rosto pouco vermelho do frio, seus olhos focaram no objeto em minhas mãos.
- Namorada? – A voz de Gaara soou confusa ao mesmo tempo que se virava e enxergava o que Sasuke olhava.
Eu.
- Sasuke... – aproximei dele enquanto enfiava o globo dentro da sacolinha, sentindo uma sensação de que havia feito algo de errado. – Você chegou cedo.
- O tempo não está muito bom, por isso saí mais cedo de casa.
Franzi o cenho, ignorando àquela sensação incômoda que sentia antes.
- Você veio de moto?
- Não. Estou de carro.
- É, Sakura – disse Gaara me fazendo olhá-lo, ele parecia estranho. – Acho que você pode sair, a tia Chiyo vai liberá-la, só falta alguns minutos para seu turno terminar.
- Mas estou organizando as prateleiras.
- Eu espero no carro – disse Sasuke me fitando. – Estacionei do outro lado da rua.
- Só falta quinze minutos para terminar o meu expediente.
Sasuke soltou um pequeno sorriso de lado.
- Eu espero.
Apenas assenti com a cabeça e sorri comprimido e Sasuke saiu da loja. Não tardei para voltar os meus afazeres, deixei a sacolinha no balcão e voltei a organizar as prateleiras.
- Eu não sabia que você namorava. – Gaara comentou, ficando ao meu lado enquanto me ajudava a organizar a prateleira.
- Hm.
Continuei a organizar, sem olhar para ele, achando estranho aquela abordagem repentina sobre a minha vida pessoal. Mas lá no fundo eu sabia que tipo de intenções haviam ali, mas ignorei.
- Vocês namoram a muito tempo?
- Alguns meses – murmurei, me agachando para pegar o último pacote e o colocar na prateleira.
- E você gosta dele?
Parei o que estava fazendo e franzi o cenho, virando o meu rosto para fitá-lo. Não estava gostando daquela conversa, não gostava daquelas perguntas que me punha na linha de exposição. E foi por isso que agi totalmente na defensiva e acabou que minhas palavras a seguir saiu grosseiramente:
- Isso é um assunto pessoal que não diz respeito a você.
Suas sobrancelhas ruivas ergueram-se para cima, assim como suas mãos em sinal de defesa.
- Uou, me desculpe se fui intrometido, não foi minha intenção.
- Você foi intrometido.
- Caramba – ele deu um passo para trás, a mão agora no peito, fingindo incredulidade. – Você é direta, hein, garota.
Mas seu gesto palhaço dessa vez não fez efeito em mim, pois interpretei seus gestos como deboche a minha resposta.
- Eu não gosto desses tipos de perguntas, é desconfortável. Então eu peço para que pare.
E aos poucos eu vi a sua expressão debochada ficar séria e a sua cabeça balançou para cima e para baixo, assentindo.
Desviei meus olhos e me agachei novamente, pegando as três caixas vazias no chão.
- Acho que meu expediente chegou ao fim. Feliz Natal, Gaara.
- Feliz Natal – respondeu, a voz soando baixa.
Passei por ele sem fitá-lo, vi a sacolinha em cima do balcão. Pensei em deixá-la ali, mas isso seria desfeita com ele depois de ter aceitado o seu presente. Por mais que eu sentisse meio irritada com Gaara, não queria magoá-lo por rejeitar seu presente, ainda mais na véspera de Natal.
Fui para os fundos da loja, deixei as caixas vazias num canto, me despedi de dona Chiyo e Tenten e fui me trocar na salinha de funcionários. Agasalhei-me com meus casacos, peguei a minha mochila guardando a sacolinha dentro dela e fui embora.
Como previsto o tempo lá fora estava congelante, me fazendo encolher-me dentro do casaco. Não demorei para localizar o carro do irmão de Sasuke, e depois de esperar alguns carros passarem eu atravessei a rua correndo e logo cheguei do outro lado.
Abri a porta do carro e entrei com tudo dentro dele, chamando a atenção do Sasuke.
- Está muito frio – eu disse enquanto me ajeitava no banco e fechava a porta do carro.
Senti a mão de Sasuke espanar algo no meu cabelo, me fazendo olhá-lo.
- Têm neve no seu cabelo.
Franzi as sobrancelhas e passei a mão nos meus cabelos sentindo algo gelado em meus dedos.
- Demorei?
- Não – ele sorriu comprimido e voltou a atenção para frente, ligando o carro e logo mais estávamos no tráfego.
O silêncio se fez presente e ficou assim até os próximos minutos quando a voz de Sasuke soou, meio que cautelosa:
- Não sabia que a sua loja contrata caras para trabalhar.
Virei meu rosto para Sasuke que ainda mantinha a atenção para frente. Achei estranho aquele assunto, assim, tão de repente.
- O Gaara é o sobrinho neto da dona Chiyo – expliquei-me. – Começou a trabalhar a pouco tempo... ele faz o serviço pesado como descarregar as caixas de encomendas para loja.
- Hm. Foi ele que... te deu... – Ele suspirou e balançou a cabeça levemente para os lados. – Esquece.
Eu não entendia por que eu me senti nervosa com aquele assunto. O meu coração acelerou algumas batidas, mas resolvi ser sincera. Eu não havia feito nada de errado, certo?
- O globo de cristal que estava segurando quando você chegou? Foi ele sim.
Sasuke desviou os olhos por alguns segundos para mim antes de voltar a atenção para frente.
E o silêncio novamente se fez presente entre nós e tive receios de quebrá-lo, e esperei que Sasuke quebrasse o não demorou para ele fazer. E novamente a cautela na voz era presente:
- Posso te pedir uma coisa?
- C-claro.
O carro parou, olhei para frente por alguns segundos para perceber que o semáforo estava no vermelho. Voltei minha atenção a Sasuke, ele agora me olhava, o rosto sério.
- Não aceite presentes de mais nenhum cara.
A minha respiração ficou presa na garganta e eu não soube o que responder. Apenas assenti com a cabeça, sentindo meu rosto ficar vermelho e me sentindo estupidamente horrível por ter aceito aquele presente de Gaara. Eu deveria ter recusado na hora e não ter aceito. Agora o que me restava era desfazê-lo, mas eu não gostava de desfazer algo que ganho, era... deselegante.
- Você não precisa se desfazer do seu presente. – Sasuke parecia que estava lendo meus pensamentos, me pegando de surpresa. – Seria egoísmo da minha parte pedir algo estúpido.
- Sasuke...
Ele desvirou sua atenção para frente e o carro ganhou movimento.
- Ele é seu colega de trabalho, não é? – Sua voz havia abaixado gradativamente, o que era estranho, pois não fazia parte de seu feitio agir de um jeito inseguro. – Seria desfeita com... seu colega... se... você desfizesse.
Eu continuava o fitando, odiando-me por não saber o que dizer e como agir diante daquele assunto. Como eu me sentia uma tola.
- E-eu...
- Desculpe – me interrompeu, sem me olhar. – Eu acho que... estou com ciúmes.
Demorei alguns segundos para processar o que ele havia declarado e eu não pude conter a incredulidade que fiquei por suas palavras.
Sasuke estava com ciúmes?
Ele estava com ciúmes de mim?
Eu não sei se aquilo era bom ou ruim, mas senti um calorzinho esquentar o meu coração, me permitindo enterrar o temor e minha negatividade que estava querendo tomar conta de mim.
Senti o sorriso querer brotar em meus lábios, mas os comprimi para segurá-lo. Sasuke estava simplesmente fofo olhando para frente, tentando esconder o rubor em suas bochechas. Lindo.
Mordi o lábio por um segundo e agi por impulso, inclinei para seu lado e beijei a sua bochecha. Ele me fitou na mesma hora, surpreso, com meu gesto repetindo. Apenas não consegui me segurar e sorri abertamente para ele, como uma idiota.
- Você simplesmente não existe.
Ele levantou as sobrancelhas e voltou a atenção para estrada a sua frente.
- Se não existisse eu não estaria aqui – respondeu, agora com um toque de humor e um meio sorriso em seu lábio, mandando embora aquele clima tenso.
- Você é o melhor namorado do mundo.
Sasuke desta vez soltou uma risadinha e sua mão tocou o meu joelho. Segurei sua mão por cima e sua mão virou, entrelaçando os nossos dedos, fazendo o meu coração acelerar um pouco mais.
- Você ainda não respondeu se vai comemorar o Natal na minha casa.
Eu havia o convidado uma semana atrás, e estava ansiosa por sua presença, ainda mais quando soube que seus pais haviam saído novamente do país.
- Não quero incomodar.
- Você não incômoda. A minha mãe vai adorar a sua presença. Todos os anos passamos nós duas sozinhas, com você lá vai ser mais divertido. Se quiser pode chamar o Itachi.
- O Itachi vai passar a véspera com alguém.
Pisquei meus olhos.
- É mesmo?
O carro virou uma outra avenida que dava para o meu bairro.
Ele me olhou de lado.
- Se não for incomodar então aceito.
Sorri comprimido e ele continuou:
- Meus pais estão voltando da Nigéria amanhã cedo e eu acho que minha mãe vai fazer a ceia. Está convidada.
- Obrigada, mas é o seu momento com sua família, vocês convivem tão pouco.
- O convite foi diretamente da minha mãe. Ela que está te convidado, a sua mãe também está convidada.
- Se ela aceitar eu vou.
- Eu mesmo vou dar o recado a ela.
- Então tá.
Não demorou para o carro estacionar em frente à minha casa. Mamãe ficou tão feliz por Sasuke está ali que sua atenção para com ele chegou a ser sufocante. Tive pena de Sasuke por ser alvo dos acessos de amor de minha mãe que o adorava.
Deixei minhas coisas no meu quarto e tirei a metade daqueles casacos, organizando todos em cima da cadeira do computador.
Quando voltei para sala, não havia ninguém, mas as vozes que vinham da cozinha me guiaram até lá, encontrando tudo arrumado, a mesa já posta com a ceia e mamãe fazendo os últimos reparos.
Sasuke sorriu para mim e percebi ele confortável enquanto tentava ajudar minha mãe com alguns pratos.
Posso dizer que esse foi um dos melhores natais que já tive depois da morte de papai e eu estava feliz por dividir aquele momento com Sasuke. Era meu primeiro Natal com meu namorado e tudo estava perfeito. A comida da mamãe estava deliciosa, me esbaldei nas guloseimas. Sasuke deixou passar a parte dos doces e repetiu duas vezes o prato principal.
Quando terminamos de ceia, fomos para a sala. A árvore de Natal estava no canto toda majestosamente enfeitada e brilhosa com as luzes de pisca-pisca. Os presentes estavam embaixo dela, todos organizados. Mamãe gostava de comprar os presentes um mês adiantado e guardar. Sabia que a maioria eram para mim, por isso não incomodei, mas havia um embrulho em especial que fez minha atenção focar nele. Mamãe havia mexido em minhas coisas e pego o presente que preparei para Sasuke e posto ali embaixo.
Conversamos banalidades, mamãe era que mais falava sobre os antigos natais quando meu pai ainda era vivo, e as artes ninjas que eu fazia para descobrir aonde estavam os presentes. Naquela época eles escondiam os presentes na véspera de Natal pelos cantos da casa e quando dava à meia noite eu saía a procura deles. Confesso que era divertido.
Sasuke ria de cada arte que eu fazia e havia adorado a genialidade dos meus pais para deixar àquela data emocionante. Ele disse que a maioria dos natais ele passava com o irmão, e os pais apenas mandava os presentes pelo correio junto com um cartão de Natal felicitando-os pelo feriado junto de um pedido de desculpas por sua ausência.
Era inevitável não me sentir triste por ele e dos natais que passou sozinho. E olhando por outro lado, eu tive sorte de meus pais serem tão presentes em minha vida.
Minha mãe se levantou em seguida e foi até a árvore, pegou um presente e voltou com ele em mãos e entregou a Sasuke.
- Não tinha certeza se você viria de verdade, mas comprei algo para você. Espero eu goste.
Sasuke ficou de pé, surpreso com o gesto de minha mãe e aceitou o presente.
- Obrigado, senhora Haruno. Eu... não trouxe nada para a senhora...
Minha mãe abanou com a mão.
- Que isso, não se incomode com essas formalidades. Eu e Sakura não ligamos muito para isso... bom – apontou com a mão os presentes embaixo da árvore -, a maioria daqueles presentes são para Sakura com exceção de um ou dois.
Sasuke me olhou com as sobrancelhas erguidas, apenas subi os ombros.
- Mas obrigado mesmo assim – e começou a abrir o embrulho e tirou uma camisa preta de polo. – Nossa, eu gostei – em seguida abraçou a minha mãe que retribuiu.
- Espero que dê em você.
E os dois se afastaram.
- Vai dar sim, é o meu número.
- Então acertei – disse mamãe sorrindo.
Sasuke sorriu.
Minha mãe olhou para mim e eu sabia o que ela estava querendo transmitir com aquele olhar.
- Eu... – fiquei de pé e fui até a árvore e peguei o embrulho que havia preparando a uma semana antes. – Também tenho algo para você.
Minha mãe se afastou e fiquei de frente para Sasuke e estendi o presente para ele.
- É simples, espero que seja do seu agrado.
Sasuke pegou o embrulho de minhas mãos depois que deixou o outro presente em cima do sofá.
Não pude conter o friozinho no meu estômago enquanto ele abrira o embrulho. Minhas mãos soavam de nervosismo, me fazendo questionar se foi uma boa ideia aquele presente. Não demorou para que Sasuke conseguisse desembrulhar e um cachecol azul escuro de tricô estivesse em suas mãos.
- Uau – e foi logo enrolando em seu pescoço, e olhou para mim, sorriu. – Eu gostei, obrigado.
- A Sakura que tricotou, passou semanas o preparando.
Olhei para minha mãe e a reprendi com o olhar.
- Mãe!
- Foi você que fez? – Sasuke perguntou, ele estava visivelmente surpreso enquanto tocava as franjas das pontas cachecol.
Mordi o lábio e assenti com a cabeça, sentindo meu rosto quente.
- Era para ser um suéter, mas não iria dar tempo...
- Você estava tricotando um suéter para mim?
O modo espantado que Sasuke fez pareceu que eu tinha feito algo digno de um prêmio Nobel. Era só tricô, não havia nada de especial naquilo.
- Sim, mas acabei deixando de lado e tricotei esse cachecol. Ele é simples...
- Não é simples, é especial – ele disse, segurando a minha mão, fitando meus olhos. – Ninguém nunca havia tricotado nada para mim. Obrigado
E em seguida ele me deu um longo e estalado selinho e me abraçou, na frente de minha mãe. A essa altura eu estava morrendo de vergonha por ela ser a minha plateia.
- Obrigado – sussurrou no meu ouvido, me apertando ainda mais.
- De nada – meu tom foi o mesmo que o seu, e nos separamos.
Sasuke fitou novamente o suéter, um sorriso nos lábios.
- Não sabia que tinha esse dom.
- A Sakura tricota desde os quatorze anos – disse mamãe. – Ela acabou aprendendo enquanto me observava tricotar para o pai dela.
- Isso é demais – disse e me fitou. – E o suéter?
- Só daqui a alguns meses.
- Estou ansioso.
Não consegui evitar não sorrir com sua empolgação, era fofo.
E a seguir seu celular tocou. Ele o tirou do bolso, digitou alguma coisa e depois suspirou.
- Acho que já está na minha hora.
- Está tarde – disse mamãe.
- Estou de carro.
- Mas é perigoso a essa hora, e a tempestade está densa.
Sasuke desviou seu olhar para a janela onde uma tempestade de neve caía lá fora.
- A minha mãe está certa, Sasuke.
- Dorme aqui e manhã você vai – minha mãe disse, fazendo sua atenção focar nela.
- Eu não quero incomodar, senhora Haruno.
Mamãe pôs a mão em seu braço.
- Você não incomoda, querido – e sorriu. - A Sakura dorme comigo e você dorme no quarto dela.
Sorri para ele.
- Boa opção.
Sasuke suspirou novamente se dando por vencido.
- Então vou aceitar.
- Saiba escolha.
- Venha, eu vou preparar o quarto para você.
Segui para o meu quarto sentindo Sasuke atrás de mim. Ignorei aquela sensação estranha de saber que dormiríamos sob o mesmo teto... quer dizer, Sasuke dormiria no meu quarto.
Agradeci internamente por minha cama está arrumada, assim como todo o quarto. Fui até o guarda-roupas e peguei um cobertor para ele e o conjunto de calça e camisa que foi de meu pai e que ele havia usado outro dia e o depositei em cima da cama.
Sasuke olhava para a muda de roupas e sorriu.
- Acho que conheço essas roupas.
- Desculpe, são as únicas.
- É uma honra usar as roupas de seu pai. Vamos dizer que estou familiarizado.
Sorri, abaixando meus olhos e me virei para ir ao guarda-roupas novamente e pegar meu pijama quando senti sua mão segurar a minha, me fazendo parar e virar para ele.
- Também tenho algo para você.
Pisquei os olhos pouco atordoada.
- Para mim?
Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma caixinha azul de veludo. Virou a palma da minha mão para cima e pousou a caixinha nela.
- Feliz Natal.
- Sasuke... – desviei meus olhos para a caixinha e a abri. – Ah, meu Deus!
Havia um anel dourado com uma pequena pedra vermelha e solitária no meio.
Era linda.
Ele pegou a caixinha de minha mão e tirou o anel, deixou a caixinha na minha cama. Pegou a minha mão direita e delicadamente retirou o anel de plástico que ele havia me dado quando começamos a namorar.
- Uma vez eu disse que não tinha nada para selarmos o nosso compromisso a não ser um par de anéis de plástico que havia ganhado de uma senhora. Confesso que fiquei com vergonha daquele meu gesto, você havia aceitado ser a minha namorada e te dei algo tão tosco.
- Não foi tosto.
- Para mim foi. Por isso eu procurei por um tempo algo que combinasse com você, mas nada me agradava. Falei com Sai e pedi para ele desenhar algo que fosse delicado e ao mesmo tempo soasse forte, assim como você.
- Sasuke...
Ele pôs o outro anel que coube direitinho em meu dedo, feito sob medida para mim. Lindo.
- Demorou algum tempo para ficar pronto e esperei o momento adequado para poder te entregar.
Vislumbrei o anel em meu dedo e a emoção que sentia por eu ser algo importante para Sasuke havia me tocado profundamente. Meus olhos marejavam e não demorou para que as primeiras lágrimas rolassem por meu rosto.
O abracei com todas as minhas forças, sentindo suas mãos me rodearem, aconchegando-me ainda mais em seu corpo, me fazendo sentir seu cheiro gostoso.
- Eu amei – minha voz soou abafada. – É perfeita.
Senti suas mãos subirem e logo estavam em cada lado do meu rosto, me fazendo fitar seus olhos negros como a noite escura e sem luz.
- Você é a pessoa mais importante para mim, Sakura. Eu te amo.
Minha boca tremia de emoção, assim como as batidas intensas do meu coração.
- Eu também te amo.
E pela primeira vez nos beijamos de verdade naquele dia, as emoções transbordando naqueles lábios, deixando tudo emocionalmente romântico. Me fazendo perceber que a magia do Natal não era presente, ou as comidas e muito menos a árvore enfeitada, e sim passarmos juntos essa data com a pessoa que amamos.
