_ Mudando de assunto. - Cruzei as pernas, esperando que falasse. _ A Meli continua sem poder sair de Hogwarts?

_ Sim, apenas as visões ficaram melhores do que antes. - Olhei para Dorea. _ E sobre o que você queria falar com todo mundo? - Uniu as mãos se lembrando.

_ Hoje fui a primeira a chegar e o diretor me deixou sozinha porque a Madame Syella o chamou. - Certo, ela deve ter descoberto algo.

_ O senhor seletor falou? - Quase pulei em cima dela.

_ Bom, sim. - Mexeu nas unhas. _ Disse que naquele dia, ele sentiu frio, parecia que tudo estava escuro. - Franzi o cenho.

_ Então ele não viu quem estava na sala? - Tombei a cabeça.

_ Esse é o problema, ele não viu. - Merda. _ Mas escutou os quadros dizendo: boa noite, professor Dumbledore. - Minha respiração ficou presa no meu peito, me fazendo ranger os dentes enquanto tentava em acalmar.

Dumbledore... Foi ele quem fez aquilo comigo? Não acho impossível, ele matou os filhos da Leesa 2.0 e agora está tentando fazer algo pior.

Ele queria que eu perdesse a minha dignidade, mas para quê? Não consigo pensar, minha raiva está nublando os meus pensamentos.

Queria sair desse trem agora mesmo e matá-lo da pior maneira possível.

_ Leesa. - Segurou minhas mãos. _ Sei que você deve estar com muita raiva, também estou, mas não podemos fazer nada nesse momento, somos fracos. - Meus olhos ardiam pela constatação.

_ Ela está certa. - Safira se levantou e se agachou a minha frente, segurando os meus pulsos. _ Temos que estar mais forte para fazer qualquer coisa com aquele homem, você conseguiu os alunos, a escola é sua, mas o ministério e nem o mundo é seu ainda.

_ Não quero o mundo. - Mordi meus lábios. _ Não sou eu que quero ele. - Parecia que formigas andavam pelo corpo e apenas queria me coçar para que essa sensação desagradável sumisse.

_ Você pode surtar e está tudo bem. - Safira era apenas um borrão em minha visão. _ Iria surtar se soubesse que aquilo foi orquestrado por um professor. - Queria arrancar o pescoço daquele homem fora.

_ O tio Grind pode... - Neguei, recuperando o ar que saia dos meus pulmões rapidamente.

_ Não, ele não pode saber disso. - Preciso me controlar. _ Ainda mais sendo obra daquele homem, papai ficaria furioso e ninguém iria segurá-lo.

_ Mas precisamos segurar um pai querendo justiça para a sua filha? - Ector me perguntou. _ Se ele matar aquele velho, eu não falaria nada e até mesmo aplaudiria.

_ Não quero que ele seja preso novamente, Ector. - Recuperei a posse das mãos e pulso. _ Porque sei que ele não conseguirá sair de lá sozinho novamente. - Girei meu anel fortemente, fazendo minha pele rasgar devido ao metal.

_ Para! - Dorea segurou os meus dedos. _ Você está sangrando. - Olhei para baixo e realmente estava sangrando, mas sei que logo pararia.

_ Está tudo bem. - Isso me tirou do estupor que estava.

_ Não está tudo bem, você se machucou. - Suspirou. _ Vou ver se alguém tem um curativo, mesmo se você curar o seu dedo, você pode voltar a fazer o mesmo futuramente. - Levantou-se e tive que rir um pouquinho, ela gostava realmente de mim.

Dorea saiu e o trem começou a andar, ele não havia saído da estação até agora.

_ Você gosta de se machucar? - Charis me perguntou e fiquei sem entender. _ Pela reação de seu corpo, você começou a mexer as mãos buscando algo para retirar o seu sentimento de raiva, mas não achou.

Olhei para baixo e vejo que o meu sobretudo tinha alguns pingos de sangue carmesim, meu sangue sempre está na cor vermelha, menos nas horas que não aguentava segurar.

_ Então você mordeu os lábios em uma forma de se punir por pensar em algo, deve ser uma forma de se conter para não sair daqui e matar aquele velho. - Toquei os meus lábios e não sinto dor ou gosto de sangue.

_ E? - Queria que continuasse.

_ E por último, mas desde o começo, você começou a girar o seu anel e você sempre o gira quando precisa ficar calma, ou que precisa estar racional com os seus pensamentos.

_ Quanto tempo você vem me analisando? - Safira sentou-se ao meu lado e segurou a minha mão que continuava sangrando.

Por que continua sangrando? Esse anel além de ter um poder calmante, tem algo que prejudica a minha cura?

Tirei o anel do meu dedo e mesmo assim, ele continuou sangrando, então não é o anel, sou eu.

Bom, quando quebrei o espelho, a minha mão não curou e quem a curou foi o little lord, acho que a minha cura só funciona com cortes rasos e não feridas.

_ Venho te analisando desde que nós nos conhecemos, mas você é uma incógnita. - Limpei o meu anel no meu sobretudo. _ Devo parar?

_ Se você conseguir descobrir mais que ele, te darei o que quiser. - Dorea entrou e se ajoelhou na minha frente. _ Não precisa de tanto.

_ Pode acabar pegando uma infecção se não tratar. - Limpou a minha ferida e não era nada grave.

_ Quem é ele? - Safira me perguntou. _ Você falou "ele". - Fez aspas com os dedos.

_ O futuro Lorde. - Dei de ombros, observando o cuidado de Dorea.

_ Foi ele quem te deu o anel? - Ector observou o anel. _ É uma insinuação bem ampla que você é dele. - Fiquei assustada e neguei, mas lembrei das palavras novamente.

Ele já falou que sou dele com todas as letras e preciso esquecer, porém, ninguém está ajudando.

_ Isso é apenas um presente de aniversário. - Sim, apenas isso. _ Ele é uma criança. - Vamos mudar de assunto, por favor.

_ Tem certeza? - Dorea me perguntou.

_ O que quer dizer? - Fiquei confusa e isso não era bom para a minha saúde mental.

_ Você se parece uma criança, mas a sua fala e mentalidade não são. - Meu coração esfriou e esquentou.

_ Tomei uma poção. - A vejo colocar o curativo.

_ Certo, você tomou, mas tem certeza de que ele não é um adulto no corpo de uma criança? - Engoli em seco. _ Sabe, uma criança não daria um anel para uma pessoa, daria doces ou outra...

_ Uma cartinha com rabiscos estranhos. - Ector opinou.

_ Ele tem dinheiro. - Não posso acreditar nisso... Ou posso?

_ Justamente, ele tem dinheiro e ao invés de dar algo como chocolate ou até mesmo algo idiota, ele te deu um anel. - Dorea se levantou. _ Entregarei isso.

_ Ela está certa. - Safira se levantou e se sentou ao lado do Charis, quase me fazendo enlouquecer com esses comentários, mas me mantive firme e forte.

_ Mas e se ele não for uma criança? - Ector me perguntou, enquanto colocava o anel em seu lugar. _ O que você vai fazer?

_ Ele teria mentido para mim. - Senti algo amargo no céu da boca. _ Não gosto de mentiras, principalmente vindo dele. - Franzi o cenho.

_ Você gosta dele. - Charis deduziu. _ Era sobre ele que você estava falando.

_ Já pensou em ser detetive? - Tentei mudar de assunto.

Não queria pensar que o little lord poderia ser um adulto e que poderia se lembrar de suas vidas passadas. Não quero me lembrar daquelas conversas estranhas que dá a entender isso.

Ele não mentiria para mim, não é? Certo, eu ocultei algumas coisas, mas não menti para ele.

Mas isso não facilitaria as coisas? Ele poderia me ajudar com a guerra e...

Odeio mentiras, mas vindo dele é tão natural. Bom, são hipóteses que, no fundo do meu coração, quero que sejam verdad...

_ Tenho uma carta. - Balançou o envelope. _ Monstro acabou de trazer. - Entrou na cabine. _ Pollux disse que papai convocou todos os Black agora. - Estranhei.

_ Por que não a esperaram? - Perguntei.

_ Não sou importante para isso. - Sentou-se. _ Pollux disse que eles irão conversar sobre a Cedrella.

_ Sem ela? - Safira estava indignada.

_ Meus parentes não se importam de decidir a vida dos outros sem a presença da pessoa. - Alisou a carta. _ Eles irão falar do seu namoro. - Vejo Charis segurando a mão da Safira.

_ Não se preocupem, não deixarei que aconteça nada com vocês. - Para isso tenho poder.

Queria ter poder suficiente para acabar com Dumbledore, mas infelizmente não tenho.

_ Eles irão falar do meu possível casamento. - Ector se levantou e a olhou.

_ O quê? - A vejo engolir em seco. _ Mas eles não deixaram bem claro que todos tinham opção de se relacionar com um sangue puro? - Faltava pouco para gritar.

_ Charlus pediu ao pai que mandasse um contrato de casamento. - Não conseguiu olhar para ele, o que o fez sentir mais raiva.

_ Se eles querem um contrato, então eles terão, sou um dos sagrados vinte e oito, e sou o primogênito, ursinho. - Ajoelhou-se, segurando as mãos da loira que tentava ser forte.

_ Mas...

_ Nada disso. - Beijou as mãos de seu ursinho. _ Falarei com seu pai ou com o seu irmão, mas você será minha. - Merlim, isso foi chocante. _ E se aquele idiota do Potter vendeu a alma, eu vendo de todos os meus familiares para ficar com você.

Nossa, os tempos antigos podem ser retrógrados, mas a simplicidade e capacidade de falar com o coração sempre me impressionava.

Claro, não eram todos que poderiam dizer com tanta convicção que amava aquela pessoa com todo o seu ser, mas por que me sinto triste? Queria ter isso? Quero e já tive uma pequena demonstração disso.

_ Bicolor... - Gaguejou e torci para que se beijassem.

_ Mais o quê? - Mas sou uma pessoa curiosa e adora estragar o clima.

Ector voltou a se sentar e abraçou as pernas da Dorea, a fazendo sorrir.

_ Bom. - Tossiu. _ Eles falarão sobre você. - Olhou-me. _ Não me diga que esqueceu que mandei uma carta falando sobre você e o que a Aris falou.

Sim, tinha esquecido.

_ Você terá a família Black toda com você, não está feliz? - Voltou ao normal. _ Fiz o que pediu. - Mexeu a boca, mas nenhum som saiu.

_ Eles não decidiram nada ainda, Dorea. - Franziu o cenho. _ Então não tenho motivos para comemorar.

_ Sua estraga prazeres. - Cruzou os braços e fez biquinho.

_ Não, sou precavida. - Sorri e olhei para a vegetação do lado de fora. _ Era só isso?

_ Acha pouco? - A observei pelo reflexo.

_ Sim. - Sorri. _ A família Greengrass...

_ Certo, a filha deles ainda não estuda em Hogwarts, só em 38 (?) - Tentou fazer as contas.

_ Por que você está atrás da família Greengrass? - Charis perguntou.

_ Pensei que soubesse, já que por sua culpa o Marius conseguiu o diário do Dabrian. - Riu. _ Não ria.

_ Pensei que aquele diário só falasse baboseira, mas agora tudo faz sentido. - Às vezes ele é lento. _ E a família Greengrass ganhou na loteria e nem sabe. - Discordei.

_ Ela caiu no precipício e não sabe. - Sorri. _ Ajudei a família Greengrass sem receber nada em troca, mas isso mudou. - Estalei a língua.

_ Conheço esse sorriso. - Disseram e se olharam rindo.

_ O que você tem em mente, rainha? - Safira perguntou.

_ Ainda nada, mas que a família Greengrass será minha, isso não tenho dúvidas. - Foi mal, primo, mas tenho que usar qualquer pessoa ou família.

E se eles querem tanto conhecer a quinta fundadora, a pessoa que eles tanto "idolatram", então eles também irão conhecer o meu pior lado. O lado que os manipula e os faz querer estar ao meu lado.

_ Ah! - Ector falou. _ Fiquei sabendo que você vai comprar novas vassouras. - Olhei para Charis que apenas começou a limpar os seus óculos.

_ Papai não me disse que dia elas chegariam e nem se comprou. - Dei de ombros. _ Devo saber disso quando chegar em Londres. - Ficou confuso.

_ Você vai encontrá-lo hoje?

_ Sim, falarei para aquelas pessoas que um amigo me convidou para passar o feriado com a família dele. - Era mais fácil assim. _ Mas, quero fazer uma pergunta a vocês.

_ Pergunte.

_ Cedrella não deveria ter saído de Hogwarts em 1935? - Acenaram. _ Ou mudei algo e ela acabou nascendo em 1918?

_ Não, ela nasceu em 1917. - Dorea deu de ombros. _ Mas ela repetiu dois anos.

_ Ela repetiu dois anos pelo Weasley? - Fiquei um pouco surpresa. _ Para quê?

_ Cuidar dele? - Charis fez uma pergunta retórica. _ Nunca entenderei a cabeça daquela garota.

_ Nem eu. - Dissemos.

_ Ah, esqueci de comentar. - Charis estalou os dedos. _ Meus pais ficaram confusos quando falei para eles mandarem a carta para o tio Grind. - Todo mundo passou a chamar o meu pai de tio Grind?

_ E aí? - Perguntaram.

_ Eles queriam saber o motivo desse meu pedido, mas aceitaram e no mesmo dia mandaram o convite. - Ele me olhou.

_ Falei para ele aceitar o convite, mas não sei se ele realmente vai. - Meu pai era difícil de entender. _ Mas vou fazê-lo ir. - Sorri.

_ Mas por causa desse meu pedido, eles queriam saber como eu o conheço. - Semicerrei os olhos.

_ E você contou? - Negou.

_ Isso não depende de mim, Leesa. - Ele era inteligente. _ Não posso contar algo que não é meu. - Concordei, o vendo observar a morena ao seu lado. _ Nem contei para os meus pais que estou namorando.

_ Mas eles já sabem. - Dorea pontuou, mostrando a carta.

_ E já contei aos meus pais. - Safira confidenciou.

_ Bom, então preciso comprar um anel. - Concordamos. _ Você quer escolher o modelo? - Parei de escutar eles.

Na verdade, parei de escutar todos em minha volta e apenas fiquei olhando o meu anel.

Queria ver ele e saber se essas suposições são verdadeiras e se for...

Não sei o que farei se for verdade, só de pensar dói o meu peito. Tom, little lord, espero que você não tenha feito isso comigo.

Mas se tiver feito, é melhor ter uma boa razão ou vou te matar!

_ Dois de vocês já tem um posto. - Parei de pensar e falei: _ O que vocês serão para me ajudar? - Olhei para o Ector e a Safira.

_ Ainda não sei o que quero ser. - Safira concluiu. _ Mas será bom tanto para mim, quanto para você.

_ Devo ocupar o cargo do meu pai no ministério. - Ector falou monótono.

Apenas concordei sem prestar atenção de fato em suas palavras, por agora isso não me importava.

_ Você quer ver ele, não quer? - Dorea cutucou a minha bochecha e não entendi de primeira, o que me fez olhar para os meus dedos que alisavam o anel.

_ Quero. - Suspirei.

_ Por que não vai até ele hoje - Hoje?

_ Por que iria até ele hoje? - Fiz careta.

_ Você está bastante pensativa desde que levantamos aquela suposição e mesmo você negando, você gosta dele. - Sussurrou. _ Vá até ele e tire tudo a limpo, Leesa.

_ E se for verdade? - Isso seria ótimo. _ Ainda o odeio. - Mexi no meu anel. _ Mas ele é a minha marionete e a pessoa que posso contar tudo. - Riu.

_ Sua marionete, que fofo. - Revirei os olhos. _ Se você realmente confia nele, você sentirá muita raiva, mas essa raiva pode virar algo e você acabará aceitando o que ele possivelmente fez.

_ Não quero aceitar. - Brinquei com os botões do meu sobretudo.

_ Tudo bem, seja cabeça dura e não aceite a explicação dele. - Suspirou cansada. _ Às vezes você é tão teimosa que parece uma criança birrenta.

_ Dorea! - Nos olharam.

_ Só falei a verdade. - Deu de ombros e alguém bateu à porta. _ Está esperando alguém? - Perguntou.

_ Deve ser a bruxa dos doces, dê isso a ela. - Retirei um saquinho do meu bolso.

_ Vai comprar doces? - Dorea se levantou e abriu a porta e era realmente a bruxa dos doces.

_ Não, perdi a vontade. - Isso só faria a minha boca continuar tendo um gosto amargo e estranho.

_ Mas eu sim. - Entregou o saquinho para a bruxa e começou a comprar os doces que queria.

_ Estranho, por que o carrinho dela continua cheio? - Safira perguntou.

_ Porque a pedi para fazer. - Fechei meus olhos. _ Dou dinheiro a ela e ela sempre virá aqui primeiro. - Sussurrei.

Eles falaram coisas que a minha cabeça não processou, mas ela me fazia lembrar daquela maldita carta.

"Quero você."

Isso é o que uma criança escreveria? Não, não é.

"Quero cuidar da minha vida."

Tenho um amplo QI, mas o meu QE é tão baixo que me dá sono. Será que existe poção para aumentar o QE?

"Gosto da minha vida."

Sou tão burra assim para não perceber nada? Para, Leesa, você nem confirmou e já está tirando conclusões precipitadas.

"Minha coelhinha."

Mas tudo indica isso e não posso me cegar para o óbvio.

Minha marionete não é a minha marionete, ela se soltou das cordas sem que eu percebesse e infelizmente não sinto tanta raiva assim.

Ele mentiu? Mentiu, mas parecia que sempre tentava falar e até mesmo falou que tinha medo de me perder se me contasse.

Bom, se ele é realmente um adulto, algo que é. Ele pode muito bem ir até a mansão Rosier, mesmo dizendo que ele é apenas uma criança, não devo acreditar muito em suas frases que continham a palavra "criança" no meio.

Ele deve ter algo que o faça sair daquele orfanato e se não tiver, bom, vou até ele como a Dorea sugeriu.

Abro os meus olhos e me levanto para pegar a minha mala, fazendo que todos me olhassem enquanto comiam doces.

Sentei-me novamente e peguei a pena, tinta e pergaminho; colocando o meu diário e o livro na mala.

Respirei fundo e pensei em tudo que passei nesses anos com ele.

Deveria estar com raiva, deveria querer matá-lo com todo o meu ser, deveria ir até ele e falar tudo que está entalado na minha garganta.

Mas já me cansei, estou cansada de falar que o odeio, mas, no fundo, só sinto raiva dele.

Raiva por ele me privar de ser "feliz", mas, se não fosse por tudo isso, se não fosse por ele, não teria conhecido meu pai e a mamãe, não teria conhecido essas pessoas que estão ao meu lado atualmente.

Na verdade, não tenho que odiá-lo, deveria agradecê-lo. Ele me fez sentir muita raiva por abandonar a família Malfoy? Abandonar a titia? E meus amigos fundadores? Sim, fez.

Mas ganhei outras pessoas no lugar e me sinto confortável com elas...

Tudo se resume a ele, mas não estou chateada por isso, na verdade, nem estou realmente chateada, só estou um pouco contente (?)

Não, realmente estou feliz e com um pouco de raiva, mas pelo menos não serei presa.

Mas isso me faz pensar que a minha mente não estava tão errada em gostar dele – estava sim –, apenas que ela viu o que ele era por dentro – um homem –, e não por fora. Isso é tão bom, mas seria problemático se não fosse assim.

Claro, ainda estou tentando não ligar para a polícia ou para um manicômio, mas deixarei essa história de lado.

E mesmo que ainda tente raciocinar o motivo dele ser um "adulto" ao invés de uma criança, ainda posso saber tudo por ele, e ele pode me contar coisas que só poderia saber em 1940...

Apoio o pergaminho na mala e penso no que escreveria.

Bom, ainda não gosto de enrolação, deve ser uma carta dizendo que já sabia de tudo, algo que não é verdade.

───※ ·❆· ※───

Little lord,

Sei de tudo.

Posso ser um pouco lenta em desvendar enigmas, ou lenta para saber que uma pessoa gosta de mim. Mas tenho amigos que podem me ajudar a não passar vergonha.

Acreditei nas suas mentiras por um ano, quase dois e quero a verdade, toda a verdade.

E se você é realmente um adulto no corpo de uma criança, então você vai arrumar um jeito de me ver na mansão Rosier.

Mas se eu apenas acreditei nos meus amigos e você é apenas uma criança que está além da compressão humana, então, me perdoe.

Sim, você não leu errado, pedi desculpas.

Responda com urgência.

·❆· ※──

Apenas dobrei a carta e a coloquei ao meu lado para que guardasse as coisas na mala.

_ Escreveu uma carta para ele? - Dorea perguntou, terminando de um fazer uma trancinha nos cabelos do Ector.

_ A família Black tem uma mania de fazer tranças na cabeça dos outros? - Vejo Charis fazer uma trança no seu cabelo.

_ Somos a cabine das pessoas com trança. - Ector sorriu. _ Ou seria, se você estivesse com trança.

_ Você mudou de assunto. - Sim, mudei, e chamei o Penny.

O que não demorou tanto quanto deveria.

_ Minha princesa, há quanto tempo. - Falou choroso. _ Você cresceu ainda mais.

_ A gente se viu no mês passado, Penny. - Levantei-me e coloquei a mala no lugar.

_ Mas Penny sente saudades da princesa, princesa é bondosa com o Penny.

_ Meus pais não são? - Levantei a sobrancelha.

_ Os senhores respeitam o Penny, mas Penny gosta mais da princesa. - Sorri e alisei seu rostinho, o fazendo ficar envergonhado.

_ Também gosto mais do Penny. - Beijei a sua cabeça.

_ Penny está envergonhado. - Coisa fofa.

_ Poderia me fazer um favor, Penny? - Concordou. _ Poderia entregar essa carta. - Peguei a carta no assento. _ Para aquele garoto?

_ O amado da princesa? - O pessoal riu.

_ Sim. - Apenas concordei. _ E quero resposta. - Acenou. _ E se a resposta for positiva, terei que usar a mansão Rosier...

_ Os senhores não estão na mansão, então o Penny acha que não será problemático levar o seu amado para lá. - Isso não sabia.

_ Onde eles estão? - Sentei-me novamente.

_ O senhor recebeu um comunicado que o ministério alemão estava com problemas, então os senhores foram para lá. - Pegou a carta com delicadeza. _ Não se preocupe, princesa, eles estão bem.

_ Isso é bom. - Sorriu e sumiu. _ Podem parar de me olharem assim? - Riram ainda mais.

_ Seu amado? - Ector zombou. _ Que fofo, ele deve ser uma gracinha.

_ As bochechas dele são bastantes gorduchas. - Lembrei-me de como as apertei. _ São macias e a testa dele é lisa e leitosa. - Sorri sem perceber.

_ E o que mais? - Alguém perguntou.

_ Ele é irritante, muito irritante, mas ele sempre sabe o que penso imediatamente, sabe o que sinto e sabe quando quero que ele me toque.

_ E? - Olhei para eles.

_ Ele gosta de mãos, percebi isso quando não parava de segurar a minha mão. - Comecei a sussurrar. _ Gosta de contato físico e gosta... - De mim.

_ Estou doida para conhecê-lo. - Olhamos para ela. _ O que foi? Ele não é o nosso Lorde? - Dorea ficou confusa.

_ Não estamos com essa pessoa. - Safira foi cética. _ Estamos com a Leesa.

_ Mas a Leesa acabará ficando com ele, então estamos nos dois lados. - Ela tinha cada pensamento. _ Afinal, ela está fazendo essa guerra para ele, não é? - Todos me olharam.

_ O quê? - Pisquei algumas vezes, mas Charis mudou um pouco do assunto, o que agradeci.

_ Você falou tantas coisas que do principal você não falou. - Esperei que completasse a frase. _ Qual é o motivo da guerra? - Não esperava isso.

_ Ué? - Pensei que todos soubessem. _ Vingança contra a luz.

_ Por quê? - Perguntaram.

_ Porque eles são os nossos inimigos.