Capítulo 29 - Pureza
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Era incrível como que num passe de mágica tudo parecia ter voltado como era antes. A prova do vestibular havia passado e agora estava na expectativa dos resultados. E com o fim do vestibular, eu não tinha mais desculpas para não me juntar ao grupo nos intervalos.
No começo eu fiquei pouco acanhada, fazia tempos que não me juntava a eles e tinha receios de ficar no mesmo ambiente que Karin. Essa última - para a minha surpresa - estava distante, faltava aulas e quando vinha preferia ficar apenas com a Hinata. As duas pareciam bem amigas. Não perguntei para Sasuke se ele havia conversado com ela, acho que pelas atitudes de Karin, eu chutava que sim, já que ela não tocava mais em Sasuke quando se dirigia a ele. Também notei que não estava na lista de preferidas de Karin, já que sua cara fechava quando me via e evitava respirar o mesmo ar que eu.
Eu não sabia o que pensar sobre a respeito de seu comportamento, estava aliviada por ter tirado aquele incômodo do meu caminho. Para falar a verdade, não sentia um pingo de remorsos de seu afastamento, ela não era a minha amiga e nunca será.
Só lamentava pela Hinata ter sido enfeitiçada por aquela víbora e assim fazendo o pouco do vínculo que havíamos criado se desmanchar conforme os dias se passavam e a amizade das duas ficavam mais forte.
Mas eu tinha a Ino, ela era uma ótima amiga, a melhor. A minha confiança com ela só crescia a cada dia, me fazendo importar menos com Hinata. Ela ainda falava comigo e era legal, mas não era a Ino. Eu me identificava com a Ino do que com a Hinata.
Mas deixa para lá.
Faltava poucas semanas para o fim do ano letivo e as provas já haviam começado e com elas a temporada de estudos para passar com notas boas. E era claro que estava estudando muito novamente e meu tempo era pouco, mas desta vez, tinha pequenas brechas para poder namorar um pouquinho com Sasuke. Estávamos fazendo dessa temporada para estudarmos juntos. E eu estava em seu quarto numa terça-feira à tarde estudando para a prova de química que seria amanhã.
Revisamos algumas fórmulas que possivelmente cairia na prova, e posso dizer que acertei sete de dez perguntas. Sasuke havia acertado oito de dez, uma a mais do que eu.
Estudamos mais um pouquinho até eu me dar por vencida, jogando meu corpo para trás e caindo com as costas no colchão.
- Não aguento mais resolver fórmulas – disse, fechando os olhos cansados e enxergando um monte de números e fórmulas se formando em minha mente.
Que droga!
- Acho que por hoje já chega.
Abri meus olhos podendo vê-lo deixar o caderno de lado e retirar seus óculos e apertar os olhos com o polegar e o indicador.
- Uma nota azul tem que sair depois dessa – comentei, voltando a ficar sentada na cama. Peguei meu celular e fui ver as horas. – Nossa, já está tarde – e fitei a janela, o dia estava escurecendo.
Virei meu rosto e peguei Sasuke me olhando. Pisquei algumas vezes, e minha cabeça tombou levemente para o lado.
- O que foi? Por... Por que está me olhando assim?
Ele ergueu sua mão até uma mexa do meu cabelo e o colocou para detrás da minha orelha. Mesmo com esse pequeno gesto já conhecido por mim, não deixou de fazer um leve rubor aparecer em minhas bochechas. Acho que eu nunca iria me curar do rubor excessivo quando ele estava por perto, acontecia automaticamente.
Sasuke estava com o rosto pouco abatido por causa a uma outra crise de bronquite que teve uns cinco dias atrás devido a um declínio de temperatura e ele ter ido me buscar a noite no fim do meu expediente só para marcar território com Gaara. Se antes ele tinha cisma com Gaara, agora ele deixava claro para o meu colega de trabalho o quanto a sua presença perto de mim o incomodava, e a cara feia se fazia presente quando me via trocar meias palavras com ele.
Era inevitável não falar com Gaara, já que trabalhávamos juntos, ele era o sobrinho neto de dona Chiyo. Mas eu evitava certos assuntos e ainda mais evitava puxar conversa com ele.
Gaara me pediu desculpas por ter agido comigo de uma forma um tanto vulgar. Ele disse que agiu no impulso e que não queria dizer exatamente o que ele disse, mas simplesmente não se aguentou ver Sasuke tentando bancar um bom namorado depois de semanas longe de mim. Eu apenas ouvi todo o seu desabafo e disse por fim que era melhor nós apenas manter um relacionamento de funcionários, seria melhor para nós dois e para curar o seu amor platônico por mim. Por que ele não teria esperanças comigo.
Não contei isso a Sasuke para evitar problemas, e ele fazia o mesmo com Karin. Os dois ainda conversavam, mas eu percebi a distância que havia se tornado aquela amizade. E como eu disse antes, eu não tinha pena de Karin, estava aliviada por ter arrancado aquela pedra no meu sapato, uma pedra bastante incômoda.
E mesmo estando um pouquinho chateada com Sasuke por seu teste estúpido que fez comigo, eu deixei passar. Eu só queria que tudo ficasse bem e voltasse ao normal, e para meu alívio, tudo voltou aos conformes.
- Você é linda.
- Sasuke...
- Me desculpe por aquele dia, eu fui um babaca com você.
- Deixa para lá, eu já disse. Já passou.
- Às vezes eu me pego pensando como você pode aguentar um cara como eu, cheio de defeitos e manias... doente. Sou um tolo como diz meu irmão.
Agora eu estava incrédula, observando meu namorado tendo uma mini crise de autoconfiança. O que estava acontecendo como ele?
- O que foi, Sasuke? Por que está dizendo essas coisas para mim?
Ele suspirou e desviou seus olhos para o lado.
- Nada não.
Agora estava em alerta, segurei seu rosto com minhas duas mãos, o fazendo olhar para mim.
- Me diga a verdade – franzi o cenho. – O que está acontecendo?
Sasuke soltou uma pequena risadinha cansada. Fiquei preocupada, ele nunca dizia aqueles tipos de coisas.
- Não está acontecendo nada não, minha linda – e agarrou uma de minhas mãos que estava em seu rosto e levou a seus lábios e a beijou. – Acho que estou... sei lá... carente, eu acho.
Não tive como conter um suspiro de alívio, fechando meus olhos no processo.
- Você me assustou – abri os olhos e o fitei.
Ele sorriu comprimido, se aproximou mais seu rosto do meu tocando nossos lábios num simples selinho delicado e demorado.
- Eu te amo.
Sorri abaixando minhas sobrancelhas, achando tudo aquilo melancólico.
- Eu também te amo – disse baixinho, sentindo nossas testas coladas uma na outra.
E o pouco espaço que havia entre a gente acabou quando colamos nossas bocas num beijo cheio de sentimentos, nossas línguas se enroscando uma na outra, assim como suas mãos descendo e se apoiando em minha cintura, me trazendo mais para si. Segurei seus ombros, apertando o tecido de sua camisa, me entregando aquele beijo que intensificava a cada segundo.
Estávamos sozinhos na sua casa, dentro de seu quarto com a porta fechada e sentados em sua cama, era impossível não imaginar no que aquilo poderia resultar. Ainda mais quando senti a sua mão pousar em minha coxa desnuda e apertá-la, adentrando devagar mais para dentro de minha saia. Eu não era idiota para não perceber o que estava para acontecer e meus olhos abriram de uma vez, interrompendo o beijo.
- Sasuke... – disse, as minhas mãos segurando firmes em seus ombros e o empurrando para trás. Pude ver seu rosto, a boca entreaberta e corada com o beijo, respirava ofegante, assim como eu. Engoli a seco. – Eu... – balancei a cabeça para os lados, negando. – Eu nunca...
- Eu sei – e sorriu de lado, normalizando a respiração, afagando meu rosto. – Eu também nunca fiz sexo.
Pisquei meus olhos, processando a sua confissão.
- Não?... Mas eu pensei... você saía com muitas meninas...
- Mas nunca fui mais além do que beijos e amassos. – Beijou meu rosto. – Você é a minha primeira.
A primeira.
Foi inevitável controlar as batidas do meu coração com aquela confissão. Eu nunca poderia imaginar que Sasuke pudesse ser virgem, assim como eu. Aquilo havia mexido comigo, dando um pouquinho mais de confiança para o passo importante na minha vida, mas não tirava completamente o meu nervosismo e o pequeno medo de fazer qualquer coisa de errado.
Sasuke afagou meu rosto, ele me avaliava com seus olhos capitalizadores.
- A gente pode tentar... não vou pressioná-la. Juro que irei parar se você mandar eu parar. Você dita as regras.
Aquilo estava acontecendo tão de repente que estava difícil de processar. E por mais que Sasuke me passasse a confiança que eu precisava, eu ainda não me sentia pronta. Mas mesmo assim eu me deixei levar e tomei a atitude e o beijei, fui ousada e dei o primeiro passo. Sasuke era o meu namorado e uma hora o sexo teria que acontecer.
Sasuke interrompeu o beijo e me fitou, sério.
- Você tem certeza?
Certeza?
Não.
Eu não tinha cem por cento de certeza, estava tão nervosa que eu poderia a qualquer momento sair correndo, mas eu permaneci ali.
Modi o lábio e assenti com a cabeça, o coração parecia que iria sair por minha boca.
- T-tenho.
Fechei meus olhos quando senti os primeiros carinhos, os seus dedos passeando delicadamente por meu rosto.
- Você está tensa – ele disse baixinho, beijando meu queixo, depois meu pescoço e terminando em minha boca, começando com um leve roçar de lábios, me permitindo sentir os efeitos de seus toques delicados em mim.
E o primeiro botão havia sido aberto em seguida do segundo e instantes eu me via sem a blusa que estava caída no chão. Ele arrancou a sua numa agilidade impressionante, me dando a visão de seu peito nu com pequenas definições de gominhos.
Sasuke me deitou em sua cama e me cobriu com seu corpo enquanto me beijava agora mais intenso, seus toques mais ousados, apalpando-me por inteira, e aos poucos eu começava a relaxar e me entregar a aquele momento.
Eu o amava tanto que não sabia mais o que fazer com tantos sentimentos acumulados dentro de mim. E dividir aquele momento íntimo entre casal era a maior prova de amor que eu poderia dar a ele, mostrar a ele o quanto era importante para mim, o quanto que eu não podia mais viver sem ele.
E foi assim que aconteceu. Provamos pela primeira vez o corpo um do outro. E mesmo Sasuke sendo carinhoso comigo o tempo todo, foi inevitável sentir o desconforto de tê-lo em mim, havia sido doloroso, assim como as primeiras vezes como dizem. Mas ter o vislumbre do rosto dele corado, os olhos semicerrados de prazer, tinha sido um bônus para mim. Eu havia sido a primeira por ver aquela expressão tão íntima e posso dizer que fiquei fascinada.
- Isso foi incrível – ele disse ao meu lado, a respiração ofegante, fazendo seu peito subir e descer.
Eu estava fitando o teto, tentando normalizar a minha respiração e ignorar a minha nudez. Eu ainda podia sentir o peso dele em cima de mim e suas mãos me segurando forte, estava anestesiada com o que acabamos de fazer. E para mim, havia sido estranho, não achava uma lógica como alguém podia achar o sexo bom. Era desconfortante.
- Está quieta – a voz de Sasuke soou, seu corpo se virando para mim. – Te machuquei?
Virei meu rosto e o fitei, a sua expressão era preocupada.
Forcei um sorriso, os lábios comprimidos.
- Não.
Ele continuava me fitando, preocupado.
- Está arrependida.
- Não! – Minha voz saiu um pouco mais alta, apoiando-me no cotovelo e erguendo meu corpo mais para cima. – Não estou arrependida... apenas... apenas pouco dolorida – disse a verdade. – As primeiras vezes são sempre doloridas, não é?
Sasuke chegou mais perto e me beijou, afagando meu cabelo e o colocando para detrás de minha orelha.
- Me desculpe.
- Você não tem culpa – disse, desviando meus olhos para seu peito. – É algo que não tem como evitar.
Sua mão segurou o meu queixo, me fazendo fitá-lo.
- Eu te amo, quero que saiba disso.
- Eu também te amo
Nos beijamos novamente e o barulho do lado de fora do quarto nos fez separarmos um do outro bruscamente.
- Sasuke, já cheguei!
Meus olhos arregalaram, era seu irmão que havia acabado de chegar em casa.
- Ah, meu Deus!
- Droga!
Pulamos da cama nós dois juntos e Sasuke tratou logo de passar as chaves em sua porta enquanto eu catava desparamente as minhas roupas pelo chão, ignorando as batidas desenfreadas do meu coração.
- O que seu irmão vai pensar quando me ver saindo do seu quarto – dizia desesperada enquanto colocava a calcinha e abotoava o sutiã, sentindo os olhos de Sasuke em mim.
- Itachi não vai pensar nada. Estávamos estudando.
Subi a minha saia para cima e virei meu rosto para ele, abotoava a calça.
- Uma mentira deslavada.
- Uma meia verdade – sorriu, vindo até mim, e me agarrando por trás. – Estávamos estudando, não é?
- Não conhecia esse seu lado cínico.
E como resposta ele gargalhou, beijando meu pescoço antes de se afastar para vestir a sua camisa e me deixar terminar de me vestir.
Apenas suspirei, impressionada comigo mesma por ter embarcado naquela loucura.
Quando descemos as escadas, encontramos com Itachi jogado no sofá da sala mexendo no celular. Ele olhou para nós dois com a sobrancelha arqueada, como se já soubesse ou desconfiasse o que nós estávamos aprontando.
Sentia meu rosto ficando quente e sorri forçado para ele dando boa noite e Sasuke me puxando em direção a saída, apenas dizendo que iria me levar em casa, não dando brechas para seu irmão fazer perguntas.
O caminho até minha casa havia sido silencioso. A noite era fria, e agarrava-me a Sasuke enquanto a motocicleta ia em alta velocidade. Não demorou para que estacionasse em frente à minha casa, e observando as luzes acesas do lado de dentro, eu sabia que minha mãe havia chegado do trabalho.
- Está tudo bem?
- Sim – respondi, entregando a ele o seu capacete. – Nos vemos amanhã.
- Não está esquecendo de algo, não?
Revirei os olhos, fingindo tédio quando o beijei. Não aprofundamos muito o beijo, pois ele não havia descido de sua motocicleta.
- Satisfeito?
- Muito – e sorriu, girando o guidão e fazendo o ronco do motor soar alto enquanto piscava para mim. – Tchau.
- Tchau.
Fiquei ali no portão vendo-o ir embora e quando virou a esquina mais a frente, eu suspirei voltando-me para minha casa.
Abri a porta sentindo o calor aconchegante do meu lar e logo a voz de minha mãe soou, vindo da cozinha:
- Sakura?
- Já cheguei – respondi, caminhando em direção ao corredor.
Ela apareceu na sala, o cenho pouco franzido.
- Aonde estava até a essa hora? – Olhou para o relógio no seu pulso. – São quase nove da noite.
- Estava com o Sasuke... a gente estava estudando para a prova de química. – Continuei caminhando sem dar brechas para possíveis perguntas, pois não sabia o que responder. - Vou para o meu quarto.
- O jantar está pronto.
Assenti com a cabeça.
Entrei no meu quarto e fechei a porta. Deixei minha mochila no chão e me joguei em minha cama, agarrando meu travesseiro e me encolhendo enquanto fechava meus olhos com força. As cenas íntimas que tive com Sasuke eram vivas em minha memória, assim como a força de seu corpo no meu era presente. Mordi meu lábio, encolhendo-me mais.
Eu não era mais virgem.
E isso era tão estranho.
