_ Leesa, o que a fez viajar no tempo? - Isso me pegou de surpresa. _ Você só nos contou sobre como construiu Hogwarts. - Estava certa.

_ Fui presa pelo ministro e fui torturada por anos, meu primo morreu me protegendo e tive que viajar no tempo para não morrer. - Não vou falar sobre o juramento. _ Satisfeitos?

_ Pelo menos tem um motivo concreto. - Safira bateu nele. _ O quê? - Alisou seu braço.

_ Ela acabou de dizer que foi presa no ministério por anos e você não sente nada?

_ Já passou. - Machuca, mas não sinto tanto medo. _ Ninguém daquele tempo pode se conectar comigo. - Queria falar com o Scorpius...

_ Duvido que você esteja realmente bem. - Ector não tinha escrúpulos. _ Você esconde tanto, que até você acredita em suas mentiras. - Suspirou. _ Ninguém esquece de ser presa ou torturada.

Antes que pudesse falar, o elfo apareceu e me entregou um bilhete que só continha três palavras.

"A vejo lá."

_ Obrigada, Penny. - Acenou. _ Prepare algo para duas pessoas comerem.

_ Certo. - E se foi.

_ Estávamos certos? - Dorea perguntou.

_ Não sei se fico feliz ou irritada. - Guardei o bilhete no meu bolso e fiquei olhando o céu que escurecia a cada segundo.

_ Descanse um pouco, ainda temos algumas horas para chegarmos. - Dorea falou e Ector se cansou de ficar no chão, o fazendo se levantar e se espremer no nosso assento.

_ Antes disso. - Olhei para a Safira. _ Seus irmãos disseram algo?

_ Pode dormir tranquila que eles irão à mansão Black. - Isso fez que meu corpo relaxasse.

Concordei, fechando os olhos e comecei a girar o meu anel até cair no sono.

Não estava sonhando, mas conseguia sentir o cheiro daquela pessoa, não sabia o motivo de apenas sentir o cheiro dele, o cheiro que tinha tão fortemente.

Talvez fosse a nossa ligação, mas era um cheiro bom e não podia reclamar.

Mas o cheiro de livros se misturou com o cheiro de pera e menta, e aqueles bilhetes ficaram lado a lado com o little lord.

Como se a minha mente estivesse se cansado de ser preguiçosa e começado a juntar peças que não a pedi para juntar.

Little lord, você até mentiu sobre isso, você achou engraçado mentir para mim? Você me chamou de estúpida todas às vezes que você viu que caí em suas palavras?

Como você me via? Como uma pessoa tola? Isso não me deixa com raiva, mas me deixa triste, já que presto mais atenção na guerra e esquemas, e sempre esqueço sobre esse lance de sentimentos.

Isso sempre dói a minha cabeça e esqueço que eles são essenciais para a sobrevivência humana.

Não sei manipular sentimentos como você, sou carente disso, mas você se carece de amor e atenção, e eu consigo dar isso a você sem nem mesmo perceber.

Sim, infelizmente somos complementares.

_ Leesa? - Resmunguei e queria continuar dormindo, estava tão bom e quentinho. _ Já chegamos e está nevando ainda mais. - Merda, não queria chegar.

Cocei os olhos e me espreguicei, observando a cabine e todos estavam me olhando.

_ O que foi? - Toquei meu rosto. _ Babei enquanto dormia?

_ Não, só que você é bastante fofa dormindo. - Dorea comentou e me entregou a mala.

_ Levarei isso como um elogio. - Peguei a mala e olhei para fora, realmente estava nevando. _ Vejo vocês no Ano Novo?

_ Sim. - Saímos da cabine.

_ Se quiser levar o seu little lord. - Charis comentou por comentar. _ Não ficarei chateado por ter mais uma boca para alimentar.

_ Não falarei nada. - Riram atrás de mim, mas uma voz me fez parar.

_ Senhorita Granger. - Olhei para o lado, vendo a pessoa que não queria ver. _ Estava a procurando. - Apertei a mala e sorri para o professor.

_ Professor Dumbledore. - O cumprimentei. _ Estava no último vagão. - Examinou meus amigos.

_ Sem problemas. - Foi gentil. _ Vejo que fez amigos.

_ Sim, eles são bons amigos. - Ficamos em silêncio e tudo que queria era sair daqui.

Mas o que ele quer?

_ Conversei com o Horácio e ele me deu autoridade para te fazer uma proposta. - Sorriu e alisou a barba, quase me fazendo vomitar.

_ Que tipo de proposta? - Engoli em seco, observando as pessoas irem embora.

_ Bom, fiquei de olho sobre as suas ações com os alunos e até mesmo perguntei alguns que confio sobre a senhorita. - Continuei esperando que falasse. _ E tudo que disseram me fizeram acreditar que você tem um caminho diferente dos outros.

Essas fofocas eram prejudiciais a minha imagem, mas se não tiver fofocas verdadeiras ou falsas, ninguém tentará discernir quais delas são legítimas.

E mesmo que descubram sobre os meus planos, arrastarei todos para o fundo do poço comigo e eles sabem disso.

_ Professor Slughorn me disse o mesmo nesta manhã.

_ O que estou tentando dizer, senhorita. - É que você é odiável? _ É que vejo um caminho brilhante para o seu futuro e quero moldar esse caminho. - E eu quero que você morra.

_ E o que senhor pretende? - Dorea estava quase forçando seu dedo nas minhas costas.

_ Quero ser seu professor particular e te ensinar feitiços, história e essas coisas, só que mais avançados. - Isso era uma oportunidade excelente para ganhar a sua confiança.

Mas ele foi o mandante daquele acontecimento e não sei como ele fez isso, mas a Dorea e o senhor seletor não falariam mentiras. Eles não são o little lord com motivos ocultos.

_ Mas poderia me explicar o motivo para isso? - Quero sair daqui. _ O que o senhor planeja?

_ Acho que você se daria muito bem no ministério e... - Parei de escutar e mordi a minha língua para não expressar nada.

Ministério? Trabalhar no ministério? Não, posso fazer que as pessoas que estão comigo trabalhem lá e me ajudem, mas estar lá, estar naquele lugar que me fez tanto mal... Só de pensar nisso sinto vontade de vomitar.

_ O ministério? - Sorri, mas por dentro só queria fugir. _ Isso é algo que nunca pensei, posso te dar uma resposta quando voltar?

_ Claro, fique à vontade para me responder quando quiser, temos tempo. - Sorriu e me deixou em paz.

_ Sim, professor, temos tempo. - Me despedi e continuamos seguindo em frente.

_ Se não soubesse que você odeia o ministério, pensaria que você achou a proposta excelente. - Ector comentou por alto.

_ Acho que fingir que ela gosta de algo, mesmo odiando, é algo que ela sabe fazer muito bem. - Dorea falou. _ Se você não quer fazer isso, ninguém vai te impedir ou brigar...

_ Mas é uma oportunidade para sermos mais fortes e ter a minha vingança. - Girei o meu anel. _ Faria de tudo para conseguir isso, até mesmo venderia a minha alma para a Morte. - Saímos do trem.

_ Às vezes tenho medo do que você é capaz. - Safira segurou o meu ombro. _ A vejo no Ano Novo.

_ Até.

Olhei em volta e vi meus "pais" no canto mais afastado, o que me fez examinar seus rostos que observavam todos os bruxos com uma expressão estranha.

Caminhei até eles e alguns alunos me cumprimentavam ao longo do caminho.

_ Mamãe, papai. - Sorri e os abracei.

_ Minha querida, como foi as aulas? - Alisou minha bochecha.

_ Bem, a escola é bastante interessante e gostei bastante. - Olharam-se e não pareciam ter gostado da minha fala. _ O que foi? - Semicerrei os olhos.

_ Conversaremos no carro. - Bastian pegou a minha mala e olhou para trás. _ Onde estão os gatinhos e a coruja?

_ Estão na escola, eles não vão fugir e serão alimentados pelos elfos. - Passamos pela parede.

_ E se você não fosse voltar...

_ O que quer dizer, mamãe? - A observei. _ Está dizendo que não voltarei para a escola? - Impossível disso acontecer.

_ Filha, a gente acha isso tão estranho e essas pessoas são bizarras. - Bizarras?

_ Mas essas pessoas são iguais a mim...

_ Não podemos tirar? - As palavras desse homem eram tão frias que isso me fez acordar de vez.

_ Você quer tirar a minha magia? - Como aquelas pessoas queriam fazer?

_ Filha. - Tentou me tocar. _ Não entenda mal o seu pai, só queremos o seu bem e ter isso pode fazer com que o seu futuro marido não goste e acabe tendo outra. - Isso é coisa para se falar com uma criança?

_ Vocês querem tirar a minha magia para que eu seja adequada para um homem? - Por que isso está me fazendo lembrar da mãe do Snape?

_ Não é um homem qualquer, é o general mais respeitado. - Sorriu e entrei no carro, pensando se era possível capotar esse carro e sobreviver.

Escuto o homem colocar a mala no porta-malas e continuei girando o anel, pensando que esse dia era o mais estressante de todos os dias que já passei nesse tempo.

_ Não vou me casar com uma pessoa que não me aceita como sou. - Seu sorriso morreu. _ E não tem como tirar a minha magia. - Ter tem, mas não vou contar para eles.

Bastian entrou no carro e nos olhou, mas não disse nada por um tempo, nem mesmo ligou carro.

_ Se vocês me forçarem, desaparecerei de suas vidas para nunca mais voltar. - Isso seria ótimo, mas não para os meus planos.

O homem ligou o carro e o silêncio era tão estranho que pareciam adagas que me cortariam a qualquer segundo.

_ Você conhecerá a nossa nova casa, ela é linda, querida. - Mudou de assunto. _ Tão espaçosa e é na melhor vila militar.

_ Onde só tem pessoas de patente morando. - Bastian completou. _ Você vai gostar.

_ Não me importo muito, não ficarei por muito tempo. - Ficaram em silêncio. _ Nessas semanas que estarei de folga, fui convidada para passar os feriados com a família do meu amigo e aceitei.

_ Mas você nem falou nada conosco. - Lisandra parecia brava. _ E você não pode, chamamos o general para passar o Natal conosco. - E o que isso tem a ver comigo?

_ Se vocês acham que tenho idade suficiente para me casar, tenho idade suficiente para decidir o que posso e não fazer. - Falei calmamente.

_ Leesa! - Gritou com raiva. _ Você precisa nos respeitar, estamos fazendo isso para o seu futuro, o que você quer? - Que vocês cuidem de suas vidas. _ Você quer se casar com um daqueles estranhos? A maioria não deve ser nem rico o suficiente para comprar um biscoito para te presentear.

Alisei a minha língua nos meus dentes e ri.

_ Não tem dinheiro? - Bobagem. _ O que eles mais têm é dinheiro, eles poderiam se passar por reis e governar o mundo apenas tendo o dinheiro em seus cofres. - E nem mesmo precisariam cobrar impostos por anos.

_ Eles não merecem esse reconhecimento de você, eles são pessoas...

_ Você está me insultando, mamãe. - Minhas veias ardiam. _ Sou como eles, sou uma bruxa, faço magia e não sou estranha por ser diferente de vocês. - Girei o meu anel. _ E vou para a casa do meu amigo, só preciso de mais roupa. - Não preciso.

Nem sei o motivo de ter voltado e não ter avisado essas pessoas que não voltaria para casa com eles.

Talvez só quisesse tempo para algo que nem sabia que faria.

_ Filha...

_ Não, vocês me chatearam profundamente. - Apenas queria matar essas pessoas agora, mas não posso.

Então, a única coisa que poderia fazer agora era mudar de assunto.

_ Por que o papai estava naquele lugar?

_ Estava de passagem. - Foi tudo que falou, o que não acreditei e nem mesmo aprofundei o assunto.

Ficamos em silêncio até chegar na portaria da vila militar.

_ Senhor. - Fez uma continência. _ Abra, é o tenente-general e a família.

_ Abrindo. - Outras pessoas responderam. _ Tudo pronto. - Gritaram.

Todos fizeram uma continência e Bastian apenas acenou, passando com o carro.

_ Adoro isso. - Comentou enquanto batia palminhas. _ Pareço tão importante. - Ela me olhou. _ Não quer ter isso, querida?

_ Não. - Já tenho isso. _ Por que não posso ter isso sozinha? - Algo que já fiz.

_ Acho que você não conseguiria. - Deu de ombros.

_ Entendo. - Não posso dizer para ela que essa fala está equivocada, afinal, não estou no século XXI.

O carro parou e olhei para o lado, a rua era bastante padronizada e tinha postes de luzes, algo que achei bom. E devido a isso, acabei me lembrando da frase que o little lord falou sobre o escuro, mas ainda não entendo completamente ela.

Mas acho que um dia posso entender.

Abro a porta e saio do carro, vendo como a casa era bonita para a época, mas era como as outras do lado.

_ Podemos mudar a cor ou algo do tipo? - Peguei minha mala da mão do homem.

_ A casa é nossa, Leesa. - Sorriu.

_ Entendo. - Saio da rua e vou até a porta, passando pelo gramado que estava aparado o bastante para ver a terra.

Giro a maçaneta, fazendo a porta se abrir, o que me impressionou um pouco.

Acho que eles não trancam a porta por morar em uma vila militar, mas se fosse eu, já teria colocado várias barreiras nesse lugar.

Entro na casa e acendo a luz no apagador, o cheiro de tinta ainda estava impregnado no ar, mas gostava de cheiros assim.

Porém, tudo era igual a casa anterior, a escadaria lateral, o corredor que dava na sala e cozinha, nada mudou, apenas a decoração.

Vou para o andar de cima e procuro o meu quarto, que era no final do corredor como antes.

O quarto não era mais infantil e roxo, tinham cores neutras e era muito maior que o antigo, mas não se compara com o quarto que tenho na mansão Rosier.

Coloco a mala na cama e retiro de lá a minha bolsa, colocando as coisas que não tive tempo para colocar nela.

Quando voltasse aqui, deveria fazer um acesso que me levasse para a mansão Avery, a mansão que tenho a chave e o acesso desde daquele tempo.

Mas preciso continuar nessa casa, porém, nada me impede de estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Espera, o little lord estará em dois lugares ao mesmo tempo, e isso quer dizer que ele tem uma solução... Devo saber qual é.

Paro de pensar sobre isso e arrumo minha varinha no pulso, me lembrando das muitas vezes que esqueço que ela está aqui.

Saio do quarto, cantarolando algo que não sabia e desço a escadaria, vendo que os dois estavam na cozinha.

_ Já estou saindo. - Arrumei a bolsa. _ Não precisa me buscar na casa do meu amigo, vou sozinha para a estação.

_ Está tarde, vá amanhã. - Falou sério.

_ Não precisa se preocupar, existe um meio de transporte que me deixa no lugar em menos de cinco minutos. - iria dizer algo a mais, mas apenas saio da cozinha.

Abro a porta e antes de aparatar, a fecho novamente.

O barulho de aparatação deve ter assustado aqueles dois, mas não poderiam falar para ninguém sobre isso.