A primeira coisa que o grupo notou além da multidão de pessoas à sua frente foi a enorme massa cinza deitada na praia. Depois de pensarem por alguns segundos, notaram que era justamente a baleia que tinham visto momentos atrás.

Logo deu para entender o que tinha acontecido, a pobrezinha tinha ficado encalhada. Já haviam algumas pessoas tentando ajudá-la, criando um calço por baixo dela, a empurrando para fora do banco de areia.

Todos estavam fascinados por vê-la tão de perto, mas Tainara foi quem teve coragem para chegar mais de perto. Ela notou a respiração pesarosa do animal, se compadecendo dele.

Karla e Natan, preocupados, a seguiram rapidamente, também desviando brevemente, o olhar para a irmã, para observar a baleia.

-Cara, isso é demais... - Lucas murmurou, deixando sua curiosidade o levar mais perto.

Ele chegou o mais próximo que pôde, encontrando justamente um dos olhos da baleia. Ela olhou diretamente para ele, o que fez o coração de Lucas se encher de um sentimento especial. Era incrível que existisse uma criatura tão grande como aquela, e mais incrível ainda, que eles se encontrassem.

-Não se preocupe, nós vamos ajudar - ele prometeu.

Ele fez um carinho na pele grudenta e molhada dela, dando um sorriso antes de separarem. Algumas pessoas tinham colocado suas toalhas de banho por debaixo do espaço em que a baleia estava, e Lucas se virou, procurando um irmão ou amigo mais próximo para fazer o mesmo. Como ele não encontrou ninguém, acabou decidindo por outra alternativa para ajudá-la.

Alguém tinha chegado com vários baldes, ele pegou um deles, o encheu e despejou a água sobre a baleia, como outros estavam fazendo, para mantê-la úmida.

Natan eventualmente o encontrou bem próximo do animal, ajudando-o em sua tarefa.

-Quando é que a gente ia imaginar que uma coisa dessas poderia acontecer? - o mais novo disse empolgado ao mais velho.

-Eu sei, eu concordo que é realmente demais! - Natan compartilhou da empolgação dele - mas também é algo muito sério, ela precisa voltar pro mar o mais rápido possível.

-Certo, tem razão - Lucas assentiu, já indo encher outro balde de água.

Um tempo depois, uma van do representante do IBAMA na cidade chegou até a praia, dispersando a multidão. Uma equipe se aproximiu da baleia, tentando empurrá-la de volta ao mar. Quando seus esforços foram insuficientes, eles convidaram o restante das pessoas que estavam ajudando a continuar o seu trabalho.

Lucas e Natan estavam entre eles, e depois de mais algumas horas, já sob a luz do pôr do sol, a baleia foi se desprendendo da praia e finalmente conseguiu alcançar o mar.

Uma rajada de aplausos e assobios surgiu da multidão, muito contentes com o que tinha acontecido. Ao longe, como se estivesse agradecendo, a baleia espirrou água do respirador. Era um agradecimento e uma despedida. Ela mergulhou fundo e desapareceu nas águas infinitas, voltando para casa.

-Meu Deus, gente, o que foi isso? - Spider disse em voz alta, depois de se sentar com os amigos e os amigos deles.

-Eu sei, foi bem inacreditável - Arthur comentou.

-Espera, quer dizer que isso nunca tinha acontecido antes? Mesmo com a visita delas todo ano? - Karla quis saber.

-Não que eu saiba, talvez uma baleia tenha encalhado em Metcaína antes, mas deve ter sido só depois que a gente nasceu - Tamires ponderou.

-A gente pode perguntar pros seus pais, se eles sabem de alguma coisa - Natan sugeriu.

-É, mas eu duvido que eles tenham visto tão de perto uma baleia antes, isso foi demais! - Tainara se empolgou.

-Bom, nem você teria, se nós não estivéssemos aqui agora - Karla apontou.

-Ainda bem que a gente estava aqui então - a mais nova sorriu.

-Pois é - sua irmã mais velha sorriu, admirada.

-Acha que ela volta amanhã? - Tainara se questionou.

-Eu acho pouco provável, mas a gente teve sorte de encontrá-la hoje - Rian opinou.

-É, amanhã a gente pode encontrar um polvo, ou um caranguejo... - citou a mais nova, esperançosa com as possibilidades.

-É, são coisas meio improváveis de se encontrar - Natan corrigiu levemente - mas nunca se sabe, encontramos uma baleia, não foi? Tudo é possível.

-Tudo é possível - repetiu Tainara, acreditando - eu amo a praia!

Todos tiveram que rir do comentário dela e concordar. A praia era um lugar de diversão e grandes surpresas.

Já que estava escurecendo, o grupo se reuniu para voltar para casa. Encheram o carro de Tiago ao se sentar e, quando olharam para trás, seus filhos e seu amigo de Omaticaia, sentiram o coração leve e feliz.

A mudança para lá não tinha sido nada fácil, mas aos poucos, eles perceberam que Metcaína tinha conquistado um espaço em seu coração, se tornando seu lar aos poucos. Não substituiria Omaticaia, mas era um bom novo lar. Estavam felizes por estarem juntos ali.


A/N.: Bom, esse foi o fim da história. Eu amei escrevê-la, foi um exercício criativo muito legal, mesmo. Até a próxima, pessoal!